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postado em: 25/9/2008
“No Corpo ou Fora do Corpo”
Objeção: Paulo torna claro que lhe foi possível estar “fora do corpo”. Isso prova que a pessoa real é uma alma imaterial, ou espírito, que é independente do corpo (veja II Cor. 12:2 e 3).
A passagem, em seu contexto, diz assim: “se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do senhor. Conheço um homem em cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir” (II cor. 12:1-4).
O primeiro fato que desejamos tornar claro é este: segundo os crentes na doutrina da imortalidade da alma, a saída da alma do corpo ocorre no instante da morte; tal saída deve resultar na morte do corpo. Na verdade, dois textos usados para sua doutrina supostamente apóiam a alegação de que a morte assinala a saída da alma:
“Ao sair-lhe a alma (porque morreu)” (Gên. 35:18). “E a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (I Reis 17:22). (Para um estudo desses textos, veja objeção 81).
Portanto, seguindo tal raciocínio, se Paulo estava “fora do corpo”, ele morrera. Mas está algum crente na imortalidade da alma realmente disposto a admitir que Paulo está dizendo que ele não sabe se morreu ou não em um certo momento “há catorze anos”? E, é claro, se ele morreu, então ele deve ter sido posteriormente ressuscitado, ou antes seu corpo deve ter sido ressuscitado quando ele voltou do “terceiro céu”.
Isso realmente seria algo muito notável para Paulo escrever, mas ele não faz nenhuma alusão em parte alguma de seus escritos sobre o fato de ter morrido e ressuscitado. Obviamente, algo deve estar errado na interpretação das palavras de Paulo para produzir tão surpreendente conclusão.
Mas não precisamos seguir esse raciocínio, Paulo está falando de “visões e revelações”. O que ele viu e ouviu era tão real e vívido que ele pensava se Deus não poderia realmente tê-lo transportado ao Céu durante o breve período da revelação. Contudo, ele não queria afirmar isso como um fato.
Evidentemente, a outra opção era que ele tinha simplesmente visto uma visão e ouvido naquela visão a revelação que “não lhe era lícito” repetir. Mas, se ele não foi literalmente arrebatado ao Céu em corpo, ele contudo parecia estar ali, e naturalmente poderia descrever aquela condição como sendo “fora do corpo”. De fato, como poderia alguém expressar melhor o pensamento de estar em um lugar distante sem literalmente ir lá?
Ao escrever à igreja de Colossos, Paulo usa esse mesmo tipo de linguagem: “Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo” (Col. 2:5).
Não temos nenhuma dificuldade em compreender essas palavras de Paulo. Ninguém acha nelas qualquer prova para uma entidade etérea, imortal, chamada alma. De fato, podemos escrever a um amigo com quem não nos é possível estar em certa ocasião importante: “Estarei contigo em espírito.” Mas nenhum de nós, inclusive o objetor, acredita que quando falamos assim queremos dizer que uma entidade imortal dentro de nós partirá em certo momento para estar com o amigo.
Então, por que deveria alguém pensar que Paulo, em II Coríntios 12:2 e 3, está ensinando a doutrina de espíritos desincorporados?
- Extraído de Francis D. Nichol, Respostas a Objeções, págs. 280-281.