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postado em: 21/11/2008
“Deus de Vivos, Não de Mortos”
* A declaração “Deus é Deus de Vivos, Não de Mortos” Confirma a Imortalidade da Alma?
Alegação:
O texto de Mateus 22:32: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. . . Ele não é Deus de mortos, e, sim, de vivos. Ouvindo isto, as multidões se maravilhavam da Sua doutrina” não serviria de prova de que Jesus pregava àquela gente a idéia de imortalidade da alma?
Ponderação:
O mesmo episódio desse diálogo de Cristo com os saduceus, redigido por Lucas, apresenta o mesmo diálogo de modo mais completo. Vejamos como se encerrou o diálogo entre Cristo e os saduceus no relatório de Lucas: “E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem. Então disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. Daí por diante não ousaram mais interrogá-lo” (Luc. 20:37-40).
A ênfase não é sobre a imortalidade da alma, mas sobre a RESSURREIÇÃO! São bem claras as palavras—“e que os mortos hão de ressuscitar. . .” (vs. 37). Ora, os advogados da imortalidade da alma estariam cobertos de razão se Jesus houvesse dito: “E que os mortos vão para o céu com suas almas. . .” Mas não é isso o que Ele disse!
Ademais, a própria discussão se inicia do seguinte modo: “Chegando alguns dos saduceus, homens que dizem não haver ressurreição. . .” (vs. 27). Na seqüência da fala dos saduceus observa-se a mesma ênfase: “Essa mulher, pois, no dia da ressurreição, de qual deles [dos sete irmãos falecidos] será esposa?” (vs. 33).
E são dignas de nota as palavras de Cristo a certa altura: “. . . os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos. . .” (vs. 35).
É claríssimo que em toda a discussão não existe A MÍNIMA pista para qualquer noção de imortalidade da alma. Os saduceus não perguntaram: “E quando esses sete irmãos forem morrendo e suas almas forem chegando no céu. . .” Percebe-se bem que o enfoque jaz totalmente sobre a ressurreição dos mortos?
E merece atenção ainda o detalhe de que Cristo fala dos que hão de ser dignos de “alcançar a era vindoura [a consumação dos séculos] E A RESSURREIÇÃO DENTRE OS MORTOS”.
Então, esta passagem considerada globalmente, em lugar de favorecer a noção de imortalidade da alma é EXATAMENTE uma confirmação de a expectativa de vida eterna, na era vindoura, dar-se pela ressurreição dos mortos! E nesse contexto é que Cristo encerra o diálogo referindo-se a Moisés dizendo: “E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou .
... quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, para daí concluir: “Ora, Deus não é Deus de mortos, e, sim, de vivos; porque para ele todos vivem”.
E por que para Ele todos vivem? Por terem uma “alma imortal” ou por ressuscitarem dos mortos? Qual é o contexto? Qual é a ênfase? Qual é o sentido lógico lendo-se todo o conjunto dos debates e sua conclusão?
Conclusão:
O episódio de Cristo com os saduceus a respeito da ressurreição dos sete irmãos e da mulher que os enviuvou, longe de comprovar a tese da imortalidade da alma, concentra-se na ressurreição dos mortos, associada ao alcance da “era vindoura”. Tão claro é isso que até os saduceus que queriam pegar Jesus em contradição terminaram O elogiando-O (“Então disseram alguns dos escribas: Mestre, respondeste bem. Daí por diante não ousaram mais interrogá-lo”).
É interessante que esta não é a primeira vez que isso ocorre — os que querem arranjar um pretexto para apanhar Jesus terminam até elogiando-O (ver Marcos 12:34).
Logo, utilizar-se do diálogo de Cristo com os líderes judaicos com a expressão de que “Deus não é Deus de mortos, mas Deus de vivos” para provar a imortalidade da alma na verdade, representa um “tiro” interpretativo mais que sai pela culatra.
Autor: Prof. Azenilto Brito