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postado em: 23/2/2009
Abrindo a Caixa Preta de Darwin – Parte 1
“Charles Darwin não quis assassinar Deus, como disse certa vez. Mas ele o fez”. – Revista Time.
[A teoria da evolução] ainda é, como era na época de Darwin, uma hipótese altamente especulativa inteiramente desprovida de apoio factual direto e muito distante do axioma autocom probatório no qual alguns de seus defensores mais agressivos gostariam que acreditássemos. – Michael Denton, biólogo molecular.
Os investigadores policiais estavam buscando desesperadamente algum elemento de evidência física que ligasse o suspeito Ronald Keith Williamson ao brutal assassinato que havia chocado a tranqüila cidade de Ada, Oklahoma, três anos antes.
Tinham dificuldade em reunir provas sólidas contra Williamson, que negava insistentemente ter estrangulado Debra Sue Carter, de 21 anos. Até então, as únicas evidências consistiam em uma testemunha que havia visto Williamson falando com Carter horas antes na noite em que foi morta; o reconhecimento de Williamson que certa vez sonhou que a havia matado e o testemunho de uma informante presa que afirmava tê-lo ouvido casualmente falar sobre o crime.
Evidentemente, a polícia necessitava de mais provas se quisesse incriminá-lo. Finalmente, os detetives apresentaram o argumento decisivo. Segundo noticiou um jornal, um perito pegou quatro fios de cabelo que haviam sido encontrados no corpo da vítima e em outros lugares da cena do crime, examinou-os em microscópio e concluiu que combinavam com amostras tiradas de Williamson. Estando o inquérito sustentado por evidências científicas, os investigadores prenderam Williamson e o levaram a julgamento.
Não levou muito tempo para o júri concluir pela culpa do ex-jogador de beisebol da segunda divisão e despachá-lo para o Corredor da Morte. Tendo sido o horrível crime finalmente esclarecido, a população de Ada deu um suspiro coletivo de alívio. A justiça tinha sido feita. O assassino iria pagar com a vida.
Havia, porém, um grande problema: Williamson estava dizendo a verdade sobre a sua inocência. Depois que ele definhou na prisão por doze anos — nove deles aguardando a execução — uma análise de DNA constatou que outra pessoa havia cometido o assassinato. No dia 15 de abril de 1999, Williamson finalmente foi solto.
Espere um momento — e quanto à evidência da comparação dos fios de cabelo que apontou para a culpa de Williamson? Se fios do seu cabelo foram encontrados na cena do crime, isso não o implicava no assassinato? A resposta é desconcertante: evidências ligadas aos cabelos com freqüência pretendem provar mais do que realmente o fazem.
A notícia do jornal havia omitido alguns detalhes importantes. Os fios de cabelo da cena do crime não “combinaram” realmente com o cabelo de Williamson. Um criminologista havia meramente concluído que eles eram “consistentes” um com o outro. Ou seja, sua cor, forma e textura pareciam semelhantes. Assim, os fios de cabelo da cena do crime podiam ter vindo de Williamson — ou talvez pudessem ter vindo de outra pessoa.
Longe de ser tão incriminadora como as impressões digitais, a análise de fios de cabelo tem sido chamada “pseudo-ciência” por alguns analistas jurídicos. Com freqüência os jurados ouvem testemunhos impressionantes sobre o que parece ser uma prova cientificamente válida e concluem — incorretamente — que ela demonstra a culpa do réu. Sabe-se que alguns promotores, no calor da batalha judicial, têm até mesmo caracterizado erroneamente ou exagerado sutilmente o valor da análise de cabelos no decorrer de seus argumentos finais.
No caso de Williamson, um juiz federal denominou a prova do cabelo “não-confiável cientificamente” e disse que nunca deveria ter sido utilizada contra o réu. O que é ainda mais perturbador, nos últimos 25 anos a prova do cabelo havia sido usada contra dezoito prisioneiros do Corredor da Morte que posteriormente foram declarados inocentes .
O caso de Ronald Keith Williamson é um exemplo clamoroso de uma justiça equivocada. Sua condenação infundada demonstra como é fácil que jurados tirem conclusões radicais que não estão realmente alicerçadas em fatos científicos concretos.
Em certo sentido, a história de Williamson estabeleceu um paralelo com a minha investigação de um dos mais poderosos elementos de evidência científica que são comumente usados contra a existência de Deus.
O feito de Darwin
Embora muitas coisas tenham contribuído, acho que poderia dizer que perdi os últimos resquícios da minha fé em Deus nas aulas de biologia do colégio.
A experiência foi tão profunda que me fez lembrar até da carteira em que me sentava quando me ensinaram pela primeira vez que a teoria da evolução explicava a origem e o desenvolvimento da vida.
As implicações eram claras: a teoria de Charles Darwin eliminava a necessidade de um Criador sobrenatural ao demonstrar como processos naturais podiam explicar a crescente complexidade e diversidade dos seres vivos.
A minha experiência não foi incomum. O estudioso Patrick Glynn descreveu como ele enveredou por um caminho semelhante e que terminou no ateísmo:
“Abracei o ceticismo bem jovem, quando tomei conhecimento pela primeira vez da teoria de Darwin sobre a evolução, imaginem só, em um colégio católico. Ocorreu-me imediatamente que, ou a teoria de Darwin era verdadeira, ou veraz era a história da criação no livro de Gênesis. As duas não podiam ser verdadeiras, foi o que disse em aula à pobre freira. Assim começou uma longa odisséia de afastamento da fé sincera e prática religiosa, que havia caracterizado a minha infância, em direção à perspectiva cada vez mais secular e racionalista”.
Na cultura popular, o caso, em favor da evolução, é geralmente considerado encerrado. “O darwinismo continua sendo uma das teorias científicas mais bem-sucedidas já publicadas”, escreveu a revista Time em sua recapitulação do segundo milênio. Para Charles Templeton, está simplesmente fora de questão que “qualquer vida é resultado de forças evolucionárias imemoriais”.
O biólogo Francisco Ayala disse que “o maior feito” de Darwin foi mostrar como o desenvolvimento da vida é “resultado de um processo natural, a seleção natural, sem qualquer necessidade de apelar a um Criador”. Michael Denton, biólogo e físico molecular australiano, concordou que o darwinismo “rompeu a ligação do homem com Deus” e conseqüentemente “o deixou vagando no cosmo sem propósito”. E acrescentou:
“No que diz respeito ao cristianismo, o advento da teoria da evolução [...j foi catastrófico [...] Provavelmente o declínio da crença religiosa pode ser atribuído mais à propagação e defesa da teoria darwinista da evolução pela comunidade intelectual e científica do que a qualquer outro fator isolado”.
Como declara o livro didático Evolutionary Biology [Biologia evolutiva]: “Ao associar variações não-dirigidas e sem propósito com o processo cego e implacável da seleção natural, Darwin tornou supérfluas as explicações teológicas ou espirituais dos processos da vida”. O biólogo inglês Richard Dawkins falou em nome de muitos quando disse que Darwin “tornou possível ao indivíduo ser um ateu intelectualmente realizado”.
Com efeito, o destacado evolucionista William Provine, da Universidade Corneli, admitiu honestamente que, se o darwinismo for verdadeiro, existem então cinco implicações inevitáveis: não existem evidências a favor de Deus; não existe vida após a morte; não existe um fundamento absoluto para o certo e o errado; não existe um sentido último para a vida; e as pessoas realmente não têm livre-arbítrio.14
Contudo, é o darwinismo verdadeiro? Encerrei minha educação formal convencido que sim. Todavia, quando a minha jornada espiritual começou a me levar para o âmbito da ciência, comecei a ter um sentimento de crescente inquietação. Do mesmo modo que a prova da comparação de fios de cabelo no caso de Williamson, será que a prova a favor da evolução significa provar mais do na verdade o faz?
Quanto mais investigava o assunto, mais percebia como havia subestimado certos detalhes significativos, num juízo apressado que lembrava o julgamento do assassinato de Oklahoma. Quando examinei a matéria meticulosamente, comecei a questionar se as radicais conclusões dos darwinistas são realmente justificadas por fatos científicos concretos. (A propósito, uma viagem semelhante ajudou a levar Glynn de volta à fé em Deus.)
Esse não é, logo descobri, um caso de religião versus ciência; é antes, uma questão de ciência versus ciência. Em anos recentes, cada vez mais biólogos, bioquímicos e outros pesquisadores — não somente cristãos — têm levantado sérias objeções à teoria da evolução, asseverando que as suas amplas conclusões às vezes estão baseadas em dados frágeis, incompletos ou defeituosos.
O que à primeira vista parece uma prova científica acabada a favor da evolução começa a se desfazer mediante um exame mais detido. Novas descobertas feitas nos últimos trinta anos têm levado um número cada vez maior de cientistas a contradizer Darwin, concluindo que houve um Planejador Inteligente por trás da criação e do surgimento da vida.
“O resultado desses esforços cumulativos no sentido de investigar a célula investigar a vida no plano molecular — é um brado forte, claro e penetrante de ‘desígnio!”, disse o bioquímico Michael Behe, da Universidade Lehigh, na sua crítica pioneira do darwinismo.’ E prosseguiu:
“A conclusão do desígnio inteligente flui naturalmente dos próprios dados — não de livros sagrados ou crenças sectárias [...] A hesitação da ciência em abraçar a conclusão do desígnio inteligente [...] não tem um fundamento justificável [...] Muitas pessoas, inclusive muitos cientistas importantes e respeitados, simplesmente não querem que exista algo além da natureza”.
Essa última frase me tocou. Estava mais que feliz em me agarrar ao darwinismo como desculpa para descartar a idéia de Deus, de modo que eu pudesse pôr em prática descaradamente a minha agenda de vida, sem restrições morais.
“No entanto, alguém que me conhece bem certa vez me descreveu como um indivíduo ‘ávido pela verdade’.” Minha formação em jornalismo e direito me impele a desencavar opiniões, especulações e teorias, até chegar aos fundamentos dos fatos concretos. Por mais que tentasse, não conseguia dar as costas para as persistentes inconsistências que estavam solapando as bases da teoria de Darwin.
Uma história de detetive dos primórdios
Todo mundo admite que a evolução é verdadeira até certo ponto. Inegavelmente existem variações dentro de certas espécies de animais e plantas, o que explica a existência de mais de duzentas variedades diferentes de cães, a criação de vacas que permitem melhor produção de leite e a adaptação e desenvolvimento das bactérias com imunidade contra os antibióticos. Isso é denominado “microevolução”.
Mas a teoria de Darwin vai muito além disso, insistindo que a vida começou há milhões de anos com simples criaturas unicelulares e depois desenvolveu-se através de mutações e seleção natural no vasto conjunto de vida vegetal e animal que povoa o planeta. Os seres humanos entraram em cena vindos de um mesmo ancestral comum com o macaco. Os cientistas chamam essa teoria mais controvertida de “macroevolução”.
Inicialmente, pareceu-me perturbadora a pequena quantidade de evidências fósseis para as transições entre diferentes espécies de animais. O próprio Darwin admitiu que a falta desses fósseis “é talvez a objeção mais óbvia e séria” contra a sua teoria, embora tenha confiado de maneira plena que futuras descobertas iriam prová-la.
Saltemos para 1979. David M. Raup, o curador do Museu Field de História Natural, em Chicago, afirmou o seguinte:
“Já se passaram cerca de cento e vinte anos desde Darwin e o conhecimento do registro de fósseis expandiu-se enormemente. Temos agora um quarto de milhão de espécies de fósseis, mas a situação não mudou muito [...] Temos na verdade menos exemplos de transição evolutiva que tínhamos na época de Darwin”.
O que o registro de fósseis realmente mostra é que em rochas que remontam a cerca de 570 milhões de anos ocorre o súbito aparecimento de quase todas as divisões primárias do reino animal, e elas aparecem plenamente formadas, “sem vestígio dos ancestrais evolutivos que os darwinistas reivindicam”.’ É um fenômeno que aponta mais diretamente para um Criador do que para o darwinismo.
Esse não é o único argumento contrário à evolução. No seu livro Origem das espécies, Darwin também admitiu: “Se pudesse ser demonstrado que existiu qualquer órgão complexo que não pudesse ter sido formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, então a minha teoria cairia por terra inteiramente”.
Aceitando esse desafio, o premiado livro de Behe, Darwin’s black box [A caixa preta de Darwinj, mostrou como algumas recentes descobertas bioquímicas têm encontrado numerosos exemplos exatamente desse tipo de “complexidade irredutível”.
Todavia, eu estava particularmente interessado em uma questão mais fundamental. A evolução biológica somente pode ocorrer depois de existir algum tipo de matéria viva que possa reproduzir-se e em seguida tornar-se mais complexa por meio de mutações e da sobrevivência dos mais aptos. Eu queria retroceder ainda mais e levantar a questão angular da existência humana: a origem da vida.
A origem da vida tem intrigado por séculos tanto os teólogos quanto os cientistas. “A coisa mais assombrosa para mim é a própria existência”, disse o cosmólogo Allan Sandage. “Como é que a matéria inanimada pode organizar-se para meditar em si mesma?”
Realmente, como? A teoria de Darwin pressupõe que substâncias químicas inanimadas, se dispuserem de quantidade certa de tempo e circunstâncias, podem transformar-se por si mesmas em matéria viva. Inegavelmente, essa concepção tem encontrado ampla aceitação popular ao longo dos anos. Mas existiriam dados científicos para sustentar essa convicção? Ou será que, como a evidência da comparação de cabelos no julgamento de Oklahoma, essa análise é pródiga de especulações mas carente de fatos concretos?
Sabia que, se os cientistas pudessem demonstrar de modo convincente que a vida surgiu simplesmente por intermédio de processos químicos naturais, então não haveria necessidade de Deus. Por outro lado, se as evidências apontam na outra direção para um Planejador Inteligente, então todo o castelo de cartas evolutivo de Darwin desabaria.
Essa história de detetive dos primórdios levou-me a uma viagem a Houston, Texas, onde aluguei um carro e segui pelo interior cortando fazendas de gado em direção à cidade de College Station, sede da Universidade A & M do Texas. Caminhando uma quadra a partir da escola, deparei-me com uma modesta casa de dois pavimentos. Bati na porta de um dos especialistas mais influentes de como surgiu a vida no primitivo planeta Terra.
Fonte: Extraído e adaptado de Lee Strobel, Em Defesa da Fé, Editora Vida.
[Este artigo continua em “Abrindo a Caixa Preta de Darwin – Parte 2”]