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postado em: 20/8/2017
Muitas pessoas costumam associar crescimento espiritual à prática de dogmas ou obediência a credos de uma denominação religiosa. Paradoxalmente, não raro, acabem frustradas e decepcionadas diante da inutilidade de suas tentativas para atingir os ideais estabelecidos dentro desse pensamento. Abandonam tudo ou continuam mantendo aparências, alternativas essas que não levam à realização pessoal, apenas somarão maiores derrotas.
Desenvolvimento espiritual é mais que um esforço para ser um bom religioso. É, antes e acima de tudo, uma experiência que se fundamente numa relação amigável com Jesus Cristo, através da fé, o que possibilitará uma vida frutífera traduzida em atos de amor em favor do próximo e na construção de um caráter nobre.
A prioridade
É inegável que a religião é constituída de bons pontos de vista; mas o evangelho é constituído de boas novas. A religião traz bons conselhos; o evangelho traz uma gloriosa proclamação. A religião é tentativa que o homem faz no sentido de subir a escada de sua própria justiça na esperança de encontrar Deus no topo. O evangelho é o que Deus faz, descendo pela escada da encarnação de Jesus Cristo e encontrando-Se conosco, em nossa condição de pecadores, no primeiro degrau.
Podendo ser manipulada pelo homem, por vezes a religião se torna uma farsa; o evangelho, porém, é sempre uma força: “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). A religião enfatiza o fazer. Diz: “faça o bem, e você se tornará bom.” O evangelho enfatiza o ser: “primeiro você tem de ser bom, pela graça de Deus; a consequência disso, assim como o dia segue-se à noite, é que fará o bem.” A religião toma o homem e o deixa como está. O evangelho toma o homem como está e o transforma naquilo que deve ser. A religião passa apenas uma caiação; só o evangelho alveja.
Segundo a religião, uma pessoa deve dizer a verdade para que seja honesta. Mas, do ponto de vista do evangelho, ela tem de ser primeiramente honesta; então, dirá a verdade. A religião insinua: “Tenha bons pensamentos e sua mente se tornará pura.” O evangelho diz: “Torne-se puro de mente e de coração e alimentará pensamentos dignos.” Assim, enquanto a religião prioriza a conduta exterior, o evangelho enfatiza a importância do caráter.
Paulo colocou as coisas em sua perspectiva correta, ao dizer: “Vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus, não por obras, para que ninguém se glorie.” Mas, acrescentou a exteriorização dessa experiência interior: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras” (Ef 2:8, 9). Tiago escreveu que “a fé sem obras é morta” (Tg 2:26).
O próprio Cristo explicou que não podemos fazer o bem a menos que, primeiramente, nos tornemos bons: “Considerem: uma árvore boa dá fruto bom, e uma árvore ruim dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira coisas más” (Mt 12:33-35). Assim, em primeiro lugar, as Escrituras enfatizam sempre a condição de ser. A consequência natural disso é o fazer.
Li certa vez um relato segundo o qual, nos primórdios do cinema mudo, um filme seria exibido numa pequena vila do Oeste americano. Os vaqueiros da região compareceram em massa para ver o que era um milagre moderno de então. O enredo do filme girava em torno do costumeiro triângulo formado por um mocinho galã, que disputava com um vilão o amor de uma linda garota.
No meio da história, o vilão raptou a mocinha, jogou-a sobre o cavalo e fugiu. A visão daquele cena foi demais para os ingênuos vaqueiros. Prontamente sacaram seus revólveres e começaram a atirar contra a tela de projeção, na tentativa de impedir a continuidade da “violência”. Crivaram de balas a tela, mas o filme continuou normalmente. Se pelo menos tivessem atirado contra o projetor, de certo modo teriam resolvido, pois a projeção teria fim.
Isso é a mesma coisa que a tentativa de reforma moral e espiritual exterior. Crivamos de balas a tela de projeção da vida, mas a sequência do pecado e derrota continua. O problema principal do ser humano é interno. Ele precisa tratar do projetor – o coração. Necessita nascer de novo, tornar-se nova criatura, ser limpo de coração.
A diferença
A religião nos oferece uma série de ensinamentos e diz: “Aceite-os; creia neles e siga-os!” O evangelho nos apresenta um homem e diz: “Aceite-O, creia nEle e siga-O!” Evidentemente, o cristianismo tem seus ensinamentos e sua ética elevada, indispensáveis à vida. Ela tem sua filosofia e sua teologia; seus rituais e credos altamente necessários. Mas, ele é mais do que isso. O cristianismo é Cristo. Se O retirarmos do evangelho, nada mais restará. O evangelho é Cristo!
Logo, ser cristão é mais do que pertencer a uma igreja; mais do que aceitar seus credos; mais do que praticar seus rituais. Ser cristão consiste essencialmente em colocar a confiança na pessoa de Cristo, recebê-Lo como Salvador e Senhor; entrar numa experiência de relacionamento com Ele, tão feliz, tão íntimo, tão estreito, que possamos dizer como Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).
Cristo é a diferença! Qualquer experiência religiosa isolada do relacionamento com Ele carecerá de sentido e culminará submergindo o indivíduo num abismo legalista de frustração e desapontamento. Cristo é o tudo e o todo. Sem Ele, nada na vida tem sentido, a própria vida não tem sentido.
Sadhu Sundar Singh, um converso do sikihismno ao cristianismo, foi um dos maiores cristãos da Índia. Certo dia, um europeu agnóstico o entrevistou com o evidente propósito de lhe mostrar o erro que havia cometido ao renunciar à antiga crença em favor do cristianismo.
“O que o senhor encontrou no cristianismo, que não tinha em sua religião anterior?”, perguntou o agnóstico.
“O que eu encontrei foi Cristo”, respondeu Sundar Singh.
“Sim, eu sei! Mas que princípios ou doutrinas em especial o senhor encontrou, que não conhecesse antes?”, insistiu o interlocutor.
“O que eu encontrei em especial foi Cristo”, foi a resposta.
É isso! O segredo da verdadeira religião é Jesus Cristo! Credos, dogmas, rituais e ensinamentos somente têm sentido quando vividos nEle, por Ele e para a glória dEle na vida do ser humano.