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postado em: 21/11/2008
O Papado
“... aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando--se como Deus” (2Tessalonicenses 2.4).
O papado é outra instituição católica que se assenta sobre dois grandes equívocos: o primeiro é que o apóstolo Pedro nunca esteve em Roma, nunca foi papa, e se o foi, era um papa que não se conformava com o catolicismo, pois era casado.
Num dos seus primeiros milagres, Jesus curou-lhe a sogra: “A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela. Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia” (Mc 1.30,31); o segundo equívoco é que até o ano de 451 (até Leão 1) não havia um bispo romano chefe do catolicismo. Podia ser até que eles fossem chefes das igrejas locais, o que em si seria um erro; porém, só 300 anos mais tarde é que ficaram conhecidos como chefes católicos no sentido em que os conhecemos hoje em dia.
Roma baseia-se em alguns textos bíblicos para apoiar a instituição do papado, textos esses que nada provam, como veremos:
1. A pedra, o fundamento. Pedro diz que a Pedra é Cristo:
“Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular” (At 4.11); “(...) e, chegando-vos para ele, pedra viva, rejeitada, na verdade, pelos homens, mas, para com Deus eleita e preciosa” (lPe 2.4).
2. Quanto às chaves que Pedro recebeu, elas apenas representam a oportunidade de apontar às pessoas o caminho da salvação abrindo-lhes as portas da fé: aos judeus, como no dia de Pentecostes (At 2.1-14), e aos gentios (At 14.27).
Houve um diálogo entre Jesus e Pedro:
(..) Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra eIa; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na Terra será ligado nos céus; e o que desligares na terra será desligado nos céus” ((Mt 16.17-19).
Pedro sempre estivera Consciente de que a Pedra era Jesus Cristo; ele disse então: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’ Tinha sido essa a confissão de Pedro. Jesus respondeu: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra [a pedra da confissão de Pedrol edificarei a minha igreja’
Não podemos entender de outro modo, uma vez que essas prerrogativas dadas por Jesus a Pedro, foram de igual modo Concedidas a João e aos outros apóstolos: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos” (Jo 20.23). Seria mais sensato, mais coerente pensar que são prerrogativas das igrejas Constituídas nos moldes dos seus ensinamentos:
“Ora, se teu irmão pecar vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu frm&o; mas se não te Ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar Ouvir a Igreja, considera -o como gentio e publicano. Em verdade vos digo:
Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18.15-18).
Deduz-se daí que Jesus não deu pessoalmente a um bispo, pastor, padre ou a qualquer outra pessoa o poder de ligar e desligar, mas sim à Igreja; a Sua Igreja tem esse poder.
3. Deve-se considerar, ainda, que, se Jesus falou com Pedro, se falou o mesmo com João e com todos os demais apóstolos, e por fim falou à Igreja, não havia hierarquia como a da Igreja Católica. As igrejas evangélicas que conhecemos têm um pastor, que é o pregador, o conselheiro espiritual, o orientador, o presidente das organizações internas da igreja, o ministrador da Ceia do Senhor e do Batismo, mas não é o Chefe da Igreja.
Esta, no entanto, não é acéfala: o Chefe é o Cabeça, Jesus. A Igreja é o Corpo. As decisões são tomadas em assembléia, pelo voto, sob a orientação do Espírito Santo. Jesus é “o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre’ (Ap 3.7).
4. Há ainda um fato importante a enfatizar: Pedro era humilde e pobre, não tinha ouro nem prata (At 3.6). E mais: o episódio envolvendo a conversão do centurião Cornélio. Os judeus da Igreja primitiva pensavam que o Evangelho da Graça era somente para eles.
Pedro se incluía nesse número, mas as portas da salvação foram abertas de modo explícito também para os gentios, e Deus escolheu um capitão romano, o centurião Cornélio, reconhecidamente um homem bom, espiritual, que orava e dava esmolas, mas que não tinha salvação, pois esta só se consegue por intermédio de Jesus, e não pelas obras: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).
Cornélio precisava de Jesus, e o caminho foi-lhe apontado por meio de Pedro. Este recebeu pelo Espírito Santo a mensagem para ir ao seu encontro, e o centurião foi ao seu encontro também. “Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem” (At. 10.25,26). (Que diferença entre esse “primeiro papa” e Inocêncio III!...)
Os papas exageram em seus próprios méritos, e até mesmo os padres se fazem chamar de “reverendos” Veja o ensinamento de Jesus sobre o valor do homem: “Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva” (Mt 20.26).
5. Se de fato Pedro foi o primeiro papa, com certeza não o sabia. Quando Surgiu a heresia dos judaizantes e se instituiu o primeiro concílio em Jerusalém, ele estava em pé de igualdade com os demais apóstolos, e a reunião foi presidida por Tiago, que foi o primeiro pastor da primeira igreja evangélica do mundo: a igreja em Jerusalém.
Outro detalhe: como Pedro não tivesse procedido bem, no caso dos gentios, foi ele certa vez repreendido por Paulo, o apóstolo extemporâneo: “Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando, e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão” (Gl 2.11,12).
6. Também podemos afirmar, com base em documentos, que Pedro jamais esteve em Roma. Ensina a tradição católica que Pedro foi bispo em Antioquia por sete anos, obtendo depois disso o bispado de Roma, onde esteve por vinte e cinco anos, sofrendo o martírio no mesmo dia em que Paulo o sofrera, no ano 67 da Era Cristã.
Segundo essa teoria, Pedro foi o primeiro papa desde o ano 42, até a sua morte em 67 portanto, durante 25 anos. Mas a conversão de Paulo aconteceu no ano 35, e ele mesmo diz ter estado 14 anos depois em Jerusalém, onde se encontrou com Pedro (Gl 2.1).
Jerusalém seria então a sede do papado, e não Roma, e quando Paulo regressou a Jerusalém, foi para dizer que tinha a responsabilidade de evangelização dos gentios (GI 2.7). E ainda:
Paulo escreveu a Epístola aos Romanos em 57, conforme mencionado na explicação de introdução a essa carta na Bíblia Católica, tradução do padre Matos Soares. Pelos cálculos católicos, Pedro seria papa em Roma havia 15 anos.
No fim da epístola Paulo menciona o nome de 26 pessoas suas conhecidas, com ele relacionadas, e não faz nenhuma referência a Pedro.
No ano 60 (três anos mais tarde) Paulo chega preso a Roma (At 24.27) e muitos irmãos vão recebê-lo mas ainda não se menciona o nome de Pedro, que, “sendo papa’ deveria ser conhecido pelos cristãos que lá estavam (At 28.11-17). Paulo alugara uma casa em Roma e não procurara Pedro, ‘ primeiro papa’ E porque Pedro não estava lá. A Bíblia diz que Paulo estivera ali por dois anos (At 28.30).
Nesse período, escreve várias cartas aos crentes, nas quais envia saudações de muitos irmãos sem jamais citar o nome de Pedro, ou do bispo que existisse em Roma. Quando escreveu aos colossenses, citou o nome de diversos irmãos e acrescentou:
“(...) sendo unicamente estes, dentre a circuncisão, os meus cooperadores no reino de Deus (...)“ (Cl 4.11), porém não mencionou Pedro. Uma figura “importante” como o papa jamais seria esquecida por Paulo.
Algum tempo depois, Paulo foi julgado por Nero e posto em liberdade. Mais tarde escreveu: “Na minha primeira defesa ninguém me assistiu, antes todos me desampararam. Que isto não lhes seja imputado” (2Tm 4.16). Mas Pedro amava a Paulo com amor cristão, e isso ele confessa em 2Pedro 3.15. Por que ele haveria de se omitir? Pelos motivos lógicos, verdadeiros e aqui demonstrados: Pedro jamais estivera em Roma.
Segundo se crê, a segunda Epístola a Timóteo foi escrita por Paulo, em Roma, no ano 64, próximo de sua morte (2Tm 4.6); e nas saudações (2Tm 4.21), depois de ter mencionado, no versículo 11, “só Lucas está comigo”, faz as saudações finais e ainda dessa vez não cita o nome de Pedro. Definitivamente, Pedro nunca esteve em Roma.
7. Cumpre assinalar ainda o seguinte:
O desespero provocado pela carência de argumentos em que se possa basear a suposta estada de Pedro em Roma é tão grande que o Papa Pio XII, em 1939, resolveu mandar proceder a escavações no subsolo da Basílica de S. Pedro no intuito de encontrar a sepultura e os ossos do Apóstolo-pescador. Vedou aos arqueólogos estranhos aos trabalhos a aproximação do local. E na sua mensagem de natal do ano de 1950, afirmou categoricamente que havia sido descoberto o “túmulo do príncipe dos Apóstolos’ Deu-se tão mal, porém: o novo embuste não “colou’ O próprio E. Kirschbaum, um dos dirigentes dessa escavação arqueológica, contestou o papa desesperado.
Pio XII, contraditado por muitos outros arqueólogos de fama internacional, inclusive o teólogo católico A. M. Schneider, nunca mais falou sobre o assunto, que ficou encerrado como os trabalhos daquelas escavações.
Por último, a própria existência do papa e sua nomeação são uma grande heresia e contrariam por completo a palavra de Jesus. Aliás, os padres parecem querer ser superiores a Jesus. Não se contentam com o que ele ensinou. Querem ir além.
Quem já viu a cerimônia do lava-pés? É aquele ritualismo costumeiro. Escolhem-se os candidatos, lavam-se-lhes os pés, secando-os com uma toalha, e então o sacerdote beija os pés lavados.
Extrapolam os romanistas. Jesus realizou aquele ato, como explica o texto (ver João 13.4-17, principalmente o versículo 14), para ensinar humildade, para que façamos o mesmo. Lavar os pés uns aos outros é um ato de humildade. Beijar os pés é uma humilhação. E uma vergonha que a Bíblia não ensina. Mas...
Repugnante mesmo é realizar o batismo como manda o ritual católico, com saliva de padre, que é mais um meio de endeusá-lo. O padre tem de tirar a saliva de sua boca e pô-la nas narinas e nos ouvidos das crianças. Ninguém em sã consciência pode crer em algo tão estapafúrdio. Coisas só para padres, pois ainda vivem os tempos medievais.
Vejamos agora o uso dos vocábulos “papa” e “padre”. “Papa”
vem do grego e significa “pai”.. pappas, “papai”; parece até feito
de propósito para contrariar Jesus, que disse: “E a ninguém sobre
a Terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo” (Mt 23.9,10).
Há um elenco dos papas publicado pela Editora das Américas, compilado pelo Monge Pedro Guilhermino em 1142, que, com certeza, não corresponde à verdade. Pode até estar exato quanto à sucessão dos bispos da cidade de Roma, mas, a começar pelo primeiro, já vimos que não é verdadeiro.
Autor: Alcides Conejeiro Peres
Fonte: O Catolicismo Romano Através dos Tempos