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postado em: 5/12/2008
A Parábola do Rico e Lázaro A história de Cristo sobre o rico e Lázaro prova a imortalidade da alma (veja Luc. 16:19-31). ESSA HISTÓRIA NÃO DIZ NADA SOBRE ALMAS IMORTAIS DEIXANDO O CORPO NA MORTE. EM VEZ DISSO, O RICO, DEPOIS DE MORRER, TINHA “olhos” e uma “língua”, isto é, partes do corpo muito reais. Ele pediu a Lázaro que molhasse “em água a ponta do dedo”. Se a narrativa deve ser tomada literalmente, então os bons e os maus na morte não voam para longe como espíritos intangíveis, mas vão para seus lugares de recompensas como seres reais com partes corporais. Todavia, como poderiam eles ir para lá corporalmente, sendo que o corpo foi enterrado na sepultura? Além disso, se o relato é literal, então o Céu e o inferno estão perto o suficiente para que uma conversa seja mantida entre os habitantes dos dois lugares — uma situação um tanto indesejável, para dizer o mínimo. Se os crentes na imortalidade natural afirmam que esse é um retrato literal da geografia do Céu e do inferno, então devem renunciar ao texto concernente às “almas debaixo do altar” clamando por vingança contra seus perseguidores (veja Apoc. 6:9- 11). Ambas as passagens não podem ser literais. Se os justos podem realmente ver os ímpios em tortura, por que teriam eles necessidade de clamar a Deus por vingança? Quando o rico rogou que Lázaro fosse mandado de volta à Terra para advertir a outros contra o inferno, Abraão respondeu: “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.” E “se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.” Luc. 16:29 e 31. Assim, a narrativa em lugar nenhum fala de espíritos desencarnados, nem mesmo no caso de retornar para advertir os homens. Em vez disso, o retorno é em função de ressuscitar “dos mortos”. Para evitar crer que espíritos têm corpo e que o Céu e o inferno estão realmente muito perto para conversações, o objetor deseja agora ver esta história simplesmente como uma parábola? Então desejamos lembrá-lo que os teólogos de comum acordo concordam que não podem ser construídas doutrinas sobre parábolas ou alegorias. Uma parábola, como outras ilustrações, é geralmente usada para tomar vívido um assunto específico. Tentar construir doutrina sobre cada parte da história geralmente resultaria em absurdo, ou mesmo total contradição. Certamente, procurar encontrar na ilustração uma prova para uma crença oposta àquela mantida pelo orador ou escritor violaria a mais elementar das normas que governam as ilustrações. Afirmamos que o objetor, usando esta parábola para provar que o homem recebe sua recompensa na morte, levaria Cristo a contradizer-Se. Em outro lugar, Cristo afirma claramente o tempo em que os justos recebem sua recompensa e os ímpios são lançados no fogo consumidor: “Quando vier o Filho do homem na Sua majestade ... e todas as nações serão reunidas em Sua presença, ... então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino. ... Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mat. 25:31-41). Não há necessidade de que alguém retorne para advertir quanto ao destino além da sepultura, porque os vivos “têm Moisés e os profetas: ouçam-nos”. Nós, os vivos, estamos portanto certamente justificados em compreender a parábola em harmonia com o que os profetas disseram. Malaquias, por exemplo, declara que “vem o dia” (é um evento futuro) em que os ímpios devem sofrer os tormentos do fogo consumidor (veja Mal. 4:1-3). Os escritores do Antigo Testamento são muito enfáticos em declarar que os mortos, justos e fmpios igualmente, jazem silenciosos e inconscientes na sepultura até o dia da ressurreição (veja Jó 14:12-15, 20 e 21; 17:13; 19:25-27; Sal. 115:17; Ecl. 9:3-6 e 10). Portanto, afirmar que a história é uma parábola ou alegoria não dá ao objetor mais apoio do que se ele declarasse que a mesma é literal, a menos que ele deseje manter a alegação impossível de que um ponto específico em uma história figurativa deve ser tomado literalmente, embora assim esteja criando uma contradição direta das declarações literais de “Moisés e os profetas” e de Cristo (em Mateus 25). Cremos que a história é uma parábola. Esse era o método usual empregado por Cristo em Seus ensinos, embora aqui, como em vários outros exemplos, Ele não o declare especificamente. Portanto, procuramos descobrir apenas que lição Cristo estava tentando ensinar, e não tentamos fazer a parábola provar nada mais que isso. Evidentemente, Cristo desejava reprovar os fariseus “que eram avarentos.” Luc. 16:14. Eles, assim como muitos judeus, achavam que as riquezas eram um sinal do favor de Deus, e a pobreza um sinal do Seu desprazer. Cristo ensinou a lição fundamental de que a recompensa que aguardava o rico avarento, que não tinha nada senão migalhas para o pobre, era o oposto do que os judeus acreditavam. Isso é o que a parábola visava ensinar. Seria tão coerente afirmar que Cristo aqui ensinou também que os justos vão literalmente para o “seio de Abraão”, e que o Céu e o inferno estão dentro da distância da fala, como afirmar que Ele ensinou que a recompensa vem imediatamente à morte. Cristo procurou evitar conclusões infundadas com base nessa lição que estava ensinando aos judeus, pondo-a no contexto de uma história. Ele a protegeu duplamente, afirmando no final que “Moisés e os profetas” devem guiar os vivos no tocante ao seu destino além da morte. Sim, ele a protegeu triplamente, descrevendo com clareza o retorno de alguém dos mortos em função de uma ressurreição. Empregando a linguagem da alegoria, ele poderia adequadamente fazer com que os mortos inconscientes conduzam uma conversação sem a necessidade da conclusão de que os mortos estão conscientes. Em outro lugar na Bíblia, encontramos a viva parábola das árvores indo “certa vez ... ungir para si um rei”, e da conversação havida entre elas (veja Juízes 9:7-15; também II Reis 14:9). Por que não tentar provar por essa parábola que as árvores falam e que têm reis? Não, você diz, isso seria tentar fazê-la provar mais do que era intenção do orador. Concordamos. A mesma regra é válida para a parábola do rico e Lázaro. - Francis D. Nichol, Respostas a Objeções.