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postado em: 23/2/2009
A Doutrina Bíblica da Trindade
O Que a Trindade Significa Para Mim
A Trindade – Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e está além da compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua auto-revelação. Para sempre é digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação. – Crenças Fundamentais, 2
Tem Deus um nome? Pode parecer uma questão elementar, mas merece ser considerada seriamente. Uma resposta poderia ser: “Naturalmente! Deus tem um nome. O Seu nome é simplesmente Deus, e isso é tudo.” Mas, essa resposta não é satisfatória. Em primeiro lugar, a palavra Deus é, estritamente falando, um título, não um nome. É uma palavra como governador, doutor ou professor.
Muitas vezes usamos essas palavras em lugar do nome, mas na realidade não são verdadeiros nomes. Em segundo lugar, a palavra Deus pode referir-se a muitos e diferentes deuses: a Alá, o deus dos muçulmanos; Siva e Vishnu, deuses dos hindus; Zeus, o supremo deus dos gregos e, principalmente, deus dos filósofos. Assim persiste a pergunta: Tem o nosso Deus, o Deus da revelação bíblica, um nome? A resposta é sim.
No Antigo Testamento, Deus é identificado pelo nome de Yahweh (que é muitas vezes traduzido por “o Senhor” nas versões inglesas da Bíblia, e que deu origem à palavra Jeová). Esse nome refere-se a um verbo hebraico que significa “é” ou “ser”, assim o significado de Yahweh é algo semelhante a “eterno”. Se alguém perguntar: “Quem é o Deus dos hebreus?” a resposta será “Yahweh, o eterno”. Isto é, o Deus dos hebreus não é Rá ou Bel ou Moloque ou qualquer outro deus da antiguidade.
No Novo Testamento, o mesmo Deus é identificado por uma forma diferente. Não é simplesmente uma palavra (como Yahweh), mas um grupo de palavras juntas, que dão um novo nome para Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Muitas vezes não pensamos nessas palavras como designação cristã do nome de Deus, mas é isto que realmente são, porque constituem a identificação cristã distintiva de Deus. Se alguém for perguntado: “Quem é o Deus dos cristãos?” A resposta apropriada será: “o Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.”
Nome Incomum
Jesus desafiou Seus discípulos para que fossem e fizessem discípulos, “batizando-os no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Mat. 28:19. Uma das mais familiares bênçãos do Novo Testamento é a solicitação para que “a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo...” II Cor. 13:13.
O apóstolo também roga que o “Pai... vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o Seu Espírito...; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé”. Efés. 3:14-17. E nós somos lembrados que “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo [Jesus Cristo]. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos”. I Cor. 12:4-6.
Assim sendo, podemos pensar nesta designação tríplice – Pai, Filho e Espírito Santo – como sendo a nossa designação cristã para o nome de Deus. Não é, certamente, um tipo de nome comum, como Maria, Mariane, José ou João. Nem se trata de nomes como Siva, Zeus ou Rá. Mas essa designação de Deus aparece no Novo Testamento como um nome equivalente a Yahweh.
O significado do nome tríplice de Deus tem sido, entretanto, assunto de destaque teológico através dos séculos. A questão principal tem sido a maneira em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos distintos e estão relacionados entre si. São todos Eles a mesma realidade, ou diferentes realidades, ou formas distintas de realidade?
No ano 325 d.C., o Concílio de Nicéia emitiu um parecer afirmando a crença (a) em Deus o Pai, (b) no Filho de Deus, que é “a essência do Pai”, e (c) no Espírito Santo. Este parecer é conhecido como o Credo de Nicéia, e sua tese sobre a Trindade tem sido reafirmada muitas vezes através da história do cristianismo.
Mas, a despeito de um amplo consenso tradicional, a discussão teológica tem continuado. Mesmo na breve história do adventismo moderno tem havido algumas discordâncias. Cerca de cem anos atrás, muitos adventistas pensavam que a idéia da Trindade era simplesmente ilógica e que a própria palavra era uma relíquia do Catolicismo Romano. Alguns adventistas criam que o Filho fora criado pelo Pai.
Foi grandemente pela influência de Ellen White que muitos adventistas posteriormente mudaram de opinião sobre a posição histórica da Trindade. Do Filho ela escreveu que “em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada”. – O Desejado de Todas as Nações, pág. 530.
Ocasionalmente, ela empregou a linguagem teológica tradicional: “Ele [Cristo] e o Pai são de uma substância, possuindo os mesmos atributos.” – Signs of the Times, 27 de novembro de 1893. Em conformidade, nas Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, o parágrafo intitulado “A Trindade” inicia afirmando: “Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas.”
Há, no entanto, algo muito mais importante que conhecer as questões e respostas teológicas sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que é se eu experimento a realidade de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.
As pessoas que conheceram a Jesus reconheciam que, quando estavam com Ele, estavam na presença pessoal de Deus, e que Deus estava pessoalmente presente entre eles. Para eles, Deus existia, e Pedro afirmou: “O Filho do Deus vivo.” Mat. 16:16.
Dizer que Jesus era o Filho de Deus não significa que Ele era outra coisa senão Deus. Mais exatamente, isto indicava que Ele era igual a Deus. “Jesus não era simplesmente um mensageiro de Deus. Ele era Deus. Não havia outro meio de dizer isto e ainda fazer justiça a Sua experiência.” – Richard Rice, O Reino de Deus, pág. 89.
Porque em Jesus Cristo – isto é, Jesus, o Messias – Deus tornou-Se humano. Deus “Se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14), de forma concreta e visível. Assim, o que Cristo fez, Deus fez: Suas ações foram as ações de Deus, e Suas atitudes foram as atitudes de Deus. Seu perdão foi o perdão de Deus. E o que aconteceu a Jesus, aconteceu a Deus: quando Jesus foi rejeitado por Seu próprio povo, Deus sentira a rejeição; e quando Jesus morreu na cruz, Deus provou a morte humana.
Além de toda argumentação teológica sobre a existência eterna do Filho e sobre Sua exata condição em relação ao Pai, o que é crucial é o fato de que Jesus foi e é Deus.
Mais que o Filho
Todavia, Deus é mais que o Filho. Por essa razão o nome de Jesus não é o nome completo de Deus. Devemos falar de Deus também em termos de Pai e Espírito Santo. Porque a realidade de Deus não está limitada à realidade da Pessoa que nasceu em Belém e cresceu em Nazaré, pregou “o Evangelho do Reino” (Mat. 4:23; 9:35) na Galiléia e Judéia, e morreu numa cruz romana do lado de fora de Jerusalém.
Jesus o Messias é realmente Deus, mas Ele não é o todo de Deus. Quando Jesus esteve em Cafarnaum, Ele não estava em Jerusalém. Mas quando Deus está em Cafarnaum, Ele também está em Jerusalém, Atenas, Londres e Washington. Deus é o Filho que orou no Jardim do Getsêmani, e Deus é também o Pai a quem o Filho orou.
As palavras Filho e Pai são termos correlatos: Eles pertencem um ao outro. Referir-se a um filho é supor que existe um pai, e referir-se ao pai é supor que há um filho. Quando nos referimos a Deus como “o Pai”, indicamos primeiramente, que Ele é o Pai do “Filho único”. João 3:16.
Nós também entendemos, naturalmente, que Ele é o Pai de toda humanidade e que somos todos Seus filhos e filhas. Mas eu O conheço como Pai, principalmente porque eu aprendo de Jesus que Seu Pai é também meu Pai.
Deus é o Pai que permaneceu responsável por tudo quando Jesus esteve na tumba. Ele continuou sendo Deus, fazendo aquelas coisas que o Pai sempre faz. Ele continua sendo a fonte da realidade. Ele continua mantendo o Universo criado, desde a menor partícula subatômica à maior massa galáxica. Ele continua amando a família humana que fora criada à imagem de Deus (Gên. 1:27). Ele também experimentou a dor da separação com a morte de Seu Filho.
Deus é o Filho, o Pai, e o Espírito Santo. Isso significa que além de ser “o Criador, o Originador, o Mantenedor e o Soberano” de todo o Universo Deus está diretamente presente conosco.
Deus está disponível e acessível a nós. Deus não está muito longe de nós, no espaço, em qualquer lugar fora no Céu; Deus está aqui. Deus não está distante de nós cronologicamente, em qualquer período na história. Deus está aqui agora. Deus não está distante de nós espiritualmente, como um desinteressado observador de nossa vida. Deus está aqui agora, envolvido ativamente conosco.
O Espírito Santo é o Espírito do Pai e do Filho. Isso quer dizer que o Espírito Santo está na presença do Pai e do Filho. O Espírito Santo está na presença do poder criativo que transforma e renova. O Espírito Santo está na presença da concreta existência de Jesus, não apenas mostrando o caráter de Deus, mas também convidando-me a fazê-Lo o Senhor de minha vida.
Algumas vezes falamos do Espírito Santo como a “Terceira Pessoa” da Divindade. Isso é apropriado se o compreendermos corretamente. O Espírito Santo é o terceiro, só porque existe um costume teológico cristão de falar do Pai e do Filho antes de falar no Espírito. O Espírito Santo não é o terceiro cronologicamente como uma mais recente Divindade.
O Filho e o Pai não são anteriores ao Espírito Santo. E o Espírito Santo não é o terceiro hierarquicamente como se houvesse alguma subordinação de poderes na Divindade. O Filho e o Pai não são essencialmente superiores ao Espírito na qualidade de sua divindade.
O Filho, o Pai e o Espírito Santo são todos distintos entre Si, mas não são independentes um do outro, porque são todos Deus e Eles todos pertencem à Divindade. Assim, Eles estão todos envolvidos no amor ilimitado e autodoador de Deus. A dádiva da salvação é a dádiva do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A Atividade de Deus
Quando experimento a atividade do Espírito Santo, estou experimentando a atividade de Deus. A realidade do Espírito é parte da realidade de Deus. O Espírito é verdadeiramente Deus, não apenas um agente autorizado que me fala a respeito de Deus. Existe uma importante diferença entre ouvir a respeito de alguém e encontrar-se diretamente com esse alguém.
Não importa quanto eu tenha ouvido sobre o conhecimento, habilidades, interesses e temperamento de uma pessoa, na realidade eu não a conheço enquanto não mantiver uma experiência direta com ela. Porque Deus é o Espírito Santo, eu posso experimentá-Lo diretamente na realidade de Deus. Eu não preciso depender de relatórios de outras pessoas, porque o Espírito Santo não é alguém; o Espírito Santo é Deus.
Como o Espírito Santo, Deus está pessoalmente presente em nós. Por isso nossa vida pode produzir os “frutos do Espírito” – que são os frutos da presença de Deus: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade...” Gál. 5:22 e 23. Quando vemos uma pessoa que realmente ama, nós estamos vendo a presença e a atividade de Deus.
Quando sabemos que estamos sendo chamados para viver com mais fé, estamos ouvindo a voz de Deus. Isso não significa que, naturalmente, o povo se torna Deus. O que isso significa é que o Espírito Santo é Deus presente em nós e ativo a nosso favor através de outros. Também significa que o Espírito Santo é Deus presente em nós, e ativo através de nós em favor de outros.
Como nós existimos pelo poder criativo e mantenedor de Deus no Pai, e como fomos salvos pelo amor libertador de Deus no Filho, podemos gozar a presença transformadora de Deus pelo Espírito Santo. Isso é o que o nome cristão de Deus significa na experiência religiosa pessoal.
Autor: Fritz Guy, foi pastor associado da Igreja da Universidade Loma Linda, Estados Unidos.