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postado em: 6/3/2009
A Natureza do Homem – O homem e a mulher foram formados à imagem de Deus com individualidade, o poder e a liberdade de pensar e agir. Conquanto tenham sido criados como seres livres, cada um é uma unidade indivisível de corpo, mente e alma, e dependente de Deus quanto à vida, respiração e tudo o mais. Quando nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, negaram sua dependência dEle e caíram de sua elevada posição abaixo de Deus. A imagem de Deus, neles, foi desfigurada, e tornaram-se sujeitos à morte. Seus descendentes partilham dessa natureza caída e de suas conseqüências. Nascem com fraquezas e tendências para o mal. Mas Deus, em Cristo, reconciliou consigo o mundo e por meio de Seu Espírito restaura nos mortais penitentes a imagem de Seu Criador. Criados para a glória de Deus, são chamados para amá-Lo e uns aos outros, e para cuidar de seu ambiente. – Crenças Fundamentais, 7
“Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a Lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele Te lembres e o filho do homem, que o visites?” (Sal. 8:3 e 4).
Uma das maiores conseqüências da revolução biológico-filosófica do século dezenove foi a “naturalização” do homem. Aquele que sempre foi destacado como alguém especial, criado à imagem de Deus, passou a ser visto como um simples animal evoluído, um “macaco nu”. Não mais o “senhor do jardim”, o homem tornou-se uma parte comum da ordem natural.
“Primeiro e antes de mais nada, o homem é um animal”, escreveu o autor de um artigo publicado na revista Time, em 7 de janeiro de 1969, com o título “O Homem, Esse Animal”, e, na seqüência afirmava, “entretanto ele nem é o produto final da evolução nem muito mais do que um medíocre sucesso biológico. Sua maneira de ser é tão primitiva que corresponde à de 50 mil anos atrás. Basicamente ele é uma das mais agressivas feras do mundo... que se sente feliz torturando e matando outros animais inclusive seus próprios irmãos. ... A raiva e a cobiça estão sempre à flor da sua pele.”
Essa sombria descrição do homem não se deve, claro, unicamente à invenção do darwinismo no século passado. Qualquer preocupação mais profunda com a pecaminosidade do homem pode ter provido solo fértil para tais afirmações. Inclusive, têm elas um certo suporte bíblico.
Que melhor retrato do homem separado de Deus poderia existir do que a denúncia de Israel feita por Isaías: “Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.” Isa. 1:5 e 6.
A Outra Parte da História
Mas o que foi dito acima não é a história toda. Se o mal fosse total – inclusive em nós – não restaria qualquer objetivo para a graça de Deus, e tudo estaria perdido. Ellen White disse: “Aquele que criara o homem, compreendia o valor da humanidade. ... Em cada ser humano, apesar de decaído, contemplava um filho de Deus, ou alguém que poderia ser restaurado aos privilégios de seu parentesco divino. ... Olhando aos homens em seu sofrimento e degradação, Cristo entrevia lugar para esperança onde apenas apareciam desespero e ruína. ... Em cada ser humano Ele divisava infinitas possibilidades. Via os homens como poderiam ser, transfigurados por Sua graça.” – Educação, págs. 79 e 80.
Imagine o que o Criador tinha, e ainda tem, em mente para nós – possibilidades mais elevadas do que a mais alta esperança que podemos ter. Mas, imagine também o otimismo e confiança expressos por Deus em Sua criação original do homem.
É fácil ter uma compreensão equivocada do nosso texto de abertura. O salmista parece enfatizar a insignificância do homem em contraste com a grandiosidade do Universo. E chega a perguntar: “Que é o homem?” Sal. 8:4. Vamos ver:
“Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras de Tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.” Sal. 8:5-8. O salmista estava se referindo certamente ao homem que saiu das mãos do Criador.
Ao final de cada um dos primeiros cinco dias da Criação, “viu Deus que isso era bom”. Nada do que Ele fizera nesses cinco dias Lhe era tão caro ou representava tão completamente Seu caráter. Então, Deus esculpiu Sua própria imagem na Sua mais excelente criatura.
A Imagem de Deus
O homem como a imagem de Deus é um tema muito amplo para eu esgotar num artigo. Entretanto, podemos examinar várias das suas implicações:
1. A Compreensão de Deus.
A criação do homem à imagem de Deus é uma das melhores maneiras para compreendermos a Deus. O homem é um “microcosmo” de Deus. Os seres humanos são como janelas – embora limitadas – pelas quais podemos perceber os raios luminosos da eterna Majestade celestial.
2. A Integralidade do Homem.
Hoje, falamos comumente do homem como um todo (integral, indivisível) sem tentar separar partes (por exemplo, uma alma e um corpo). Por ser eu uma “unidade multidimensional” (como disse Tillich) tudo o que afeta uma parte, afeta todo o meu ser. Deus criou o homem como ser integral.
Deus é, nesse sentido, também um ser integral, total. Nada acontece em qualquer parte do Universo – a queda de um pardal, o choro de um de Seus filhos – sem o acompanhamento de Deus. Ele não somente criou o Universo, como também o mantém continuamente. Toda a natureza é importante para Deus; Ele considerou tudo muito bom. Então, Ele nos comissionou, como seres indivisíveis também qualificados de muito bons, a cuidar e proteger Sua Criação, inclusive nosso corpo.
3. A Liberdade do Homem.
Deus nos criou não somente indivisíveis, mas também livres. Isso também reflete a imagem de Deus no homem. Nossa capacidade de transcender, a habilidade não apenas de descobrir mas estar ciente de todo esse processo de descoberta, é o que nos dá uma qualidade única entre todas as criaturas da Terra.
Deus nos criou seres responsáveis, com a capacidade de “pensar e agir”; para ser “pensantes e não meros refletores do pensamento de outrem”; para ser “senhores e não escravos das circunstâncias”. – Educação, págs. 17 e 18. Unicamente porque Deus nos criou livres podemos participar de uma relação de amor, que é a base do Seu governo.
4. A Criatividade do Homem.
Quando Deus desejou miríades de anjos, Ele criou miríades de anjos. Entretanto, quando quis povoar a Terra com seres humanos, criou Ele apenas dois – um homem e uma mulher – e fê-los compartilhar da Criação. Isso significa que, de certa forma, eles seriam responsáveis por todas as futuras gerações – não unicamente pela existência de seus filhos mas pelo próprio caráter da humanidade.
Na maior parte do reino animal, o instinto e os impulsos são mais importantes do que os pais na batalha da sobrevivência. Mas os bebês humanos são completamente dependentes e vulneráveis durante uma década ou mais, o que torna absolutamente necessária a atuação dos pais para o seu desenvolvimento. Deus confia a nós, Seus filhos, a criação e o preparo de nossos filhos com sabedoria e responsabilidade. Deus nos deu até o controle das forças reprodutivas – algo desconhecido pelos animais. Ele manifestou confiança em nossa habilidade para criar idéias, civilizações, artefatos, poesia e música e envolver o mundo. Ele nos permite inovar porque confia em nós.
5. O Homem e a Moralidade.
Deus também nos permite pensar e descobrir – não meramente reagir – até mesmo discordando de Suas idéias. Deus conhece nossos limites, e nos assiste; até mesmo nas questões éticas, Ele nos permite agir. A surpreendente generalidade das leis morais de Deus força-nos a batalhar para saber como aplicá-las em situações específicas.
6. O Homem e a Redenção.
Quando escolhemos ser contra Deus, Ele não nos rejeitou simplesmente ou nos abandonou como um pai desapontado. Como seres humanos ainda temos um papel importante em nossa própria redenção.
Pense no Homem, Jesus.
O supremo Deus colocou-Se a Si mesmo e Sua confidencial revelação nas mãos de um frágil bebê, um menininho, um jovem, um homem – com total possibilidade de falhar. Esse foi um terrível risco, mas Deus sabia que um Jesus completamente humano unido a Ele, correspondia exatamente ao desafio.
Pense na Escritura Sagrada.
Deus confiou a tal ponto de delegar o testemunhar, o redigir e o publicar o relato da vida de Jesus – os evangelhos – a seres humanos.
Pense no testemunho humano.
Deus chegou até a reservar a tarefa da proclamação aos seres humanos. O Criador do Universo coloca o desvendar Seu caráter, em grande medida, em mentes, mãos e vozes de criaturas humanas. Essa revelação é importante para mostrar a abrangência do grande conflito entre Cristo e Satanás. É impressionante essa conclusão de que o futuro – a eternidade – em relação à vindicação do caráter de Deus está nas mãos principalmente de pessoas como você e eu.
O que é o homem? O que somos nós?
Fomos criados para glória e honra, à imagem e semelhança de nosso Criador. Apesar de termos caído de tão elevada posição, ainda continuamos destinados, pela graça de Deus, para a glória e honra. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com Ele sofremos, também com Ele seremos glorificados” (Rom. 8:16 e 17).
Um velho ditado diz: “Se você pudesse ver em si mesmo o homem que Deus vê, jamais se contentaria em ser o homem que é.” Lloyd C. Douglas imagina em seu livro O Espelho uma conversa entre Zaqueu e Jesus, após o banquete juntos:
– Zaqueu – disse o Carpinteiro, gentilmente – o que você viu que o fez desejar esta paz?
– Bom Mestre – e olhando bem nos olhos de Jesus – eu vi a face do Zaqueu que sempre eu quis ter.
Autor: Jack W. Provonska, Doutor em medicina e teologia. Foi professor de ética médica na Universidade de Loma Linda, Estados Unidos.