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postado em: 5/4/2009
A Igreja – A Igreja é a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Em continuidade do povo de Deus nos tempos do Antigo Testamento, somos chamados para fora do mundo; e nos unimos para prestar culto, para comunhão, para instrução na Palavra, para a celebração da Ceia do Senhor, para o serviço a toda a humanidade e para a proclamação mundial do evangelho. A Igreja recebe sua autoridade de Cristo, o qual é a Palavra encarnada, e das Escrituras, que são a Palavra escrita. A Igreja é a família de Deus; adotados por Ele como filhos, seus membros vivem com base no novo concerto. A Igreja é o corpo de Cristo, uma comunidade de fé, da qual o próprio Cristo é a Cabeça. A Igreja é a Noiva pela qual Cristo morreu para que pudesse santificá-la e purificá-la. Em Sua volta triunfal, Ele a apresentará a Si mesmo Igreja gloriosa, os fiéis de todos os séculos, a aquisição de Seu sangue, sem mácula, nem ruga, porém santa e sem defeito. – Crenças Fundamentais, 11
Nestes dias de conglomerados econômicos e organizações multinacionais, devemos resistir ao pensamento de encarar a igreja apenas pelo lado da sua estrutura organizacional. Pode parecer um argumento batido, mas nunca é demais salientar que o importante da igreja são as pessoas. Pessoas unidas em Cristo. Pessoas reunidas por causa de Cristo.
Para falar da igreja, nós usamos palavras como congregação, comunidade, família e irmandade. Essas pessoas “em Cristo”, não importando quem sejam ou de onde vieram, foram reunidas por Jesus Cristo. Ele deseja aglutiná-las num especial relacionamento mútuo e com Ele mesmo.
O apóstolo Paulo coloca isso nos seguintes termos: “De quem [Cristo] todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” Efés. 4:16.
Empreendimento Audacioso
Não é preciso imaginar muito para concluir que esse é um difícil e audacioso empreendimento. Juntar muitas pessoas, com infinitas diferenças, numa única comunidade, numa família internacional, só pode ser considerado um milagre. E a igreja é realmente isso – um milagre da graça. É uma criação do Espírito – algo completamente diferente de tudo o que já vimos ou podemos esperar encontrar no mundo.
Como disse um escritor, a igreja “não pode adotar uma ordem social derivada da sociedade na qual vive, ... porque ela deve corresponder a seu Senhor e deve representar uma nova vida para a sociedade. Ela não pode ser uma igreja racial, que permita qualquer segregação ou discriminação entre seus membros. Ela não pode ser uma igreja classista, que sancione qualquer separação ou conflito de classes entre seus afiliados. Ela não pode admitir discriminação sexual, tolerando dominação de qualquer espécie. Ela não pode ser uma igreja nacionalista, que incentive a arrogância territorial. Para a igreja, que procura adaptar-se à regra libertadora de Cristo, o lema deve ser: Aqui, ‘não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus’. Gál. 3:28. Na igreja de Cristo, os privilégios religiosos, econômicos ou sexuais, obtidos no mundo ao redor perdem sua força. Mas ... outro poder é que domina – o poder do Espírito.” – Jürgen Moltmann, The Church in the Power of the Spirit, pág. 106.
A igreja deveria e deve ser um lugar de genuína comunidade, onde as pessoas aprendem a dizer “nosso” e “nós”, e onde as linhas de separação são apagadas. “Deus ordenou ao hidrogênio e ao oxigênio: digam nós! E quando eles aprenderam o princípio da comunidade, surgiu a água, e a chuva, e a fonte, e o oceano.” – Harry Emerson Fosdick, Riverside Sermons, pág. 230. A igreja é o lugar onde as pessoas podem dizer “Pai nosso”, e isso tem significado.
O Que é e o Que Deveria Ser
Agora, acho que o leitor está começando a pensar que eu esteja falando em termos tão ideais quanto impossíveis de ser realizados. Ou seja, está vendo uma distância entre o que é e o que deveria ser. Claro, a igreja está longe de ser perfeita. Mas Deus fala de possibilidades como realidades. Vez após vez, Ele ergue diante de nós Seu ideal. E, no caso, há uma promessa específica: “Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.” Mat. 16:18.
Apesar de todas as aparências, não devemos nos tornar descrentes. Nem devemos duvidar da Palavra de Deus. E, acima de tudo, não devemos nos afastar da comunidade. Ninguém de nós é salvo em esplêndido isolamento. Não podemos ter a Jesus sem receber a Sua igreja, Sua família. Ele nos identifica com ela. Estar sob a liderança de Cristo é estar relacionado com todo o povo de Cristo.
Isso me dá a esperança de que, num breve e final momento da história humana, a comunidade ideal se tornará uma realidade. Judeus, gregos, romanos, uns poucos ricos e ilustres, e muitos pobres, estarão estreitados em uma unida família – o novo povo de Deus.
“E perseveraram na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.” Atos 2:42 e 44. Essa é uma parte importante da história – uma poderosa declaração a respeito do que Deus quer fazer em todos os tempos e em todos os lugares. É uma possibilidade comprovada que se tornará realidade outra vez.
Mesmo depois de a maior intensidade do “primeiro amor” já ter passado, o apóstolo Paulo ainda se dirigia à Igreja em termos gentis: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” Efés. 2:19-22.
O ideal nos desafia. Deus quer que Sua Igreja reflita as próprias virtudes dEle – tudo que é bom, puro, nobre e justo. Precisamos atuar colaborando para que, pelo Seu Espírito, a promessa se torne realidade. A igreja se baseia em afinidades, e afinidades devem ser cultivadas e aperfeiçoadas constantemente. Cada membro da comunidade tem que participar responsavelmente desse processo.
O Que Isso Significa Para Mim
Acho que agora posso dizer o que a Igreja significa para mim. Significa companheirismo, comunidade, família. Ou, numa palavra, como um poeta definiu, lar: “um lugar onde você sempre é bem recebido ao chegar.” A igreja é um lugar onde as pessoas são amadas, respeitadas e reconhecidas como alguém. Um lugar onde as pessoas reconhecem que necessitam umas das outras. Onde os talentos são desenvolvidos. Onde as pessoas crescem. Onde cada um se realiza.
A igreja é também um lugar onde as pessoas se amam tanto a ponto de chamar a atenção de alguém que está entrando em perigo. Um lugar onde a Palavra, o culto e a comunhão preparam os santos para o serviço desinteressado. Ou seja, oferece o que eu necessito para vencer meu egoísmo. “Não imagineis que podereis ser cristãos e viver concentrados em vós mesmos. ... A comunhão mútua deve encher-nos de regozijo.” – Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 28.
Mas essa comunhão não é estreita e exclusivista. É cada vez mais ampla, abarcante e profunda. Ela é dinâmica e jamais estática. É também contagiante.
Nos Estados Unidos, estamos propagando um slogan que se refere à igreja como uma instituição que está profundamente interessada no bem-estar das pessoas. Queremos que isso seja mais do que um slogan. A psicologia ensina que em determinados momentos as pessoas se sentem muito solitárias. Às vezes, longe da família e da sua terra natal, habitando em cidades grandes ou médias, muitos não têm um amigo sequer ou ninguém a quem recorrer.
A maioria dos 61 milhões de americanos que não freqüentam nenhuma igreja, admite que se apegaria a qualquer uma que lhes demonstrasse interesse e companheirismo. E nos outros países ao redor do mundo não deve ser diferente. O estudioso do crescimento de igrejas, Winn Arn, escreveu: “Numa pesquisa que fiz recentemente, descobri que, em 38 diferentes denominações, havia uma relação direta entre o percentual de pessoas que se sentiam amadas e o percentual de crescimento daquela igreja.” – The Winn Arn Executive Growth Report, nº 10.
Portanto, nosso maior desafio não é prova de que nossa doutrina está certa. A verdadeira tarefa é fazer com que nossa comunidade apresente o conteúdo expresso por esses termos abstratos que mencionamos acima.
Aprendendo a Viver em Comunidade
Para mim, a igreja também é o lugar onde somos preparados para viver juntos durante toda a eternidade. Só poderemos herdar tudo o que nos está prometido se aprendermos a nos relacionar de modo adequado ao caráter do Céu. Pessoas encrenqueiras, egoístas, ou desrespeitadoras dos direitos dos outros, sem dúvida alguma não entrarão lá. O Céu será formado por pessoas que aprenderam a diferir das outras sem desrespeitá-las, e foram capazes de ainda assim manter a unidade, a comunidade e a comunhão.
Finalmente, a igreja significa um grupo de pessoas, no tempo e na história, chamadas uma a uma, de diferentes sistemas de vida, mas que aprenderam a viver juntas, em perfeita unidade, sem perder a identidade individual. Mesmo um mundo cético terá de reconhecer “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”. Apoc. 12:17.
É isso provavelmente o que Ellen White estava pensando ao dizer: “Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus.” – Parábolas de Jesus, pág. 69.
Autor: Charles E. Bradford, foi presidente da Divisão Norte-Americana.