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postado em: 26/4/2009
A Unidade da Igreja
Unidade no Corpo de Cristo – A Igreja é um corpo com muitos membros, chamados de toda nação, tribo, língua e povo. Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Mediante a revelação de Jesus Cristo nas Escrituras, partilhamos a mesma fé e esperança e estendemos um só testemunho para todos. Essa unidade encontra sua fonte na unidade do Deus triúno, que nos adotou como Seus filhos. – Crenças Fundamentais, 13
É um daqueles momentos, um momento de oração. Um momento tão pessoal, no qual nos demoramos com tanta relutância e, contudo, nos atrai irresistivelmente. Mesmo que nos desviemos, sabemos que nós continuamos sendo objeto da oração – o apelo intensamente emocional de Jesus em favor da unidade de Seu povo, como se encontra em João 17.
Pode parecer estranho que Jesus tenha focalizado Seu interesse pelo amor e pela unidade sobre Seus discípulos, pois o mundo com suas almas cheias de ódio estavam fora do círculo, rodeando-os como lobos na escuridão. Certamente Seus discípulos estavam precisando do pouco tempo restante para discutir coisas importantes – como organizar, promover, ser bem-sucedidos em Sua causa; como avivar alguns argumentos teológicos.
Entretanto, Cristo conhecia a condição de Seus discípulos. Apanhados pela confusa corrente das ambições pessoais e do interesse próprio, aquela pequena comunidade havia sido arruinada pela dissensão. Sua formação comum não havia conseguido uni-los.
Ao orar por eles, naqueles momentos finais, Ele também lançou Seu olhar para o futuro, para uma situação ainda mais desafiadora, quando os membros do Seu corpo incluiriam pessoas de cultura, formação, línguas e práticas diferentes. Ele sabia que a arrogância natural e abrasiva do etnocentrismo e orgulho humanos consumiriam as cordas da unidade. E Ele orou: “Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos e para que o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste como Tu Me amaste.” (João 17:23, Bíblia de Jerusalém.)
Cristo deseja que entremos num relacionamento familiar eterno com Ele e Seu povo. A unidade em Seu corpo, é para Ele de central interesse. E é importante para mim.
Unidade Significa Comunhão
“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo nAquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” Efés. 4:15 e 16.
Mais que qualquer outra, a metáfora do corpo expressa a unidade espiritual e funcional da Igreja. É uma unidade organizada que é definida como “a personalidade organizada da Igreja. Isto é, a presença de muitos em um”.
A Igreja é uma comunhão reunida de cada tribo, língua e povo, um povo chamado das trevas para a maravilhosa luz a fim de pertencer a Deus. Nossa comunhão não está fundamentada sobre temperamento, cultura, formação étnica, ou estilo de adoração comuns. Mas sobre uma entrega e um comprometimento partilhados. Acima de todas as diferenças encontramos o espírito de irmandade em nosso chamado e em nossa visão comuns.
Esse tipo de comunhão permite que o homem e a mulher sejam, na plenitude criada por Deus, eles mesmos. A Igreja não apenas acolhe pessoas de todas as culturas, mas, através da remidora graça de Cristo, enriquece-lhes a cultura, proporcionando maior profundidade aos seus talentos e restaurando-as aos plenos atributos humanos.
Todas as culturas necessitam deste enriquecimento, pois não existe cultura humana, por avançada que seja, que represente o modelo divino. Por essa razão, unidade cristã não significa que a identidade ou cultura de uma pessoa deva ser submergida na de outra. (Veja Testimonies, vol. 8, pág. 212.)
“Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” Efés. 4:4-6. Com base nisso, Paulo nos insta a que, como membros da Igreja, mantenhamos a paz e a unidade.
Expressamos nossa amorável unidade através de uma variedade de dons, criando um magnífico cenário de diferentes culturas, temperamentos, cores e talentos oferecidos a Deus com o fim de glorificá-Lo. Desse modo, unidade ou comunhão não significam ou requerem uniformidade. Composta de pessoas de raças, línguas e culturas diferentes, a Igreja pode confirmar a afirmação do Evangelho de que estas são boas novas para todo o povo.
Unidade Significa Conforto...
Num sentido muito profundo necessitamos da comunhão cristã, precisamos nos relacionar com outras pessoas. Numa recente dramatização, uma esposa, falando das necessidades de seu marido, oficial do exército, disse: “Ninguém o quer. O exército não o quer, seus próprios homens se voltaram contra ele. Ele não tem onde ficar.”
Graças a Deus que a unidade na comunhão da Igreja me oferece um lugar onde eu possa ficar. “Oh! Como e bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Sal. 133:1. Não há segurança tão sustentadora quanto a do relacionamento cristão.
Contudo, vejo que a unidade não apenas me conforta. Ela também exige algo de mim.
... e Desafio
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” Filip. 2:5. A unidade desafia os fortes mitos culturais que conheci. Ao passo que a unidade implique numa mudança de posição da parte de outros em relação à minha pessoa, implica, acima de tudo, que eu devo mudar minha posição em relação aos outros. Preciso abandonar o dogmatismo e a arrogância cultural das pretensões etnocêntricas de que a minha cultura é a certa e a melhor.
Ao mesmo tempo que nossa Igreja professa crer na unidade, permitimos, com demasiada freqüência, que nosso testemunho prático de amor e unidade vá por água abaixo. Todavia, o ministério dos salões, das tendas, do rádio e da televisão, não pode ser comparado ao fervente testemunho de uma igreja unida.
“Quando os homens se ligam entre si, não pela força do interesse pessoal, mas pelo amor, mostram a operação de uma influência que é superior a toda influência humana. Onde existe esta unidade, é evidente que a imagem de Deus está sendo restaurada na humanidade, que foi implantada nova vida. Mostra que há na natureza divina poder para deter os sobrenaturais agentes do mal, e que a graça de Deus subjuga o egoísmo inerente ao coração natural.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 678. O modelo da unidade é o relacionamento divino. Por esta razão a unidade é a característica divina da Igreja.
Temos que nos esforçar constantemente por manter essas características, mantendo-nos vigilantes contra qualquer coisa que possa trazer divisão. A liderança precisa manter abertos os canais de comunicação a fim de fortalecer a unidade. “A unidade que Deus requer deve ser cultivada dia-a-dia para que correspondamos à oração de Cristo.” – Testimonies, vol. 8, pág. 174.
À medida que a unidade da Igreja em Cristo for se tornando cada vez mais visível, ela desafiará o mundo. A Igreja pode chamar um mundo onde as pessoas estão divididas por ideologias, cultura, raça, línguas e planos para a reconciliação. Nossa unidade na diversidade pode convencer o mundo de que existe um poder sobre-humano atuando na Igreja.
“A unidade da igreja é a prova convincente de que Deus enviou Jesus ao mundo para o salvar; um argumento que os ímpios não poderão controverter. É por isso que Satanás se esforça continuamente por prevenir esta união e harmonia entre os crentes, a fim de os descrentes, observando essa apostasia, essa dissensão e essa contenda que reina entre os cristãos professos, aborrecerem a religião e serem confirmados na sua impenitência. Deus é desonrado pelos que, professando a verdade, alimentam entre si divergências e discórdias.” – Testimonies, vol. 5, pág. 620.
Unidade Significa Chamado
O chamado de Deus está inevitavelmente ligado ao Seu poder capacitador. Enquanto no versículo três de Efésios quatro Paulo diz que a unidade é uma posse a ser preservada, no verso 13 ele a descreve como um alvo que devemos lutar por alcançar. Essas duas afirmações não são contraditórias. Antes, uma completa a outra.
A unidade é um dom do Espírito, um dom do qual nos devemos apropriar em sua plenitude e aperfeiçoá-lo por nossa entrega, vontade e esforço. Não obstante, a essência da unidade não existe nas instituições ou organizações, mas numa união viva e orgânica, que mana da ação do Pai que nos chamou (João 17:21). Ao passo que a diligência humana nos ajuda a preservar a unidade, o Espírito a cria.
Nós, cristãos, favorecemos a unidade ao permitirmos que Deus aja a Seu modo em nossa vida, transformando nossa natureza carnal e preconceituosa na natureza espiritual que podemos ter em Cristo. “O amor de Cristo no coração é o de que se precisa. Quando o próprio eu está escondido em Cristo, o amor verdadeiro brota espontaneamente.” – Testimonies, vol. 7, pág. 266.
“Permitam que a paciência de um para com o outro se manifeste em sua vida, em Cristo Jesus.” Filip. 2:5, New English Bible. Assim como o rio da vida tem seu manancial no trono de Deus, assim o rio da unidade tem sua fonte na divina Trindade.
Sinfonia do Amor
Assentei-me no auditório escurecido observando o palco iluminado, aguardando o início de um concerto a ser executado pela orquestra da universidade de Alabama juntamente com os harpistas do Oakwood College. Os membros da orquestra estavam no palco, cada um sem conexão com o outro, tocando alguma frase musical em seu determinado instrumento. O som cortante do oboé, o som sombrio da trompa, o som alegre da flauta, as cordas, os instrumentos de percussão – tudo soava, mas sem qualquer senso de unidade.
Então apareceu o maestro. Todos os olhares se fixaram nele. A música teve início quando a orquestra se concentrou na pessoa que deu sentido, direção e unidade aos seus esforços.
Unidade no corpo de Cristo significa vibrar o instrumento da minha vida na grande orquestra dos chamados por Deus, sob a batuta do divino Maestro. No Seu ritmo, seguindo a partitura original da criação, temos o privilégio de apresentar à humanidade a sinfonia do amor de Deus.
Autor: Benjamin F. Reaves, foi diretor do Oakwood College em Alabama, Estados Unidos