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postado em: 26/6/2009
O Ministério de Cristo no Santuário Celestial
O Ministério de Cristo no Santuário Celestial – Há um santuário no Céu, o verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem. Nele Cristo ministra em nosso favor, tornando acessíveis aos crentes os benefícios de Seu sacrifício expiatório oferecido uma vez por todas, na cruz. Ele foi empossado como nosso grande Sumo Sacerdote e começou Seu ministério intercessório por ocasião de Sua ascensão. Em 1844, no fim do período profético dos 2.300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório. É uma obra de juízo investigativo, a qual faz parte da eliminação final de todo pecado, prefigurada pela purificação do antigo santuário hebraico, no Dia da Expiação. Nesse serviço típico, o santuário era purificado com o sangue de sacrifícios de animais, mas as coisas celestiais são purificadas com o perfeito sacrifício do sangue de Jesus. O juízo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, nEle, considerado digno de ter parte na primeira ressurreição. Também torna manifesto quem, dentre os vivos, permanece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, estando, portanto, nEle, preparado para a trasladação ao Seu reino eterno. Este julgamento vindica a justiça de Deus em salvar os que crêem em Jesus. Declara que os que permaneceram leais a Deus receberão o reino. A terminação do ministério de Cristo assinalará o fim do tempo da graça para os seres humanos, antes do Segundo Advento. – Crenças Fundamentais, 23
A trombeta está tocando! Desde aquele dia em que um ser celestial fez soar pela primeira vez uma estridente trombeta sobre o Monte Sinai, trombetas têm anunciado cada um dos grandes eventos do calendário religioso dos filhos de Israel, desde os tempos antigos.
Essas trombetas (chamadas de shofar pelos israelitas) eram tocadas cada semana para anunciar a chegada do sábado, cada mês para assinalar a chegada da lua nova, todos os anos, em conexão com cada festa religiosa, e em especial na Santa Convocação do sétimo mês, e ainda a cada meio século para marcar o início de um novo jubileu. Atualmente essas trombetas continuam a ser tocadas em cada sinagoga do mundo na Festa das Trombetas e no Dia da Expiação – um testemunho audível da centralidade do santuário e do seu antigo cerimonial.
Acho que o tocar das trombetas é o que melhor simboliza o que o santuário significa para mim. Eu vou explicar.
Desde os meus primeiros anos de escola até à faculdade, tive que decorar muitos versos bíblicos sobre o santuário e tive que aprender a desenhar esboços e diagramas de cada parte do prédio. Nos meus primeiros anos de pastorado, tive que dar muitos estudos bíblicos e pregar diversos sermões sobre o santuário.
Era estimulante refazer, diante de um auditório atento, todos os cálculos relacionados com os 2.300 anos e mostrar as miniaturas de cada móvel, mas a doutrina do santuário ainda não me entusiasmava demais como uma realidade viva. A idéia do juízo investigativo me trazia pouca alegria ou paz.
Sem dúvida, uma das razões por que a mensagem do santuário ainda não me prendia era porque não havia entendido bem a beleza e a simplicidade do evangelho. Eu estava pregando havia mais de dois anos e ainda não tinha aprendido experimentalmente a verdade da justificação pela fé. Finalmente vi que poderia, de fato, experimentar a alegria da segurança cristã e que poderia ter a certeza de que fora aceito pelo Senhor.
À medida que a beleza da justificação, santificação e glorificação inundava minha consciência, passei a ter cada vez maior desejo de aprender. Minha atenção se voltou para o Antigo Testamento, especialmente para a tipologia do cerimonial do santuário. Então pude perceber algumas profundas lições sobre o evangelho.
Pouco depois disso, a doutrina do santuário se tornou o centro de calorosas discussões na igreja. Na seqüência da Conferência de Glacier View (no verão de 1980), foram levantadas algumas questões nas quais não havia pensado antes; questões que têm a ver com a parte central da compreensão histórica adventista do santuário, dos 2.300 anos e do juízo investigativo. Nesse ponto, determinei-me a estudar, com renovado interesse a doutrina do santuário.
Lutando e Agonizando
Estudei durante longos meses, lutando com a Bíblia e agonizando em oração. Meu testemunho é curto e direto: minha alegria e satisfação cresceram à medida que a doutrina do santuário foi se tornando mais clara pelo teste da mais profunda investigação.
O estudo realizado nesses anos me trouxe não somente melhores razões para crer como também mais profunda compreensão das antigas verdades. A doutrina do santuário, antes seca e irrelevante para mim, tem se tornado viva! Fico entusiasmado com o santuário e até com o juízo investigativo!
O estudo mais aprofundado não me levou a renunciar a qualquer detalhe ou pilar, dentre os antigos pontos distintivos. Pelo contrário, a pesquisa intensiva tem feito o santuário brilhar e me revelar maior beleza e riqueza do que tudo que eu havia imaginado antes.
Deixe-me dar um exemplo. Um dos pontos básicos do adventismo, o qual tem sido largamente rejeitado pelos críticos, é a idéia de um juízo pré-advento para investigar o povo de Deus.
Os últimos estudos têm demonstrado que além dos textos bíblicos tradicionais que usualmente citamos, há dezenas de passagens que podem ser usadas para apoiar a especial ênfase adventista. Talvez o mais dramático e iluminador dentre os precedentes bíblicos para um juízo investigativo pode ser encontrado nos primeiros dez capítulos de Ezequiel.
Ezequiel foi um contemporâneo de Daniel, que escreveu nos últimos dias da história de Judá, antes da destruição de Jerusalém e do fim da monarquia. Sua tarefa foi dar a última mensagem de advertência ao professo povo de Deus, antes do final do seu período de prova como reino. O livro do Apocalipse deve muito a Ezequiel, pois segue as descrições básicas de Ezequiel, muito mais do que as de Daniel.
Em particular, destaco a descrição do selo de Deus e o fim do tempo da graça em Apocalipse 14 e 15. Esse quadro se baseia em Ezequiel 9, com a marca na testa daqueles que suspiravam e clamavam por causa das abominações de Jerusalém. João, o revelador, ampliou o sentido de Ezequiel 1 a 10 para nos dar uma idéia de como os eventos do final do tempo de graça para Judá como monarquia podem ser vistos como um exemplo de como Deus vai lidar com Seu povo professo no final do tempo da graça.
E como foi o procedimento divino nos dias de Ezequiel, nos dias finais da história de Judá, antes que o juízo executivo fosse desencadeado? Ora, houve um juízo investigativo, realizado durante razoável extensão de tempo, desde o lugar Santíssimo do santuário terrestre.
Um Trono Móvel
Atentando um pouco mais para a visão que começa em Ezequiel 1, datada de julho de 592 a.C., notamos que ela descreve a vinda de Deus em Sua carruagem celestial assentado sobre um trono móvel (tem alguma relação com o trono móvel citado em Daniel 7?).
A descrição das rodas e asas demonstra movimento – Deus indo a algum lugar! Em Ezequiel 9 e 10, uma visão que o profeta recebeu uns 14 meses mais tarde, temos a direção na qual Deus Se movimenta. Deus sai do Lugar Santíssimo do Templo de Jerusalém, onde havia fixado morada.
Por que Deus teve que vir até o Santíssimo do santuário terrestre? Os capítulos 3 a 8 contêm a resposta. Israel está sendo denunciado diante do tribunal divino – há um concerto em vigência, um juízo investigativo, que não abrange o mundo todo, mas apenas o professo povo de Deus. No capítulo 8, a lista de acusações se estende desde as menores até às maiores, concluindo no verso 16.
Então chegamos à questão culminante, à prova da rebelião, que leva Deus a encerrar o tempo de graça para Judá, com as palavras: “os Meus olhos não pouparão”. Verso 18. “Levou-me para o átrio de dentro da Casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor e com o rosto para o oriente; adoravam o Sol, virados para o oriente.” Ezeq. 8:16. A referência é ao culto ao Sol, o falso culto.
Em Ezequiel 9 o juízo investigativo está concluído. Como resultado, o professo povo de Deus é separado em duas classes: aqueles que de fato serviam a Deus, que gemiam e clamavam por causa das abominações que enchiam a cidade; e aqueles que professavam, mas na realidade não O serviam. Os primeiros recebiam uma marca em sua testa, a marca de um T, a última letra do alfabeto hebraico. Esses faziam parte do remanescente fiel. Os demais só tinham de aguardar a execução da sentença.
Como é então o procedimento divino? Antes do juízo executivo, há um juízo investigativo através do qual se pode distinguir os verdadeiros dos falsos adoradores de Deus.
E Deus não é um juiz vingativo, espreitando para condenar todos os que Ele consegue. Ao contrário, vez após vez em Ezequiel, Deus clama: “Por que morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei.” Ezeq. 18:31 e 32.
Um Templo Purificado
Ezequiel adiciona mais algumas pinceladas que enriquecem o quadro do juízo investigativo. Os capítulos finais de Ezequiel (40-48) trazem a visão de um templo restaurado e purificado. Preste atenção na data dessa visão, a qual é informada no capítulo 40:1 – o décimo dia do novo ano – que é o Dia da Expiação (Yom Kippur), o dia da purificação do santuário. Quão crucial é que a visão da restauração e purificação do templo tenha sido dada no exato dia da purificação do santuário, o Dia da Expiação. É claro que Deus deseja que percebamos essa conexão.
Então vem a ênfase do livro de Ezequiel sobre a purificação das pessoas. Gloriosas promessas são concedidas não apenas a respeito da purificação do santuário, mas também sobre as pessoas purificadas. Ezeq. 36:25-27.
Finalmente Ezequiel revela a maior questão em jogo no juízo investigativo. Em Ezequiel 36:22 e 23 e novamente em 39:27 e 28, declara o resultado de todo esse procedimento: “quando Eu vindicar a Minha santidade perante elas” (Ezeq. 36:23) – perante todas as nações. É para o benefício deles, para vindicar o caráter de Deus diante dos seres de todo o Universo que Deus age.
Em uma frase, a mensagem de Ezequiel é a mensagem do Dia da Expiação. Deus está em atividade para ajustar as coisas em Seu santuário; Ele está agindo para purificar um povo; está em processo de vindicação do Seu santo nome ou caráter.
Essa é exatamente a mensagem da doutrina adventista do santuário. Toda a sua profundidade e riqueza ainda não foram exploradas. E, talvez o mais importante, uma experiência mais profunda ainda espera por nós no dia antitípico da expiação.
A Experiência do Yom Kippur
Venha comigo até à antiga Jerusalém. Estamos no Dia da Expiação, o dia mais sagrado de todo o ano. Nos dez dias anteriores, o povo ouviu o toque das trombetas, convidando para o arrependimento como preparo para o Yom Kippur.
Então chegou o grande dia. Jejum, o dia todo; sem comida nem água. Nós também nos incluímos no jejum.
Durante todo aquele dia, nenhum veículo pode circular, mesmo nas grandes cidades. Quase não há pessoas nas ruas. Todas estão nas sinagogas ou junto ao Muro das Lamentações. Temos que caminhar pelas ruas desertas até à Grande Sinagoga.
Logo que entramos na sinagoga, somos envolvidos pelo clima. O solista está cantando de forma solene, compenetrado, emocionado, acompanhado pelo coral que dá mais volume e peso ao seu canto. Sua voz quase chega a falhar, entrecortada pela profunda emoção, e ele chega até às lágrimas.
Em seguida, o rabino lê as Escrituras, mas não da forma como se lê normalmente. À medida que ele recita as orações de arrependimento de Davi, podemos ouvir profundos e sentidos soluços, como os que brotam de corações pesarosos pelo pecado, clamando pelo perdão, implorando de arrependimento.
As pessoas estão oferecendo orações de confissão, com aflição de alma, não somente pelos seus pecados pessoais, mas também pelos de todo o povo. Os adoradores saem de seus assentos e vão até um ou outro irmão e pedem perdão, e selam a reconciliação com um abraço.
Os adoradores passam o dia em oração, compenetrados, buscando da forma mais veemente o perdão e a purificação. Não há sinal de medo nas orações, nem o desespero da incerteza; ao contrário, há a solene segurança e esperança de que Deus ouve e atende aos seus pedidos.
Por volta do pôr-do-sol, saímos em direção ao Muro das Lamentações. A última oração é feita, e o silêncio envolve as pessoas. Então, chega o grande clímax – um longo e forte toque de trombetas, lembrando-nos dos dez dias de arrependimento, e mais, de acordo com a tradição do Antigo Testamento, as trombetas também servem para lembrar que o cordeiro foi provido como substituto de Isaac, sobre o Monte Moriá. Agora, estão anunciando a expiação – completa e gratuita. Arrependimento, substituição e alegria geral.
O toque das trombetas é seguido de gritos de triunfo e alegria: “Um bom julgamento!” “Um bom julgamento!” Jovens e adultos passam a dançar e a cantar. Deus os julgou, purificou, expiou seus pecados; agora são livres. A trombeta do jubileu soou!
Sentindo o Fervor
Até onde é possível para nós, sentirmos o fervor simbolizado pelo toque das trombetas, o dia antitípico do juízo, o fervor do arrependimento, aflição de alma e libertação dos pecados; o fervor da segurança quanto aos méritos da morte vicária de Cristo; o fervor da alegria de ter passado por um “bom julgamento” em Cristo?
A trombeta de Jerusalém ainda está bem vívida em minha memória. Que você também consiga ouvir essas trombetas através de sua imaginação. O sonido é um convite ao arrependimento, à aflição de alma, mas também à segurança no Deus do santuário. E ele convida você a antecipar as expectativas do último jubileu.
Autor: Richard Davidson, foi professor de Antigo Testamento na Universidade Andrews.