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postado em: 2/7/2010
MÚSICA: Questão de princípio Por muitos séculos, a música tem causado preocupação à igreja cristã. Teólogos e músicos sempre procuraram definir o tipo de música adequada para ser utilizada na adoração a Deus. Em cada período de nossa histó¬ria, novas formas e novos conceitos musicais são acrescentados, propi¬ciando novo rumo para a música.1 Quando analisamos a história da música, vemos que cada época mos¬tra problemas e horizontes. A grande preocupação da igreja é evitar qualquer semelhança ou in¬fluência das músicas e rituais pagãos.(2) A igreja primitiva tinha o intuito de ser diferente. O propósito era mos¬trar a diferença para atrair, e não a se¬melhança para difundir. Para evitar muitas dessas semelhanças, algumas decisões foram tomadas. Um exem¬plo foi a proibição de instrumentos musicais na liturgia da igreja.(3) Por muitos anos, os primeiros cristãos optaram por cânticos a capela.(4) O mundo evoluiu, grandes des¬cobertas foram feitas para benefí¬cio da sociedade atual. E não foi di¬ferente em relação à música. Novos conceitos e normas foram acrescen¬tados para beneficiar e enriquecer nossa adoração. Imagine como seria se até hoje os instrumentos musicais ainda fossem proibidos na liturgia da igreja! O desenvolvimento musical é fruto do desenvolvimento da igreja. É claro que não podemos nos apegar a essa afirmação para introduzir qual¬quer estilo ou instrumento musical em nossas congregações. "A diversidade de origens, cultura, localização geográfica, influência so¬cial e outras variáveis tornam impos¬sível e impraticável satisfazer gostos e preferências individuais sem cau¬sar confusões."(5) O grande problema é que muitos tentam definir a música ideal a partir de seu gosto ou de sua cultura, mas não por "critérios teoló¬gicos claros originados de uma teolo¬gia da música na igreja".(6) Essas discus¬sões causam intrigas entre membros, pastores e músicos. Forma-se uma divisão: liberais de um lado e con¬servadores de outro. Não podemos questionar o fato de Deus não ter deixado normas es¬pecíficas para a música. Ele poderia ter "revelado Sua vontade em relação à música e à adoração num único ca¬pítulo ou livro da Bíblia [...], mas Ele decidiu não fazê-lo". Entretanto, por meio de Sua Palavra, Ele nos deixou princípios infalíveis "que governam e transcendem as questões de cunho cronológico, étnico e cultural".(7) Como adventistas, devemos esco¬lher o melhor para a adoração a Deus. Devemos lançar mão dos benefícios alcançados pela escolha da boa mú¬sica. Esta é "um dos meios mais efica¬zes para impressionar o coração com verdades espirituais". Por meio dela, "as tentações perdem seu poder, a vida assume nova significação e novo e propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas!"(8) A Bíblia afirma que a música tem um propósito definido (2Cr 20:14-22; 2Cr 5; l Cr 16:8-36; SI 33:2; SI 67:5). Descobertas arqueológicas revelam que a música era uma arte altamente cultivada entre muitas nações antigas, inclusive entre os hebreus.(9) O objetivo principal era elevar os "pensamentos àquilo que é puro, nobre e edificante, e despertar na pessoa a gratidão para com Deus"."(11) "A música é um dom de Deus para a humanidade."(12) Há muito trabalho a ser feito "por aqueles que procuram trazer uma base teológica ao estudo da música na igreja". Mas uma coisa é certa: no decorrer da História, a música cristã tem mostrado uma característica di¬ferenciada. E para que ela continue com essa característica, não pode¬mos defini-la a partir de nossas pró¬prias conclusões, mas por meio dos princípios estabelecidos pela Palavra de Deus. "Fazer música adventista do sé¬timo dia consiste em escolher o me¬lhor. Nessa tarefa, acima de tudo, nos aproximamos de nosso Criador e Senhor e O glorificamos. Cumpre-nos aceitar o desafio de ter uma visão musical diferenciada e viável, como parte de nossa mensagem profética, dando assim uma contribuição musi¬cal adventista importante e revelando ao mundo que somos um povo que aguarda a breve volta de Cristo."(12) Rayssan Guimarães Cruz é estudante de Teologia no Unasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. Referências 1. Luiz Cosme, Introdução à Música (São Paulo, SP: Editora Globo, 1959), p. 31. 2. Ver Rodrigo Silva, Apostila de História Eclesiástica I (Engenheiro Coelho, SP: SALT, 2009), p. 29. 3. Edson Frederico. Música, Breve História (Irmãos Vitale: SP, 1999), p. 60. 4. Silva, Apostila de História Eclesiástica I, p. 29. 5. Eurydice V. Osterman, 0 que Deus Diz Sobre a Música (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), p. 104. 6. Winter, Miriam T., WhySingl Towarda TheologyofCatholicChurchMusic (Washington, D.C.: Pastoral Press, 1984), p. 195. 7. Osterman, op. cit., p. 2. 8. Eilen G. White. Educação (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001), p. 168. 9. Paul McCommon, A Música na Bíblia (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1963), p. 143. 10. White, Música, Sua Influência na Vida do Cristão (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 19. 11. Osterman, op. cit, p. 106. 12. Ver voto 144-03G da Associação Geral.