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postado em: 2/7/2010
Qual é o conteúdo dessas leis? PERGUNTA: Hebreus 8:10 fala de uma nova aliança e de leis. Qual é o conteúdo dessas leis? Esse texto não declara explicitamente o conteúdo da "lei", mas a terminologia usada no contexto imediato e a visão da lei apresentada ao longo da carta aos Hebreus fornecem uma resposta à sua pergunta. Examine¬mos ambas. 1. A Lei em Hebreus 8:10: O verso cita leremias 31:33, o único lugar, no Antigo Testamento, em que a "nova aliança" é mencionada. De acordo com a nova aliança, o Senhor promete: "Porei as Minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei" (Hb 8:10). Atentemos para algumas coisas. Primeiro, não há referência a uma nova lei. Diz somente "Minhas leis", sugerindo que seu significado estava claro para o leitor entendido. O que é novo é que, sob a nova alian¬ça, a lei será colocada no cora¬ção e na mente das pessoas. Segundo, é explicitamente declarado que Deus escreverá Suas leis no coração humano. É impossível não perceber a referência à entrega dos Dez Mandamentos no Sinai: "e [Deus] escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos" (Êx 34:28). Elas foram escritas "pelo dedo de Deus" (31:18). Essas tábuas fo¬ram chamadas de "as tábuas da aliança" (Dt 9:9,15), e pode-se chamar de lei da aliança que foi colocada dentro da "arca da aliança" (Dt 10:8). Na nova aliança, o Senhor escreverá a mes¬ma lei da aliança no coração humano. Ela será incorporada, tornando-se parte da vida do crente. Terceiro, o plural "leis", usado apenas em Hebreus 8:10 e 10:16, não se refere a uma diversidade de leis do Antigo Testamento, mas ao conteúdo do Decálogo. No texto de Jeremias 31:34 e em Hebreus, o termo "lei" está no singular, mas a tradução grega do Antigo Testamento usada pelo apóstolo está no plural. O plural foi empregado porque a lei inscrita nas tábuas consistia em uma lista de leis específicas - os dez mandamentos (cf Êx 34:28). Baseados nessa evidência, podemos concluir que o escritor bíblico tinha em mente o Decálogo ao citar a lei da nova aliança. 2. Hebreus Anula a Lei: Pode-se argumentar que não devemos restringir o verbo "escreverei", limitando-o ao De¬cálogo, pois, talvez, ele esteja sendo usado de modo amplo. Porém, a única coisa que devemos interpretar na passagem é o que ela diz e a ligação que faz com outras partes da Bíblia. Examinemos, então, o uso do termo "lei" no resto do livro de Hebreus. Há ali uma lei que o apóstolo crê que foi "abolida" (Hb 7:18), não porque era má, mas porque era somente "a sombra dos bens futuros" (Hb 7:18). Essa era a lei sacerdotal referente às restrições do sacerdócio para os descendentes de Levi (cp 7:5, 16, 18), com rituais de purificação (cp 9:10) por meio do sangue de animais (cp 9:22). Uma vez que essas leis foram "aboli¬das" por meio do sacrifício e do trabalho sacerdotal de Jesus, elas não podem fazer parte das leis escritas no co¬ração daqueles que aceitam a nova aliança. 3. Hebreus Confirma a Lei: Hebreus reafirma a lei, particularmente os manda¬mentos encontrados no De¬cálogo, indicando que ainda são válidos na comunidade da nova aliança. O autor declara que "aos adúlteros, Deus os julgará" (cp 13:4), que precisamos adorar a Deus (cp 12:28) e chama seus leitores a ser obedientes à vontade de Deus para eles (cp 10:36). Há até uma referência ao sábado do sétimo dia (cp 4:4) e ao fato de Deus ter descansado e que "ainda resta um repouso sabático para o povo de Deus" (cp 4:9, NVI). Isso nos mostra que Hebreus estabelece uma diferença entre os Dez Mandamen¬tos como a lei da nova aliança e os mandamentos da antiga aliança, referentes às leis sacerdotais. A coisa mais importante nesta discussão, talvez, é que a lei deve ser assimilada, moldando nosso caráter e ações. Ela não é um fardo, mas uma alegre expressão do nosso relacio¬namento e compromisso com Deus; uma aliança instituída por meio do gracioso sangue de Jesus. Angel Manuel Rodriguez é diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.