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postado em: 10/4/2008
DISCIPULADO PARA O SÉCULO XXI Este artigo é uma continuação dos dois anteriores publicados pelo site IASD em foco, onde visualizamos uma igreja com o rumo certo e a necessidade de ministérios atuantes com base no poder do Espírito Santo,isto é, com o uso planejado dos dons espirituais concedidos a cada igreja local. Agora, de nada valerá a descoberta dos dons espirituais se em primeiro lugar a mentalidade e a forma de se compreender como se faz à igreja e consequentemente a vida cristã não estiver conectada a visão do Novo Testamento. Na explanação de Paulo comparando a igreja com o corpo místico de Cristo, as pessoas são os membros e são interdependentes, assim como a mão e o pé são necessários mutuamente. Porém, é preciso observar que os membros estão reunidos em uma estrutura funcional, há um esqueleto que sustenta todo o corpo e sem ele o corpo cheio de membros seria um amontoado de carne mole. Da mesma forma a igreja em seus diversos membros e com os seus devidos dons espirituais também precisa ser sustentada por uma estrutura, o esqueleto, poderíamos dizer. Esta sustentação dos membros em suas funções e dons é a organização local, uma estrutura funcional adaptada as necessidades da igreja no cumprimento de sua missão. Para que tal conscientização possa ocorrer dever haver um esforço consciente e dirigido para a mudança de paradigma dos participantes. Caso esse processo seja desprezado, todo o programa eclesiástico estará sujeito ao fracasso, os membros da igreja pensarão que este é mais um programa “enlatado” da organização, como tantos outros que vem e vão ou que mudam, conforme mudam os pastores distritais. Todo movimento de reforma nos métodos de se fazer a igreja encontra uma força de oposição que se manifesta nas seguintes formas: Tradição da igreja: “As coisas sempre foram feitas assim, porque mudar?” Medo do novo: “Será que este programa não é errado e vai contra os princípios da igreja? Não vamos criar uma dissidência?” Na comparação com outras denominações, “estas idéias parecem pentecostalismo, congrecionalismo, etc.” São bloqueios que devem ser vencidos através de transparência no processo, alguns membros mais perceptivos se perguntarão: mas, será que estivemos errados todo esse tempo? Alguns entram em um tipo de questionamento de sua própria identidade teológica e esquecem que por vezes algumas congregações estão usando um “modelo de automóvel” comprado há muitos anos atrás, ele foi útil em seu tempo, deu incríveis resultados, porém, como tudo na vida um dia fica ultrapassado. Esse “modelo de automóvel” não era errado, ele só precisa ser atualizado por um modelo moderno, com uma tecnologia mais apropriada disponível em nossos dias. Em toda congregação existem pessoas de tendências mais “místicas”, entenda mística aqui, como aquela pessoa voltada mais para um envolvimento individualista em sua fé e que vê tudo ao seu redor a partir deste prisma. Tais irmãos em sua sinceridade olham com grande desconfiança a ênfase que se dá a estrutura funcional nas igrejas. Crêem eles que se a igreja estivesse “cheia do Espírito” a questão organizacional seria deixada de lado, o Espírito Santo faria todo o trabalho. Para muitos deles as palavras organização, compromisso, tarefas são por demais estreitas e tendem a engessar a atuação do Santo Espírito. Eles querem se sentir livres e fazer o que o “Espírito” lhes diz para fazer, o que normalmente são suas próprias idéias pré-concebidas. Com essa mentalidade muitos deles se colocam a margem do processo transformador das estruturas e organização da igreja local, tornam-se críticos do sistema podendo desenvolver idéias separatistas, correndo o grande risco de colocar sua individualidade no lugar de Deus. Por outro lado, também existem pessoas com tendências mais “estáticas”, entenda estática, não como um individuo parado, mas, estático em sua forma de atuar, gostam da rotina pré-estabelecida, a tradição da igreja é de sua importância e não gostam de novidades no campo da estrutura e organização da igreja, temem as perguntas: qual o propósito deste departamento? Funciona? Estes irmãos também tendem a se colocar a margem do processo transformador nas estruturas da igreja local, tornam-se críticos do sistema, acreditam que falar em dons espirituais não é funcional e cheira pentecostalismo ou congregacionalismo. Correm o risco de colocar a organização tradicional no lugar de Deus, buscando nela a segurança e temem pecar contra a sacro-santa instituição da igreja se porventura tiverem que fazer adaptações, mudanças ou mesmo ter que descartar atividades improdutivas e desatualizadas. Como Adventistas do Sétimo Dia, historicamente já enfrentamos estas variedades de compreensão em relação ao “modus operandi” de se fazer a Igreja. Para se conquistar a confiança desta classe de pessoas presentes na igreja deve-se mostrar que a fundamentação eclesiológica e doutrinária está na Bíblia e na edificação que o Espírito de Profecia fornece e o que se pretende não é uma traição ao passado. A própria irmã White com relação à resistência a organização da igreja ensina: “É necessário que nossa unidade hoje seja de caráter tal que resista à prova... temos muitas lições para aprender e muitíssimas a desaprender. Tão somente Deus e o Céu são infalíveis. Quem acha que nunca terá de abandonar uma opinião formada, e nunca terá ocasião de mudar de critério, será decepcionado. Enquanto nos apegarmos obstinadamente às nossas próprias idéias e opiniões, não poderemos ter a unidade pela qual Cristo orou.” Testemunhos para Ministros, pág. 30. Uma forma de se equilibrar estas duas fortes tendências presentes na igreja é compreendermos que pessoas motivadas por uma forte espiritualidade e pessoas motivadas por uma forte visão institucional precisam umas das outras. A espiritualidade sem organização vira misticismo e organização sem espiritualidade vira fria formalidade. Schwarz em seu livro, “Mudança de Paradigma na Igreja”, Evangélica Esperança, página 20 exemplifica bem o equilíbrio necessário: Figura 4: A relação (ideal) entre organização e organismo.
Discipulado Todo ser humano quando aceita a Jesus com Salvador e Senhor de sua vida torna-se um discípulo do Mestre. É muito comum a pessoa vir para a igreja através de contatos feitos por alguém que já é cristão, aliás, a grande maioria dos membros veio para Cristo por causa de algum amigo, parente, colega de trabalho ou de estudo, alguém que ele já tinha contato antes de se converter. Um dos primeiros passos é o estudo bíblico, inicia-se ai formalmente o discipulado, ocorrendo a conversão e a justificação pela fé, é isso que esperamos naturalmente, como resultado a pessoa é batizada nas águas. De costume, a pessoa é matriculada em uma classe de escola sabatina já desde antes do batismo e passa a freqüentar os cultos, na grande maioria das igrejas o discipulado para ai, é uma pena. É verdade que se tenta organizar uma classe pós batismal, ou até mesmo em algumas igrejas se elege o novato ou novata a uma função na esperança que a conversão se sedimente, embora isso seja temerário, mas é somente isso que a igreja pode fazer? Que tal se tivéssemos uma caminho a trilhar após nosso batismo onde o conhecimento e a experiência cristã pudesse amadurecer? Rick Warren em seu livro “Uma Igreja com Propósitos”, Vida, página 136 diz o seguinte sobre este cominho de amadurecimento cristão: “O ministério de Jesus incluía ministrar para a comunidade, alimentar a multidão, ajuntar a congregação, desafiar os comprometidos e discipular o núcleo. Toda essa cinco tarefas são evidentes no evangelho. Devemos seguir o exemplo do Senhor! Jesus agia partindo do nível de compromisso de cada um. Geralmente, capturava o interesse deles e despertava o desejo de conhecer mais. Assim, enquanto o povo o seguia, Jesus ia lentamente e gentilmente esclarecendo sobre o reino de Deus e requerendo um nível de compromisso mais profundo.” Não podemos ganhar uma alma, doutriná-la e depois deixá-la a “sua própria sorte” , veja bem: “ Os anciãos e os que têm cargos de responsabilidade na igreja, devem conceder mais reflexão aos seus planos para dirigir a obra. Devem arranjar as coisas de maneira que todos os membros da igreja tenha uma parte a desempenhar, para que ninguém leve uma vida sem objetivo... é essencial que os membros da igreja sejam educados de tal forma que se venham a tornar abnegados, dedicados e eficientes obreiros de Deus; e é só assim que a igreja pode evitar tornar-se infrutífera e morta...” – EGW, Serviço Cristão, páginas 46 e 47. Não há outro caminho senão um discipulado organizado onde todos os membros se envolvam, principalmente os novos na fé, assim, com este propósito em mente vejamos uma caminho sugestivo para se organizar um discipulado na igreja:
Iniciante
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
Recebe o contato missionário, participa de estudos bíblicos, ocorre a conversão e o batismo, freqüenta a escola sabatina e os cultos da igreja e faz novos amigos.
Para efeito deste discipulado, mesmo os membros antigos devem ser incluídos nesta categoria.
Se faz o convite para 50 pessoas de todo o distrito ou igreja local. Serão três ou quatro grupos seqüenciais. Neste nível se faz a descoberta dos dons espirituais, e da perspectiva de Deus para uma vida cristã produtiva. Aqui se incentiva a pró-atividade.
Cinco classes.
Aqui a ênfase são as disciplinas espirituais, oração, estudo, batismo diário com o Espírito Santo, jejum, etc.
Incentiva-se a entrada em Pequenos Grupos.
Duas Classes.
Especialização, isto é, agora todas as classes serão misturadas e divididas com base nos dons espirituais predominantes, onde se aprenderá como desenvolver melhor cada dom dado por Deus.
Duas Classes para cada dom. Pode-se juntar pessoas com dons afins para se poupar tempo e energia.
Agora trata-se da organização de ministérios baseados nos sonhos e paixões dados por Deus para as pessoas, tanto com o olhar para dentro da igreja quanto para a comunidade em que a igreja está inserida.
É o nível do compromisso, missão e propósitos pessoais e coletivos de cada igreja local.
Duas ou três classes.
É natural que ao olharmos o quadro acima podemos ver uma seqüência lógica rumo a uma direção pré-determinada, porém, será extremamente trabalhoso, principalmente porque não se vê de imediato os resultados, não esquecendo que o próprio processo irá mostrar se a seqüência é boa e quando e onde precisará de alterações. O fato é que não podemos deixar os membros sem um sistema de discipulado “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo... porque de Deus somos cooperadores...” (Efésios 4:12 e I Coríntios 3:9). - Autor: Wladimir G. de Souza, Distrital na Associação Mineira Central e Colunista do IASD Em Foco.