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postado em: 20/10/2011
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Cavalos de Troia – 5 Falsos Avivamentos, Igreja Emergente e Movimentos da Nova Espiritualidade
Parte 5: Caminhadas de Oração e Ofensivas de Oração.
Dr. Samuel Koranteng Pipim, PhD
Introdução
A corrida cristã é uma guerra espiritual. É uma guerra contra o eu. Mas essa guerra é parte de uma guerra cósmica maior entre Cristo e Satanás, a verdade e o erro, e entre o povo de Deus e os agentes do inimigo. A maneira como os cristãos se envolvem nessa guerra espiritual exige a máxima diligência, pois o inimigo plantou dentro de nossas fileiras um “cavalo de Troia” cheio de ensinamentos e práticas enganosas.
Uma dessas práticas é a nova abordagem da guerra espiritual que está se espalhando por muitas igrejas cristãs e missões – incluindo a nossa. Uma indicação disso é a crescente popularidade de frases como: caminhada de oração, ofensivas de oração, unção, etc. Uma estratégia eficaz em qualquer tipo de guerra é roubar o idioma de seu inimigo e usá-lo para confundir suas tropas. O inimigo de nossas almas tem feito de forma semelhante, apropriando-se do ensino bíblico da guerra espiritual. O novo ensino sobre a guerra espiritual é outro cavalo de Troia que está sendo empurrado para dentro de nossas igrejas.
Analogias Acerca do Cavalo de Troia
“Cavalo de Troia” é um topônimo ou seja, uma palavra que deriva do nome de um lugar.
1. Na Mitologia Grega – refere-se à figura de um grande cavalo oco de madeira, que estava cheio de soldados gregos, os quais ajudaram a destruir a cidade fortificada de Troia. A frase se refere a qualquer prática enganosa. Mensagem: Cuidado! Nem tudo o que afirma ser reavivamento é o verdadeiro reavivamento. No verdadeiro reavivamento, o céu torna-se real, Jesus torna-se real, o Espírito Santo se torna real, e ganhar almas torna-se real.
2. Em Computação – é um erro introduzido num sistema operacional para permitir que um hacker execute operações indesejáveis nos arquivos de outra pessoa. Mensagem: Cuidado! Espiritualidade sem ética leva ao antinomianismo e a uma espiritualidade mística, nebulosa, a espiritualidade da Nova Era.
3. No Dicionário Urbano & no Reino da Moralidade – você acha que os seus preservativos (de Troia) são seguros, mas na verdade não são. Mensagem: Cuidado com a cosmovisão que diz que não existem absolutos morais, nem absolutos. Ela introduziu o pós-modernismo e a igreja emergente.
4. Nos Negócios – uma oferta de publicidade que engana os clientes potenciais a entrarem em uma obrigação contratual mas, mais tarde, obriga o cliente a pagar um preço muito mais elevado. É uma publicidade enganosa. Mensagem: “Cliente, cuidado com as novas abordagens relativas à oração”. A espiritualidade contemplativa de hoje e sua oração de respiração, oração centrante, oração de Jesus, etc., levam ao misticismo e espiritismo.
5. Na Guerra – um cavalo de Troia é um grupo subversivo clandestino que opera internamente para fazer avançar os objetivos do inimigo que está fora. “Cavalo de Troia” na linguagem da guerra pode ser definido como uma quinta coluna, um grupo secreto de pessoas que estão dispostas a cooperar com um agressor contra seu próprio país. Qualquer grupo ou facção clandestina de agentes subversivos que tenta minar a solidariedade de uma nação. “Cavalo de Troia” na guerra é, portanto, qualquer grupo de simpatizantes ou partidários secretos de um inimigo que se envolvem em atividades de espionagem ou sabotagem dentro das linhas de defesa ou fronteiras nacionais. Na guerra espiritual em que estamos envolvidos, não devemos olhar apenas para o inimigo lá fora, mas também para o inimigo interno – o cavalo de Troia ou a “quinta coluna” de enganos dentro da cidade de Deus. Nas palavras de Ellen G. White, “Temos muito mais a temer de dentro do que de fora.” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 122).
Nova Guerra Espiritual
Desde o final dos anos 1960 uma nova abordagem com relação à guerra espiritual tem se espalhado pelas igrejas e missões cristãs da atualidade. Digo uma “nova abordagem”, porque, historicamente, os cristãos sempre acreditaram que há um conflito entre Cristo e Satanás, o bem e o mal, a verdade e o erro. Temos sido ensinados que as armas da nossa guerra são:
- Entrega total ao Cristo vivo e uma fé inabalável nEle,
- Uma vida devocional de oração perseverante,
- A meditação na Palavra de Deus,
- Uma resposta sincera de adoração e testemunho,
- Uma obediência amorável a todos os mandamentos de Deus e,
- Um fiel comprometimento aos ensinamentos das Escrituras.
No entanto, na nova abordagem relativa à guerra espiritual, estamos sendo informados de que o ensino tradicional cristão sobre o assunto é inadequado, e que precisamos de algumas técnicas extraordinárias para combater o inimigo que está controlando nossas vidas, casas, bairros, cidades e países. O plano de batalha concentra-se em poderosas armas da oração, e oferece sessões de treinamento destinadas a preparar guerreiros poderosos para a luta contra os poderes das trevas. A nova abordagem é chamada de Guerra Espiritual de Nível Estratégico, ou simplesmente “guerra espiritual”.
Nova Fascinação com a Oração
Nessa nova abordagem relacionada à guerra espiritual, “um entusiasmo recém-descoberto pela oração tem varrido muitas igrejas.”
- Pense, por exemplo, sobre como a “Oração de Jabez” se tornou tão popular.
- Ministérios e departamentos de oração estão surgindo em toda parte
- Orações de guerra agora são populares.
- Caminhadas de oração, passeatas de louvor, expedições de oração e viagens de oração para “amarrar” ou “quebrar as fortalezas" de demônios que estejam controlando nossos bairros, cidades, regiões e nações, respectivamente.
- Técnicas especiais ou fórmulas de orações estão sendo ensinadas. Elas incluem frases como: “Eu resisto, eu arranco, eu esmago, quebro e destruo as fortalezas de Satanás”. Podemos amarrar Satanás?
O que é realmente essa guerra espiritual em nível estratégico? Ela é bíblica? E deveríamos estar envolvidos nela?
O Que é Guerra Espiritual em Nível Estratégico? Guerra espiritual em nível estratégico (popularmente conhecida como guerra espiritual) consiste em dois componentes principais:
(a) a teoria ou doutrina dos ‘espíritos de nível estratégico’, isto é um completo sistema de crenças sobre os demônios.
(b) a prática da ‘guerra espiritual’, que é a execução da nova estratégia concebida especificamente para derrotar os demônios.
Portanto, quando as pessoas falam a respeito de batalha espiritual ou oração de guerra, estão se referindo à execução ou à prática de combate contra os demônios territoriais. Deve, no entanto, ser enfatizado que, por trás da oração de guerra, existe uma doutrina ou teoria dos demônios territoriais.
Doutrina de Demônios Territoriais. A oração de guerra é baseada na premissa fundamental de que demônios específicos controlam determinados territórios designados, e que esses demônios não apenas exercem poder sobre eles, mas residem no seu interior, e estão restritos às localidades designadas. Os territórios incluem: geografia, regiões étnicas, instituições geopolíticas (por exemplo, nações ou governos), características topográficas, características ecológicas, objetos físicos menores, atividades ocupacionais, residências, etc.
Implicações. A crença em demônios territoriais sugere que, na evangelização, em vez de proclamarmos da palavra, precisamos planejar técnicas especializadas sobre cada religião, cada vocação, cada associação voluntária, etc.
A Prática da Oração de Guerra. A oração de Guerra é um desafio agressivo, iniciado pelos cristãos, e dirigido contra os demônios. Os propósitos específicos das orações de guerra incluem:
1. Repreender ou amarrar os demônios que invadiram ou habitam nos crentes em Cristo, tornando-os ineficazes como cristãos, ou privando-os das bênçãos de Deus sobre a saúde, riqueza, prosperidade e sucesso.
2. Libertar os descrentes ou almas que não foram salvas e levá-los “das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus”
3. Tornar eficaz a receptividade ao evangelho através de repreender, amarrar ou amaldiçoar os demônios territoriais que se acreditam que estão no controle ou governam uma casa, região ou território específico.
Técnicas de Oração de Guerra
Especialistas em guerra espiritual acreditam que devemos aprender fórmulas para falar, confrontar, comandar, expulsar e combater verbalmente os espíritos do mal. Existem três passos principais na oração de guerra.
1. Procurar o nome do espírito que governa.O nome próprio é preferível, mas se isso for muito difícil de obter, um nome funcional (por exemplo, “demônio da mentira”, “demônio da raiva”, “espírito de pobreza”, etc.) é melhor que nada.
2. Identificar o território do demônio.Identificar o território assegura que o demônio correto seja selecionado, e estabelece os limites para o ministério uma vez que o demônio esteja amarrado. Os seus defensores fazem um “mapeamento espiritual”, reunindo e traçando informações relativas aos espíritos territoriais e suas “fortalezas”, para distribuição e uma oração mais ampla. Uma vez feito isso, os guerreiros da oração realizarão suas orações no local (tais como “caminhadas de oração”, “marchas de oração”, “expedições de oração”, e “viagens de oração”).
3. Usar o nome do demônio em repreensão direta.Essaestratégia inclui falar, confrontar, ou repreender os demônios, ordenando-lhes a deixar a pessoa ou local, e reclamando aquele indivíduo ou região ou para Deus.
Deve ser salientado que a fórmula acima para confrontar os demônios não pode ser encontrada na Bíblia. Contudo, essas fórmulas, frequentemente utilizadas por especialistas em guerra espiritual, são as mesmas encontradas nas religiões pagãs e animistas. Paul Hiebert escreve:
“[No animismo] a maioria das coisas que acontecem são trazidas... por espíritos, ancestrais, fantasmas, magia, bruxaria e as estrelas. É um mundo no qual Deus está distante e no qual os seres humanos estão à mercê de poderes do bem e do mal e precisam se defender por meio de orações e cânticos, feitiços, poções e encantamentos. Poder, e não a verdade, é a preocupação central dos seres humanos nessa cosmovisão" (Paul Hiebert, “Cura e o Reino”, em Maravilhas e o Mundo, p.117).
Algumas Questões Importantes
A teoria e a prática da guerra espiritual de nível estratégico levantam uma série de perguntas para cristãos que creem na Bíblia. A seguir estão algumas delas:
1. Existem demônios territoriais? A Bíblia ensina que, como resultado da queda de Adão e Eva, Satanás agora é o deus e o príncipe deste mundo. Os defensores da guerra espiritual vão além desse ensinamento quando ensinam que os demônios específicos controlam determinados territórios designados, e que esses demônios não apenas exercem o poder sobre eles, mas residem no seu interior, e estão restritos àquela localização específica. Dentre os textos frequentemente citados estão:
Marcos 5:10: “E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.” Os defensores da guerra espiritual argumentam que a razão pela qual os demônios disseram isso foi porque tinham medo que seus superiores iriam puni-los se eles perdessem o controle sobre os territórios a eles atribuídos. Como resposta, deve ser salientado que os demônios não tinham medo de serem deportados, mas sim do tormento no “abismo” (cf. Lucas 8:31, Marcos 5:7). Eles temiam que Jesus (e não Satanás) tivesse vindo para puni-los ou julgá-los.
Atos 19:28, 35: Os efésios gritaram “Grande é a Diana dos efésios.” Com base neste texto, os defensores da guerra espiritual concluem que Ártemis [nome grego, ou Diana nome romano] era um espírito territorial no comando da cidade de Éfeso. Ao contrário de tais afirmações, devemos salientar que Ártemis não era apenas associada a Éfeso, mas era uma amálgama de várias divindades distintas: a “deusa-mãe” da Ásia Menor, a deusa grega Ártemis e a deusa romana Diana.
A própria Bíblia explica o significado da frase “Grande é a Diana dos efésios” (Atos 19:34). Nas palavras do escrivão da cidade, “Homens efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que desceu de Júpiter [ou ‘que caiu do céu’]”? (Atos 19:35). Diana era dos efésios apenas no sentido em que o seu templo central estava localizado em sua cidade. A deusa não era a guardiã da cidade, mas sim a cidade era a guardiã da deusa.
Apocalipse 2:13: “onde habitas [Pérgamo], que é onde está o trono de Satanás.” Os defensores da guerra espiritual afirmam que essa declaração acerca de Pérgamo é um exemplo de um espírito que reina sobre um “território designado”. Note, entretanto, que se Pérgamo fosse o território designado de Satanás, então todo o resto do todo o mundo estaria livre de seus ataques. Mas a Bíblia ensina o contrário. Até que Jesus venha, Satanás vai espreitar sobre a face de todo o mundo para destruí-lo (Apocalipse 12:12; I Pedro 5:7).
Além disso, o livro do Apocalipse faz observações semelhantes sobre Esmirna, Tiatira e Filadélfia. Esmirna e Filadélfia, ambas contêm uma “sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2:9; 3:9), enquanto Tiatira é onde “os profundos segredos de Satanás” são ensinados dentro da igreja (Apocalipse 2:24 – NVI). “Pela lógica da Guerra Espiritual em Nível Estratégico, se Satanás reside em Pérgamo, mas trabalha em Esmirna, Tiatira, Filadélfia, ele faz vários deslocamentos! Além disso, se ele é o governante de Pérgamo, por que está interferindo nas outras cidades? Claro que isto tudo é bastante tolo, mas demonstra o absurdo do método de interpretação estritamente literal empregado para fundamentar a Guerra Espiritual em Nível Estratégico.”
A afirmação “onde habitas [Pérgamo], que é onde está o trono de Satanás” simplesmente aponta para o local onde Satanás estava levantando oposição contra a igreja. Em Esmirna e Filadélfia, Satanás usou as sinagogas judaicas para instigar a perseguição contra os cristãos. Em Tiatira, ele instigou o seu ataque a partir de dentro, através de uma profetisa, que incentivou a participação nas festas do templo, onde a imoralidade sexual e a idolatria eram abundantes. Em Pérgamo, Satanás usou a perseguição. O diabo não habita física ou exclusivamente em qualquer cidade, templo ou sinagoga. Ao contrário, ele está trabalhando em todos os lugares onde a igreja enfrenta perseguição vinda de fora ou corrupção vinda de dentro.
2. Os Cristãos deveriam se envolver em orações de guerra? Os defensores da oração de guerra confrontam os demônios de Satanás (a) nomeando os espíritos, e (b) usando os nomes em confronto direto e repreensão, em uma tentativa de “amarrar” os espíritos. Eles costumam apontar para os seguintes exemplos bíblicos:
Daniel 10:13. – Oração de guerra de Daniel. “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.”
Observe que Daniel nunca procura saber os nomes dos demônios ou dos anjos, nem nunca os utiliza em sua oração. Os únicos nomes que ele recebe são os de Gabriel e Miguel, os seres celestiais que estavam ajudando Israel (cf. Daniel 8:16; 9:21, 10:13, 21; 12:1). Os poderes do mal são conhecidos apenas pelos títulos genéricos, “príncipe da Pérsia” e “príncipe da Grécia” (10:20). Daniel não tem que se engajar em períodos prolongados de jejum e oração para obter os nomes particulares dos pretensos demônios territoriais. Ele nunca repreende qualquer demônio. Ele oferece uma simples oração pedindo a explicação de um sonho. Na verdade, Daniel ainda nem sabe que uma batalha está sendo travada até que isto lhe seja dito mais tarde!
Zacarias 3:1, 2. – Oração de guerra de Zacarias. “E ele mostrou-me o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o [anjo do] Senhor disse a Satanás: ‘O Senhor te repreenda, ó Satanás, sim, o Senhor ... te repreenda;”
Embora os defensores encontrem aqui uma justificativa para a “repreender” os demônios, observe que o único participante humano, Zacarias, é apenas um espectador e um observador. É o “Anjo do Senhor” quem enfrenta Satanás (esse anjo é identificado como Cristo por Ellen G. White em Testemunhos para a Igreja, v. 5, p. 469).
Judas 9. Oração de guerra no local onde Moisés foi sepultado. “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.”
Novamente, como observado antes, nenhum ser humano “repreendeu” a Satanás. Foi o Arcanjo Miguel (o qual é o próprio Jesus), quem fez isso. Mesmo aqui, Ele entregou o diabo nas mãos do próprio Deus. Os cristãos podem suplicar a Deus que repreenda demônios dominadores, mas devem ser cuidadosos para não dar a impressão de que podem fazer isso por sua própria autoridade.
3. Os cristãos deveriam iniciar uma guerra preventiva para atacar as “fortalezas” de Satanás? Não! Embora o livro de Efésios nos ensine que há uma guerra em curso, na qual “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:12), Paulo deixa claro certos fatos:
1. Cristo já derrotou Satanás.
(a) Através de Sua morte, ressurreição e exaltação à direita do Pai, Satanás foi derrotado (Leia Efésios 1:20-21). Todo o poder (dunamis, energeia, kratos, isxus) não pertence aos espíritos ou aos seus médiuns, mas a Cristo, que o utiliza para o benefício e a proteção de Seus seguidores.
(b) Cada pessoa que se volta para Cristo causa uma quebra inconfundível no controle dos demônios sobre o mundo (Efésios 2:1-6). Antes da conversão, o indivíduo estava sob o controle das forças malignas do mundo e da carne. Mas na conversão Cristo eleva o indivíduo e o exalta para que possa “assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Efésios 2:6 – NVI; veja Colossenses 2:15; 1:13). Estamos no trono com Cristo, e somos conquistadores através dEle.
(c) A existência da igreja, reconstituída a partir de cada nação, proclama a sabedoria de Deus aos governantes e às autoridades do universo que o poder de Satanás foi quebrado (Efésios 3:8-11).
A vitória decisiva de Cristo sobre Satanás, através de Sua morte na cruz, ressurreição e exaltação, bem como através da conversão de cada crente e da igreja universalmente constituída, sugere que Satanás e suas forças não têm poder ou controle sobre nós – se permanecermos em Cristo.
2. Apesar de ser um inimigo derrotado, Satanás ainda é perigoso. Tendo perdido seu poder e seus cativos, Satanás está travando um contra-ataque.
(a) Ele é como um leão ferido, procurando a quem devorar (I Pedro 5:8)
(b) Ele está fazendo guerra contra os santos (Apocalipse 12)
3. O papel do cristão na luta em curso é manter-se firme em face do contra-ataque de Satanás. Nosso papel não é ofensivo, mas defensivo. Devemos “resistir” ou “ficar firmes”.
- “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Efésios 6:11)
- “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Efésios 6:13)
- “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça” (Efésios 6:14)
A metáfora militar de ficar firme ou resistir retrata os soldados, ameaçados pelo inimigo, e envolvidos em combate face a face. Sob ataque feroz, o comandante não lhes ordena lançar uma ofensiva, mas a manter o território. É uma postura defensiva, não ofensiva: “Essa postura envolve permanecer firmes, mantendo a posição, resistindo, não se rendendo à oposição, mas prevalecendo contra ela” (Andrew Lincoln, Efésios, Comentário Bíblico Mundial, p. 442).
Ficando Firmes: Como Combater o Inimigo
Ficar firmes significa manter o território já conquistado diante de uma contra-ofensiva do inimigo. Essa é a orientação adequada para os cristãos. Cristo venceu a batalha, nós devemos permanecer firmes em face do contra-ataque satânico.
Ficar firmes é uma exortação comum nos escritos de Paulo, e sempre carrega uma conotação defensiva.
- Os Tessalonicenses devem “ficar firmes” em meio à perseguição (I Tessalonicenses 3:8) e diante de falsos ensinos (II Tessalonicenses 2:15)
- Os Filipenses devem “ficar firmes” em meio à perseguição, e não serem intimidados pelo medo de seus adversários (Filipenses 1:27-28; 4:1)
- Os Colossenses devem “ficar firmes” em toda a vontade de Deus, para não serem seduzidos por heresias ou seduzidos pelo pecado (Colossenses 4:12).
- Os Coríntios devem “ficar firmes” na fé e fazer todas as coisas do espírito de caridade. (I Coríntios 16:13, 14).
Essas exortações para “ficar firmes” sugerem que os cristãos estão sob ataque, mas isso não deve incitá-los a iniciar um ataque contra Satanás. É por isso que Tiago diz que devemos “resistir ao diabo” (Tiago 4:7). Porque o inimigo ronda como um leão faminto, Pedro diz que devemos estar vigilantes, resistindo firmemente a ele (I Pedro 5:8, 9).
Isto é o que a Bíblia ensina a respeito da batalha espiritual.
1. As Armas da Nossa Guerra. Efésios 6:10-17 menciona as armas da nossa guerra: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.”
Na verdade, as “armas da nossa milícia não são carnais” (II Coríntios 10:3-5), pois o equipamento de combate consiste em:
1. O cinto da verdade
2. Acouraça da justiça
3. Os calçados do evangelho da paz
4. O escudo da fé
5. O capacete da salvação
6. Aespada do Espírito
Esses itens essenciais enfatizam as disciplinas básicas do cristianismo que incentivam o desenvolvimento de um caráter verdadeiro.
2. AOração de Guerra. É digno de nota que, embora a passagem de Efésios 6 fale tanto de guerra quanto de oração, nunca usa a expressão “oração de guerra”. Mas mesmo se o apóstolo Paulo houvesse mencionado a “oração de guerra,” é importante compreender o que uma oração implica. Ele escreve:
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.” (Efésios 6:18-20)
A oração não é um complemento para a armadura espiritual identificada em Efésios 6:14-17. Pelo contrário, é o ambiente no qual toda a luta deveria ocorrer. Assim como vestimos a armadura e assim como sofremos as demandas da guerra, precisamos ao mesmo tempo (e em todos os tempos) estar envolvido em oração. Uma vez que todos nós estamos envolvidos na batalha espiritual, a oração na guerra é para todos – não alguma elite “guerreiros de oração” ou alguns “generais de intercessão.”
Nós só podemos destacar alguns aspectos da passagem acima:
1. Variedade de oração– “toda a oração... e súplica” – pedidos gerais e específicos; a oração não se limita a alguma fórmula definida.
2. Frequência da oração– “orando em todo o tempo” – não é alguma fórmula ou técnica de 30 dias como a “oração de Jabez”, mas simplesmente viver uma vida na presença de Deus e com uma atitude de consciência de Deus. Toda a nossa vida deve ser uma vida de comunhão com Deus.
3. Poder da Oração– “no Espírito.” – A oração deve ser coerente com a mente e a vontade de Deus.
4. Maneira de orar– “e vigiando nisto” – vigilância. Devemos “vigiar e orar” (cf. Mateus 26:40, 41).
5. Persistência na oração– “com toda a perseverança” – firme, inabalável, etc.
6. Especificidade na oração– “e súplica” – necessidades específicas que nos preocupam devem ser mencionadas em nossas orações.
7. Objetos da oração– “por todos os santos, e por mim” – não para Satanás e seus demônios, mas em nome dos membros do corpo de Cristo.
3. O Local da Guerra. A nova abordagem à oração territorializa não apenas os demônios, mas também o poder de Deus. Nesse contexto, é particularmente esclarecedor que o apóstolo Paulo não tenha prescrito um local específico para a oração no qual os cristãos devem se engajar em alguma “caminhada de oração” (nos bairros), “marchas louvor” (nas cidades), “jornadas de oração” (para certas regiões), e “expedições de oração” (para outras nações). Pelo contrário, Paulo pediu aos efésios que orassem “por todos os santos, e por mim.”
O fato de que Paulo ore regularmente pelas pessoas vários meses antes da viagem e peça a eles para que orem por ele (cf. Efésios 1:17-19; 3:14-19; 6:18-20), levanta questões sobre quaisquer supostas vantagens em orar especificamente no local. “Nem uma única vez Paulo ora contra Ártemis, o suposto espírito territorial de Éfeso. Nunca pede a eles que orem contra o espírito que domina sobre Roma, de onde ele provavelmente escreveu essa carta. Pede apenas que orem pelos outros cristãos, assim como ele estava orando por eles, e que orem por ele, para que seja ousado no evangelismo.”
Conclusão
Se alguma vez houve um tempo para o povo de Deus orar, é agora. Mas a nova abordagem relativa à oração, como ensinada pelo movimento de guerra espiritual, é uma tática enganosa do inimigo para confundir e levar o povo de Deus à destruição – é um “Cavalo de Troia”. A maneira de reviver as nossas igrejas não é importando formas questionáveis de oração de outras igrejas.
Quando o Cristo ressuscitado deu instruções específicas para a letárgica e inativa igreja de Laodiceia (um símbolo da igreja de Deus no fim dos tempos), não ordenou aos seus pastores, acadêmicos e membros que participassem de alguns seminários de guerra espiritual para que aprendessem como superar sua condição de mornidão.
Quando Ele desejou ver um avivamento na igreja, não pediu que alguns “coordenadores de oração” fossem “generais de intercessão.”
E quando Ele desejou que a Sua Igreja fosse bem sucedida em suas missões em territórios não penetrados, não incentivou quaisquer “ofensivas de oração” que exigem “caminhadas de oração” em torno de alguns bairros para “comandar” ou “repreender” os demônios que se acredita estarem controlando esses bairros ou casas.
Ninguém foi incentivado a repreender o “demônio de hipocrisia” ou o “demônio do materialismo”, que possuía os membros da igreja.
E não havia necessidade que alguém realizasse algum “serviço de unção” pelos membros da igreja, bancos, microfones e outros objetos para garantir a receptividade da mensagem evangélica.
Em vez disso, Cristo simplesmente pediu à igreja de Laodiceia que “arrependa-se”, insistindo com seus membros para que comprem dEle recursos espirituais que são gratuitos (Apocalipse 3:18, 19).
Essa é também a nossa necessidade hoje. Porque a verdadeira guerra espiritual é uma batalha contra o eu – se iremos nos entregar totalmente ao Senhorio de Jesus Cristo e permitir que Ele transforme as nossas vidas. Vamos nos entregar aos ensinamentos de Cristo, em vez de inventar nossos próprios? Essa guerra tem a ver com o desenvolvimento do caráter, e o local em que está sendo travada é o nosso coração.
A vida cristã é uma batalha e uma marcha. Mas a vitória a ser ganha não é obtida por força humana. O campo de luta é o domínio do coração. A batalha que temos a ferir – a maior de quantas já foram travadas pelo homem – é a entrega do próprio eu à vontade de Deus, a sujeição do coração à soberania do amor. A velha natureza, nascida do sangue e da vontade da carne, não pode herdar o reino de Deus. As tendências hereditárias, os hábitos antigos, devem ser renunciados. (O Maior Discurso de Cristo, p. 141.)
Notas:
(1) Para maiores detalhes, veja John MacArthur, Jr., How to Meet the Enemy, pp. 156-169.
(2) Lowe, Territorial Spirits and World Evangelisation, p. 65.