Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 30/3/2012
Quero Saber + Sobre
Mortos para a Lei
“Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus” (Rm 7:1-4).
Segundo o entendimento de alguns evangélicos, Paulo está aqui invalidando a Lei. Seria esse o sentido que o apóstolo quis dar às suas declarações nesse texto?
O trecho citado da epístola aos Romanos é conhecido como uma analogia do casamento. Como é óbvio, neste trecho o apóstolo Paulo compara a união do crente com Cristo e um segundo matrimônio. O crente, simbolizado pela "mulher", está livre para desposar Cristo, o Salvador ressuscitado, quando o matrimônio anterior estiver dissolvido pela morte do primeiro marido.
No capitulo anterior se diz que "nosso velho homem" está crucificado com Cristo. Sua sepultura é simbolizada pelo batismo (Rm 6:3-7). O crente não pode desposar o "velho homem" e Cristo ao mesmo tempo; mas quando "nosso velho homem" estiver morto, estamos livres para "pertencermos a outro, a saber, Àquele que ressuscitou dos mortos" (7:4).
Isto de modo algum significa que a lei está morta. É o "velho homem", sim, que está morto. A lei permanece e quando a "mulher" casa de novo, fica ligada ao segundo marido como estava ligada ao primeiro.
A imagem do casamento é frequentemente empregada na Bíblia para representar a ligação espiritual que existe entre Deus e Seu povo, e a infidelidade povo com Deus é comparada à infidelidade matrimonial. Apenas um exemplo:
"Infiéis, não compreendeis que a inimizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4:4). E pode-se comparar com outros textos, como Jz 2:17; I Cr. 5:25; Is 62:4; Jr 3:8, 9, 14; 31: 32; Ez 23:27, 28; Os 4: 12; 5:4.
A Bíblia acha-se repleta destas comparações. É seu ensino dominante a analogia de casamento paro a relação entre o cristão e Deus. Tentar, pois, casar com o "velho homem" e com Cristo ao mesmo tempo, equivale a cometer adultério espiritual.
Se a lei que declara adúltera a mulher que tenha dois maridos vivos estivesse morta ou abolida, não haveria então nenhum fundamento na analogia de Paulo. A mulher não poderia ser considerada adúltera. Mas pelo fato de a mulher, com dois maridos vivos, ser declarada adúltera, é como se o texto em questão declarasse que a lei que proíbe o adultério é obrigatória. É só por ela que se define o adultério. É por ela que se define todo pecado. É ela que revela toda transgressão.
Resumindo: O apóstolo não ensina, de modo algum, que este sétimo mandamento do decálogo esteja morto ou abolido, como de resto nenhum dos outros nove mandamentos. Seria o absurdo. Será bom ler todo o capítulo 7 de Romanos e também o capítulo 8 para confirmar que devemos estar livres é do pecado, não da lei.