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postado em: 20/10/2014
O adventista pode votar? Um estudo baseado em Ellen G. White e na Bíblia.
Segundo o movimento de reforma a igreja não pode deixar seus membros votarem e o cristão não deve participar nas decisões do país onde mora. Para eles, isso é pecado e questão de doutrina. Nesse estudo visamos esclarecer se realmente é pecado votar e ainda se a igreja tem direito de proibir o membro de participar de eleições ou ser político.
Estudo retirado do livro "REFORMA ÚLTIMA PALAVRA" de Antônio Dourado, páginas 188 a 192
Política – votar
As Reformas de 1914 nos condenam por nos tornarmos eleitores, pois desta forma "estamos tomando parte na política". Devemos, irmão (irmã), fazer diferença entre ser eleitor e ser político ou tomar parte em política. Não existe lei civil determinando que toda pessoa seja política ou se envolva na política, mas existe lei determinando que todo indivíduo, sem impedimento legal, seja eleitor. A Bíblia nos ensina:
"Dai a César o que é de César...." - (Mat. 22:21).
"Todo homem esteja sujeito à autoridade...." - (Rom. 13: 1-7).
"De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus."-(Rom. 13:2).
"Sujeitai-vos pois a toda instituição humana por causa do Senhor; quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele..." - 1Pedro 2: 13,14.
Da pena da Sra. White, leia ainda as seguintes citações:
"Não façam os adventistas do sétimo dia coisa nenhuma que os assinale como desobedientes da lei (civil) ou a ela contrários". - Manuscrito 117 - A-m 1901.
"Devemos exercer grande cuidado para não sermos tomados por oponentes das autoridades civis." - 3TS, pág. 45.
Como adventistas, somos apolíticos. Ser eleitor não é ser político. Os testemunhos condenam que nos envolvamos em política, mas não condenam que nos tornemos eleitores. Aliás, entendemos que os reformistas de 1914 hoje permitem que os seus membros se tornem eleitores, mas têm que votar em branco ou tornar nulo o voto. É justo isso perante Deus? Consideramos desonestidade.
As mensagens citadas como proibição para o adventista votar, entendemos, são as que se encontram em Obreiros Evangélicos, nas páginas 391 e 392:
"Não podemos com segurança votar por partidos políticos"
"Não podemos trabalhar para agradar a homens que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa, e pôr em execução medidas opressivas para levar ou compelir seus semelhantes a observar o domingo como sábado... os membros da família do Senhor não podem ter parte com os homens que o exaltam, e violam a lei de Deus, pisando seu sábado. O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens em cargos oficiais, pois assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos. - Idem, págs. 391, 392. (Destaques acrescentados)
O "não podemos" da primeira citação é um lembrete, um esclarecimento, e não uma proibição. Aí está dito que não há segurança em votarmos por partidos políticos. A expressão usada no original inglês é "We cannot" que significa "não temos condições", "não temos capacidade"; "é-nos impossível". Seria diferente se a autora tivesse escrito "we may not", que significaria não devemos, somos proibidos.
Na segunda citação, a escritora usa o mesmo verbo, é certo, mas termina dizendo que o povo de Deus não deve votar para colocar tais homens.... De que homens a irmã White esta falando? Acima, ela mencionou homens que empregariam sua influência para reprimir a liberdade religiosa e pôr em execução medidas repressivas contra o sábado e a favor do domingo. Igualmente, não devemos votar em ninguém que saibamos possa vir a contrariar a moral, e os bons costumes.
O testemunho que contém as citações em estudo foi dirigido aos mestres e diretores de nossas escolas. Vê-se que os nossos professores estavam se imiscuindo em política.
Outras citações da pena da Sra. White que damos abaixo, somadas às que demos acima e comparadas com outros dados do comportamento da igreja no tempo em que vivia a profetisa, fazem concluir que não deve a igreja proibir que os seus membros se tornem eleitores e votem (com dignidade), pois não existia naqueles idos tal proibição na Igreja. Vejamos:
"Vi que o nosso dever... é obedecer às leis de nossa pátria, a menos que se oponham às que Deus proferiu com voz audível no Monte Sinai." - 3TS, pág. 59.
"Assisti à reunião à noitinha. Tivemos uma reunião espontânea, interessante. Depois do tempo de terminar, foi considerada a questão de votar, demorando-nos sobre ela. Primeiro falou Tiago, depois o irmão [J.N.] Andrews, e foi por eles julgado melhor pôr sua influência a favor do direito e contra o erro. Eles acham que é direito votar em favor dos homens defensores da temperança governarem em nossa cidade, em vez de, por seu silêncio, correr o risco de serem eleitos homens intemperantes. O irmão [Davi] Hewitt conta sua experiência de alguns dias atrás e está certo de ser direito dar seu voto. O irmão [Josias] Hart fala bem. O irmão [Henrique] Lyon se opõe. Nenhum outro é contrário ao votar, mas o irmão [J.P] Kellogg começa a julgar que é direito. Os sentimentos são cordiais entre todos os irmãos. Oh, que todos eles procedam no temor de Deus." - uma página do diário de Ellen G. White em 1859, citado em 2 ME, pág. 337. (Destaques acrescentados)
Não sabemos quantas pessoas estavam presentes a essa reunião. Entre os vários que falaram, só um se opôs ao voto. Prossegue o registro no diário:
"Os homens da intemperança estiveram hoje no escritório, exprimindo de modo lisonjeiro sua aprovação à atitude dos observadores do sábado não votando, e exprimiram esperanças de que eles fiquem firmes nessa atitude e, como os quáqueres, não dêem seu voto. Satanás e seus anjos estão atarefados por esta altura, e ele tem obreiros na Terra. Que ele fique decepcionado é minha oração." - Idem. (Destaque acrescentado).
Vê-se que a irmã White desejou que falhassem os cálculos políticos dos homens da intemperança, e que os adventistas comparecessem em massa às urnas para votar a favor dos homens defensores da temperança. No livro Temperança, lemos uma declaração da Irmã White feita em 1914:
"Os defensores da temperança deixam de cumprir seu inteiro dever a menos que exerçam sua influência por preceito e exemplo - pela voz e pela pena e pelo voto - em favor da proibição e da abstinência total." - Temperança, pág. 254. (R&H, 15 de outubro de 1914 -Doc. 16. Destaque nosso).
De Tiago White, Temos:
"Não estamos preparados para provar pela Bíblia que seja incorreto para um crente na terceira mensagem ir, de modo conveniente à sua crença, depositar seu voto. Não o recomendamos nem nos opomos a isso. Se um irmão deliberou votar, não podemos condená-lo e temos a mesma atitude para quem não o queira fazer." - R&H 21/8/1860.[1] (Destaque acrescentado).
"Aqueles de nosso povo que votaram num homem na última eleição presidencial, votaram em Abraão Lincoln" – R&H 12/8/1862.[2] (Destaque acrescentado).
"A Sra. White jamais votou, e, mesmo que quisesse fazê-lo, não podia, porquanto em todo o tempo em que viveu, o direito de voto nos Estados Unidos não se havia estendido às mulheres.” - A. B. Christianini."[3]
A Associação Geral toma posição em 1865
Eis uma resolução da nossa Associação Geral que data do ano de 1865:
"Resolvido - Que, a nosso ver, o ato de votar, quando exercido a favor da justiça, do direito e do bem-estar do homem, é em si inocente, e em certas ocasiões pode ser altamente conveniente; mas o voto que redunda no fortalecimento de crimes como a intemperança, a insurreição e a escravatura, reputamos altamente criminoso à vista dos Céus. Mas pedimos que não se tenha nenhuma participação no espírito de lutas partidárias. "Relatório, da III Sessão Anual da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia". Também publicado em R&H, 23/5/1865.[4]
Alguma resolução modificando a decisão de 1865 ?
"Declara o pastor Arthur L. White, neto da serva do Senhor, em um trabalho intitulado Seventh-day Adventists and Voting: ‘Nem Ellen G. White pelo Espírito de Profecia nem a Associação Geral em suas resoluções, em tempo algum negaram aos adventistas do sétimo dia o privilégio de votarem. Por outro lado, os líderes da igreja e a Sra. White, através dos anos, clamaram energicamente e cada vez mais, contra o perigo de o nosso povo envolver-se na política como tal ou em controvérsias partidárias.’
"Daqui se infere uma distinção entre o votar e a política. Uma coisa permitida, e outra condenada." [5] - Arnaldo B. Christianini.
Pesando os prós e os contras da questão, e ainda, observando o procedimento dos pioneiros, concluímos que, não somente podemos mas também devemos ser eleitores, em cumprimento das leis do país. O que devemos considerar errado é "imiscuir-nos com a política"; "ligar nossos interesses com qualquer político”; "meter-nos nos emaranhados da política". Diz a serva do Senhor:
"O Senhor quer que seu povo enterre as questões políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloqüência.- Obreiros Evangélicos, pág. 391.
"Quanto ao mundo, dirão os cristãos: não nos intrometeremos na política." - TM, pág. 131.
O comportamento do eleitor adventista
O autor deste trabalho sugere o seguinte comportamento:
1 - Não se prender a qualquer partido político (como eleitor).
2 - Orar antes de escolher os candidatos.
3- Quando não se tem um candidato "bom", votar no menos ruim. (A omissão favorece alguém).
4- Não votar em pessoas reconhecidamente inimigas da moral, dos bons costumes, dos pobres, do cristianismo, da temperança, ou da liberdade religiosa.
5 - Não votar para fazer ou receber favores (pensar no bem da coletividade e não no particular).
6 - Não pedir favores a candidatos políticos, mesmo que sejam para a nossa igreja. (Isto é diferente de pedir favores justos e legais a autoridades e governantes na vigência de seus mandatos).
7 - Não falar na igreja sobre política.
8 –Não pedir a conhecidos e irmãos votos para este ou aquele candidato.
Se o eleitor observar as regras acima, talvez estará não apenas cumprindo um dever cívico, mas estará também procedendo a um ato cristão.
Pode o adventista, candidatar-se a um cargo político?
É difícil para um cristão ser político, mas, dois testemunhos parecem mostrar que não se deve considerar errado o adventista tornar-se parlamentar, e que isto pode até tornar-se bênção para a Igreja e para a sociedade. Para isto a pessoa terá que ser um candidato diferente e de fibra, abstendo-se de tudo que conspira contra as virtudes cristãs, e isto a partir da forma de divulgação de sua candidatura. Como eleger-se sem se identificar com os políticos de seu partido? É difícil. Cremos que um crente fiel somente chega a um cargo político quando isto está nos desígnios de Deus. É oportuno lembrar aqui que nos tempos bíblicos Deus teve servos Seus em altos postos de governo como foi o caso de José no Egito, Daniel e seus companheiros nas cortes de Babilônia, e Ester, rainha no império Medo-Persa. Examinemos as duas citações que temos:
"Querida mocidade, qual é o alvo e propósito de vossa vida? Tendes a ambição de educar-vos para poderdes ter nome e posição no mundo? Tendes pensamentos que não ousais exprimir, de poderdes um dia alcançar as alturas da grandeza intelectual; de poderdes assentar-vos em conselhos deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada há de errado nessas aspirações. Podeis, cada um de vós estabelecer um alvo. Não vos deveis contentar com realizações mesquinhas. Aspirai a altura, e não vos poupeis trabalho para alcançá-la." - Mensagens aos Jovens, pág. 36.
"E muitos jovens de hoje, que crescem como Daniel no seu lar judaico, estudando a Palavra e as obras de Deus, e aprendendo as lições do serviço fiel, ainda se levantarão nas assembléias legislativas, nas cortes de justiça, ou nos paços reais, como testemunhas do Rei dos reis." - Educação, pág.262.
(Destaques acrescentados)
Mas, note bem, meu irmão ou irmã: Não pretenda "alcançar as alturas" sem total dependência de Deus, Sua vontade, e Seus princípios. Sem isto, não se candidate a nenhum cargo político. Você poderá se perder.
"No órgão oficial de nossa Igreja, ‘Review and Herald’, de outubro de 1964, lê-se o seguinte: ´Um cristão dedicado deve estar capacitado a votar mais inteligentemente, e, se eleito para cargo público, servir mais fielmente do que um cristão nominal ou um incrédulo.´" - RA, 10/1978 .
Conclusão:
À luz da Bíblia e dos Testemunhos, não faz sentido os Movimentos de Reforma estabelecerem como princípio de fé ou prova de comunhão a questão do voto político.
Irmãos reformistas, a IASD não impõe aos seus membros como "princípios de fé" o que não é respaldado por um "Assim diz o Senhor".
[1] Citado por A . B. Christianini em RA 8/1958, pág. 5.
[2] Idem, idem, pág. 5
[3] A. B. Christianini, idem, pág. 33.
[4] Citado por A.B.Christianini, mesma fonte, pág. 25.
[5] A. B.Christianini, idem, pág. 5.
Fonte: http://movimentodereforma.blogspot.com.br