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postado em: 23/4/2008
Amuletos e Superstições Dia desses, vi um carro que tinha uma Bíblia aberta em cima do painel. O carro certamente sofreu um acidente, pois estava amassado. Não pude deixar de observar que a presença de uma Bíblia ali não tinha adiantado de nada. Mas, alguém que crê em superstições logo diria que o carro estava amassado porque a Bíblia não estava aberta no salmo 91. Hoje, quanta gente tem transferido a sua confiança e tranqüilidade para amuletos e superstições? Nesse sentido, há uma caixa de ferramentas e práticas bem sortidas: a ferradura, que tem de ser com sete furos; pé de coelho; figa; o hábito de não passar por baixo de escada. Quebrar um espelho ou cruzar com gato preto, então, dá sete anos de azar. Já para espantar os maus espíritos ou repelir mau olhado existe a carranca, muito usada naqueles barcos do rio São Francisco. Ela também deve ser colocada na entrada do local a ser protegido. No meio evangélico, muitos tratam pejorativamente essas crendices, mas nós, crentes, também temos nossos amuletos e superstições: copo de água ou lenço que podem receber a bênção da oração de algum “sacerdote”; jejum, para dobrar a vontade de Deus. Vale até adesivo no carro com versículo bíblico ou com alguma frase de “poder”, o que, na prática, tem o mesmo efeito da carranca. Talvez, alguém possa me tratar com descaso, afirmando que estou esquecendo o significado simbólico e o imaginário que está por trás desses rituais e objetos religiosos; mas, neste momento, estou preocupado não com o que tudo isso significa para o indivíduo, mas o seu significado teológico e bíblico. Na verdade, queremos um Deus que funcione segundo nossa vontade, que faça a nossa vida dar certo, que autentique um projeto de vida boa. Não estamos preocupados com uma mudança radical de vida, olhando a nossa existência do ponto de vista de Deus. Tratar a vida espiritual achando que a coisa deve funcionar como um remédio é fácil – é só tomar que faz efeito. Tome a água abençoada, ou ponha o lenço na cabeça, e Deus vai fazer a coisa dar certo. Esquecemos que Deus nos deu o atributo chamado liberdade, para que muita coisa dependa de nós também. Por isso, precisamos pedir-lhe sabedoria para agir corretamente. De nada adiantará você colocar um adesivo no carro com os dizeres “Propriedade de Jesus”, se for imprudente ao volante. De nada vale fazer jejum pedindo um emprego para Deus, se você é preguiçoso, incompetente ou trata mal o chefe e os colegas de trabalho. Talvez sejam esses os motivos por que esteja desempregado. Em vez de alimentarmos crendices e transferirmos nossa responsabilidade para objetos “sagrados”, vamos assumir o risco de construir nossa história com dignidade, pedindo sabedoria a Deus e buscando os referenciais seguros em sua Palavra, para que nossas decisões sigam o caminho da prudência. No que não depender de nós, vamos confiar que Deus cuidará. Vamos crer também em milagres, mas no momento e do jeito que o Senhor quiser fazê-los. - Autor: Lourenço Stelio Rega, teólogo, educador e escritor. Fonte: Eclésia, Edição 104.
Nota do Editor do IASD Em Foco: Muito oportuno e equilibrado o artigo do Pastor Lourenço Stelio Rega. Particularmente, tenho batido muito nesta tecla com os membros das igrejas onde tenho trabalhado; muitas pessoas, substituem a fé viva – fundamentada num relacionamento de comunhão com o Senhor Jesus – por meras crendices e frases de efeito do tipo “o sangue de Jesus tem poder!” Um exemplo clássico desse tipo de atitude – como apresento numa das centenas de mensagens à Igreja – é demonstrada na Bíblia pelos “filhos de Ceva”. Paulo estava em Éfeso. A Bíblia conta que “Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais de seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiravam” (Atos 19:11-12). Certo dia, estavam no auditório sete rapazes – filhos de um judeu chamado Ceva – que, notaram e acharam bonito, quando Paulo falava a algum pobre enfermo e dizia: “Em nome de Jesus Cristo de Nazaré, sê curado” – e imediatamente essa pessoa ficava curada. Ao verem isso, eles pensaram que devia algum poder mágico nas palavras de Paulo e decidiram verificar se essa “fórmula mágica”iria funcionar, também, com eles. Foi quando apareceu um homem dominado por um espírito maligno e, cheio de si, um deles gritou para o espírito maligno: “Eu te esconjuro por Jesus a quem Paulo prega” (Atos 19:13). E, em conjunto, todos eles ordenaram para que o espírito saísse. Nada aconteceu! Pelo menos daquilo que eles esperavam. Ao contrário, diz a Bíblia: “o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” (Atos 19:15). Em seguida, o endemoninhado saltou sobre eles, “subjugando a todos” (Atos 19:16), rasgando-lhes as vestes e dando-lhes um surra. Os sete rapazes apanharam feio e, diz a Bíblia, tiveram que fugir apavorados – nus e feridos. Naquele dia, aprenderam uma lição que todos os cristãos – em especial, os meros crentes – deveriam aprender: Nunca deveriam usar o nome do Senhor Jesus como se ele fosse um talismã, amuleto ou palavra mágica! Aliás, não existe nenhuma garantia de vitória neste nome para aquele que não esteja ligado intimamente à Pessoa a Quem este Nome representa! Prova disso é que o diabo temia (e teme) a Jesus, respeitava a Paulo, mas não tinha nem um pouquinho de medo dos sete filhos de Ceva. Cristão “postiço”, de fachada, nem o diabo respeita!