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postado em: 29/5/2008
Significado de “Mortos Para a Lei” Qual o significado de “morto para a lei” de Romanos 7:4 e 6? Haveria, quem sabe, três opções para entender este verso, sendo duas ilógicas e uma somente que faz sentido: a) “morto para a lei” significaria que não se precisa mais obedecê-la em 100%. Todos os seus mandamentos não devem ser mais respeitados b) “morto para a lei” significaria que não se precisa obedecer apenas UM de seus mandamentos. A obediência a nove deles é ainda exigida e obedecê-los não significa ser “morto para a lei”. Para muitos da linha dispensacionalista/antinomista de interpretação, a opção “b)” certamente é a favorita, embora a falta evidente e óbvia de lógica nesse raciocínio se apresenta em toda a sua força para qualquer observador mais arguto. Pois como o “morto para a lei” significa dispensa da necessidade de obedecê-la se ainda nove de seus mandamentos devem ser obedecidos? A pessoa “morre” só para 10% dela? Como é isso? c) É claro que a declaração de Paulo deve ser entendida em todo o contexto de sua discussão sobre a questão da lei X graça, fé X obras, justificação e santificação. Essa metodologia de tomar um texto isolado e fazer disso um “cavalo de batalha” já está mais do que desmoralizada, mas parece que alguns não conseguem perceber isso. Vejamos o que diz Rom. 6:11: “Assim também, vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus”. Interessante o paralelo: devemos estar “mortos para a lei”, mas também “mortos para o pecado”. Sendo que “pecado é transgressão da lei” (1 João 3:4), como se pode entender isso? O verso 12 esclarece tudo: “Não reine, portanto, O PECADO [não a lei] em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões”. Então se há alguma coisa que NÃO DEVEMOS OBEDECER não é a lei ou algum mandamento dela contra o qual resolvamos discriminar, e sim as paixões do pecado. Daí que Paulo mais adiante esclarece: “Porque O PECADO não terá domínio sobre vós [não é a lei. . .], porque não estais debaixo da lei, e, sim, da graça” (Rom. 6:14). Paulo usa a ilustração da lei do casamento falando de como uma mulher casada está sujeita ao marido até que ele morra (ver Rom. 7:1-6). Alguns menos avisados tomam este trecho da Bíblia e em vista de certos pressupostos arraigados não entendem nada do seu sentido, um perigo à luz do que Pedro nos diz em 2 Ped. 3:15-17. Daí, saem-se com a esdrúxula tese de que o cristão agora, “casado” com Cristo, não tem nada mais que se preocupar quanto à lei divina. Mas é exatamente o contrário. O “marido” que morreu não é a lei, e sim o velho homem, praticante do PECADO, apontado pela lei, que cumpre exatamente tal papel (ver Rom. 7:7). Agora, diz Paulo, “servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra” (Rom. 7:6), o que se ajusta maravilhosamente com o que ele fala da obediência sob o Novo Concerto—não segundo a letra das frias tábuas de pedra, mas tendo a letra dessa lei das pedras escrita por Deus (completa) nos corações aquecidos pela graça divina (ver 2 Cor. 3:3ss, cf. Heb. 8:6-10). A própria ilustração paulina das “tábuas de pedra” indica que ele ressalta todos o conteúdo daquelas “tábuas de pedra' a ser escrito no coração do crente sob o Novo Concerto. Servimos ao quê? À “justiça”, ou seja, a Deus sendo-Lhe obedientes. Daí que o mesmo Paulo que disse estar morto para a lei (“estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos”—à lei, no que condena o pecador) também proclamou essa lei como “santa, justa, boa, espiritual, prazerosa” (Rom. 7:12, 22, 25) dizendo-se dela “escravo”. E que tal considerar nesse contexto Rom. 8:3 e 4, 7, 8? O cristão que tem o Espírito de Deus o demonstrará, não arranjando desculpas esfarrapadas para livrar-se de um dos mandamentos da lei divina, mas pelo cumprimento da “justiça da lei” em sua vida renovada. O mesmo Paulo declarou que 'a circuncisão em si não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças [mandamento, cf. original] de Deus” (I Cor. 7:19). Noutras duas passagens paralelas, Paulo esclarece: “Porque em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão, tem valor algum, mas a fé que atua pelo amor”. Gál 5:6 “Pois nem a circuncisão é cousa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura” (Gál. 6:15). Então, vemos aqui a harmonia da tese de Paulo: a parte da lei que envolvia ritos e cerimônias não mais tem qualquer peso. Cumpriu o seu papel de apontar ao “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Resta ao cristão “a fé que atua pelo amor”, que é o que caracteriza quem se tornou “nova criatura”. Daí que Paulo também pergunta: “Anulamos, pois, a lei pela fé?” E ele mesmo responde: “Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei” (Rom. 3:31). Quem vive pela fé: a) atua pelo amor (ver Rom. 13:8-10); b) tem uma experiência de nova criatura (2 Cor. 5:17); c) produzirá a justiça da lei em sua vida operada pelo Espírito que confirma [e não anula] a lei (Rom. 8:3, 4). Deve-se ter em mente que quando os leitores primários das epístolas paulinas (sobretudo Romanos) liam suas constantes referências à lei de Deus (ou de Cristo) sabiam que ele fala dessa lei tendo o Decálogo completo como expressão da mesma para os homens (ver Rom. 7:7; 13:8-10; Efé. 6:1-3). Infelizmente muitos dedicam-se a um lamentável exercício de tomar passagens isoladas de sua contextuação para insinuar interpretações fantasiosas que visam a somente servir de pretexto para justificar a negligência de obedecer ao 4o. mandamento da lei divina, mesmo atropelando o texto OFICIAL dos documentos doutrinários normativos de suas próprias igrejas, que reconhecem a validade e vigência do mesmo e sua necessidade de fiel obediência. Autor: Prof. Azenilto Brito.