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postado em: 22/8/2008
O Mistério do Sofrimento Humano
Num documentário da televisão sobre a única fuga bem-sucedida de judeus de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, houve a apresentação de uma conversa entre dois judeus envolvidos no planejamento da fuga. Um disse:
“Nunca matei ninguém antes. Você acha que Deus me perdoará por matar um guarda alemão?” O segundo replicou: “A questão não é se Deus vai perdoar você, mas se posso perdoar a Deus por tudo que temos sofrido.”
Durante séculos os homens têm procurado formular uma explicação racional para o sofrimento humano. Muitas pessoas acham difícil conciliar a existência de um Deus amoroso, onipotente e soberano com a existência do mal e do sofrimento neste mundo. Este dilema pode ser entendido apenas em termos do conflito entre Deus e Satanás.
A origem do sofrimento
O pecado, o mal e o sofrimento humano são todos conseqüências da rebelião de Satanás contra a benigna autoridade de Deus. A Bíblia fala claramente sobre este assunto. Isaías descreve a exaltação própria e queda de Lúcifer e a destruição que ele causou na Terra:
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao Céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. ... Contudo serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, hão de fitar-te e dizer-te: E este o homem que fazia estremecer a terra, e tremer os remos? Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir para suas casas?” (Isaías 14:12-17).
No Apocalipse, lemos sobre a guerra resultante nó Céu e suas terríveis conseqüências para os habitantes da Terra.
“Houve peleja no Céu. Miguel e Seus anjos pelejaram contra o dragão..Também pelejaram o dragão e seus - anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no Céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra e, com ele, os seus anjos. Então ouvi grande voz do Céu proclamando: Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e, a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia, e de noite, diante do nosso Deus. ... Por isso, festejai, ó Céus, e vós os que nele habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Apocalipse 12:7-12).
Tem sido sugerido que Deus, em Sua infinita sabedoria, não destruiu Satanás imediatamente porque deseja que todas as Suas criaturas O sirvam por amor e não por temor. A fim de conseguir isto, Ele precisa permitir que todo o Universo testemunhe os terríveis resultados que inevitavelmente provêm da rebelião contra Sua autoridade.
Deus e o sofrimento humano
O sofrimento humano é uma conseqüência necessária do adiamento da erradicação de Satanás e do pecado do Universo por parte de Deus. Mas Deus está preocupado com o sofrimento humano e toma esse sofrimento sobre Si.
Como disse o comentarista bíblico Paul Tillich: “A cruz é a manifestação central da participação de Deus nos sofrimentos do mundo.” Esta atitude amorosa por parte de Deus para com o sofrimento humano é vivida- mente retratada na Bíblia. Note o seguinte: antes de ressuscitar Lázaro, “Jesus chorou” S. João 11:35. Certa escritora disse que Jesus chorou não apenas por Lázaro, mas por todos aqueles que perderiam seus entes queridos através dos séculos.
Falando da experiência dos filhos de Israel, o profeta Isaías escreveu: “Em toda a angústia deles foi Ele angustiado, e o anjo de Sua presença os- salvou; pelo Seu amor, e pela Sua compaixão Ele- os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade” (Isaías 63:9).
Citando o profeta lsaías no que diz respeito a nossas doenças, Mateus escreveu que Cristo “Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” (Mateus 8:17).
Como lidar com o sofrimento
Aceitar o sofrimento humano não é fácil. Mas a Bíblia pode dar-nos conforto e uma perspectiva saudável. Primeiro, precisamos lembrar- nos que Deus é soberano neste Universo. Como disse o salmista: “No Céu está o nosso Deus; e tudo faz como Lhe agrada” (Salmo 115:3).
Uma vez que nos curvemos ante a soberania de Deus e aceitemos que Ele está no controle de tudo, podemos aceitar o fato de que todas as Suas decisões são corretas. Podemos então confessar, como o salmista, que “os juízos dó Senhor são verdadeiros, e todos igualmente justos” (Salmo 19:9).
Jó e a soberania de Deus
Depois do sofrimento de nosso Senhor Jesus Cristo, a história de Jó é o exemplo máximo do sofrimento pessoal humano e da submissão à soberania de Deus. É-nos dito que, depois de Jó receber em rápida sucessão as desastrosas notícias da morte de todos os seus filhos e da perda de todo o seu rebanho, “Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, e lançou-se em terra e adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo isso Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma” (Jó 1:20-22).
E com inequívoca submissão, exclamou: “Ainda que me mate, nEle esperarei” Jó 13:15 (Almeida Revista e Corrigida).
Contudo, quando Jó ainda tentou arrazoar com o Todo-poderoso, Deus lembrou a Jó que Ele era soberano e desafiou Jó a fazer o que Ele estava constantemente fazendo. “Ou poderás tu atar as cadeias do Sete-Estrelo, ou soltar os laços do Órion? Ou fazer aparecer os signos do Zodíaco, ou guiar a Ursa com seus filhos?” (Jó 38:31 e 32).
O Sete-Estrelo, ou as Plêiades, são um grupo de sete estrelas visíveis a olho nu, mas um grupo de várias centenas de estrelas Quando vistas com um telescópio. É o poder de Deus que ata e mantém todas aquelas estrelas se movendo juntas em sua rota através do espaço.
Os laços do Órion são três estrelas no cinto daquele poderoso caçador, que, neste momento da eternidade, por acaso estão numa linha reta. Mas cada estrela na realidade está-se movendo numa direção diferente.
Os signos do Zodíaco representam suas doze constelações, cada uma aparecendo num mês particular do ano. A Ursa viaja tão rápido que é considerada uma estrela errante.
É o poder soberano de Deus que torna todos esses colossais fatos possíveis.
Em resposta à magnífica demonstração que Deus fez de Seu poder, Jó respondeu: “Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:5 e 6).
O livro de Jó nos fala da soberania de Deus, da atividade de Satanás em causar o sofrimento um ano, e da atitude adequada que devemos ter para com Deus em tempos tanto de prosperidade quanto de adversidade.
Autor: Emerson A. Cooper
Fonte: Decisão, Outubro de 1991