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postado em: 11/9/2008
A Importância da Disciplina
A Chave da Bênção de Deus
Eu detestava apanhar quando era pequeno. Não estou falando de explosões de ira, violência ou espancamento praticados por um pai. Estou me referindo àqueles momentos de disciplina comedida, intencional e deliberada com que meu pai me corrigia.
Sempre que eu fazia algo errado e ele achasse que eu merecia apanhar, havia um procedimento-padrão: eu era levado até seu quarto e, ali, ele sentava-se na cama, ao meu lado, e conversava comigo sobre o que eu fizera. Se eu não conseguisse convencê-lo de que fora algum tipo de mal-entendido ou um simples deslize, o próximo passo era me dizer quantas cintadas eu iria levar.
Com freqüência, antes de começar a me bater, ele dizia algo que, na época, eu não acreditava: “Filho, isso vai doer mais em mim do que em você”.
Não dava para entender, uma vez que era eu quem seria atingido por sua larga cinta de couro. Dentro de mim, era freqüente o pensamento: “Tudo bem, pai, se o senhor realmente se sente assim, vamos então trocar de lugar e eu lhe dou as cintadas”.
Mas posteriormente entendi quanto bom fruto foi produzido como resultado da correção aplicada por meu pai. Comecei a ver que a sua disciplina em minha vida me ajuda ainda hoje de inúmeras formas.
Ao olhar para o caráter cristão produzido em mim e para o estilo de vida estável e produtivo no qual fui criado e ensinado a viver, agradeci a Deus por ter um pai natural que se importava comigo o bastante para me bater – mesmo quando às vezes doesse tanto nele fazê-lo.
Deus também nos disciplina de forma parecida. Como um pai terreno amoroso, nosso Pai celeste nos corrige para o nosso próprio bem. Seu objetivo não é nos ferir, magoar ou humilhar, mas desenvolver em nós um coração que o busque de verdade.
Assim como nossos pais naturais, o Senhor quer nos corrigir e ensinar através de momentos de dificuldade, provações e adversidades. O seu propósito nestas situações é nos fortificar e ensinar a depender dEle como a fonte de nossa força e para desenvolver em nós pureza e retidão.
A Palavra de Deus nos garante que o Senhor somente disciplina aqueles que considera seus verdadeiros filhos e filhas. Da mesma forma, meu pai não saía por aí dando cintadas nos filhos dos outros: ele disciplinava apenas a seus próprios filhos. Isso é algo sensacional. A correção que vem de Deus é uma verdadeira bênção! É um sinal de que Ele nos considera verdadeiramente seus.
Dons e unção não são o principal sinal da presença e do favor dEle, mas sim o fato de que nos ama o bastante para nos corrigir quando precisamos, a fim de nos manter no caminho certo. Com certeza, todo momento passageiro de correção dói. Mas o propósito de Deus não é que vivamos o tempo todo sendo repreendidos: a disciplina do Senhor vem num momento e apenas tem de se estender ou ser repetida quando a evitamos ou não aprendemos com ela.
Da mesma maneira como, ainda menino, tive de aprender a confiar em meu pai, mesmo quando não concordava com ele, comecei a aprender a confiar no Senhor. Muitas vezes, no fundo do nosso coração, temos medo de acreditar nas boas intenções que o Senhor tem para nós. Temos receio de entregar tudo a Deus porque achamos que Ele vai nos fazer sofrer. Mas tenho aprendido na Palavra que, mesmo quando os outros nos desejam o mal, o Pai do céu sempre tem em mente o alvo maior de nos abençoar.
Para crescer espiritualmente, temos de acreditar de verdade que Deus está do nosso lado e que, não importa o que aconteça, o texto de Romanos 8.28 foi escrito para nós: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito”.
Algo fantástico em aprender a confiar em Deus dessa maneira é que começamos a perceber que, quando confiamos no Senhor e descansamos, o final será ótimo. Talvez o desenrolar das coisas não seja exatamente como imaginamos, mas com certeza o fim será fantástico.
O fim de nossa história, com suas dores e provações, não é escrito pelas circunstâncias, por outras pessoas, por Satanás ou por nossas próprias qualidades ou fraquezas – o fim da nossa história está nas mãos de Deus. E os planos dEle para nós não são de mal!
Hoje entendo que, quando enfrento problemas, não preciso ficar ansioso, mas posso relaxar, sabendo que Deus quer me abençoar, mesmo que as circunstâncias que me cercam pareçam terríveis. Se mais cristãos pudessem enxergar essa verdade, não desistiriam em meio às provações nem seriam derrotados. Seriam capazes de perseverar, mesmo quando as coisas parecessem desencorajadoras, finalmente percebendo que a própria atitude de perseverança é exatamente o que Deus espera ver sendo gerado em nós, antes de nos liberar para o nível seguinte de sua glória.
Quando aprendemos a lição que o Senhor quer nos ensinar, somos liberados para seguir em frente. O alvo de Deus é nos levar a uma posição em que precisaremos cada vez menos de correção e começaremos a produzir “o fruto de justiça e paz” citado em Hebreus 12.11. Ele quer que desfrutemos da colheita de muitos frutos e bênçãos que Sua pureza e justiça – desenvolvidos pela disciplina – nos farão experimentar.
Precisamos estar dispostos a acreditar que esta verdade se aplica à nossa própria vida e a confiar em Deus. A vontade dEle é o melhor para nós, não importa o quanto as circunstâncias estejam difíceis ou quanto a disciplina seja dolorosa no momento. Agindo assim, estaremos bem próximos de encontrar a chave da bênção de Deus.
Autor: Gary Haynes, pastor, escritor e diretor do Seminário Cristo para as Nações e da Editora Atos
Fonte: Eclésia, Edição 105.
Nota do Editor IASD Em Foco:
Fantástico este pequeno artigo do Pastor Gary Haynes sobre a disciplina! Quando tantos líderes religiosos andam aí pregando um falso evangelho (secundado meramente de bênçãos materiais: Riquezas, propriedades, status, saúde, etc.), ele nos reafirma a certeza de que “a chave da bênção de Deus” passa inevitavelmente pelo caminho da disciplina cristã. Como nos lembra Paulo, na carta aos Hebreus, Deus “nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hebreus 12:10-11*). Sempre que eu leio esta passagem, principalmente a parte assinalada, eu entendo as palavras sábias do Sr. Eduardo Lira: “Estou disciplinando-o porque não quero que, mais tarde, você vire um bandido ou marginal...” Infelizmente, foi isso o que aconteceu com a maioria dos meus colegas de bolinha de gude, pipa e pião: 70% deles morreram nos presídios, no tráfico ou em troca de tiros com a polícia; uns 10 a 15% não sei onde foram parar, que fim tiveram... É por isso que digo: É melhor ser castigado por Deus do que ser recompensado pelo Diabo! A disciplina que nos vem de Deus é SEMPRE para “aproveitamento”, é um treinamento na santidade.
* Vale a pena ler, refletir e pregar – constantemente – sobre todo o texto compreendido por Hebreus 12:4-13.