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postado em: 2/10/2008
A Alegoria das Duas Alianças Objeção: A alegoria de Paulo sobre as duas alianças em Gálatas 4 prova que não temos nada a ver com lei na dispensação cristã. NO CAPÍTULO 4 DE GÁLATAS, PAULO RELEMBRA QUE ABRAÃO TEVE DOIS FILHOS. DEPOIS DE RELATAR OS INCIDENTES DO NASCIMENTO DE Ismael à escrava Hagar e o nascimento de Isaque à mulher livre, Sara, o primeiro nascido “segundo a carne”, o segundo “mediante a promessa”, Paulo diz: “Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Hagar. Ora, Hagar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe.” Gál. 4:24-26. Deus tinha prometido um filho a Abraão. Ele creu na promessa, e o Senhor lhe imputou isso “para justiça.” Gên. 15:6. Essa promessa tinha profundo significado para Abraão, porque Deus também lhe havia prometido: “Na tua descendência [Cristo] serão abençoadas todas as nações da terra.” Gên. 26:4 (veja 12:3). Mas a fé do patriarca e de sua esposa Sara, por tanto tempo sem filhos, evidentemente fraquejou. Ela o encorajou a tomar Hagar por mulher e, desse modo, suscitar semente. Mas o Senhor lhe disse que Ismael, nascido dessa união, não era o cumprimento da promessa divina de um filho e que a promessa ainda seria cumprida. Adaptando esse incidente histórico à experiência dos cristãos da Galácia, que estavam tentando assegurar a promessa celestial de salvação por suas próprias obras — “guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gál. 4:10) —‘ Paulo diz que aqui há uma “alegoria”, uma descrição figurativa das “duas alianças”. Na alegoria, Hagar representa o Sinai. Ela era uma escrava e seus filhos estariam, portanto, na mesma condição de escravidão. Ela também “corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos”. Do monte Sinai veio a antiga aliança. Como se pode afirmar que a velha aliança “gera para escravidão”? Todos os comentaristas da Bíblia, juntamente com o apóstolo Pedro, concordam que nosso irmão Paulo escreveu algumas coisas difíceis de entender, e o livro de Gálatas ilustra este fato. Mas cremos que de duas maneiras a velha aliança poderia ser considerada como levando à escravidão. 1. O ritual cerimonial de numerosos sacrifícios, dias de festa e coisas semelhantes pelo qual os israelitas deviam expressar seu desejo de libertação do pecado (a transgressão da lei moral) tendia a se tornar mais e mais um fardo intolerável, à medida que os rabinos acrescentavam detalhes e multiplicavam o ritual. No concílio de Jerusalém, os líderes cristãos consideraram pela primeira vez de maneira formal a contenda de certos judeus que declararam que era “necessário” circuncidar os conversos gentios e “determinar- lhes que observem a lei de Moisés”. Diante disso, Pedro respondeu: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?” Verso 10. A pergunta parece correr paralelamente àquela que Paulo faz aos gálatas: “Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.” Gál. 4:9 e 10. Aqui está, é óbvio, uma “escravidão” suficiente de prover uma interpretação razoável das palavras de Paulo acerca da aliança sinaítica que gera para escravidão. The Pulpit Commentary bem observa sobre Gálatas 4:25: “A vida religiosa do judaísmo consistia de uma obediência servil a uma lei de cerimonialismo ao pé da letra interpretada pelos rabinos com uma infinidade de regras excessivamente minuciosas, cuja exata observância era imposta sobre a consciência de seus devotos como a essência da verdadeira piedade.” 2. A lei moral, fundamental para a antiga e a nova aliança, pode ser considerada como levando o homem para escravidão se ele procurar guardar a lei em sua própria força. “A lei suscita a ira”, diz Paulo. Rom. 4:15. Por quê? Paulo explica: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri.” Rom. 7:9. E quando a pessoa está morta em pecado é ela livre? Outra vez Paulo fala: “Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?” Rom. 6:16. Ora, como poderiam aqueles de quem Paulo estava falando — “Jerusalém atual ... com seus filhos” — ter esperança de escapar da sua escravidão? A resposta é: mudando-se da velha para a nova aliança. Em contraste com aqueles que estão “em escravidão”, Paulo diz em sua alegoria que “a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe”. Em Hebreus, Paulo também emprega essa figura: “Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente ... mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.” Heb. 12:18-24. Sem fazer uma análise detalhada das figuras de linguagem, que nos levaria além do alcance da questão específica em debate (a perpetuidade do Decálogo), podemos simplesmente dizer que aqui Paulo busca descrever a situação daqueles que estão sob “a nova aliança”. Já vimos que sob a nova aliança a lei de Deus é escrita em nosso coração. Nesta mesma passagem de Hebreus, Paulo esclarece, por uma série de contrastes e comparações, que a obediência à voz de Deus é ainda de importância preeminente: [Coluna 1] “Não tendes chegado ao fogo palpável e ardente [do Sinai].” “Ao fogo palpável.” [A Moisés, o mediador da velha aliança.] “E ao som de palavras” (a voz de Deus, ordenando obediência). “Se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem... os advertia sobre a terra.” [Ao sangue da aspersão de sacrifícios animais como Abel ofereceu muito tempo antes.] “Cuja voz abalou, então, a terra.” [Coluna 2] “Tendes chegado ao monte Sião... a Jerusalém celestial.” “Nosso Deus é fogo consumidor.” “A Jesus, o Mediador da nova aliança.” “Tende cuidado, não recuseis ao que fala.” “Muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos Céus nos adverte.” “Ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel” (o sangue de Cristo). “Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu.” Porque estamos sob a nova aliança por nosso ato de fé em aceitar a promessa de Deus de escrever Sua lei em nosso coração, não mais somos “por natureza, filhos da ira, como também os demais”. Efés. 2:3. Somos os filhos da promessa. A figura é apropriada. Tornamo-nos filhos de Deus pelo sacrifício de nosso Senhor, e aceitando pela fé a promessa de Deus da relação de uma nova aliança. Isaque também era um filho da promessa, uma resposta a um ato de fé da parte de Abraão. Mesclando as duas idéias, Paulo chega realmente ao clímax de sua alegoria com estas palavras: “Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.” O ato de fé de Abraão em crer na promessa de Deus foi-lhe imputado para justiça. Nosso ato de fé em crer na promessa de Deus nos é imputado para justiça. Esta é a maneira de adquirirmos a verdadeira justiça, a justiça da nova aliança. E por que fez o Senhor Sua promessa a Abraão? “Porque Abraão obedeceu à Minha palavra e guardou os Meus mandados, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis.” Gên. 26:5. E como são descritos aqueles que literalmente estão esperando ser arrebatados para “a Jerusalém lá de cima”? Aqui estão “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apoc. 14:12. Não. As palavras de Paulo em Gálatas não ensinam libertação da lei de Deus. Elas ensinam libertação da escravidão do pecado, libertação da transgressão da lei de Deus, através de Jesus Cristo e a relação da nova aliança. Fonte: Francis D. Nichol, Respostas a Objeções, págs. 62-66.