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postado em: 7/9/2012
A Tribo de Dã e os 144 MIL
O REINO DA GRAÇA
A cidadania no reino de Deus é determinada, não por genealogia, mas pelo caráter: "Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1:12, 13). "Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão" (Gl 3:29). "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, porém, judeu é aquele que o é interiormente" (Rm 2:28, 29).
Pode-se concluir, portanto, que aqueles que fizerem parte dos 144 mil do apocalipse pertencerão a essas "tribos espirituais" (Ver Ap 7:4-8). Cada tribo de Israel teve sua experiência pessoal, e representa o caráter dos filhos de Deus. Essa divisão tribal continuará no estado redimido, no reino da glória.
É de máxima importância perceber que as características das doze tribos se delineiam nas Escrituras em dois lugares: O primeiro em Gênesis 49, onde Jacó, sob a influência do Espírito de Deus, disse aos filhos os seus traços de caráter; e o segundo em Deuteronômio 33, onde Moisés, sob a mesma inspiração, revelou as características das tribos. O estudo dessas qualidades tribais nos permite analisar, com certa precisão, o caráter dos antigos membros do reino bem como o dos atuais do reino da graça e, por consequência, o caráter dos redimidos do reino da glória.
A AUSÊNCIA DA TRIBO DE DÃ
Numa leitura minuciosa em Apocalipse 7:4-8, percebe-se algo interessante, existe entre os filhos de Jacó uma ausência, uma das tribos não é mencionada, e essa é a tribo de Dã. Efraim está presente sob o nome de José, seu pai. Mas o que será que ocorreu de tão terrível que deixou Dã e toda a sua comunidade fora do "selamento do Deus vivo?"
A história bíblica registra em Levítico 24:11 que a primeira mulher que blasfemou o nome de Deus era da tribo de Dã. Os danitas foram os primeiros a levantar para si um imagem de escultura, conforme indica Juízes 18:30. Outrossim, a comunidade de Dã foi a primeira a fazer dois bois para o serviço de adoração (1Rs 12:28-30). Mas, por que Dã não aparece entre os 144 mil selados em Apocalipse 7:4-8?
O MAIOR PECADO DE DÃ
Disse Jacó: "Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel" (Gn 49:16). Nesta declaração inspirada vê-se a outorga de um valioso dom: a habilitação para ser Juiz. "Isso exige uma penetrante visão da natureza humana, uma exata percepção do direito e do erro, são juízo, um caráter decidido. Dã sobressai, perspicaz, varonil, alerta, judicioso."¹
A Dã foi dada a percepção para discernir entre o bem e o mal, mas invés de usar esse dom para ajudar os demais, pelo contrário, fez uso dele para denegrir e espalhar a maledicência. Diz a Bíblia: "Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os talões do cavalo, e faz cair o seu cavaleiro por detrás" (Gn 49:17).
A imagem usada neste texto é muito forte, traiçoeira e nos conduz à pessoa maledicente: o boateiro, o explorador de escândalos, o crítico contumaz, o murmurador. "Sabe-se que essa tentação de criticar e achar defeitos vem mais fortemente aos homens e às mulheres de vistas penetrantes e animados de desígnios elevados! Não é o simples, dorminhoco papa-sermões, que mais experimenta: é o discípulo alerta, de mais fina sensibilidade, e desejo de progresso, a quem sobrevém mais intensamente a tentação de criticar."²
É importante afirmar que essa tendência e essa tentação, como de outras faltas e boas qualidades, todas as tribos compartilham. Porém, a marca característica de cada tribo é aquela que obviamente nela prevalece. E em Dã, é o julgamento degenerado para a crítica. "Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei; o que tem olhar altivo e coração soberbo, não o suportarei" (Sl 101:5. Aqueles que mordem por trás serão destruídos! Não estarão no Monte de Sião.
É de péssima lembrança o fato de que Dã veio a ser famosa em Israel como tribo idólatra (Am 8:14). Em Laís, longe de sua pátria, na época da divisão de Israel (Jz 18), que os danitas adquiriram pelas forças de suas armas, dando-lhe o nome de “Dã”, instalaram ali suas imagens de fundição e de escultura, atraíram as tribos vizinhas para adorar com eles.
O termo idólatra é formado por dois radicais gregos: eidolon (corpo; ídolo) e latreia (adoração). Esse vocábulo refere-se à adoração ou veneração aos ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um propósito mais amplo, pode indicar a adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que Lhe diminua a honra que, de direito, Lhe pertence.
A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado, e, em vez de se submeterem ao Criador, em algum sentido submetem-se a valores representados por aquela imagem. Pode-se fazer da auto-glorificação, um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais. E o pior: pode-se criar uma versão teísta de organização eclesiástica (Ver Jr 7:4).
Em síntese, pode-se afirmar que idolatria é o culto das qualidades humanas, processo pelo qual o indivíduo adora a si mesmo, convertendo-se na nascente da crítica. As características dos 144 mil estão no Salmo 15, e que Tiago chama de “varão perfeito” o seu possuidor (Tg 3:2). “O falar mal é uma dupla maldição, caindo mais pesadamente sobre quem fala do que sobre quem ouve. Aquele que espalha a semente da discórdia, ceifa em sua própria alma os frutos mortais. Quão miserável é o mexeriqueiro, o que suspeita mal! É uma criatura alheia à verdadeira felicidade.”³
A PROVA SUPREMA
Reportando-se ao clímax da tribo de Dã, o erudito pastor Arthur W. Spalding assim se exprimiu: “Deus lidou com Dã da mesma maneira que fazia com todas as outras tribos, buscando sempre desviá-la de seu mal para a verdadeira missão que lhe cabia em Israel, até que chegou o tempo em que a prova suprema foi dada a todas as tribos, na pessoa de seus futuros cabeças, os doze apóstolos.
“E aí estava o líder da tribo de Dã, arguto, alerta, melhor preparado que a maioria de seus companheiros. Podia ver facilmente os defeitos de seus irmãos, e assim fazia. Pedro era demasiadamente impetuoso; João, primeiro era excessivamente apaixonado, e depois muito manso; Tomé era cheio de caprichos; Mateus, muito avarento; Tiago demasiado tardio, e Filipe por demais falto de senso prático. Nenhum que não tivesse faltas terríveis, senão ele, Judas Iscariotes. Suas qualidades o elevavam acima do rebanho comum; ele merecia ser o primeiro do reino. Bastaria que se pusessem em prática seus métodos, e o reino seria conquistado bem mais prontamente.
“E tão convencido ficou ele de seu próprio mérito, tão cultuador de dinheiro,posição e poder, que planejou contra o próprio Senhor Jesus. Formou uma conspiração para trair seu Senhor, raciocinando que, levado a uma perigosa situação, Jesus nunca permitiria que O aprisionassem, mas revelaria Seu poder divino e proclamar-Se-ia rei; e então, com a revelação da parte de Judas em provocar aquela crise, seguir-se-ia a recompensa.
“Sabeis o que lhe aconteceu. O traidor viu seu Senhor ser condenado à morte; viu seus condiscípulos desgarrados, dispersos, em desespero; viu seus próprios planos caírem por terra. Então foi e se enforcou.
“Não foi ele a verdadeira cabeça da tribo de Dã? Com ele pereceu a derradeira esperança de salvação de Dã. Não que os descendentes carnais dessa tribo não pudessem se salvar, mas na ressurreição hão de pertencer a outra tribo. Porque Dã, ao contrário dos demais, foi vencido em lugar de vencedor, e será para sempre apagado.” 4
TANTOS DEUSES, E NENHUMA ESPERANÇA
O caráter do cidadão do reino da graça está sendo forjado num tempo no qual o culto à criatura ocupa o lugar do culto ao Criador, chamado de paganismo tecnológico. De acordo com o pensador francês Edgar Morin, Hollywood, no mundo atual, substitui o antigo Olimpo, onde os gregos acreditavam ser a habitação dos seus deuses.
Este novo paganismo que interfere na relação entre Deus e o ser humano, somado à descrença na promessa bíblica da vida eterna, no Céu, produz, na sociedade moderna, a valorização do o aqui e o agora; em detrimento à bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tt 2:13). Os deuses do presente século podem trazer boas sensações, mas não são capazes de conceder a recompensa prometida pelo verdadeiro Deus. “Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2:17).
MALEDICÊNCIA: COMIDA FINA
“As palavras do maldizente são comida fina, que desce para o mais interior do ventre” (Pv26:22). A maledicência visa diminuir a imagem da outra pessoa e chamar atenção para si. Assim fez a serpente com Adão e Eva no jardim do Éden, maldizendo o Senhor e colocando dúvida nas Suas palavras, diminuía a imagem de Deus perante eles (Gn 3:1, 4, 5).
A maledicência é um pecado tão saboroso, tão irresistível, que veio a nomear o primeiro pecador: surgido no céu, atuante na terra e destinado ao “lago de fogo”. Satanás é denominado o caluniador, o difamador, o maledicente (Ap 12:10). Percebe-se que o ser mais vil do universo tem seu prato predileto, sua “comida fina”: a calúnia, a maledicência.
O CAMINHO PARA A EXCELÊNCIA
“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18). A promessa de Deus para o cidadão do reino da graça é iluminar sua vida até que se torne como o sol em seu zênite, ou seja, sua vereda é um caminho para a excelência. Ao nos resgatar, Deus inicia um processo de transformação cujo modelo é Cristo Jesus.
Entender como Deus trabalha nossa redenção, pode ser a diferença entre alcançar a “estatura de varão perfeito” (Ef 4:13), ou abortar o processo de crescimento por achar que Deus não está sendo efetivo conosco. A decisão pela excelência é instantânea, mas a consumação dela é fruto de toda a nossa existência (Fp 3:12-14).
O Sol do meio-dia não é aceso com o clicar de um botão, mas o dia vai clareando gradativa e lentamente até que o brilho dele alcance todo o seu resplendor. Deixe Deus operar, com constância, em sua vida. Procure não perder terrenos já conquistados. Permaneça em direção ao alvo, pois Ele é fiel para terminar a boa obra que começou em sua vida.
Pastor Vagner Alves Ferreira
Jubilado – Associação Norte Paranaense/IASD
Referências
1. Arthur W. Spalding, Irmãos do Rei, p. 45.
2. Ibid., p. 47
3. Ellen G. White, Testimonies, vol. 5, 167 – 170.
4. Arthur W. Spalding, Irmãos do Rei, p. 49, 50.
Nota do Editor
Parabéns Pastor Vagner Alves Ferreira, pelos excelentes artigos com que tem nos brindado e aos nossos amados leitores! Aproveito para enfatizar que, da mesma forma como aconteceu com o Pastor Vagner: Enviou-nos artigos para apreciação com vistas à postagem em nosso portal, estamos aqui abertos à “publicação” de bons artigos teológicos provenientes de pastores, teólogos, líderes eclesiásticos ou membros de igreja – adventistas ou não-adventistas – desde que ressalvados os critérios de qualidade e coerência bíblica. Em tempo, o nosso portal vem tendo a média diária de mais de 20.000 visitas (isso mesmo: Mais de 20 mil acessos!!!); com picos, segundo a Locaweb de mais de 30.000 visitas/dia [estamos falando de pessoas, não de páginas visitadas]. Obrigado a todos os colaboradores e a vocês que elegeram o IASD Em Foco como “o meu portal predileto”! A você nossa garantia: Vamos melhorar... Deus seja louvado, a Ele toda a glória!