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postado em: 21/5/2013
Instrumentos de Deus
por: Pr. Nilson Dimarzio
“Este é para mim um instrumento escolhido” (Atos 9.15).
Apos a conversão de Saulo, na estrada de Damasco, o Senhor incumbiu a Ananias de instruir o neo-converso em seus primeiros passos de vida cristã. Mas, Ananias, a priori, mostrou-se temeroso de atender ao mandado, tendo em vista a vida pregressa de Saulo (vs. 13 e 14). Mas, o Senhor o encoraja dizendo-lhe: “Vai, porque este para mim é um instrumento, para levar o meu nome perante os gentios, os reis e os filhos de Israel”. Saulo, que depois se chamou Paulo, foi um instrumento escolhido por Deus. Seu ministério foi, sem dúvida, dos mais profícuos. As três grandes viagens missionárias que realizou, e as treze epístolas que escreveu por inspiração divina e que se encontram no Novo Testamento, em muito contribuíram e ainda contribuem para o crescimento do reino de Deus, pois, até os nossos dias, milhões de pessoas são abençoadas pelo ministério do grande apóstolo.
Nós, os servos de Deus, também somos, ou devemos ser instrumentos de Deus. Ele deseja usar as nossas vidas na realização do seu projeto para salvação do mundo perdido, e para a edificação dos salvos, de tal modo, que o nome de Jesus Cristo seja glorificado. Mas, para tanto, há alguns requisitos a serem preenchidos.
Tomemos como ilustração um instrumento musical como o violino, para compreender quais sejam tais requisitos para que alguém possa ser usado por Deus com eficiência. Em primeiro lugar, o instrumento deve estar limpo, para que possa ser utilizado.
O violino é o meu instrumento. Há longos anos o tenho usado, em apresentações em teatros, estações de rádio, em orquestras sinfônicas, mas especialmente nas igrejas, em conferências em todo este Brasil e fora dele; em Assembleias convencionais e em vários Congressos, ao ponto de ser conhecido em alguns lugares como “o pastor do violino”. Na verdade, a música tem sido de imenso valor no meu ministério, como ajuda poderosa na evangelização e para conforto espiritual de muitas pessoas. Ora, eu não poderia utilizar o instrumento se ele estivesse sujo, manchado ou empoeirado. Há de minha parte a preocupação de mantê-lo sempre limpo para cada apresentação em público.
Semelhantemente, Deus não pode usar uma vida que não esteja purificada. A pureza espiritual se impõe como pré-requisito a todo aquele que deseja ser usado por Deus, seja no ensino da Palavra, na pregação, no testemunho da fé diante de pessoas não salvas, enfim, para cumprimento da missão de sal da terra e luz do mundo. São inúmeros os textos bíblicos que preconizam a purificação espiritual. O profeta Isaías, assim se dirige, em nome de Deus, aos falsos adoradores: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos” (Isaías 1.16). E Paulo recomenda ao jovem pastor Timóteo: “Foge também dos desejos da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, de coração puro invocam ao Senhor” (II Timóteo 2.22). E o escritor do Eclesiastes: “Em todo o tempo sejam alvos os teus vestidos” (Eclesiastes 9.8).
Temos uma ilustração desse empenho do crente pela pureza espiritual, na caça do arminho. Este animal cujo pelo é muito branco, é caçado de uma maneira interessante e singular: com um cerco de lama. O pobre animalzinho prefere morrer a manchar a sua brancura. Assim deve o servo de Deus detestar o pecado e resistir ao Diabo para não manchar o seu caráter cristão.
Em segundo lugar, o instrumento deve estar afinado. Se estiver desafinado não produzirá boa música. E para que esteja bem afinado usa-se o diapasão. Ou, se vamos tocar numa orquestra ou acompanhados por outro instrumento, o nosso deve estar afinado com o que nos vai acompanhar, para que a música seja agradável aos ouvidos mais sensíveis.
Como instrumentos de Deus, precisamos estar afinados com o diapasão divino que é a Bíblia, a revelação de Deus para as nossas vidas. Por isso que quanto mais assimilarmos os ensinamentos da Escritura Sagrada, mais estaremos em condições de saber ou de perceber se estamos realmente afinados com o nosso Pai ou se estamos levando a vida cristã de maneira descuidada, sem uma relação íntima com o Senhor que é Santo e exige santidade dos seus escolhidos; “Sede santos como eu sou santo” (I Pedro 1.15).
Infelizmente há muitos que estão afinando suas vidas pelo diapasão do mundo, e encaram a vida cristã de forma equivocada, talvez por não serem realmente convertidos, mas apenas convencidos a respeito da verdade evangélica, mas sem uma experiência de genuína conversão. Mas, aqueles que desejam com sinceridade d’alma agradar a Deus e viver em consonância com o plano divino, não podem amar o mundo e viver de acordo com a filosofia dos inimigos da fé. Vem a calhar o ensino do apóstolo João: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo” (I João 2.15-16). E Paulo admoesta: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.1-2).
Em terceiro e último lugar, o instrumento deve estar nas mãos do executante para que atinja seu desiderato. Um instrumento pode ser de boa qualidade, mas enquanto permanece numa vitrine, ou dentro de um estojo, não cumpre o seu papel. Tenho visto em algumas residências ou em casas de colecionadores, belos instrumentos fixados nas paredes, mas deste modo não atingem o seu objetivo que é produzir música. Em visita ao Museu Imperial de Petrópolis podemos ver numa vitrine um belo violino que pertenceu ao Imperador Dom Pedro II. Mas, neste caso, tais instrumentos têm valor apenas decorativo.
Pelo que se observa, há pessoas cuja espiritualidade tem um caráter semelhante. São crentes, membros de igreja, pessoas de boa reputação, exemplares na conduta e no relacionamento social, mas que são semelhantes a um violino exibido numa vitrine: bonito de se ver, mas não produz nenhum som, não atinge o seu objetivo. São vidas salvas pela graça de Deus, mas ainda não consagradas ou santificadas no altar do Senhor. Falta-lhes uma dedicação maior, consagrando ao serviço do Senhor os seus dons espirituais e talentos ao bem da causa do evangelho, vale dizer, ao bem das almas ainda perdidas e desesperançadas, sem o conhecimento e aceitação de Cristo como Salvador e Senhor.
Há tempos, um violino estava sendo oferecido em leilão ao ar livre. Porém, os lanços que surgiam por parte dos assistentes eram diminutos: cinquenta, cem reais ou pouco mais. Mas, eis que se aproxima do grupo um exímio violinista que, com a permissão do leiloeiro, passou a tocar aquele instrumento para o qual ninguém dava muito valor. E, ao fazê-lo de forma deslumbrante, executando maravilhosas músicas do seu repertório, foi calorosamente ovacionado por todos os presentes e, a partir daí, os lances foram subindo, subindo, até que o violino foi arrematado por um milhão de reais! O que motivou aquela valorização do referido instrumento foi o fato de ter sido usado nas mãos de um competente artista.
Assim é a nossa vida. Só terá sentido e só poderá atingir o seu desiderato se estiver nas mãos do supremo Artista, que é o Senhor de nossas vidas. Que nos salvou por sua graça, mas espera que, assim com os ramos ligados à boa árvore produzam bons frutos (João 15.1-8), as nossas vidas sejam espiritualmente produtivas. Mas, tal realidade depende de uma consagração total e inteira submissão ao Espírito Santo.
Certa vez o jovem Moody ouviu um pregador dizer: “O mundo está para ver o que Deus fará com alguém que se consagre inteiramente a Ele”. E o jovem respondeu de si para consigo: “Eu serei esse homem”. E a partir daí demonstrou a seriedade daquela decisão, tornando-se, nas mãos de Deus um instrumento para encaminhar aos pés de Cristo cerca de um milhão de almas.
Meu irmão, minha irmã, Deus quer fazer maravilhas por seu intermédio. Basta que você decida se consagrar totalmente a Ele, tornando-se um verdadeiro instrumento em suas divinas mãos. Que você viva para servir a Cristo e a glorificá-lo. Diga com o apóstolo Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20).
Fonte: O Jornal Batista – 07/04/13, p. 5
Via: http://musicaeadoracao.com.br