Digite uma palavra chave ou escolha um item em BUSCAR EM:
postado em: 14/9/2015
Neurótico? Eu?
Acho a palavra “neurose” antipática. Mas é científica. Ela foi criada em 1787 por William Cullen, químico e psiquiatra britânico, e vem do grego “neuron” (nervo) e “osis” (condição doente ou anormal). Sinônimos para neurose são “psiconeurose” e “distúrbio neurótico”, que são transtornos mentais que não interferem com o pensamento racional ou com a capacidade da pessoa funcionar na sociedade, como trabalhar, casar, estudar, etc. Atualmente se utiliza o termo “transtorno neurótico” e não “neurose”.
A origem do transtorno neurótico é emocional, psicológica ou psíquica, ou seja, não se encontra alterações físicas cerebrais para ele, e a causa tem que ver com tensões internas, conflitos mal resolvidos, traumas psicológicos inconscientizados, dificuldade ou incapacidade da pessoa resolver conflitos pessoais de modo satisfatório.
Tensões emocionais ou psicológicas podem mesmo afetar o físico, sendo as chamadas doenças psicossomáticas, que afetam o corpo mas que têm origem na mente. Estas tensões atingem a pessoa no chamado “órgão de choque” dela, que para cada indivíduo pode ser um órgão diferente. Uns podem ter manifestações emocionais descarregadas no estômago, outras na pele, ou no sistema imune dando doenças autoimunes (o corpo ataca a si mesmo), etc.
Neurose é um exagero da resposta emocional diante de conflitos. Por exemplo: a fobia é um transtorno da esfera neurótica. Fobia é o deslocamento da ansiedade para um ponto em que a pessoa consegue algum controle sobre sua dor emocional (medo, tristeza, ansiedade, culpa, vergonha, etc.). A pessoa com algum tipo de fobia tem conflitos mal resolvidos em seu psiquismo (mente) os quais podem estar inconscientes. Estes conflitos podem ser muito difíceis de serem conscientizados, porque podem causar muita dor, tristeza, ansiedade, então a mente dela “decide” jogar a(s) causa(s) real deles, para debaixo do tapete da consciência. Só que o problema existe e não foi resolvido. Daí surge a fobia. Num exemplo de uma pessoa com fobia de altura, é como se seu inconsciente dissesse: “Eu prefiro lidar com este medo (fobia) de altura, do que encarar o conflito doloroso dentro de mim!”
A neurose é um encolhimento do ser para preservar uma parte do ser. Ou seja, a pessoa se sente acuada dentro de si mesma, talvez desde a infância, diante de conflitos que para ela foram pesados, e foi perdendo a capacidade de ser mais plena. Não há ninguém que seja cem por cento normal mentalmente. Todos nós temos necessidade de ajustes em nossa maneira de ser. Os mais impulsivos, precisariam aprender a ter autocontrole. Os mais passivos, precisariam a aprender a agir. Mas cada um tende a ficar na zona de conforto pessoal, porque não é fácil mudar.
Podemos canalizar nossos conflitos neuróticos para ações até úteis na sociedade, como para a arte, a música, a literatura, dons comerciais e empresariais, talentos domésticos, etc. Mas quando o transtorno neurótico é mais grave, ele é mais limitante para o indivíduo, que viverá uma vida mais vazia de sentido, mais egocêntrica, mais medrosa, mais recolhida, mais defensiva, menos altruísta.
Quanto mais saudáveis mentalmente, mais seremos úteis para ajudar as pessoas com um espírito voluntário, teremos atitudes de ajuda ao próximo, teremos mente aberta, sentindo que temos uma contribuição a dar para ajudar a aliviar o sofrimento das pessoas, qualquer pessoa, e produzir justiça e misericórdia.
Autor: Dr. Cesar Vasconcellos de Souza
Dr. Cesar Vasconcellos de Souza, médico psiquiatra e psicoterapeuta, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, membro da American Psychosomatic Society, consultor psiquiatra da revista Vida & Saúde onde mantém coluna mensal, professor de Saúde Mental, visitante, do College of Health Evangelism e "Institute of Medical Ministry" do Wildwood Lifestyle Center and Hospital, Estados Unidos, Diretor Médico do Portal Natural, autor dos livros "Casamento: o que é isso?" e "Consultório Psicológico".
Fonte: http://www.portalnatural.com.br