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postado em: 15/11/2015
Brasil das Maravilhas
E a menina caiu na besteira de seguir o coelho até sua toca… Este estava tão preocupado em não perder a hora que andava sempre atrasado. E ela extasiada com o poder resolveu aceitar a herança deixada por reis e rainhas cansadas de aplausos. Um país só para ela explorar, cheio de maravilhas…
O povo estava alegre e a cada dia ficava mais com os presentes, a lista de bolsas miséria os deixava a cada dia mais submissos, alegremente submissos! Um homem de confiança disse coberto de razão, que não havia necessidade de hospitais, onde a felicidade vigorava. Pra quê hospital? Todo mundo morre mesmo! Um ex-atleta que virou piadista falou que não dava pra ter jogo em hospital.
O povo morreu de rir e sua popularidade aumentou em todo o país, até a menina ficou com ciúmes. O Gato Risonho concordou e ainda completou cinicamente: Precisamos é de circo, o pão e a saúde a gente compra com uma das bolsas. E os monarcas foram tão bondosos com a garota que até os escudeiros de confiança ficaram de herança.
Guerrilheiros capazes de qualquer coisa para manter o clima de alegria no país das maravilhas. O chapeleiro maluco fugiu ao ver tanta gente bem intencionada em volta da garota. Os ex-monarcas saíram em passeio pelo resto do mundo sabendo que tinham deixado sua obra política em boas mãos. As rainhas más foram descartadas por excesso de honestidade. Foram praticamente expulsas do cenário político pelos escudeiros protetores de Alice. E a cada dia surgia uma bolsa que era festejada e ovacionada pelos eleitores.
Os “honestíssimos” empresários que administravam o poder se encarregavam de suprir os escudeiros com moedas de ouro, mantendo-os satisfeitos, calados e coniventes. Afinal eles mereciam, pois foram os heróis de uma revolução sem tiros. Até os torturadores foram perdoados para não manchar a bandeira do novo mundo. E como quem nasce para herói tem que morrer como herói, eles tinham poder absoluto sobre a nação.
Mandavam, desmandavam e roubavam sem interferências, pois eram os donos dos cargos de confiança. Assim evitavam que o povo ficasse chocado em saber que seus heróis não passavam de homens de palha. E as ideologias políticas, tão energicamente defendidas foram por água abaixo devido à falta de reservas morais.
O único objetivo dos partidos era aproximarem-se da garota, sugerindo cada vez mais incentivos ao povo. E fortunas surgiram de um dia pro outro, tornando o país cada dia mais maravilhoso, gente que não tinha um palmo de terra tornando-se mega-pecuaristas. Por serem amigos da menina nem precisavam explicar a origem da fortuna. E bilhões eram gastos em arenas de pedra para que a plebe do país das maravilhas não notasse que estavam sendo ludibriados.
Calados aceitavam tudo, num lugar tão bem servido de ajudas sociais pegava mal achar que tinha alguma coisa errada… Mas um dia um valete notou que seu casebre não era nada em relação aos castelos dos seus benfeitores. Notou que o povo estava morrendo nas filas dos hospitais e sendo explorado por impostos inimagináveis.
E o país apoiou o valete, e juntos foram para as ruas, já cansados de tanta enganação. E gritaram palavras de ordem, destruíram patrimônios públicos. E a consciência da menina inocente permanecia limpa… Inabalável, pois seus escudeiros lhe convenceram que eles baniram a ditadura no passado, e libertaram o povo… Qualquer atitude contra eles seria blasfêmia.
Aconselharam a chefe a lançar a bolsa anti-manifesto para parar com aquela balbúrdia. Talvez o povo aceitasse e a felicidade permanecesse por mais algumas décadas. Evitando que a plebe se educasse politicamente eles jamais iriam entender que uma esmola às vezes dói mais que um chute de coturno. E o Chapeleiro Maluco voltou só para tocar fogo no país das maravilhas, com medo de que a escuridão voltasse a reinar…
Autor: Nando da Costa Lima
Fonte: http://www.blogdaresenhageral.com.br/
Nota do Editor
“Quem lê, entenda”! E divulgue... Não permitam, jamais, que o Chapeleiro Maluco volte!!!