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postado em: 23/6/2016
A família é o sentido máximo da existência da comunidade de fé. Através da Igreja, temos a consciência de que o propósito de Deus está na formação e no bem-estar da família. A família é a comunidade da graça, e faz parte dos propósitos divinos para o mundo. O próprio Deus foi o criador da família. Cabe à Igreja cuidar da instituição primeira na vida de todos os seres humanos, e também a compreensão de todas as mudanças sociais e espirituais decorrentes no mundo.
A Igreja precisa ter consciência de que em toda realidade social não se pode dialogar com idéias puramente filosóficas ou sociológicas. É preciso haver a interpretação dessa realidade, e pensar também através do Reino de Deus. A Igreja necessita de novas teorias de ação social, e também novas teologias, que entendam e tragam suporte para as constantes transformações sociais que partem para o seio da família. A Igreja, através de sua teologia, deve elaborar melhor seus conceitos político-sociais; a Igreja tem que mostrar ao mundo em caos sua espiritualidade, através de sua “voz profética”.
Ao longo da história mundial, a Igreja sempre foi o divisor de águas. O que vemos hoje é uma Igreja refém das mudanças do mundo, sem respostas, sem direção. A globalização seduz pela fascinação do consumo; o consumismo não satisfaz as relações familiares, pois a família não se enquadra nas lógicas econômicas. A lógica da globalização desumaniza.
O grande desafio da Igreja é mostrar ao mundo que devemos amar ao mundo como Deus o ama. É a função da Igreja demonstrar isso, pois se ela não fizer, ninguém fará. A Igreja tem que voltar a ser a assembléia dos santos, e investir no seu bem maior, que é a família. A Igreja faz parte da formação e continuidade da família.
Quando vemos que a Igreja se afasta da família sem se perceber, ela está contribuindo para o caos social do mundo. É preciso investimento, a Igreja deve ser instrumento de educação, transformação, reestruturação da família. É necessária a compreensão de que a Igreja deve redescobrir os tesouros de suas tradições, que sempre foram o cuidar da família, através de seus fundamentos básicos, como o casamento, o batismo, a ceia e o ensino da Palavra.
A Igreja é a comunidade onde os discípulos são formados. Os reflexos sentidos no mundo, de certa forma são refletidos na Igreja. O que dizer do homossexualismo, que de forma gradativa se reflete hoje na Igreja? O que dizer às famílias sobre fatos tão presentes dentro do lar, como violência, fome, pobreza, doenças, drogas, enfim, as desilusões da vida?
A Igreja se demonstra indefesa, dentro da avalanche de destruição que assola a humanidade. A Igreja deve resgatar a soberania de Jesus sobre o mundo. A fé não é só tradição, é também a prática. A Igreja não é a solução global, mas sim a esperança para aqueles que sofrem e estão perdidos no caos do mundo.
A Igreja deve ser entendida através da família. Valores como amor, perdão, o diálogo, e acima de tudo, a valorização da vida, devem ser estendidos ao mundo através da Igreja e suas famílias.
Conclusão
Concluir esse trabalho não me traz satisfação, pois sei que o assunto, em sua complexidade, é um grande desafio. Como pastor, sinto-me desafiado a cada dia, junto à comunidade, vir a ser um diferencial para a vida de muitos, porém tenho a impressão de que a cada dia me torno incapaz de suprir as necessidades individuais e familiares dos membros de minha comunidade.
Primeiramente, porque nunca sabemos a verdadeira realidade que hoje envolve uma família. Há todo um “oculto” envolvendo as famílias. Nem sempre a verdade é explícita. Quando o caos se instala em uma família, há sempre a surpresa de todos, principalmente da comunidade. Dá-se a impressão de que o pastor e os demais membros da comunidade cristã não devem interferir em diversos pontos que envolvem a família.
Vejo isso pelo distanciamento da Igreja como agente de transformação de vidas, através da família. O pastor tem muito mais atributos burocrático-administrativos do que atributos espirituais, para o cuidado de vidas. Com o crescente desafio da economia globalizada, o pastor precisa buscar suprir a quantidade, e nem sempre há condições para qualidade.
Com isso, o que temos são programas vazios, desmotivados, e que muitas vezes, até mesmo pela necessidade, se desviam das verdadeiras necessidades da comunidade. Dessa forma, a comunidade cristã, na sua maioria, reflete o que realmente é a família mundial: o lugar do “oculto”, onde prevalece o individual, cada um que carregue sua cruz.
Assim, os cultos se tornam rotinas semanais, que nem sempre provocam alívio ou esperança, sendo muito mais fácil encontrar uma família inteira à frente da televisão, vendo futebol no domingo, do que inteira na Igreja.
A família cristã necessita de um avivamento, que deve também nascer no seio da Igreja, através da sede de justiça e de amor uns para com os outros. Sou bastante pessimista com a realidade da família e da Igreja, diante das tamanhas transformações que ocorrem no mundo, porém ainda creio que Cristo é o mesmo ontem, hoje e para toda a eternidade, e que nada, nem o inferno, irá prevalecer sobre a Igreja.
Bibliografia - ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. 4ª. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2000. - SUNG, Jung Mo. Educar para reencantar a vida. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
Fonte: https://pedrasclamam.wordpress.com