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postado em: 4/7/2016
Iniciamos um novo ano com as cenas e os fatos do passado. Alguns problemas parecem ser flashbacks: são enchentes, soterramentos, artistas que adoecem, escândalos políticos, e agora um terremoto. Vários fatos foram destaque nesse novo ano, porém todos, apesar da dor e do sofrimento daqueles que estão envolvidos direta ou indiretamente, vão cair em um só tema: o mundo necessita da esperança e das boas-novas do Cristo vivo.
Muitas das catástrofes têm um só foco: a degradação sócio-política não só do nosso país, mas também de todo o mundo. O que dizer das enchentes e dos soterramentos em Angra dos Reis, ocorridos em áreas de mananciais, locais esses proibidos para construções, porém pousadas, hotéis e mansões tinham o alvará expedido pelo governo do Estado? Após a catástrofe, todos fogem. Não há um governante sequer que assuma que liberou as construções. Com isso, jovens, velhos e crianças são ceifados em mais uma catástrofe.
Nessa última semana, o mundo se chocou com o terremoto no Haiti. Novamente muita dor e comoção internacional. O mundo se desdobra para enviar equipes de socorro e donativos para socorrer uma das nações mais pobres do mundo. No Haiti, a essência de todos os problemas também está focada através da degradação histórica de uma nação que não consegue se encontrar na sua realidade política.
Tanto no Brasil como no Haiti o sofrimento e a dor estão focados nos problemas sócio-políticos.
Fiquei a pensar nesses dias: em meio a tantas dores, pessoas vivendo à margem de tudo o que há na sociedade, o que leva um pastor que diz amar as almas, que tem o interesse em pregar o Evangelho em todo o mundo, a adquirir um avião de 12 milhões de reais? Será que esse avião será usado para levar donativos, ou para uma grande cruzada em Angra dos Reis ou até mesmo em Porto Príncipe?
Algo está errado. Eu creio em uma vida próspera, mas creio numa prosperidade que não ultrapasse os limites da vaidade. Quando a prosperidade produz luxo, ao ponto de ser usada como o único foco de testemunho de um programa de televisão diário, aí estamos no terreno da vaidade, e a Bíblia nos diz que vaidade mais vaidades para nada se aproveita.
O mundo está necessitando de um Evangelho puro e simples, sem luxo, sem vaidades. Jesus, ao exemplificar todas as riquezas de Salomão, fez uma comparação pura e simples com as flores do campo, e ainda destacou que Salomão, mesmo com todas as suas riquezas, jamais se vestiu como elas. A grande questão é que no Evangelho puro e simples há a necessidade de se esperar pelo tempo, pois nada é como o homem quer, mas sim na vontade de Deus, pois o Evangelho puro e simples foca o caráter, foca a transformação real interior, que se manifesta no tempo de Deus. Não é estar mal-vestido hoje, desempregado, sem dinheiro no bolso e amanhã, num piscar de olhos, adentrar a igreja com roupas de marca, carro importado, testemunhando ser um empresário.No Evangelho puro e simples a transformação é no caráter. Leva tempo, pois exige renúncias. Aquele que mente, não minta mais. Aquele que rouba, não roube mais. Aquele que adultera, não adultere mais.
No Evangelho puro e simples, corações de pedra são transformados em corações de carne. Mortos-vivos passam a viver movidos pelo vento do Espírito que provém de Deus.
Está difícil encontrar esse Evangelho. Está difícil encontrar pregadores que acreditam nesse Evangelho, onde a vontade de Deus é que prevalece. Muitas denominações se perderam em meio ao Evangelho empresarial, e se deixaram levar pelas metas que vão de valores financeiros a número de membros, transformando muitos pastores e pastoras em verdadeiros agentes do “baú da felicidade”.
Com isso, temos aí o Evangelho imediato. Se não há milagres, se não há emoção, se não há fogo, vento e fumaça Deus não está no negócio. Porém, os Evangelhos nos dizem totalmente o contrário.
Ouvimos programas de rádio, de tevê, e não ouvimos sequer o pregadorcitar um salmo. São pedidos de ofertas, são apelos de compras, e com isso o tempo está passando. Acho que é por isso que o Ap.Paulo citou, por diversas vezes, pregar um outro Evangelho, não o Evangelho de fariseus e saduceus.
Em meio a tantos fatos, creio estar vivendoe acreditando em um outro Evangelho, muito além desse Evangelho queestamos vendo por aí.
Outro dia, recebi uma ligação de meus familiares que moram no interior. Há mais de vinte anos atrás, no início de meu ministério, fui professor da escola bíblica dominical em um bairro muito pobre. As aulas eram ministradas nagaragem da casa de uma irmã, local bastante simples e com poucos recursos. Para chegar a esse bairro, era preciso caminhar quase 13 quilômetros. Nos dias de chuva, era preciso muito mais do que fépara caminhar pelalonga estrada de terra.
Mas ali haviaum grande número de crianças que aos domingos pela manhã estavam firmes e fortes esperando o “tio” Paulo para contar as histórias de Jesus, e nofinal comerem a pipoca da “tia” Vitória.
Em meioa mais de 80 crianças, dois meninosse destacavam: David e Luis, meninos bastante pobres, criadospela avó, em meio a 9 irmãos. O pai presidiário, a mãe morando em outra cidade dizendo trabalhar, porém se prostituindo. David e Luis eram dois meninos bastante trabalhosos, expulsos de várias escolas, briguentos nas ruas, porém assíduos na escola bíblica. Eram os primeiros a chegar e os últimos a sair. Sempre tinham uma pergunta a mais. Seus olhos brilhavam com a história de Jesus.
Como disse no início, mais de 2o anos se passaram. Nesse telefonema, minha irmãme contou algo que muitome emocionou. Meu irmão foi visitar uma igreja, e lá estavaum pregador, que disse meu irmão que se assemelhava muito a mim em seu modo de pregar. Esse jovem pastor começou a contar a história de sua vida. Contou que havia sido criadopela avó junto com 9 irmãos, e que tinha um irmão muito próximo a ele, com 2 anos de diferença, e que eles frequentavam uma escola bíblica. Com o passar dos anos, oirmão Davidsedesviou do Evangelho e partiu para a vida do crime, sendo morto em confronto com a polícia aos17 anos. Porém ele permaneceu no Evangelho, e disse que tudo quanto aprendera na escola bíblica foi alicerce para toda a sua vida. Hoje casado, com filhos, e pastor de uma igreja, disse jamais se esquecer do “tio” Paulo, que lhe ensinava as lições e ashistórias de Jesus. Meu irmão muito se comoveu, porque se lembrou que o “tio” Paulo a quem ele se referiaera eu.
Ao ouvir esse relato tão distante em meu passado, me lembrei: esse é o Evangelho puro e simples, que dá frutos ao tempo de Deus, e da forma como Deus bem quer, muito longe dos olhos humanos, para que esses não se envaideçam, mas ao contrário, creiam unicamente na ação de Deus. O Ap. Paulo dizia que para ele o viver é Cristo. Devemos viver para que o mundo veja Cristo através de nós.
É bom saber que minhas palavras sãoconfirmadas por vidas transformadas, e não por momentos vaziosde prosperidade material. Não possuo aviãonem ternos e carros caríssimos, porém posso testemunhar que Cristo tem transformado vidas através do Evangelho.
Eu creio e também busco avivamento, maseu creio que um avivamento sem transformação social e política não provém de Deus: sãoobras de homens, são barulho no meio do caos. Do Haiti vem exemplos de que o mundo necessita muito maisdo que momentos de prosperidade pessoal, pois casas, palácios, tudo ruiu em questão de minutos. Necessitamos da paz verdadeira,daquela que o próprio Cristo disse que o mundo não pode dar, muito menos os pregadores da falsa prosperidade.
VOLTEMOS AO EVANGELHO PURO E SIMPLES. O $HOW TEM QUE PARAR.
Fonte: pedrasclamam.wordpress.com