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postado em: 9/12/2011
Cristianismo Hoje
'Desabrigados no fim do quarteirão. Prostitutas na esquina. Traficantes de crack no outro lado da rua. Que ótimo lugar para uma Igreja'. Estas palavras estampadas no outdoor anunciavam a proposta da Metro Baptist Church, na Manhattan dos anos 70.
Logo abaixo, em letras menores, um texto que apresentava a visão daquela estranha igreja: 'Jesus não frequentava clubes de campo, teatros ou restaurantes caros, ele sempre ia aonde havia carências. As mesmas que correm soltas na cidade de Nova Iorque hoje em dia. Carências como seres humanos famintos e com frio dormindo nas grades dos exaustores do metrô por causa do ar quente. Carências como pessoas capturadas na teia do abuso e uso de drogas. Ou carências como homens, mulheres e crianças vendendo seus preciosos corpos por uma migalha de comida, um abrigo ou um lugar para passar a noite. Conhecemos estas carências tão bem porque as vemos todos os dias.
“Nossa Igreja fica bem no meio da Clinton South, lugar mais conhecido como A Cozinha do Inferno. Bem, agora Deus está na Cozinha do Inferno. Nossos ministros oferecem comida e roupas, enquanto nossa congregação oferece amor e apoio. Gostamos de pensar que isso é o que Jesus faria. Visualizamos o dia em que nossa vizinhança mudará de estar cheia de violência para estar cheia de amor. Somente nesse dia nós nos mudaremos'.
Desde a primeira vez que li esse texto acreditei que São Paulo precisava de uma igreja assim e assumi com Deus o compromisso de ajudar a construí-la. Passados quase trinta anos ainda acredito que a única maneira como Jesus Cristo pode ser conhecido é por meio de homens e mulheres que vivam em comunidades que manifestem seu estilo de vida, isto é, pessoas que fazem o que acreditam que Jesus faria, e num mundo como o nosso, certamente pessoas que se entreguem de corpo e alma em resposta ao sofrimento daqueles que chamam de próximo e irmão - 'Jesus andou por toda parte fazendo o bem' [Atos 10.38].
Estou certo de que as pessoas precisam de Deus, precisam ouvir o Evangelho e precisam de salvação mediante o arrependimento e a fé em Jesus Cristo. Mas estou absolutamente convencido de que a única maneira para que as pessoas conheçam a Deus e percebam a relevância do Evangelho de Jesus é por meio de homens e mulheres que vivam em comunidades que encarnem o Deus a quem anunciam e o Evangelho em que acreditam.
O que acredito não é nada original. E também não aprendi com a Metro Baptist Church, nem com a teologia da libertação ou os teólogos da missão integral.
Jesus nos ensinou que a relevância de sua vida, morte e ressurreição seriam percebidas somente se os seus seguidores vivessem a radicalidade de seu amor e encarnassem seu estilo de vida: 'Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros (...) Rogo para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste' [João 13.33,34; 17.20,21].
Essas são algumas razões pelas quais a Ibab quer ser um sinal histórico do reino de Deus, levando o evangelho todo para o homem todo, priorizando relacionamentos além do culto, clero, domingo e templo, isto é, além dos limites da religião institucionalizada. Mais do que dogmas, ritos e tabus morais, o mundo carece de legítimas expressões do amor de Deus. O evangelho não é algo que o mundo precisa ouvir; é, antes, algo que o mundo precisa ver: 'o reino de Deus chegou'.
Autor: Ed René Kivitz
Fonte: Guiame
Ed René Kivitz é mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, escritor, conferencista e pastor da Igreja Batista de Água Branca, na Zona Oeste de São Paulo, tendo obras e pastorais publicados neste site: www.ibab.com.br .