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postado em: 28/2/2012
As roupas que envergavam estavam gastas de tanto uso. Os sapatos eram velhos e remendados. O pão que traziam consigo já estava seco e manchado de bolor. Os odres de couro não serviam mais para transportar as bebidas, pois, de tanto uso, haviam-se rompido. Até as sacas de tecido grosso com que cobriam as jumentas estavam velhas, puídas. O aspecto desolador daqueles homens “denunciava” uma longa viagem, de que tinham acabado de chegar.
E falaram com Josué: “Teus servos vieram de uma terra mui distante, por causa do nome do SENHOR teu Deus, porquanto ouvimos a sua fama, e tudo quanto fez no Egito;” Josué 9:9.
Josué fez um acordo com eles, impressionado e convencido pelo seu aspecto. De fato, “não pediram conselho ao SENHOR.” (Josué 9:14). Três dias depois, foram surpreendidos pela verdade. Afinal, aqueles homens viviam ali bem perto, eram vizinhos. Com astúcia, haviam conseguido ludibriar Josué.
Os nossos sentidos oferecem-nos informação que facilmente integramos em nós como “fidedigna” e, a partir daí, tomamos decisões, definimos projetos, estabelecemos acordos. Contudo, a aparência pode induzir-nos em erro, conduzindo a decisões precipitadas.
Eis outro exemplo bíblico. Ao entrar em casa de Jessé, o profeta Samuel observou Eliabe. A sua estatura elevada e o seu aspecto agradável faziam lembrar a postura de um rei. Afinal, o rei Saul era o homem mais alto em Israel (I Samuel 10:23) e essa era a imagem de um rei que há anos o povo alimentava. Impressionado com a estrutura física de Eliabe, Samuel crê que será ele o futuro rei de Israel. Contudo, está errado. Deus adverte-o de imediato, ensinando-lhe um princípio importante: “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (I Samuel 16:7).
David foi o escolhido de Deus para ser rei em Israel. Era o mais novo, que estava no campo a apascentar ovelhas (I Samuel 16:11). Mais tarde, a propósito do seu casamento com a princesa Mical, ele diz de si mesmo “sou pobre e desprezível” (I Samuel 18:23). A única “arma” que conhecia era uma funda, que manejava com destreza. E foi com ela que deu uma grande vitória ao seu povo (I Samuel 17:48, 49). Acima de tudo, David era um homem segundo o coração de Deus (I Samuel 13:14). E foi ele o escolhido.
Como seres humanos, temos a tendência natural de julgar segundo as aparências. Deixamo-nos impressionar pelo que vemos, pelo que ouvimos, numa apreciação que pode ser superficial e ficar distante do sentir e do pensar de Deus. Contudo, como Seus filhos, a nossa atitude tem que ser outra. Lembremo-nos do que está escrito em I Coríntios 1:27-29: "E Deus escolheu as coisas que não são, para aniquilar as que são. Para que nenhuma carne se glorie perante Ele."
Não permitamos que o parecer menos favorável de alguém sobre nós, segundo a aparência, nos desanime ou faça perder a visão daquilo que Deus quer fazer por nós e através de nós. Lembremo-nos de que já diziam acerca do apóstolo Paulo: “a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível” (II Coríntios 10:10).
Do próprio Jesus, diz Isaías, em profecia: “… não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para Ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. (…) e não fizemos dele caso algum” (Isaías 53: 2,3)
Se sucedeu com eles, porque não poderá acontecer com qualquer um de nós? Fiquemos firmes, na vocação para que fomos chamados, sabendo que quem nos conhece verdadeiramente é o Senhor, no Seu olhar profundo sobre a nossa vida, que vai para além das aparências.
Por outro lado, não julguemos os outros, pela aparência. Guardemos no nosso dia a dia, como obreiros, as palavras sábias e preciosas de Jesus: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” (João 7:24).
O Senhor abençoe ricamente cada um de vós.
Autor: Pr. Miguel Francisco Coias
Fonte: Folhas Soltas