SALMO 37 – COMO PODEM OS ÍMPIOS
PROSPERAR?
Como pode um Deus justo ficar aparentemente inerte frente à
injustiça da prosperidade dos ímpios? O tema do salmo 37 está expresso nas
palavras do verso 7, e trata do grande problema da prosperidade dos ímpios, que
muitas vezes nos deixa perplexos e sem resposta.
Esta era a preocupação do salmista Davi: Como podem os ímpios
prosperar? Como Deus aparentemente não vê tanta iniquidade, tanta violência e
tanto crime, adicionados a tanta roubo, opressão e corrupção descabidos? Como
podem prosperar os perversos e corruptos, quando os justos e bons muitas vezes
estão sofrendo na miséria?
Em suas profundas meditações e grande experiência de alguém já
idoso (V.25), além de ser poeta e profeta inspirado e rei da nação israelita,
Davi apresenta os imperativos para
todo o seguidor de Jeová Deus e de Jesus Cristo, a fim de que tenha esse assunto
claro em sua mente, e não venha a decair em sua fé. Ele responde a indagação com
um salmo em forma de acróstico, no original. Ele apresenta como resposta mais
convincente o destino dos ímpios em contraste com a recompensa dos justos.
Qual deve ser a nossa atitude
frente ao problema da prosperidade imerecida dos ímpios?
OS 10
IMPERATIVOS do salmista nos ajudam a enfrentar o problema. O primeiro
imperativo de sua coleção é este, embora pareça estranho:
1 – NÃO TE INDIGNES
(V. 1)
“Não
te indignes por causa dos malfeitores”
(v.1) Este é o primeiro imperativo de Davi.
Davi passou por essa experiência. Imagine o salmista encerrado
em uma caverna, escondido para que o seu rei [Saul] a quem ele tanto ajudara,
não o mate com o seu exército armado. Imagine o grande rei Davi com vestes
reais, atravessando um rio gelado com a família, mulheres e crianças,
acompanhados de amigos fiéis, levando bagagem pesada, passando fome e frio pelo
caminho, enquanto que os seus adversários estavam festejando a vitória sobre
ele. Não estaria ele se perguntando: Como podem prosperar os ímpios na sua
iniquidade? Como pode um Deus Todo-poderoso deixar que isso aconteça? Ele diz:
“Não te indignes por causa dos malfeitores.”
Mas Davi não nos deixa apenas no seu imperativo. Ele nos dá a
resposta divina para a nossa inquietação e perplexidade no verso 2: “Pois eles
dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.” Ou seja:
Não se preocupe se os ímpios prosperam. A prosperidade deles é passageira,
efêmera, porque eles mesmos passarão, e tudo quanto possuem será dado aos justos
que possuirão a terra de modo exclusivo e final. Ora, se os ímpios são tão
fugidiços, tão transitórios, por que você gastaria tempo e energia em se
preocupar com eles?
Aqui podemos ver claramente o
Destino dos Ímpios. A maioria dos
teólogos protestantes e católicos prega a doutrina do castigo eterno em que os
ímpios sofrerão eternamente nos fogos ardentes do Inferno. Eles dizem que
enquanto os justos recebem a vida eterna no Céu, os ímpios sofrerão a vida
eterna no Inferno. Mas isto seria multiplicar a impiedade, o pecado, a
irreverência e a transgressão, porque preservar o malfeitor equivale a preservar
o mal e a iniquidade. Graças a Deus, esta doutrina não encontra eco nas
Escrituras.
Além disso, prolongar a vida
dos perversos a fim de prolongar eternamente o seu castigo não se combina
com a justiça de um Deus cujo caráter é amorável e justo por excelência. Como
poderia o ímpio sofrer com justiça por toda a eternidade, enquanto Deus existir,
se pecou por muito pouco tempo, cerca de 70 anos, em comparação com a
eternidade? No mínimo, isso seria completamente desproporcional. Mas a Bíblia
afirma que há gradações de culpa (Lc 12:47-48), além de também afirmar a
extinção dos ímpios. Mesmo a retribuição de um ser humano depois de um certo
tempo se limita e clama, dizendo: “Basta! Deixai-o, já sofreu tanto que chega!”
Robert G. Ingersoll
(1833-1899), crítico da
religião cristã, se tornara cético e crente no agnosticismo, após ouvir a
mentira de que o fogo do Inferno arderá por toda a eternidade a queimar pobres e
indefesas criaturas humanas. Ele atacou a Bíblia, usou todos os argumentos da
incredulidade contra as Escrituras, e morreu na descrença. Eu li os ataques dele
contra a Bíblia. Mas, se eu pudesse lhe entregar uma mensagem de esperança, eu
lhe diria: Robert, não se preocupe, porque, embora você tenha combatido contra
Deus e contra as Sagradas Escrituras, o “fogo eterno” do Inferno não arderá
eternamente; isso foi um engano dos seus líderes espirituais!” Mas,
infelizmente, não posso dar esse recado ao meu xará, porque os mortos não têm
mais a possibilidade de saber ou se comunicar conosco (Ec 9:5-6).
O que nos diz o salmista Davi? Ele apresenta a doutrina
bíblica a respeito dos malfeitores: Os ímpios não participam da vida eterna, nem
no Céu nem no Inferno. Seu castigo será terrível; porém, não eterno. O seu fim
logo virá. Eles serão consumidos para sempre. Isto é dito no Antigo e Novo
Testamentos. Note o que disse o salmista neste Salmo 37:
1 -
Os ímpios murcharão: “Pois eles dentro em
breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde” (v. 2,20).
2 -
Os ímpios serão exterminados: “Os
malfeitores serão exterminados” (v. 9, 22,28,34,38).
3 -
Os ímpios passarão: “Mais um pouco de tempo,
e já não existirá o ímpio; procurarás o seu lugar e não o acharás” (v. 10).
4 -
Os ímpios serão traspassados: “A sua espada
... lhes traspassará o próprio coração” (15).
5 -
Os ímpios serão quebrados: “Pois os braços
dos ímpios serão quebrados” (v. 17).
6 -
Os ímpios perecerão: “Os ímpios perecerão”
(20).
7 -
Os ímpios serão aniquilados: “Os inimigos do
Senhor serão... aniquilados” (v. 20).
8 -
Os ímpios
se desfarão: “Se desfarão em
fumaça” (v. 20).
9 -
Os ímpios serão destruídos: “Quanto aos
transgressores, serão, à uma, destruídos” (v. 38).
10 -
Os ímpios desaparecerão: “Vi um ímpio
prepotente a expandir-se qual cedro do Líbano. Passei, e eis que desaparecera;
procurei-o, e já não foi encontrado” (v. 35-36).
Depois destas 10 afirmações, exceto se passou por uma lavagem
cerebral, ninguém pode em sã consciência
afirmar que os malfeitores continuarão a sua vida denegrindo o caráter de Deus
com as suas blasfêmias no Inferno por toda a eternidade. As afirmações mais
categóricas do salmista são usadas para responder à pergunta: Para onde irão
estes ímpios que prosperam apesar de sua impiedade?
O seu destino já está reservado: eles serão destruídos, se
desfarão em cinzas, serão exterminados completamente, e desaparecerão para
sempre. Jamais serão vistos novamente, jamais lembrados, jamais viverão outra
vez. Extinção completa, aniquilamento e esquecimento total. Nada de Inferno
eterno. O Universo inteiro será purificado da mácula do pecado para sempre.
Voltará a felicidade dos justos eternamente.
2 – NÃO TENHAS
INVEJA (V. 1)
“Nem
tenhas inveja dos que praticam a iniquidade”.
A prosperidade é algo que atrai a inveja dos que desejam ter
uma vida fácil e confortável. É por isso que muitos enveredaram pelo caminho do
tráfico das drogas e da corrupção. Mas, quem, em um momento de lucidez,
invejaria um ímpio que prospera? É muito interessante a afirmação de um
pregador: “Quem invejaria ao boi gordo
com faixas e grinaldas que o decoram, quando é levado ao matadouro? Pois bem, …
o ímpio rico não é mais que um animal engordado para o matadouro.”
Colocados um ao lado do outro estes dois imperativos [Não te
indignes, nem tenhas inveja] longe de serem sinônimos, são antagônicos.
Indignação é uma repulsa, enquanto que a inveja é um desejo de posse. Indignação
é agressiva, enquanto que a inveja parece passiva. Aqui temos dois sentimentos
contrários. O indignado rejeita, o invejoso aceita. Entretanto, muitos que
parecem indignados, estão apenas lamentando por não estar na posição dos
invejados.
Portanto, considerando a nossa natureza sutil, uma pessoa que
se demonstra externamente indignada, irada, revoltada, está às vezes, revelando
a sua inveja interna. Isso aconteceu com os líderes judeus que se indignaram
diante da alegada blasfêmia de Cristo apenas por inveja (Mc 2:7; 15:10). Mas
eles estavam apenas acariciando sentimentos maus contra um homem justo, o que é
totalmente inaceitável.
Ora, se é inaceitável qualquer sentimento de ira ou mesmo de
inveja contra um justo, alguém poderia dizer que isto é justificável para com os
ímpios e maus. Entretanto, qualquer sentimento de ira, inveja ou vingança contra
eles será um julgamento contra a administração de Deus, que, com Sua infinita e
insondável sabedoria, preserva os ímpios mesmo em sua mais crassa impiedade e
corrupção. Nunca esqueçamos as palavras
do sábio Salomão: “Não te aflijas por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja
dos perversos”. “O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos
ossos.” Pv 24:19; Pv 14:30.
3 – CONFIA NO SENHOR
(V. 3)
Este é o 3º imperativo, um imperativo duplo, porque um
completa e resulta no outro: “Confia
no Senhor e faze o bem”.
No contexto deste salmo, é mister confiar em Deus, quando nos
vem à lembrança que os ímpios estão prosperando e nós indo de mal a pior, em
posições contrárias (2Tm 3:13). Há homens do passado que tiveram de confiar em
Deus, depois de passarem por idêntico problema.
O patriarca Jó que sofria sem saber por quê e acusado pelos
amigos (Jó 21); José como escravo do Egito (Gn 39:1,20); Davi neste Salmo (Sl
37) e Asafe que quase desistiu (Sl 73: 2-3), além de Jeremias que disse: “Por
que prospera o caminho dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem
perfidamente?” (12:1), e o povo do tempo de Malaquias que dissera: “Ora, pois,
nós reputamos por felizes os soberbos; também os que cometem impiedade
prosperam, sim, eles tentam ao Senhor e escapam.” (Ml 3:15)
– todos estes alcançaram a vitória
porque confiaram em Deus plenamente.
Confiar em Deus é uma necessidade de todos os que se sentem
fracos e dependem de Alguém que é Todo-poderoso. Precisamos confiar em Deus
quando os ímpios tramam contra nós enfurecidos, rangendo os dentes (v. 12).
Precisamos confiar em Deus quando “os ímpios arrancam da espada e distendem o
arco para abater o pobre e necessitado, para matar os que trilham o reto
caminho” (v. 14). Precisamos confiar em Deus quando temos pouco e os ímpios tem
em abundância, sabendo que o pouco dos justos vale mais (v. 16).
Precisamos confiar em Deus para não sermos envergonhados no
dia do mal, e nos dias da fome sermos fartos (v. 19), porque o justo jamais será
desamparado (v. 25). Devemos confiar em Deus quando “o perverso espreita ao
justo e procura tirar-lhe a vida” (v. 32), sabendo que o Senhor não nos deixará
nas mãos homicidas dos ímpios, nem nos condenará no dia em que formos julgados
em tribunal (v. 33).
Mas muitas pessoas ficam só na primeira parte do imperativo.
Muitos ficam numa confiança imóvel. Entretanto, temos que agir: “Faze o bem” (v.
3), diz o poeta. O que significa fazer o bem? “Habita na terra e alimenta-te da
verdade” (v. 3), ou seja: Vive no lugar em que Deus o colocou em amor e justiça,
e na esfera em que Ele deseja que você atue; você não precisa ficar vagueando de
um lugar para outro, pela sua segurança e estabilidade. Fazer o bem significa
praticar as obras da justiça divina no lugar onde Deus determinou para nós.
Então, demonstre que a verdade de Deus tem poder em sua vida,
porque você se alimenta dela. Alimentar-se da verdade é alimentar-se do próprio
Cristo que é a Verdade, o Pão que desceu do Céu: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu
sou o Pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais
terá sede.” “Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus.
Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a
Mim.” (Jo 6:35,45; 14:6).
E mais: Você poderá dizer ao mundo ímpio que você é livre
mesmo quando eles o prenderem em suas celas, porque a verdade liberta os seus
possuidores, e você estará pronto a dar o seu testemunho a favor da verdade, só
a verdade e nada menos do que a verdade. Disse Cristo: “Conhecereis a verdade e
a verdade vos libertará” (Jo 8:32). Especialmente quando a verdade é um alimento
diário, quando temos o privilégio de nos alimentarmos dela continuamente, assim
como nos alimentamos de nosso pão cotidiano.
Enquanto confiamos em Deus, fazemos o bem e andamos na
verdade. Esta será a maior arma contra os inimigos que desejam nos condenar:
eles não terão nada de que nos acusar, a não ser buscar alguma coisa em nossa
devoção. Isso aconteceu com Daniel, mas ele foi logo livrado da boca dos leões
famintos. Ele confiava em Deus, mas continuou a fazer o bem, orando ao
Altíssimo, habitando na terra onde Deus o colocara, alimentando-se da verdade, e
levando a sério a sua devoção, sem se importar com o que os outros diziam.
4 – AGRADA-TE DO
SENHOR (V. 4)
Aqui temos um imperativo seguido de uma promessa: “Agrada-te
do Senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração” (v. 4). A Bíblia
tem ordens e imperativos, mas sempre acompanhados de promessas e
bem-aventuranças. Quando obedecemos às ordens, podemos esperar o cumprimento das
promessas. “Ele satisfará os desejos do teu coração.”
O que significa esse imperativo? Agradar-se do Senhor é uma
experiência de relacionamento pessoal de amor para com Deus, de tal modo que O
amamos independentemente das circunstâncias que nos envolvem. O cristão vive
para agradar-se de Deus, através de um relacionamento de amor que ele obtém
dEle, porque “Deus é amor” (1Jo 4:8). Isto inclui mesmo passarmos por sofrimento
ocasionado por ímpios que nos afligem e prosperam. Não podemos concordar com os
maus; porém, nos agradamos de Deus que nunca nos decepcionou. E como Maria, mãe
de Jesus, a música de nosso coração será: “A minha alma engrandece ao Senhor, e
o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lc 1:46-47).
Agradar-se do Senhor é ser, viver e fazer tudo para agradá-lO.
E como nós podemos agradar ao Senhor? Fazendo a Sua vontade, que é boa,
agradável e perfeita (Rm 12:2). Quando fazemos a vontade de Deus sinceramente,
nós nos agradamos do Senhor. Mas de que modo conseguimos isto? Guardando a Sua
Lei e os Seus mandamentos que são santos, justos e bons (Rm 7:12). Nisto, temos
o exemplo do próprio salmista Davi que se deleitava em Deus. Ele mesmo disse: “Agrada-me
fazer a Tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a Tua lei” (Sl
40:8). E neste salmo (37:31), ele diz de todo justo que “no coração tem ele a
Lei do Seu Deus”.
Agradar-se do Senhor, significa que teremos a maior alegria em
recebê-lO no Seu santo dia: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar
dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e
santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos,
não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs,
então, te deleitarás no Senhor” (Is
58:13-14). Então, “deleitar-te-ás, ... no Todo-Poderoso e levantarás o rosto
para Deus” (Jó 22:26).
Mas o que significam as palavras da promessa: “Ele satisfará
os desejos do teu coração”? Pareceria que agora temos o cumprimento de nossos
mais íntimos desejos e tendências, mesmo que irrelevantes ou pecaminosos?
Bastaria nos agradar de Deus? Temos aí a garantia de que todas as nossas orações
ainda nem apresentadas serão atendidas? De fato, como serão os nossos desejos,
quando nós nos deleitamos em Deus? É evidente, como vimos, que nossos desejos
estarão afinados de acordo com a justiça e sabedoria da Lei de Deus, gravada em
nosso coração (Sl 37:30-31).
Deleitar-se em Deus é tanto um privilégio como um dever. Mas
Ele não prometeu satisfazer os apetites pervertidos do corpo, a sua intemperança
ou o temperamento da vaidade, mas os desejos da alma renovada e santificada.
Qual é o desejo de um homem renovado que tem a Lei de Deus no coração? É
conhecer, amar e servir a Deus. Os seus desejos serão lícitos e justos, além de
serem também agradáveis a Deus, que Se deleita nos filhos que se agradam dEle
(Mt 3:17). Nisto consiste a sua alegria e a recompensa apenas segue como um
resultado: “Ele satisfará os desejos do teu coração.”
5 – ENTREGA O TEU
CAMINHO AO SENHOR (V. 5).
“Entrega
o teu caminho ao Senhor, confia nEle, e o mais Ele fará”
(v. 5). Uma ordem, seguida de outra ordem, porque ambas se explicam, seguidas de
uma grande promessa.
Uma das coisas mais difíceis de fazer é entregar o nosso
caminho a Deus. Muitos não entregam o seu caminho a Deus porque se julgam mais
sábios do que Ele, ou têm receio de que a Sua vontade exija sacrifícios de sua
parte. Queremos dirigir os nossos passos em um caminho que já traçamos por nossa
própria sabedoria, e julgamos que vamos indo muito bem. E até nos elogiamos por
nossas proezas. No final, vemos que perdemos tempo, energia e propriedades,
simplesmente por não seguirmos o caminho de Deus. Então, resta lamentar e
prometermos a nós mesmos não fazer mais isso, apenas para repetirmos a mesma
rotina no dia seguinte.
O que significa entregar o nosso caminho a Deus? Salomão nos
ajuda a identificar o nosso caminho, em um verso paralelo, dizendo: “Confia ao
Senhor as tuas obras, e os teus
desígnios serão estabelecidos” (Pv 16:3). Nosso caminho são as nossas obras,
todos os afazeres e negócios da vida, as coisas que fazemos, e nas quais
andamos. Devemos entregar todas as nossas obras, os nossos planos, as nossas
afeições, os nossos sentimentos, e desejos do coração. Tribulações, provações,
aflições pelas quais estamos andando. Tudo deve ser entregue a Deus, em forma
submissa e contente.
Portanto, entregar o caminho ao Senhor é outra maneira de
dizer “Confia no Senhor” (v. 3), pois aqui estão as palavras do salmista, em seu
duplo imperativo: “Entrega o teu caminho ao Senhor, [ou seja:] confia nEle” (v.
5), em forma de paralelismo sinônimo. Quando entregamos o nosso caminho a Cristo
Jesus, Senhor nosso, nós confiamos a Ele todas as coisas em que estamos
envolvidos, buscando dEle a direção, quanto às nossas vontades e necessidades,
certos de que Ele cumprirá todas as Suas promessas.
Portanto, há um estreito relacionamento entre confiar e
entregar. Quando você entrega, é porque você já confia. Por exemplo: Você
entregaria o seu carro, a uma pessoa que você sabe que não tem carteira de
motorista? Você só entrega se você confia. Se você não confia, você não vai
entregar. Desse modo, é por isso que o salmista está repetindo a ideia de
confiar (V. 3) e vai repeti-la por
mais 3 vezes (vs. 7,9,34). Entregar e confiar estão muito relacionados. Entregar
já contém a confiança implícita. Porque confiar é essencial para todas as coisas
espirituais.
Enfim, entregar o caminho a Deus significa mais: “Consagre-se
a Deus pela manhã; faça disso a sua primeira atividade. E ore: ‘Toma-me, ó
Senhor, para ser Teu inteiramente. Deponho todos os meus planos a Teus pés.
Usa-me hoje para o Teu serviço. Fica comigo, e que tudo o que eu fizer seja
operado por Ti.’ Essa e uma questão diária. Cada manhã consagre-se a Deus para
aquele dia. Entregue-Lhe todos os seus planos para saber se devem ser levados
avante ou não, de acordo com o que Sua providência indicar. Assim, dia após dia,
você poderá entregar sua vida nas mãos de Deus, e ela será cada vez mais moldada
segundo a vida de Cristo.” (EGW, Caminho a Cristo, p.
45).
Você tem problemas, tribulações, privações? Entrega isso a
Deus. Você precisa se casar? Entrega isso ao Senhor. Você precisa estudar e não
sabe em que faculdade? Entrega isso a Deus. Você precisa fazer compras? Entrega
isso ao Senhor. Você precisa viajar, mas tem alguma dúvida? Entrega isso a Deus.
Você precisa pregar e não sabe qual é o assunto que Deus deseja que você pregue?
Entrega isso a Ele. Você precisa falar com o patrão sobre o sábado? Entrega isso
a Deus, e Ele lhe dirá as palavras mais sábias e oportunas. Portanto, entregar o
nosso caminho a Deus significa uma completa dependência dEle, em todas as coisas
de nossa vida.
É uma questão de prioridades: Antes de qualquer coisa,
entregue o seu caminho a Deus. Antes dos
seus planos, coloque os planos de Deus. Antes de suas opiniões, coloque as
opiniões de Deus. Antes da sua vontade, antes dos seus desejos, antes das suas
afeições, coloque a vontade, os desejos e as afeições de Deus. Antes dos seus
pensamentos, palavras e atos, coloque os pensamentos, palavras e os atos de Deus
em sua vida. Antes da sua visão e antes da suas prioridades, coloque a visão e
as prioridades de Deus no seu dia a dia. Faça de Deus a sua maior prioridade e
coloque tudo nas Suas mãos.
E aqui temos a Sua promessa que acompanha o imperativo de
entregarmos tudo a Deus: “Ele tudo fará” (v. 5). Isso não significa que
ficaremos na ociosidade, de braços cruzados, sem fazer nada, apenas esperando
que Deus faça todas as coisas por nós. De fato, aquilo que nós podemos realizar,
Ele Se nega a fazer. Lázaro estava morto, e diante da sepultura do Seu amigo,
Cristo ordenou que tirassem a pedra que cobria a entrada. Jesus podia ter dado
um sopro e a pedra seria rolada e removida. Mas Ele não faz aquilo que nós
podemos fazer.
Ele não poderá fazer tudo se não entregarmos tudo a Ele.
Portanto, entregar o nosso caminho a Deus significa entregarmos tudo o que temos
a Deus, e esperar que Ele faça tudo de acordo com a Sua vontade. E a Sua vontade
inclui fazermos tudo o que Ele nos ordenar, independentemente daquilo que já
planejamos em contrário. “Buscai, pois, o reino de Deus e a Sua justiça e todas
essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).
O que mais o Senhor fará? “Fará sobressair a tua justiça como
a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” (v.6). Qual é a nossa justiça?
Nossa justiça está em Cristo, nosso Salvador e “Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23:6;
33:16). De nós mesmos não temos justiça própria, mas Deus nos dá a justiça de
Cristo e o direito de nossa vida está em Suas mãos. Ele nos cobre simbolicamente
com as vestes da justiça de Cristo que passa ser nossa e resulta em atos de amor
e justiça dos cristãos. O apóstolo João escreveu acerca disso: “O linho
finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19:8).
A promessa do salmo é que a nossa justiça há de sobressair
como o sol ao meio dia. Cristo, o Sol da justiça será visto em nossa vida, de
modo fulgurante, e todos poderão contemplar a salvação de Deus em nós. Foi por
isso que Jesus disse no sermão do monte: “Assim brilhe também a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que
está nos céus” (Mt 5:16).
6 – DESCANSA NO
SENHOR (V. 7)
O 6º imperativo é triplo: “Descansa
no Senhor e espera nele, não te irrites por causa do homem que prospera em seu
caminho, por causa do que leva a cabo os seus maus desígnios.” Aqui
temos a ordem tríplice para descansar, esperar, e não se irritar.
E aqui de modo mais claro se destaca o
tema deste salmo: “por causa do homem [ímpio] que prospera em seu caminho!”
Deus sabe que precisamos de descanso. Estamos cansados deste
mundo de pecado, cheio de mentiras,
desonestidades e crimes. Estamos
cansados de ver pessoas cansadas da justiça. Como disse o grande Rui Barbosa:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto
ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos
maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de
ser honesto" (Obras Completas, v. 41, t. 3, 1914, p. 86).
Jesus Cristo sabe que necessitamos de descanso. Ele ainda nos
convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é
suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11:28-30).
Descansar em Deus no original hebraico é ficar em silêncio
diante dEle. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46:10). É preciso parar
de falar, parar de reclamar e de se indignar diante dos ímpios e perante Deus. É
preciso parar de acusar a Deus porque os ímpios não são castigados logo que
cometem a iniquidade, ou porque os justos não são recompensados ou reconhecidos
de imediato. Temos que aprender a calar ou descansar na sabedoria divina, e
esperar nEle, confiando em todas as ocasiões, que tudo está em Suas mãos e que
Ele a Seu tempo dará um final justo e perfeito ao nosso mundo para testemunho do
universo.
7 – DEIXA A IRA (V.
8)
“Deixa a ira,
abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. Porque os
malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no Senhor possuirão a terra”
(v. 8-9).
Aqui temos novamente um imperativo em ampliação: Há aqui outro
imperativo tríplice: “Deixa a ira (1), abandona o furor (2), não te impacientes
(3).” Há uma admoestação: “Certamente isso acabará mal!” Há uma razão
convincente: “Porque os malfeitores serão exterminados!” E há também uma
promessa alvissareira: “Os que esperam no Senhor possuirão a terra.”
Observando as condições prevalecentes em nosso mundo moderno,
vemos tantos malfeitores, tantos pecadores, tantos perversos, ladrões,
assassinos e corruptos. Mas muitas vezes não podemos deixar de ficar impacientes
ao ver como prosperam os ímpios em sua maldade. Como ficar inertes diante de
bandidos que roubam a sua casa e ainda matam toda a sua família diante dos seus
olhos e você impotente tem que contemplar a barbárie de homens ímpios, perversos
e maus, que ainda saem dando risadas escarnecedoras? Este sentimento de ira não
precisa ser erradicado, mas controlado. Como disse Lutero sobre o Salmo 37:
“Aqui está a paciência dos santos.”
Com efeito, o cristão não é caracterizado pela ira, pelo
furor, ou pela impaciência, mas pela mansidão. Mas eles não podem competir com
os justos porque a garantia é de que os malfeitores serão exterminados e
desaparecerão do universo, “mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na
abundância de paz” (v. 10, 11). Cristo usou essas palavras e acrescentou um
elogio aos mansos no Seu Reino (Mt 5:5): “Bem-aventurados os mansos, porque
herdarão a terra.” Esta é a promessa de Cristo e está em toda a Bíblia.
Há uma crença errônea de que os justos hão de morar no Céu,
eternamente, com os anjos. Assim dizem muitos teólogos protestantes e católicos.
Mas os ensinos e as promessas da Palavra de Deus indicam para outra direção. A
Bíblia ensina no Apocalipse que haveremos de morar com Deus no Céu onde Ele está
hoje, por mil anos (Ap 20), mas depois disso, todos os justos e anjos virão para
esta Terra, quando a Nova Jerusalém descerá do Céu (Ap 21:2), e Deus
estabelecerá o Seu trono de glória aqui neste mundo (Ap 21:3) para sempre (Dn
7:14).
A razão para isto está no fato de que Cristo esteve aqui
pessoalmente, morrendo na Cruz do Calvário, e derramando o Seu precioso sangue
por nossa Salvação, exaltando a importância desta Terra por toda a eternidade e
diante de todo o Universo.
Então, se cumprirá a promessa: “Os que esperam no Senhor
possuirão a terra” (v. 9); “Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na
abundância de paz” (v. 11); “Os justos herdarão a terra e nela habitarão para
sempre” (v. 29); “Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá
lembrança das coisas passadas” (Is 65:17); “Nós, porém, segundo a Sua promessa,
esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pe 3:13); “Vi
novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe” (Ap 21:1).
8 – APARTA-TE DO MAL
(V. 27)
“Aparta-te
do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.
Pois o Senhor ama a justiça e não
desampara os seus santos; serão preservados para sempre”
(v. 27-30)
No grande conflito entre o bem e o mal, o salmista nos
orienta: “Aparta-te do mal e pratica o bem” (v. 27). Vivemos em um mundo cheio
de mal; porém, precisamos nos apartar do mal, hoje mais do que nunca. Quando
deixamos a ira, estamos nos apartando do mal. Quando evitamos os maus
sentimentos, estamos nos apartando do mal. Quando deixamos de lado a violência,
estamos nos apartando do mal. Quando evitamos a sensualidade, estamos nos
apartando do mal.
Os homens santos do passado tinham a coragem de obedecer a
este imperativo, que é o clamor da consciência espiritual: “Aparta-te do mal.”
Isso requer muito poder espiritual, porque o mal em nossa natureza clama por
satisfação. Não basta dizer como a grande maioria sem Cristo diz: “Eu sou bom,
porque eu não mato, não roubo, não adultero, não desejo o mal para o meu
próximo, não fumo, não bebo, não uso drogas,...” e a lista vai longe de coisas
que não fazem, mas que, contudo, não se constituem
numa forte tentação.
É preciso ir mais a fundo e perceber a maldade da natureza nas
coisas mais sutis, mais básicas como a cobiça, o egoísmo, a avareza, a preguiça,
a gulodice, a inveja, a luxúria, e por aí vão os pecados capitais. Destes
pecados devemos nos apartar com o auxílio do Espírito Santo, que nos fortalece a
vida espiritual.
Mas mesmo isso não é suficiente. Não basta nos apartarmos do
mal, negativamente. É preciso ir além disso. Muitos pensam que a vida cristã se
resume em não fazer o que é considerado mal. Não praticam o pecado e se
satisfazem com isso, achando que esta é a sua parte. Mas isso não é suficiente.
O 10º imperativo duplo se completa ao dizer mais: “Faze o bem!” Não só nos
aparatamos do mal, mas ao mesmo tempo fazemos o que é bom, e praticamos o bem.
Acerca de Jó, lemos que ele se desviava do mal (Jó 1:1). Mas
ele não ficou só nisto, por mais importante que isto seja. Jó adorava ao
verdadeiro Deus, negando os falsos ídolos (Jó 31: 24-28); ele repartia o seu pão
com os pobres e com as viúvas (v. 16-17); ele cobria os necessitados com roupas
e cobertas (v. 19); praticava a justiça nos tribunais e defendia os órfãos (v.
21); ele atendia bem aos seus servos, dando-lhes a razão (v. 13); ele respeitava
os seus inimigos (29-30); hospedava os estrangeiros e praticava a hospitalidade
sem acepção para com os viajantes (v. 32). Leia o capítulo todo (Jó 31), e você
verá o que significa realmente apartar-se do mal e praticar o bem!
Para fazer o bem, precisamos amar a verdade, amar a justiça e
odiar o pecado. De Cristo, lemos: “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade” (Hb
1:9). Certa vez, um pastor encontrou um membro de sua
igreja fumando. Quando ele percebeu que não podia mais se esconder e disfarçar o
cigarro, disse ao pastor: “Você me pegou. Mas eu odeio esse vício.” O pastor lhe
perguntou: “Até que ponto você o odeia? Você odeia esse vício a ponto de
largá-lo?” Então, o homem lhe disse: “Agora, você me pegou de novo. Eu quero
deixá-lo e de agora em diante, eu odeio isso de fato, e deixo de fumar!” O
pastor fez uma oração e aquele homem nunca mais voltou ao vício. Ele agora
estava pronto para fazer o bem. Para fazer o bem, é preciso se purificar
primeiro, apartar-se do mal, odiando o pecado e a iniquidade, e praticar a
verdade e a justiça.
E qual será a recompensa? Qual é a promessa? Leia de novo
essas palavras cheias de esperança, no v. 27: “E será perpétua a tua morada!”
Que gloriosa promessa! Que esperança estimulante! Vivemos em um mundo em que a
nossa morada é transitória e passageira. Outras pessoas vão nos substituir, e
ocupar ao nosso lugar, onde agora habitamos. Mas, se nos separamos do mal,
praticamos o bem, então, satisfeitas as condições, a promessa nos pertence, com
todas a letras!
Logo, temos a segurança de quem nos deu a promessa, v. 28-29:
“Pois o Senhor ama a justiça e não desampara os Seus santos; serão preservados
para sempre, mas a descendência dos ímpios será exterminada. Os justos herdarão
a terra e nela habitarão para sempre.” A nossa morada será perpétua, eterna,
junto a um Deus imortal! Nunca temos um imperativo sem uma gloriosa promessa.
Pois se Deus ama a justiça, os Seus santos refletem essa justiça: “A boca do
justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é justo” (V. 30).
9 – ESPERA NO SENHOR
(V. 34)
“Espera
no Senhor, segue o Seu caminho, e Ele te exaltará para possuíres a terra.”
Aqui temos um
outro imperativo duplo e uma promessa de exaltação e prosperidade para os
humildes e mansos.
Ninguém gosta de esperar, mesmo que seja por Deus. Aliás, a
tendência é pensar que, se Deus é Todo-poderoso, então, não precisamos esperar
por Ele; Ele é que tem que esperar por nós que somos tão limitados. Mas, Ele
pensa diferente de nós, tem planos que para nós são impenetráveis e
desconhecidos, e muitas vezes, perdemos a paciência com Ele, e há certas pessoas
que até dizem que Deus os decepcionou. Mas, pacientemente, depois de esperar
muitas vezes por nós, Ele nos ordena que esperemos igualmente por Ele: “Espera
no Senhor!”
E, se o único Senhor de toda a Bíblia é Jesus Cristo (1Co 8:6;
Ef 4:5), então, esperar no Senhor é esperar em Jesus Cristo, o nosso Salvador,
que morreu por nós. Portanto, temos em Cristo Aquele que é o nosso Salvador mas
também é o nosso Senhor. Nunca nos esqueçamos de que primeiro Ele nos salva e
depois, recebemos o Seu amorável convite: “Segue-Me!” (Mt 9:9). E, como Mateus,
que ouviu este convite, haveremos de segui-Lo, deixando tudo para trás.
Portanto, Davi se dirige a nós e nos diz neste penúltimo imperativo duplo do
Salmo 37: “Segue o Seu caminho!” (v. 34). Se já seguimos o
Seu caminho como nosso Salvador, por que não O seguiríamos como o Senhor
de nossa vida? Se Ele já deu a Sua vida por nós, o que não faríamos por Ele?
Daí, teremos o cumprimento de Sua promessa: “Ele te exaltará
para possuíres a terra” (v. 33). Davi sabia muito bem o que era ser humilhado,
diante do seu povo, diante de sua família e diante de Deus. Mas também sabia o
que era ser exaltado, porque, depois de tanta humilhação, ele foi enaltecido
como o rei de Israel como ninguém jamais fora, além de ser um tipo de Cristo, e
pai do Messias.
Mas, mesmo depois de ser assim exaltado, Davi ainda não chegou
a possuir a terra, porque ele, como
outros heróis da fé, ainda não pôde ver a concretização da promessa (Hb
11:32,39). Isso acontecerá após o Milênio (Ap 20-21). Então, todos os justos
serão exaltados para receber o reino eterno de Deus para todo o sempre (Dn
7:27).
10 – OBSERVA O
HOMEM ÍNTEGRO (V. 37)
“Observa
o homem íntegro e atenta no que é reto; porquanto o homem de paz terá
posteridade”
(v. 37).
A Bíblia disse a respeito de Jó, cito novamente o patriarca do
sofrimento e da paciência: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó;
homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1:1). Por que
será que isso foi escrito na Bíblia? Foi escrito para que nós pudéssemos
observar homens íntegros, a fim de aprendermos deles, e imitarmos o seu exemplo
em nossa vida.
Jó foi um dos homens de Deus que enfrentou o grande problema
da prosperidade dos ímpios. Ele não podia entender esse assunto e disse: “Como
é, pois, que vivem os perversos, envelhecem e ainda se tornam mais poderosos?
... Passam eles os seus dias em prosperidade e em paz descem à sepultura. E são
estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós!” (Jó 21:7, 13-14). Mas Jó saiu
vitorioso e recebeu de volta em dobro todas as coisas e os filhos que perdeu.
Mas qual foi o segredo de Jó? Apesar de muitas dúvidas a respeito das razões do
seu sofrimento, pôde dizer: “Eu sei que o meu Redentor vive e por fim se
levantará sobre a terra” (Jó 19:25).
Disse o salmista
em seu décimo imperativo: “Observa o homem íntegro!” Contemple o patriarca Noé.
Disse Deus a respeito dele: “Eis a história de Noé. Noé era homem justo e
íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.” (Gn 6:9).
Ao observarmos a esse homem íntegro, veremos que ele era de
tal fibra de caráter, não em uma cidade celestial, mas em uma terra cheia de
corrupção e violência (v. 11). No entanto, pôde revelar aos homens
antediluvianos que ele era diferente, porque andava com Deus. Aqueles homens
ímpios não terão desculpas no dia do Juízo. O homem que é íntegro se torna
vitorioso. Ele não se intimida com o problema da prosperidade dos ímpios, porque
todos eles serão exterminados, assim como aconteceu no Dilúvio.
Mas o último imperativo também é duplo e nos diz mais: “Atenta
no que é reto” (v.37). Assim como observamos aos homens íntegros, contemplamos a
retidão, as virtudes que são a expressão da justiça de Deus, e continuamos
praticando o que agrada a Deus e seguindo o caminho reto. E pela contemplação
seremos transformados.
E qual será a nossa recompensa? A promessa que nos estimula ao
cumprimento do seu último imperativo? “O homem de paz terá posteridade” (v. 37).
Os transgressores serão destruídos e a descendência dos ímpios será exterminada
(v. 38), mas os justos terão uma posteridade abundante como a areia do mar,
senão aqui lá no Céu. Imagina, quantos filhos, quantos amigos e companheiros e
anjos que nunca pecaram nós teremos lá! Sem contar com os amigos dos bilhões de
mundos afora em todo o universo! Lá poderemos contar a nossa história e de quão
maravilhoso foi Jesus Cristo para conosco! Esta é a verdadeira posteridade e com
ela a verdadeira prosperidade.
CONCLUSÃO
Como Davi termina este salmo? Quais são as últimas promessas
inspiradas na conclusão do Salmo? “Vem
do Senhor a salvação dos justos; Ele é a sua Fortaleza no dia da tribulação. O
Senhor os ajuda e os livra; livra-os dos ímpios e os salva, porque nEle buscam
refúgio.” (v. 39-40). Portanto, vamos buscar o refúgio em nosso
grande e maravilhoso Deus, que certamente nos dará a salvação hoje e
eternamente. Vamos confiar em Deus e entregar o nosso caminho e todos os nossos
projetos ao Todo-poderoso. Vamos descansar e esperar nEle, e vamos seguir o Seu
Caminho. Porque disse Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! ninguém vem
ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6).
O contexto dessa mensagem é o
grande problema e a grande solução para a prosperidade dos ímpios, mas esta
grande solução serve para todos os maiores problemas e tribulações da
existência. Portanto, guarde bem para os
10 IMPERATIVOS:
1-
NÃO TE INDIGNES
2-
NÃO TENHAS INVEJA
3-
CONFIA NO SENHOR
4-
AGRADA-TE DO
SENHOR
5-
ENTREGA O TEU
CAMINHO
6-
DESCANSA NO
SENHOR
7-
DEIXA A IRA
8-
APARTA-TE DO MAL
9-
ESPERA NO SENHOR
10-
OBSERVA O HOMEM
ÍNTEGRO
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
23/07/2013.