ECLESIASTES 02
INTRODUÇÃO
A frase que serve de título à lição desta semana sugere que o interlocutor obteve plena satisfação dos seus desejos e, como conseqüência lógica e imediata dessa condição, alcançou a felicidade. Essa, em geral, é a opinião da população mundial, de todas as épocas e de todas as etnias. No entanto, a complexidade da vida adverte que dificilmente uma pessoa pode satisfazer todos os seus desejos.
Assim, a felicidade estaria na dependência da satisfação de certos fatores, como: prazeres, riqueza, poder, conhecimento etc. O Pregador, que foi favorecido por uma gama de condições que lhe permitiram satisfazer tudo quanto desejaram seus olhos, reconhece e confessa que esses fatores não contribuíram para sua felicidade. Ao dirigir-se ao seu auditório, sua argumentação é plena de exemplos, vivenciados por ele próprio, nas mais excelentes e exponenciais circunstâncias, para confirmar sua derradeira convicção: sem Deus, tudo é nada, tudo é vaidade[1].
Nossa vida será provada agora. Eclesiastes usa este termo específico. Pois bem, eu te farei experimentar a alegria e conhecer a felicidade! 2: 1. A prova tem que ver com três valores de nossa vida: gozo, trabalho e sabedoria. Devemos provar o que na vida humana seja suportável, útil e significativo, para ver se há algo bom na vida. Este é o propósito da prova. Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho, mantendo meu coração sob a influência da sabedoria, render-me a insensatez, para averiguar o que convém ao homem fazer debaixo do céu durante os dias contados de sua vida. 2: 3. Considerando a importância da criação no livro de Eclesiastes, analisando a palavra bom, hebraico: tov, a mesma palavra usada na história da criação para podermos entender o livro de Eclesiastes.
Em Gênesis, bom também está associado à palavra ver, uma frase que se repete sete vezes em Gênesis no primeiro capítulo. 1: 4, 10, 12, 18, 21, 25 e 31. A prova de Eclesiastes é verificar ficou algo de bom na obra da Criação. Os resultados são negativos. Invariavelmente vem a conclusão que se repete sete vezes como um refrão da história da Criação: Vaidade: 2: 1, 11, 15, 19, 21, 23 e 26. Sete vezes nos recorda o hebraico: hébel, o estado que descreve antes da criação. Hébel, nada do que era antes da criação, é o que caracteriza a experiência humana[2].
EXEGESE
1 - Eu disse a mim mesmo: Pois bem, eu te farei experimentar a alegria e conhecer a felicidade! Mas também isto é vaidade.
Disse a mim mesmo: Experimentarei o prazer e verificarei o que é alegria. Eis porém que também aí só encontrei frustração.
DISSE A MIM MESMO - Me disse. Aqui Salomão raciocina a respeito dos desejos físicos e sua satisfação. Este solilóquio equivale a um ato da vontade. Compare-se com o caso do rico que falava consigo mesmo: Ele, então, refletia: Que hei de fazer? Não tenho onde guardar a minha colheita, Depois pensou: Eis o que vou fazer: vou destruir os meus celeiros, construir maiores, e lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens. E direi a minha alma: Minha alma tem uma quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe, regala-te. Lucas 12: 17 a 19[3].
EXPERIMENTAR - Farei uma prova ou experimento para descobrir os resultados de certa forma de conduta[4].
ALEGRIA - A voz hebraica tem um significado amplo: gozo, prazer, jovialidade, tudo o que proporciona prazer. Aqui se restringe às emoções e os apetites acordados ao participar em prazeres terrenos, ainda que em outros casos a palavra possa significar alegria e gozo religiosos[5].
Não tendo encontrado a satisfação que buscava em tudo que experimentou até agora Cohélet busca vivenciar novas experiências pelo tempo necessário para avaliar seu método sem renunciar ou negligenciar a sabedoria que possuía[6].
CONHECER A FELICIDADE - Hebraico: olha o bom; vale dizer, te farta das boas coisas da vida. Em linguagem atual teria dito: Diverte-te, Diverte-te! Salomão se propôs beber, grandes prazeres que oferece o mundo até saciar-se, num esforço por encontrar uma satisfação duradoura neles[7].
A ALEGRIA É VAIDADE
Todas as faces da felicidade estão incluídas nesta prova. A alegria o prazer e a felicidade verso 1 e o riso verso 2, ainda que estes sentidos estejam sob os efeitos do vinho verso 3.
Eclesiastes especifica que ele é quem conduz a prova: eu te farei experimentar a alegria, 2: 1; eu disse: Tolice, e da alegria, 2: 2; Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho, mantendo meu coração sob a influência da sabedoria, 2: 3. De suas próprias observações e com ajuda de sua sabedoria, Eclesiastes chegou a conclusão de que a alegria é vaidade 2: 1, o riso loucura, o prazer para que serve, 2: 2, é o vinho fútil, 2: 3. Não se arrazoa, argumenta e não apresenta evidências. A única garantia de que o Eclesiastes está correto é que ele manteve sempre sua sabedoria consigo. Nunca perdeu o controle. Permaneceu lúcido em meio a sua alegria, ainda que fosse estática e irracional.
Subjetivamente, a lição que obtemos é que é que o gozo é vaidade. O gozo que se refere Eclesiastes não é produto de um fator externo, Eclesiastes mesmo que é autor de sua alegria. Ele se entregou a toda classe de prazeres. Como rei poderia se dar ao luxo. Ao que os olhos me pediam nada recusei, nem privei meu coração de alegria alguma; sabia desfrutar de todo o meu trabalho, e esta foi minha porção em todo o meu trabalho, 2: 10. Não necessitamos hoje ser reis para estar em consonância com Salomão.
Em nossa sociedade democrática, e em nossa civilização centrada no prazer, toda classe de prazeres está disponível. Salomão não valoriza a qualidade ou a ética destes prazeres. Inclui-se aqui toda espécie de alegrias, inocentes, perigosas, legítimas, ilegais, simples, sofisticadas. O gozo razoável de uma boa comida, ou uma tarde tranqüila frente à TV, um esporte violento, a leitura um livro edificante, o gozo espiritual de cantar um hino, o prazer estético de escutar boa música e contemplar uma obra de arte, o prazer do sexo, de cheirar uma flor ou nadar no mar. E não queremos mencionar outros prazeres, os pecaminosos, os éticos e criminosos.
Todos os prazeres estão sob seu juízo: todos são vaidades. Isto pode parecer estranho e chocante. A razão para este julgamento sem atenuantes é simples. Eclesiastes não está preocupado com o valor moral ou espiritual do prazer, mas com sua realidade. De fato, o prazer é em essência uma experiência interior, um estado da mente. Para Eclesiastes, a experiência do prazer ocorre no coração, nem privei meu coração de alegria, 2: 10. Seja uma emoção ou uma sensação, uma experiência mental, sentimental ou física, segue sendo algo interior, não tem realidade e nem substância em si mesmo. O prazer é da mesma natureza que um sonho ou miragem. Pode ser uma ilusão, ou produto da imaginação ou auto-engano. Eclesiastes poderia valorizar-se interiormente e perceber desde o início que é vaidade.
O prazer também é vaidade devido o elemento tempo: Não perdura. A avaliação de Eclesiastes acerca do prazer pertence ao presente e sua experiência. Sendo que sua sabedoria, sua lucidez o mantém desperto e completamente cônscio percebendo o instante do prazer e sua dimensão presente. É o gozo do momento, breve e passageiro. Estamos muito próximos da realidade da vida, o vazio que se produz após o gozo é muito doloroso, a experiência foi muito intensa. Compreendemos que muitas pessoas usam meios artificiais de prolongar o gozo. Alguns bebem, assim como Eclesiastes relaciona o gozo com o vinho, muitos defendem que o prazer está associado ao hábito de beber. Poderíamos associar a todas as drogas artificiais legais ou não, que produz efeito rápido. Estes prazeres são falsos e artificiais, cheios de engano e morte. Resumem a vaidade da melhor maneira.
Ainda que o riso esteja no contexto do Eclesiastes. É diagnosticado como loucura. Há algo irracional quando se ri, quando alguém tropeça, ou de alguma pegada, ou situação absurda que nos faz rir. No Eclesiastes, o riso de nada vale, não é produtivo, não é útil e não dura muito. Há profunda tristeza debaixo da máscara do palhaço. De acordo com Eclesiastes todos estes prazeres são iniciados e formados por nossas próprias mãos, não merecem respeito nem atenção, porque não tem valor, nem sequer realidade em si mesma[8].
2- Do riso eu disse: Tolice, e da alegria: para que serve?
Em relação ao riso conclui: É loucura, e em relação à alegria me perguntei: A que conduz?
RISO - Hebraico: sejoq. A palavra também significa diversão. É um jogo para o insensato entregar-se ao crime divertimento, e para o inteligente, cultivar a sabedoria. Provérbios 10: 23 e escárnio. Tornei-me a irrisão de todo o meu povo, sua canção todo o dia. Lamentações 3: 14. A eleição de diversões e prazeres sensuais como um meio para conseguir finalmente a felicidade na vida, representa um grande passo no caminho descendente[9].
Tão gradual foi à apostasia de Salomão que antes que dela se advertisse, tinha-se afastado de Deus. Quase imperceptivelmente começara a confiar cada vez menos na divina guia e bênção, e a pôr a confiança em sua própria força. Pouco a pouco deixou de prestar a Deus aquela obediência retilínea que devia fazer de Israel um povo peculiar, e conformou-se cada vez mais intimamente aos costumes das nações ao redor. Rendendo-se às tentações resultantes de seu sucesso e honrada posição, ele esqueceu a Fonte de sua prosperidade. A ambição de exceder todas as outras nações em poder e grandeza levou-o a renegar por propósitos egoístas os dons celestiais até então empregados para a glória de Deus. O dinheiro que devia ter sido conservado em sagrado depósito para benefício de pobres merecedores e para expansão, através do mundo, dos princípios de santo viver, foi egoisticamente absorvido em ambiciosos projetos.
Dominado por um subjugante desejo de superar outras nações em exibições exteriores, o rei subestimou a necessidade de adquirir beleza e perfeição de caráter. Procurando glorificar-se a si mesmo perante o mundo, vendeu sua honra e integridade. Os enormes lucros adquiridos através do comércio com muitas terras, foram suplementados por pesados tributos. Assim, o orgulho, a ambição, a prodigalidade e condescendência produziram os frutos da crueldade e da extorsão. O espírito considerado, consciencioso, que lhe havia assinalado o trato com o povo durante a primeira parte de seu reinado, estava agora mudado. Do mais sábio e mais misericordioso dos reis, ele se degenerou num tirano. Outrora guardião do povo, compassivo e temente a Deus, tornara-se opressor e despótico[10].
TOLICE - Hebraico: sem sentido, néscio. Compare-se com a palavra hebraica similar[11].
Capítulo 1: 17. A palavra hebraica que dá lugar a esta tradução talvez proveja de uma raiz que significa estar atravessado. Sugere assim que a sabedoria nem sempre guiou a Salomão no tema dos assuntos que pesquisou[12].
ALEGRIA - A palavra hebraica que se usa para designar os prazeres próprios de um regozijo ostentoso e sensual, e os prazeres comuns e lícitos[13].
PARA QUE SERVE - Hebraico: Que faz isto? Que efeito tem? Ou que resultados proporcionam? Compare-se com a oportuna pergunta de Paulo E que fruto colhestes então daquelas coisas de que agora vos envergonhais? Pois seu desfecho é a morte. Romanos 6: 21 [14].
3 - Ponderei seriamente entregar meu corpo ao vinho, mantendo meu coração sob a influência da sabedoria, render-me a insensatez, para averiguar o que convém ao homem fazer debaixo do céu durante os dias contados de sua vida.
Procurei deliciar meu coração com vinho, mantendo ao mesmo tempo sabedoria e insensatez, a fim de descobrir o que, para os filhos dos homens é melhor de praticar sob o sol, durante o espaço de suas vidas.
ENTREGAR - Em lugar de limeshôk, 1iteral: tirar, arrastar dom de entregar, alguns lêem lisemôk e traduzem: sustentei meu corpo com vinho[15].
MEU CORPO AO VINHO - Melhor dito: vivificar meu corpo com vinho. Vinho, Hebraico: yáyin. Usa-se para descrever as libações tanto do serviço do santuário como dos ritos pagãos Êxodo 29: 40; Levítico 23: 13; Números 15: 5, 7, 10; 28: 14. Agraciar ou presentear se traduzem de um vocábulo que literalmente significa atirar ou tiro Salmo 28: 3 atrair; Oséias 11: 4. Diz Salomão: Atirei de ou estimulei meu corpo com bebidas embriagantes, como se o corpo fosse um veículo atirado por um cavalo, usado este último como símbolo do vinho[16].
Comentário de Gênesis 9: 21. VINHO - Hebraico: yáyin, o suco da uva. Na maioria, se não em todos os casos, o contexto das Escrituras indica uma bebida fermentada e embriagante. Ao tomar Noé esta bebida, se embriagou. Já que a embriaguez tinha sido um dos pecados da era antediluviana, devemos supor que Noé estava familiarizado com os efeitos prejudiciais da ingestão de bebidas alcoólicas. O registro do pecado de Noé dá depoimento da imparcialidade das Escrituras, que consignam as faltas dos grandes homens tanto como suas virtudes.
A idade ou as vitórias espirituais prévias não são uma garantia contra a derrota na hora da tentação. Quem tivesse pensado que um homem que tinha caminhado com Deus durante séculos e que tinha resistido às tentações de multidões cairia só? Uma hora de descuido pode manchar a vida mais pura e desfazer muito do bem que foi feito no curso dos anos[17].
Comentário de Números 28: 7. Vinho superior. Hebraico: shekár. A libação, com esta exceção, fazia-se com vinho ordinário, yáyin. A quantidade usada para cada cordeiro era aproximadamente de um litro. A palavra shekár se usa freqüentemente para denotar uma bebida que não foi feita de uvas; geralmente se fazia de cereais ou de mel. Por exemplo, em Levítico 10: 9 se ordenaram a Aarão e a seus filhos que não bebessem nem yáyin nem shekár quando se preparavam para entrar no tabernáculo.
Muitos comentaristas insistem que neste caso shekár deve referir-se ao vinho mais nobre e melhor. Os comentaristas judeus, por regra geral, sustentam que neste caso do uso de shekár se exclui o conceito de vinho diluído com água, e favorecem em mudança a idéia de vinho recém espremido[18].
MANTENDO MEU CORAÇÃO - Hebraico: guiasse. O mesmo verbo se traduz como levar e guiar Deuteronômio 4: 27; 28: 37; Salmos 48: 14; 78: 52; Isaias 49: 10. De acordo com a metáfora implícita, Salomão tentava que seu bom juízo lhe permitisse satisfazer todo apetite e entregar-se às paixões com moderação. Em outras palavras, ao projetar seu experimento, não se propunha ser tão imprudente que caísse em excessos. Por suposto, esta é a intenção da maioria dos que se entregam aos prazeres sensuais; mas é um engano fatal: não se pode usar com moderação o que é mau em si[19].
INFLUÊNCIA - Neste caso significa o que pode levar ao pecado sem ser algo pecaminoso em si mesmo. Significa que Salomão se entregou a tais experiências para desfrutar delas ao máximo, com o propósito de aprender pessoalmente as satisfações que podiam oferecer-lhe, mas sem permitir que o dominassem.
AVERIGUAR O QUE CONVÉM - Salomão declara explicitamente seu propósito. Ninguém o obrigava a portar-se nessa forma tão arriscada e insensata. Deus não podia aprovar por fazer isto[20].
HOMEM - Hebraico: Adam, termo genérico que inclui tanto a homens como a mulheres[21].
Comentário de Gênesis 1: 26. Façamos ao homem - Deste mesmo princípio, o Registro Sagrado proclama a preeminência do homem acima de todas as outras criaturas da terra. O plural façamos foi considerado quase unanimemente pelos teólogos da igreja primitiva como que indica às três pessoas da Divindade. A palavra façamos requer, pelo menos, a presença de duas pessoas que celebram um conselho. As declarações de que o homem tinha de ser feito a nossa imagem e foi feito a imagem de Deus, levam à conclusão de que os que celebraram conselho devem ser pessoas da mesma Divindade.
Esta verdade, implícita em várias passagens do AT, tais como o que tratamos aqui e em Gênesis 3: 22; 11: 7; Daniel 7: 9, 10, 13, 14; etc. está plena e claramente revelada no NT, onde se nos diz em termos inconfundíveis que Cristo, a segunda pessoa da Divindade chamada Deus pelo Pai, Hebreus 1: 8 estiveram associadas com seu Pai na obra da criação. Textos como João 1: 1 a 3, 14; I Corintios 8: 6; Colossenses 1: 16 e 17; Hebreus 1: 2 não só nos ensinam que Deus o Pai criou todas as coisas por meio de seu Filho, mas que toda vida é preservada por Cristo.
Ainda que seja verdade que esta luz plena da verdade não brilhou sobre estes textos do AT, prévios à revelação contida no NT, e que o entendimento preciso das diferentes pessoas da Divindade não foi tão facilmente discernida só pelas passagens do AT, a evidência inicial da existência de Cristo, no tempo da criação, como colaborador com seu Pai, acha-se na primeira página da Bíblia. Estes textos não oferecem dificuldade para os que crêem tanto na inspiração do AT como do NT, em vista de que uma parte explica a outra e que ambas as se encaixam harmoniosamente como as pedras de um belo mosaico.
Não só os versos 26 e 27 indubitavelmente contêm indícios da atividade de Cristo como a segunda pessoa da Divindade na obra da criação, o verso 2 menciona o Espírito Santo como colaborando na mesma obra. Portanto, temos fundamento para declarar que a primeira evidência do sublime mistério da Divindade se encontra na primeira página da Bíblia, mistério que se apresenta com luz mais clara quando a pluma da inspiração dos diferentes autores dos livros da Bíblia foi movida a revelar mais plenamente esta verdade.
A palavra homem é Adam em hebraico, a mesma palavra empregada para nomear o pai da raça humana capítulo 5: 2. Seu significado se explicou de diversas formas. Descreve já seja sua cor, de Adam ser vermelho; ou sua aparência, de uma raiz arábica que significa brilhar, fazendo de Adam o brilhante; ou sua natureza como a imagem de Deus de dam, semelhança; ou e o que é mais provável sua origem: o solo, de adamah, o do solo.
A nossa imagem. O homem tinha de levar a imagem de Deus, tanto na semelhança exterior, como no caráter. Patriarcas e Profetas, p. 25. Essa imagem se fazia mais evidente em termos de sua natureza espiritual. Veio ser um ser vivente, dotado de livre arbítrio, uma personalidade autoconsciente.
Esta natureza refletia a santidade divina de sua criação até que o pecado destruiu a semelhança divina. Só mediante Cristo, o resplendor da glória de Deus, e a imagem mesma de sua substancia. Hebreus 1: 3 transformam-se nossa natureza outra vez à imagem de Deus Colossenses 3: 10; Efésios 4: 24[22].
CONTADOS - Hebraico: número ou conto, da raiz safar, recontar, contar, relatar, medir. O substantivo sefer, livro, deriva da mesma raiz[23].
4 - Fiz obras magníficas: construí palácios para mim, plantei vinhedos,
Grandes obras para mim realizei: construí casas e plantei vinhedos,
FIZ OBRAS MAGNÍFICAS - Sem dúvida se refere à dimensão e ao esplendor dos edifícios que construiu, uma fonte de complacência mais aceitável do que a dos versos 1 a 3; I Reis 7: 1; 9: 1[24].
FIZ OBRAS MAGNÍFICAS - Salomão se dedicou muito a edificar I Reis 7: 1 a 12; 9: 15 a 19[25].
VINHEDOS - Compare-se com Cantares 8: 11. A condição econômica do povo comum nos dias de Salomão se indica em I Reis 4: 25: Cada um embaixo de sua parreira e ou de sua figueira[26].
5 - Fiz jardins e parques onde plantei árvores frutíferas de toda espécie.
Jardins e pomares, onde fiz crescer toda sorte de árvores frutíferas.
PARQUES - Hebraico: pátios ou recintos, do verbo encerrar, rodear. Devido a que cabras, asnos e outros animais do Próximo Oriente pastam sem restrições, é impossível ter um horto sem um valado forte e bem cuidado[27].
JARDINS - Hebraico: pardes, do persa: pairi-daeza, que designava os extensos jardins botânicos e zoológicos dos reis persas. Um pardes era uma área real interditada, um pátio ou parque. Paraíso deriva da forma grega desta palavra parádeisos. Pardes aparece em Neemias 2: 8 como bosque, e em Cantares 4: 13 como paraíso[28].
Comentário Gênesis 2: 8. JARDIM EM ÉDEM - Jardim é traduzido por paraíso na versão grega depois em toda tradição Édem é um nome geográfico que foge a qualquer localização e inicialmente pode ter tido o significado de estepe. Mas os israelitas interpretaram a palavra segundo o hebraico: delícias, raiz an. A distinção entre Édem e o jardim no verso 10 se forma em seguida: Fala-se do jardim do Édem, verso 15; 3: 23 e 24. Em Ezequiel 28: 13; 31: 9 Édem é o jardim de Deus, e em Isaías 51: 3; Édem é o jardim de Iahweh, é o oposto ao deserto e à estepe[29].
Desconhece-se a localização do Édem. O dilúvio alterou de tal maneira os lugares físicos originais da terra, como para fazer impossível a localização atual de localidades antediluvianas. Comumente nos referimos a este horto como paraíso, palavra de origem persa que significa parque. A palavra hebraica para paraíso, pardes, aparece umas poucas vezes no AT Neemias 2: 8; Eclesiastes 2: 5; Cantares 4: 13. A palavra paraíso, em grego parádeisos, foi aplicada originalmente ao lar de nossos primeiros pais pelos tradutores da LXX[30].
ÁRVORES - É evidente que Salomão se entregou a um extenso programa de horticultura. Especializou-se não só em jardins, e parques, também em hortos de árvores frutíferas. Tinha um horto real nas ladeiras dos morros do sul de Jerusalém II Reis 25: 4, uma vinha em Bet-haquerem, a casa do vinhedo, identificada por alguns com Ain Karem, a uns 7 kms ao oeste de Jerusalém Jeremias 6: 1, mas recentemente com Ramet Rahel, a uns 4 kms ao sul de Jerusalém; e outra em Baal-hamón Cantares 8: 11[31].
6 - Construí reservatórios de água para regar as arvores novas do bosque.
Escavei poços de água para regar florestas repletas de arvores.
RESERVATÓRIOS - A chuva é insuficiente em Palestina. Nessas regiões se precisa agora, como na Antigüidade, a irrigação artificial. Os agricultores construíam tanques ou depósitos. O tanque do Rei Neemias 2: 14 é chamado por Josefo o tanque... De Salomão. Guerra dos judeus v. 4. 2. Os chamados poços de Salomão provavelmente datem do tempo dos romanos. O maior medida de aproximadamente 183 m 600 pés por 63 m 207 pés, e 15 m 50 pés de profundidade. Estes tanques se encontram a uns 5 km. 3 milhas ao sudeste de Belém. Salomão também pode ter construído viveiros para peixes, e criado várias classes deles Cantares 7: 4. Em vista da escassez relativa de água no Próximo Oriente, é interessante notar que a palavra tanque se a deriva da raiz abençoar[32].
Comentários Gênesis 12: 10. Teve então fome. Apenas tinha passado Abraão pela terra prometida, quando uma grande fome o obrigou a deixá-la. Canaã, ainda que naturalmente fértil, via-se submetida aos castigos da seca, especialmente naqueles anos quando as chuvas de novembro e dezembro, das quais dependia a região, faltavam ou eram escassas Gênesis 26: 1; 41: 56; I Rei. 17: 1; Ageu 1: 10, 11. A presença desta fome precisamente quando Abraão entrou na terra, foi uma prova adicional de sua fé. Devia ensinar-lhe lições de submissão, fé e paciência.
Tinha que compreender que mesmo na terra prometida o alimento e as bênçãos procedem somente do Senhor.
Desceu Abraão ao Egito. Encontrando-se no sul de Canaã, a Abraão lhe pareceu natural ir a Egito, o país da abundância, em procura de sustento. Ainda que Egito mesmo ocasionalmente fosse açoitado pela fome quando não ocorria o Transbordamento do Nilo, era conhecido nos países vizinhos como um porto de refúgio em tempos de necessidade. Os antigos registros egípcios se referem às repetidas ocasiões em que os asiáticos entraram no país para alimentar seus rebanhos famintos. Às vezes esses visitantes permaneciam no país e se convertiam numa ameaça para os naturais dele. Amenemhet I 1991 a 1962 AC, primeiro rei da dinastia XII, fortificou sua fronteira oriental com o propósito confessado de não permitir que os asiáticos entrassem em Egito para mendigar água, para dar de beber a seu gado. Um documento posterior, o relatório de um funcionário da fronteira do tempo dos juízes hebreus, menciona que os beduínos de Edom receberam permissão para entrar em Egito a fim de preservar sua vida e a de seu gado.
O registro mais famoso de uma visita de asiáticos a Egito no tempo de Abraão, é a pintura da tumba de um nobre, no tempo do faraó Sen-Usert II 1897 a 1879 AC. Descreve a chegada de 37 beduínos semíticos que tinham ido para negociar cosméticos com os egípcios e mostra suas facções, suas coloridas vestimentas, suas armas e seus instrumentos musicais. Este documento excepcional é uma grande contribuição a nosso entendimento do tempo de Abraão.
Nenhum artista moderno que prepare quadros da idade patriarcal pode permitir-se descuidar essa pintura contemporânea do tempo de Abraão. Este documentário quanto à entrada de asiáticos em Egito com propósitos comerciais, ou para adquirir alimento em tempo de necessidade, ajuda a fazer-se uma imagem de Abraão descendo ao vale de Egito para preservar a vida de seus rebanhos e manadas[33].
7 - Adquiri escravos escravas, tinha criadagem e possuía muitos rebanhos de vacas e ovelhas, mais do que os meus predecessores em Jerusalém.
Adquiri escravos escravas, além dos que nasceram na minha casa, e também rebanhos e gado, em quantidade maiores que a de todos que me precederam em Jerusalém.
SERVOS E SERVAS - Precisava-se um numeroso séqüito de servos e de obreiros para atender os vastos projetos de Salomão. A rainha de Sabá ficou assombrada ao ver a quantidade de empregados que tinha nos estabelecimentos de Salomão I Reis 10: 5. Sem dúvida tinha escravos que não eram hebreus I Reis 9: 21; II Crônicas 8: 8, e uma grande quantidade de servos hebreus submetidos a um tipo de servidão mais suave.
Comentário Êxodo 21: 2. Servo hebreu. Não devia ter uma coisa tal como uma servidão permanente e involuntária de um escravo hebreu submetido a um amo hebreu Levítico 25: 25 a 55. No entanto, devido a que a escravatura era uma instituição estabelecida e geral, Deus permitiu sua prática. Contudo, ao mesmo tempo procurou mitigar os males que a acompanhavam. Nos países pagãos os escravos eram comumente considerados mais como animais que como homens. Isto era tanto mais repreensível já que a escravatura não implicava necessariamente nenhuma deficiência mental ou moral no escravo. Os escravos, com freqüência, resultaram mais inteligentes e capazes do que seus amos.
A grande maioria dos submetidos a uma escravatura involuntária nasceram nela ou foram submetidos pela guerra. De maneira que a escravatura não era um castigo merecido, mas com mais freqüência, uma desgraça imerecida. Esses infortunados não tinham direitos políticos e tão só uns poucos privilégios sociais. Não obstante, com freqüência estavam submetidos a um amo que em todo sentido era inferior a eles. Suas famílias podiam ser desfeitas em qualquer momento e divididas entre outros proprietários. Estavam submetidos a cruéis costumes sem nenhuma compensação, exceto nos casos de lesão grave. Podia-se exigir-lhes os trabalhos mais duros, em oficinas pouco melhores que prisões, em minas insalubres, ou encadeadas aos remos das galeras para uma tarefa agonizante durante anos intermináveis.
Por contraste, o Senhor protegeu cuidadosamente os direitos dos escravos hebreus, e mesmo fez que a sorte dos escravos estrangeiros fosse mais amena do que em qualquer outra nação. O trato duro estava expressamente proibido Levítico 25: 43. Para o amo, todavia o escravo era seu irmão Deuteronômio 15; 12; Filemom 16. Ao pagar o preço do resgate de um escravo, devia computar-se o tempo que tinha servido a seu amo valorizando seus dias de trabalho como os de um jornaleiro. Levítico 25: 50. O cálculo do preço do resgate incluía o tempo que faltava até o ano do jubileo. Levítico 25: 48 a 52. O espírito destas leis acerca dos escravos é o mesmo que expressa Pablo em Colossenses 4: 1 e o que enunciou ao enviar ao escravo cristão Onésimo de volta a seu amo cristão Filemom Filemom 8 a 16. Em espírito, a lei de Moisés se opõe à escravatura. Sua ênfase na dignidade do homem como feito à imagem de Deus, seu reconhecimento de que toda a humanidade se originou num casal, continha em princípio a afirmação de todo direito humano Levítico 25: 39 a 42; 26: 11 a 13. Geralmente os israelitas chegavam a ser escravos dos de sua própria raça devido à pobreza Levítico 25: 35, 39 e às vezes por um crime Êxodo 22: 3. Os filhos a vezes eram vendidos para cancelar uma dívida II Reis 4: 1 a 7. Em épocas posteriores, devido as guerras, foram levados como escravos a países estrangeiros II Reis 5: 2 e 3[34].
Comentário de Êxodo 21: 20. Ferir a seu servo. Na Antigüidade, um escravo era considerado como de propriedade exclusiva de seu amo e podia ser maltratado, ultrajado ou mesmo morto, sem a intervenção de nenhuma entidade legal. Em Roma, um amo podia tratar a seu servo a seu desejo: vendê-lo, castigá-lo ou matá-lo. No entanto, as leis de Moisés melhoraram muito a condição dos que nasciam como escravos e lhes concederam certos direitos legais. Ainda que a disciplina dos escravos, às vezes exigia que se os golpeasse, Deus requeria que o castigo se infligisse dentro do razoável. Comumente, uma serva era castigada por seu amo ou por uma serva de categoria superior sob a autoridade do amo. No Oriente, com freqüência os criminosos eram mortos a paus. O castigo administrado com varas podia resultar fatal para alguns, devido a um sistema nervoso particularmente débil. Já que o amo pagou uma soma de dinheiro pelo escravo, se o escravo vivia um dia ou dois depois do castigo, o dono não ficava sujeito a castigo[35].
Comentário Deuteronômio 15: 12, Um homem podia vender-se como escravo, ou ser vendido por ordem judicial. Em todos os casos os escravos israelitas deviam ser bem tratados por seus irmãos e, quando não eram isentados antes, eram postos em liberdade no ano sétimo. Ver Êxodo 21: 20, 26 e 27; Levítico 25: 39, onde se detalham as obrigações do amo a respeito da forma de tratar aos escravos[36].
Comentário Deuteronômio 15: 15, Servo. Um poderoso argumento, baseado na experiência, a motivação mais poderosa para a generosidade.
As leis bíblicas quanto à escravatura não só melhoravam a sorte do escravo, senão que finalmente levavam a sua libertação. Nenhum israelita devia ser mantido em escravatura perpétua. A legislação sobre a escravatura inclui as seguintes disposições:
1) O escravo hebreu não podia ser obrigado a servir mais de seis anos e devia ser liberado no sétimo ano.
2) O trato duro de parte do amo estava estritamente proibido Levítico 25: 39 a 43.
3) Se, num acesso de ira, o amo lhe infligisse feridas graves ao escravo, este devia receber a liberdade Êxodo 21: 26.
4) O amo que castigasse em forma desmesurada severa a seu escravo devia sofrer por isso um castigo legal. Êxodo 21: 20, 21.
5) Durante o período de escravatura, a recompensa pecuniária devia ser liberal a fim de que o escravo pudesse adquirir propriedades ou os meios suficientes para isentar-se da escravidão. Levítico 25: 49.
A prática destes princípios tendia constantemente a eliminar a sorte injusta e desafortunada do escravo. De ter-se obedecido esta legislação, a situação do escravo hebreu apenas tivesse sido reconhecida como escravatura pelos povos que circundavam a Israel[37].
NASCERAM EM MINHA CASA - Hebraico: filhos da casa foram para mim. Além dos que tinha adquirido, os escravos comprados ou capturados engendravam filhos. Há registro bíblico quanto ao número dos servos de Salomão I Reis 4: 21 a 27; 10: 25, 26. [38]
VACAS E OVELHAS - O número imponente dos rebanhos e das manadas de Salomão podemos supor pela quantidade dos sacrifícios oferecidos durante a dedicação do templo I Reis 8: 63. Além dos sacrifícios que se ofereciam, precisava-se uma grande quantidade de carne para o exército de servos e de escravos que tinha o rei I Reis 4: 22 e 23; I Crônicas 27: 29 a 31[39].
8 - Acumulei também prata e ouro, as riquezas dos reis e das províncias. Escolhi cantores e cantoras e todas as delícias dos homens, toda a abundância dos cofres.
Acumulei tesouros de prata e ouro, como só os reis e de grandes províncias poderiam ter; também artistas e cantores busquei para mim, capazes de deliciar a qualquer filho dos homens, bem como adquiri todos os tipos de vagões e carruagens.
PRATA E OURO - Em várias passagens se fala da riqueza de Salomão em metais preciosos e em utensílios de ouro e prata I Reis 9: 28; 10: 14 a 27; II Crônicas 1: 15; 9: 20 a 27. O tributo que o rei da Assíria impôs a Ezequias pagou parte com o tesouro do rei II Reis 18: 14 a 16. Ezequías também exibiu seus tesouros aos representantes do rei de Babilônia II Reis 20: 13[40].
RIQUEZAS - Hebraico: posses. Esta expressão se refere aos tributos e impostos de diversas classes que cobrava Salomão. Tesouros preciosos se traduzem de um termo que também Deus aplica a seu povo: especial tesouro. Êxodo 19: 5; Salmo 135: 4; Deuteronômio 7: 6; 14: 2; 26: 18; Malaquias 3: 17[41].
DAS PROVÍNCIAS - Deve referir-se a impostos cobrados de dirigentes, vassalos e de seus povos I Reis 4: 21 e 24; 10: 15[42].
CANTORES - Salomão deve ter recebido muitos hóspedes, inclusive visitantes de muitos países. Isto demandava uma grande quantidade de gente especializada para atendê-los II Samuel 19: 35; Amós 6: 5[43].
De toda classe de - Esta frase é adicionada. Não pertence ao original[44].
DELÍCIAS - Hebraico: shiddah weshiddoth, que geralmente se pensa que significa muitas concubinas, literalmente, uma concubina e concubinas. É duvidosa a etimologia de shiddah, deriva do verbo despojar, aplicado à captura das mulheres de um povo derrotado. Também poderia provir de um verbo equivalente à palavra arábica humedecer, da qual os hebreus derivaram uma palavra que significa o peito feminino. A LXX sugere copeiros e copeiras. Talvez Salomão quisesse dizer: Fiz-me de... Os deleites dos filhos dos homens, uma esposa e esposas, fizeram Salomão. Segundo esta explicação, shiddah weshiddoth seria comparável com rajam rajamatháyim, uma donzela ou duas, literalmente, uma matriz ou duas. Juizes 5: 30[45].
COFRES - Segundo o sentido do termo em hebraico pós-bíblico. Outros sugerem: uma princesa, princesas ou uma concubina, concubinas, e pensam no harém de Salomão[46].
9 - Ultrapassei e avantajei-me a todos quantos me precederam em Jerusalém, e a sabedoria, permanecia junto a mim.
Tornei-me assim poderoso, aumentando bem em proporção maior que os de todos que me precederam em Jerusalém, sem perder minha sabedoria.
ULTRAPASSEI - Com manifesta satisfação, Salomão reflete quanto à grandeza de seu reino com um espírito muito parecido ao de Nabucodonosor quando se jactava de sua glória: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para casa real com a força de meu poder, e para glória de minha majestade? Daniel. 4: 30. Aqui Salomão se jacta de ter sobrepujado a todos seus predecessores, mesmo seu pai, em riqueza e sabedoria[47].
PERMANECEU JUNTO A MIM - Hebraico: minha sabedoria permaneceu comigo. Poderia entender-se como que sua sabedoria se manteve perto dele, no sentido de ajudar-lhe a adquirir todas suas posses, ou que lhe impediu que chegasse a excessos em qualquer complacência. Os comentaristas judeus sugerem ambas as idéias. No meio de sua necessidade, Salomão pensava que era sábio, bem como um ébrio pensa que está sóbrio[48].
10 - Ao que os olhos me pediam nada recusei, nem privei meu coração de alegria alguma; sabia desfrutar de todo o meu trabalho, e esta foi minha porção em todo o meu trabalho.
Não me privei de nada que meus olhos desejassem, tão pouco neguei a meu coração qualquer alegria, e ele de fato se regozijaram com tudo isto, sendo esta minha recompensa por todo o meu trabalho.
PEDIAM - Hebraico: sha’al, literalmente, pedissem, requeressem. O nome popular hebraico Sha’ul, Saul, literalmente, requerido, deriva desta raiz ver comentário I Samuel 9: 2. Salomão quer dizer que chegou a extremos, que teve pouco, se é que o teve que ele não provasse I João 2: 15 a 17[49].
Comentário I Samuel 9: 2. SAUL. Hebraico: sha’ul, do verbo sha’al, pedir, requerer. Um dos reis de Edom também se chamava Saul, Gênesis 36: 37 e 38. Se pensa em Quis como o arco de Deus I Samuel 9: 1 por liberar a Israel de mãos das nações circunvizinhas, também deve ter dardos para a aljava divina. Zacarias fala de Judá como arco de Deus e de Efraim como sua flecha. Sião é como espada de valente. Zacarias 9: 13.
Saul, que dos ombros acima era maior que todos, tinha um porte régio que lhe ganhava o favor da multidão. Que melhor lição podia dar Deus aos que desejavam ser como as nações que os rodeavam que lhes eleger um rei que fora apreciado de acordo com as normas humanas? De igual modo os discípulos de Jesus consideraram a Judas como um líder porque desconhecia as trevas que lhe envolviam o coração. Não é tempo para que o povo de Deus de hoje em dia peça esse colírio celestial que o capacite para discernir sempre com clareza as qualidades da verdadeira liderança?[50]
Comentário I Samuel 9: 1. Quis - De acordo com Gesenio, a palavra transliterada Quis prove de qosh, tender um laço, ou armar uma armadilha. Isaias 29: 21. Uma palavra árabe parecida significa ser dobrado como um arco. Dá-se a Quis o significado de arco, então Quisi I Crônicas 6: 44 significariam meu arco, o nome Elcos em Naum 1: 1, de elqoshi, Deus é meu arco. As vezes o nome combinava com o da Divindade, como Cusaías, o arco de Deus I Crônicas 15: 17. O pai de Quis foi Abiel, Deus é meu pai, e o de seu avô foi Zeror, unido junto. A mesma raiz verbal se emprega em I Samuel 25: 29 a 31, onde Abigail roga a Davi que perdoe as ofensas que lhe inferiu Nabal. O pai de Zeror foi Becorat, de bekor, primogênito, e o nome de seu avô Afía, de significado duvidoso. Dessa maneira se rastreia a ascendência de Saul por mais de um século[51].
DESFRUTAR - Hebraico: Himjah... Haméaj, o substantivo deriva do verbo. Ambas palavras podem referir-se praticamente a qualquer classe de emoção prazenteira, já seja na experiência religiosa, num prazer legítimo, no trabalho, ou na dissipação e a libertinagem. Salomão afirma, sem dúvida alguma, que provou o fruto de tudo o que estudou e empreendeu[52].
PORÇÃO - Isto é, porção ou recompensa, despojo, alimento, propriedade, ou maneira de viver. Sem dúvida Salomão se refere o seu modo de viver, a sua carreira depois da felicidade[53].
O Princípio do Prazer
Não é fácil dar um conceito limitado e concreto do prazer, pois, como tema de estudo de diversas áreas das ciências humanas, seu enunciado difere conforme a necessidade ou propósito ao qual se destina seu estudo. Em forma sucinta, sem presumir de ser correto, definiremos o prazer como: sentimento agradável, porém pouco duradouro que excita a satisfação do ser humano. É pela vontade de experimentar essa satisfação que a pessoa é impulsionada à busca de prazer. Assim foi com Salomão, no seu período aflitivo, quando ousava abafar com prazeres diversos as angústias que experimentava. Então, ele confessou: Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria... E logo continuou: Resolvi no meu coração dar-me ao vinho,... E entregar-me à loucura... Eclesiastes 2: 1 a 3. Sem dúvida nenhuma, o rei de Israel tornara-se vítima da dependência de fatores prazeres necessários para satisfazer suas necessidades emocionais que, para ele, já se haviam tornado vitais. Finalmente, reconheceu que também isso é vaidade. Eclesiastes 2: 1. O que levou Salomão a optar por semelhante procedimento?[54]
O princípio do prazer é antagônico a Deus
A elucidação desse princípio encontra-se nos ensinamentos proferidos por Epicuro, no fim do século IV a.C. Segundo os analistas das doutrinas filosóficas de Epicuro, o que levou esse filósofo a fundamentar suas idéias foi o desejo de libertar-se das superstições e dos temores causados pelos deuses. Seu apelo era pela eliminação dos deuses na mente humana, para evitar os temores que esses seres provocam, e viver uma vida de paz e tranqüilidade. Por esse ideal, Epicuro foi chamado soter, salvador. A ênfase da sua tese especulativa residia na concepção primária da não existência de qualquer deus ou providência. Então, ele complementava seus ensinamentos com a idéia de que o homem faz parte da natureza, da matéria eterna. O telos, alvo da vida humana é a procura da felicidade mediante a busca do hedoné, prazer. Nessa atitude, deve-se procurar o máximo de prazer e o mínimo de dor ética eudemonista.
As críticas contra essa proposta de vida emanaram de outras formas de pensamento. Os cireneus, ou cirenaicos, diferenciavam o prazer espiritual do prazer material, ou dos sentidos. Qualificavam o hedoné dos epicuristas como sendo absolutamente prazer sensorial, e rejeitavam essa busca, afirmando que o prazer de um origina a dor de outro; ou seja, desenvolve o sentimento egoísta. Já, os seguidores de Diógenes, o cínico, assinalavam que o hedoné, prazer, produz a infelicidade do homem em geral e perturba a quietude do sábio em particular.
É possível esboçar uma relação de paralelismo entre o pensamento dos cireneus, sobre os tipos de prazer, com os que se inferem do texto bíblico. A nominação dos prazeres feita na confissão de Salomão Eclesiastes 2: 1 e 3, indica prazeres sensoriais, materiais, o hedoné dos epicuristas. Isso é vaidade. A Bíblia, no entanto, destaca em muitas ocasiões, e por diversas expressões, o prazer espiritual que consiste na viva experiência da comunhão com Deus. Uma antítese bíblica da falácia epicurista encontra-se no Salmo 1, onde os cantores evocam frases melodiosas, repetindo estas afirmações: Feliz o homem que não anda nos conselhos dos ímpios... Antes, o seu prazer está na Lei do Senhor... Tudo quanto ele faz será bem sucedido...
Tudo quanto desejaram os meus olhos. Tudo compra o dinheiro.
É uma máxima popular que estimula o interesse pela riqueza. Seja com as janelas da consciência abertas, seja vivendo na inconsciência através de uma percepção difusa da realidade, a grande maioria da população mundial segue esta orientação. O estímulo fundamental para essa corrida atrás da riqueza é o desejo de ter poder.
A palavra poder deriva do latim, posse, que envolve uma gama de acepções, tais como: autoridade, domínio, governo, capacidade, bens materiais etc. Na concepção filosófica, o poder é a autoridade regida por lei própria. Essa lei é diferente das outras sobre as quais prevalece. A pessoa que ostenta poder insere em si mesma o fundamento e a razão da sua legalidade. Quanto à sua extensão, o poder, aplicado ao homem, é sempre determinado por forças metafísicas ou sobrenaturais. Biblicamente, o poder humano é uma transcendência do poder de Deus; dessa forma, torna-se compreensível a resposta dada por Jesus quando foi inquirido por Pilatos, referente ao poder que, naquelas circunstâncias, o governador da Judéia possuía: ...Nenhuma autoridade teria sobre Mim, se de cima não te fosse dada. E mediante um recurso de oratória sobre o mau uso do poder, evocou uma sentença condenatória: Por isso, quem Me entregou a ti maior pecado tem. João 19: 11. Assim, é necessário reconhecer, conforme o ensino bíblico, que o poder exercido pelo homem está regido pelo dom divino, é limitado, e seu mau uso está sujeito à condenação.
Mesmo com qualidades limitadas, quem exerce poder está na possibilidade de realizar tudo quanto seus olhos possam desejar. Esta afirmação leva à construção de um silogismo, cuja conclusão inexorável, para quem vive essa experiência, seria a consecução da felicidade.
Salomão foi uma pessoa que viveu como ninguém essa experiência. Enquanto foi rei, teve poder. Ele mesmo assevera: Empreendi grandes obras, edifiquei para mim casas... Fiz jardins... Comprei servos... Amontoei prata e ouro... Sobrepujei a todos os que viveram antes. Eclesiastes 2: 4 a 9. Mas, segundo afirma o próprio rei, através de uma comovida expressão de amargura e frustração, todas essas realizações não contribuíram para sua felicidade: Eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do Sol. Eclesiastes 2: 11.
A conclusão do silogismo não foi o que todos poderiam esperar. Mais deprimentes são as análises que o Pregador faz dos custos dessas realizações, que não refletem as expectativas desejadas, pelo contrário, seriam usadas ou mal usadas por herdeiros que não aportaram esforço nenhum. Assim, ele lamenta: Aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do Sol, visto que seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. Eclesiastes 2: 18.
O interesse do Pregador em fazer seu depoimento em relação à experiência sofrida durante os dias do seu desgoverno é levar seu auditório à conscientização de que a vida presente não é o fim da existência, e que o objetivo supremo é buscar a salvação, fazendo a vontade de Deus com relação ao uso do poder. Salomão não reprova a atitude de buscar satisfação e felicidade mediante a realização de tudo quanto desejarem os olhos, segundo a prescrição divina, pois é o mesmo Deus que dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que Lhe agrada..., mas não deixa de reafirmar com veemência que a atitude do pecador é vaidade. Eclesiastes 2: 26.
O escritor evangélico deixou registrada a receita messiânica sobre as prioridades da vida: Buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 6: 33[55].
11 - Então examinei todas as obras de minhas mãos e o trabalho que me custou para realizá-las, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nada havia de proveitoso debaixo do sol.
Analisei, então, tudo o que consegui com meus esforços e conclui que tudo era vão e frustrante, e que não há real proveito sob o sol.
ANALISEI - Hebraico: me voltei para, para observar com especial cuidado. A palavra hebraica significa muito mais do que olhar sem prestar atendimento. O substantivo desta raiz, que significa rosto, contém a idéia de dirigir o rosto para algo a fim de tomar nota disso. Em hebraico se usa o pronome enfático como se Salomão tivesse dito: Eu pessoalmente dei importância a[56].
TRABALHO QUE ME CUSTOU - Nem os banquetes nem as festas, nem a música, nem os prazeres sensuais proporcionam uma satisfação perdurável. Segundo João 4: 24, Deus é Espírito, não um Espírito no sentido de ser um espírito entre muitos, senão absoluta e essencialmente espírito. E o ser humano deve chegar-se a Deus mediante seu próprio espírito, e só numa união tal, pode achar perfeita satisfação e contentamento. Salomão chegou à conclusão de que todos os prazeres de mundo não eram senão vento, alento, ou um afanar-se em pos do vento[57].
Comentário Eclesiastes 1: 14. O vocábulo hebraico com freqüência significa mais do que olhar por fora a forma e a aparência. Em realidade é perspicácia ou percepção. O substantivo derivado significa visão, isto é uma revelação. Aqui denota a aguda observação de Salomão, baseada em seu estudo dos fatos que considerava[58].
CORRER ATRÁS DO VENTO - O vento é uma corrente de ar cuja energia é provocada pela diferença de pressões atmosféricas. A meteorologia, em especial a barometria, são ramos de estudo que pretendem determinar as características do vento. Sabe-se mais dos seus efeitos do que das particularidades dessa forma de energia natural. O vento, como energia, é uma realidade imperceptível. Jesus disse: O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. João 3: 8. Então, correr atrás do vento é simplesmente uma futilidade, frivolidade sem nenhum significado real; é unicamente uma figura de linguagem. Salomão usa essa expressão metafórica para ilustrar seu argumento de que é inadequado e improcedente buscar a sabedoria como a pretendida fonte da felicidade. É correr atrás do vento.
No comentário da primeira lição deste trimestre, caracterizamos a sabedoria como virtude ou conhecimento cuja fonte é Deus. Mas, por força da semântica da linguagem, na maioria dos idiomas, ou em todos os significados da palavra sabedoria adquire outra conotação. Na língua hebraica, existem três vocábulos que são traduzidos por sabedoria. O vocábulo usado por Salomão em Eclesiastes 1: 16 e 18 é hokmah, que aparece 312 vezes nos escritos do A.T. Esse termo é usado para referir-se ao atributo divino, como fonte de sabedoria. Mas o significado mais usual desse vocábulo enfatiza atividades humanas como: habilidades para o serviço técnico, estruturação de táticas militares, mecanismos de administração de governos, expressões negativas da personalidade como a sagacidade, algumas virtudes como a prudência, e também faz referência ao discernimento.
As diversas conotações dadas ao termo hokmah, sabedoria, poderiam ser consideradas como atividades ao serem realizadas. Seriam plenamente suficientes para que uma pessoa possa se sentir satisfeita ou feliz. No entanto, a avaliação do Pregador neste sentido é negativa, já que ao fazer sua inferência, chega a ponderar que esse mecanismo para alcançar a felicidade é carente de propósito, improfícuo, inútil; é correr atrás do vento. Em seu discurso, Salomão pretende levar os ouvintes a pensar não somente nas realizações humanas, como a sabedoria e o conhecimento, que produzem valores efêmeros e, como tais, são inconseqüentes com a felicidade.
A própria palavra felicidade, que Salomão usa em Eclesiastes 2: 1, não tem significado claro. A acepção mais generalizada deste termo sugere estado de bem estar agradável e afortunado do ser íntegro. Mesmo assim, nem as mentes mais privilegiadas, como a de Aristóteles, conseguiram estruturar um conceito de felicidade. Para o pensador ateniense, felicidade era a aplicação da sabedoria prática, como a virtude, e identificava a felicidade com as melhores atividades. Porém, ao não relacionar quais são elas, o filósofo deixa o conceito vazio, vago. Então, para que procurar a sabedoria?
Os argumentos do Pregador tornam-se mais incisivos quando efetua uma análise comparativa entre a pessoa que tem sabedoria e o tolo. Para ambos, o período de existência é fugaz; a memória de ambos igualmente se extingue; a estrutura material anatômica se reduz a pó. Na sepultura, o sábio e o tolo seguem o mesmo fim; individualmente, nenhum tem vantagem. A diferença reside na concepção que cada um possa ter da realidade sobre a natureza divina e Seus atributos e na busca constante da salvação através da Sua misericórdia e poder. A realidade da existência não termina na morte, como pretendem impor os de tendência materialista: ela prossegue além do túmulo. A realidade verdadeira está na compreensão da justiça do Deus eterno e a execução do Seu derradeiro desígnio para o homem. Isso justifica o lamento de Salomão. Assim fazendo, ele insiste em afirmar que, sem Deus, a existência humana, mesmo dotada do privilégio da sabedoria; de nada aproveita: Pelo que disse eu comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois, busquei eu mais a sabedoria?. Então, disse a mim mesmo que também isso era vaidade. Eclesiastes 2: 15[59].
PROVEITOSO – Comentário capítulo 1: 3. Hebraico: yithron. Vocábulo que aparece mais nove vezes neste livro capítulos 2: 11, 13; 3: 9; 5: 9, 16; 7: 12; 10: 10, 11, e se traduz de diversas maneiras: ultrapassa, proveito, aproveitou, excede e proveitosa. Yithron deriva de um verbo que significa permanecer em cima, o substantivo que deriva dele contém a idéia de restante, e depois, excesso, abundância; em hebraico, superioridade, vantagem. O ser humano se esforça perpetuamente, mas sem obter um resultado permanente.
É possível que a metáfora que usa Salomão a tivesse tomado do mundo dos negócios com suas atividades incessantes, cujo propósito é um ganho que valha a pena ver comentário capítulo 2: 11. Mas com freqüência uma pessoa passa sua vida construindo algo que depois derruba seu sucessor. A inutilidade e a insegurança caracterizam todo esforço humano.
O pronome interrogativo que? Propõe uma resposta negativa decisiva. Poderia comparar-se com as palavras de Mateus 16: 26, onde literalmente pergunta o Mestre: Que aproveitará ao homem, se ganhar todo mundo, e perder sua alma? A resposta antecipada pelo Pregador é nada[60].
Proveito, termo importante na filosofia do livro de Eclesiastes, no qual aparece dez vezes. Não está em nenhuma outra parte do AT. Salomão provou cada experiência, cada empreendimento, cada prazer, nos que se comprazeu procurando o proveito que pudesse obter. O significado literal da raiz hebraica de proveito é excedente ou saldo. Sugeriu-se que se trata de um termo próprio das relações comerciais judaicas[61].
DEBAIXO DO SOL - Expressão que aparece 29 vezes no Eclesiastes, para referir-se ao círculo da atividade humana. Há expressões similares em diversos idiomas[62].
O TRABALHO É VAIDADE
A vaidade do trabalho reside no próprio trabalho. O temor de que o trabalho acumula riqueza, experiência, etc., e beneficiará outra pessoa. Para o Eclesiastes é a perspectiva de sua sucessão. O texto menciona este receio em quatro versos 2: 12, 18, 21 e 16 e dá razão explícita no verso 18: Detesto todo o trabalho com que me afadigo debaixo do sol, pois, se tenho que deixar tudo ao meu sucessor.
Salomão resume seus feitos e obras, compara sua fabulosa riqueza, seu ouro e prata, suas aquisições, suas muitas mulheres. Isto nos leva a refletir sobre os quatro versos mencionados 2: 12; 18; 21 e 26 refletem o problema da sucessão de Salomão e sua própria angústia com respeito aos problemas políticos de sua sucessão verso 12. Podemos perceber uma verdade universal: Tudo que acumulamos, seja dinheiro, propriedades, não nos acompanham na tumba. A parábola de Jesus nos recorda a futilidade do néscio que faz para si tesouros Lucas 12: 21. Morre, e toda sua fortuna acumulada é para nada.
Eclesiastes aponta um outro temor deste tesouro acumulado passar para mãos hostis, não só será aproveitado por outro, e não fará bom uso, e a possibilidade de todo trabalho realizado ser desfigurado ou destruído, por esta razão acumular riquezas é equivalente a nada. É pura vaidade.
Esta confissão é dramática, Salomão foi um grande trabalhador, fez muitas coisas. A Bíblia o apresenta como grande construtor I Reis 7: 1 a 12; 9: 15 a 28 e nosso texto enumera grande quantidade de obras. Do verso 4 ao verso 11 a palavra fazer asah aparece sete vezes para descrever realizações, que qualifica como vaidade. A palavra fazer é uma importante palavra na criação 1: 11, 12, 16, 25, 26, 31, 2: 2, 3 e 4. Na Criação a palavra fazer está relacionada a Deus. No Eclesiastes o texto sujere edificou banah, verso 4 Salomão refere-se a ele como construtor. Salomão havia repassado a Deus a tarefa de fazer. Esta frase é uma expressão chave do texto bíblico inserida na construção do Templo. Em I Reis 8, versos 13 a 20 na frase edificar é mencionada sete vezes referindo-se a Deus. Eu edifiquei para ti, e no Eclesiastes menciona: eu edifiquei para mim. Na construção do Templo, estava implícita a lista de vaidades. Quando diz que todas as obras são vaidades, está dizendo que mesmo as obras sagradas podem ser qualificadas como tais, se centradas em si mesmo. Nossa edificação do Templo, nossa realização, nossas obras piedosas e atos religiosos, podem ser nossos próprios interesses, nossa própria glória.
Podemos trabalhar muito por uma causa nobre, e mesmo para Deus e tudo ser pura vaidade, porque estamos interessados em nós mesmos, portanto esforços fúteis, vãos.
Suponhamos que trabalhamos muito para nosso próprio futuro, esforçando por êxito em nossa carreira, edificar uma boa reputação. Trabalhamos muito para obter bênção divina para edificarmos um futuro e ganharmos um paraíso, que sucederia se percebermos que nosso futuro está em perigo? E descobrirmos que todo nosso trabalho duro foi em vão, e nosso tempo foram desperdiçados.
Sim, seus dias todos são dolorosos e sua tarefa é penosa, e mesmo de noite ele, não pode repousar. Isso também é vaidade, Verso 23. Você percebe que perdeu tempo, trabalhou duro para adquirir felicidade e perdeu a felicidade procurando. Perdeu a qualidade de vida, o gozo de uma boa comida, de uma meditação profunda, sofreu com a relação com o cônjuge, filhos, amigos, porque se dedicava ao trabalho duro, tudo é vaidade[63].
Vaidade
Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do Sol. Eclesiastes 2: 11.
Vaidade é a marca registrada de tudo o que é inútil, descartável e de pouca duração. É o desejo exagerado de chamar a atenção dos outros para si. Os quadros da vida real estão cheios de tais exemplos.
Em geral, pessoas vaidosas preferem chegar depois da hora em reuniões e acontecimentos sociais importantes, para que todos vejam que elas chegaram. Algumas até dão um sorriso e um acenozinho!
Podemos notar pela TV, o esforço que algumas pessoas fazem para aparecer, até em velório de gente célebre. Enquanto a câmara focaliza os familiares do extinto, há aqueles que sempre dão um jeitinho de ficar o mais próximo possível deles, para no outro dia perguntar aos amigos: Vocês me viram lá?
A vaidade é ridícula. Ela vai muito além de tudo isso: alcança os limites da presunção e chega às raias da futilidade. Manifesta-se em nosso comportamento quando perdemos o controle das emoções. Ela atinge o coração e assume o lugar de Deus. Quando chega a esse ponto, tudo o que se faz visa somente à fama e ao aplauso dos homens.
O rei Salomão, com a autoridade de sua sabedoria, depois de analisar todas as facetas da vida, assim se expressou: Foi então que comecei a comparar a sabedoria e a tolice vaidade. Quem fizer essa comparação chegará às mesmas conclusões que eu, que a sabedoria vale muito mais que a tolice vaidade, como a luz é melhor que o escuro” Eclesiastes 2: 12 e 13, BV.
A vida de um cristão autêntico não é medida pelo sucesso que ele alcançou nos negócios nem pela riqueza que consegue acumular; tão pouco pela posição de destaque que conquista na sociedade. Todas essas coisas e outras mais podem ter o aplauso dos homens, porém, sem a aprovação de Deus, nada mais são do que tolices, coisas descartáveis e transitórias, um “correr atrás do vento”, de nenhum proveito.
Quando, em nossa vida, o Espírito de Deus nos fizer humildes diante de Deus e do semelhante, dispostos a seguir o exemplo de Cristo no sacrifício e no amor por todas as pessoas, então sim, alcançaremos a verdadeira grandeza.
REFLEXÃO: Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que Lhe agrada. Eclesiastes 2: 26[64].
12 - Pus-me então a examinar a sabedoria, a tolice e a insensatez. Que fará o sucessor do rei? O que já haviam feito.
Voltei minha atenção para a comparação entre sabedoria, loucura e insensatez, pensando o que viria a fazer o homem que sucedesse o rei, que este já não tivesse feito.
VOLTEI - Salomão tinha experimentado os prazeres físicos e tomado nota deles. Agora começa um exame realista da sabedoria e a sua necessidade[65].
O QUE FARÁ O SUCESSOR DO REI - Hebraico: Para que o homem que venha depois do rei? Significa que o rei pergunta que aproveitará que um homem inferior a ele tratar de levar a empreender as diversas empresas que ele tinha empreendido. Ou, como rei, tinha a sua disposição toda sorte de recursos; ainda mais, superava seus súditos em sabedoria[66].
HAVIAM FEITO - Que fará conjunção Quem, hebraico: o que já haviam feito, conjunção; a quem já haviam nomeado, hebraico: A sabedoria não busca proveito algum, nem mesmo o de uma lembrança duradoura; entretanto, ela vale muito mais do que a.tolice, assim como o dia vale mais do que a noite[67].
A pessoa inferior, que viesse depois do rei, dificilmente poderia esperar fazer mais do que Salomão tinha atingido. Salomão tinha comprovado a futilidade e inutilidade dos prazeres deste mundo; portanto, o assunto podia considerar-se já resolvido[68].
13 - Observei que a sabedoria é mais proveitosa do que a insensatez, assim como a luz é mais que as trevas.
Compreendi que a sabedoria supera a insensatez, assim como a luz supera a escuridão.
OBSERVEI - O que duvida que não pudesse estar contente sem comprovar cada assunto em pessoa, diz agora vi[69].
A SABEDORIA SUPERA A INSENSATEZ - A sabedoria ultrapassa à necessidade[70].
Hebraico: Há proveito na sabedoria sobre a insensatez. Salomão mesmo tinha se convencido de que vale a pena adquirir a verdadeira sabedoria[71].
ASSIM COMO A LUZ É MAIOR QUE AS TREVAS - Hebraico: A grandeza da luz sobre as trevas. Nesta figura de linguagem se compara a luz com o desenvolvimento espiritual e mental, e as trevas, com a depravação e o menosprezo mental e moral. O apóstolo Paulo usa uma metáfora equivalente Efésios 5: 8; I Tessalonicenses 5: 5. Comparam-se os caminhos da retidão com a luz Salmo 37: 6; 119: 105; Isaias 51: 4, e os da impiedade com as trevas Jó 37: 19; Provérbios 4: 19. O apóstolo João apresenta a Jesus Cristo como a luz do céu que brilha no meio das trevas deste mundo João1: 4, 5[72].
A SABEDORIA É VAIDADE
O pregador é honesto, mesmo a sabedoria que ajuda apensar e discernir com mais clareza também sofre a mesma acusação, é vaidade, mesmo reconhecendo o valor superior da sabedoria. O sábio tem olhos abertos e o néscio caminha para as trevas, mas ambos morrerão. A sabedoria é privilegiada para o discernimento, mas não mudará a sorte. Todos morrem, neste sentido a sabedoria é vaidade[73].
14 - O sábio tem os olhos abertos, o insensato caminha nas trevas. Porém compreendi que ambos terão a mesma sorte.
Os olhos do sábio conseguem enxergar, enquanto os dos tolos perambulam na escuridão. Entretanto, o mesmo destino os aguarda.
OLHOS ABERTOS - Literal: tem olhos na cabeça[74].
Os olhos do sábio estão onde Deus quer que estejam: numa posição para olhar diretamente para adiante e evitar tropeços. Compare-se com as palavras de Jesus em João 11: 9. Em Efésios 1: 18 há outra aplicação espiritual[75].
INSENSATO - O sábio vê por aonde vai, e toma o caminho mais direto; o néscio anda às apalpadelas na incerteza, e tropeça. Uma metáfora similar se acha em Provérbios 17: 24: Os olhos do néscio vagam até o extremo da terra[76].
COMPREENDI - Expressão enfática. Hebraico: Entendi também eu; o qual sugere que Salomão descobriu que era imperativo que louvasse a sabedoria[77].
TERÃO A MESMA SORTE - Hebraico: Sucede um acontecimento. Salmo 49: 10; 90: 3 a 5. Finalmente, a morte surpreende tanto ao sábio como ao néscio[78].
15 - Por isso disse a mim mesmo: A sorte do insensato será também a minha; para que então me tornei sábio? Disse a mim mesmo: Isso também é vaidade.
Comentei comigo mesmo: O que vai acontecer com o tolo, também comigo ocorrerá; então; para que busquei me tornar mais sábio? E conclui que também isto é coisa vã.
SERÁ TAMBÉM A MINHA - Tanto o néscio como o sábio morrem. A primeira vista parece não ter diferença[79].
SÁBIO - O hebraico acrescenta: pois a mais[80].
Que proveito há num programa laborioso de estudos, se queima as pestanas? O que se esforça incansavelmente na vida para defrontar a suas dificuldades e superá-las, está morto, e quando morre como o alguém que não existiu[81].
ISSO TAMBÉM É VAIDADE - Salomão raciocinava: a ambição e o esforço para avançar na vida carecem de valores, é um mero e fugaz alento. Em realidade, fora de Deus não há resposta para os enigmas da vida. O verdadeiro fim da existência só se encontra quando um cresce na sabedoria de Deus e faz de sua vontade uma norma da vida[82].
16 - Não há lembrança durável do sábio e nem do insensato, pois nos anos vindouros tudo será esquecido: O sábio morre com o insensato.
Pois não restará lembrança tanto do sábio como do néscio, pois nos dias do futuro tudo será esquecido: Porque será a morte do tolo igual a do sábio.
NÃO HÁ LEMBRANÇA - Tanto o néscio como o sábio são cedo esquecidos por seus próximos. Esta declaração é verdadeira no que tange a este mundo, mas fica uma recordação sempiterna para o que ordena sua vida de acordo com a sabedoria divina Salmo 112: 6; Provérbios 10: 7, e ele pode regozijar-se com confiança porque seu nome está escrito nos céus Lucas 10: 20; Filipenses 4: 3[83].
ESQUECIDO - O mundo esquece, mas Deus recorda. Malaquias 3: 16 e 17; João 14: 1 a 3[84].
17 - Detesto a vida, pois vejo que a obra que se faz debaixo do sol me desagrada: tudo é vaidade e correr atrás do vento.
Odiei então a vida, e o trabalho que sob o sol realizei desgostou-me, pois tudo é vão e frustrante.
DETESTO - O texto hebraico não indica um sentimento de ódio nem hostilidade, senão de repulsa, desgosto, cansaço ou antipatia. A raiz etimológica significa aborrecer ou deformar, tanto em sentido físico como em temperamento ou caráter. O mesmo verbo aparece em Malaquias 1: 3, onde diz que Deus aborreceu a Esaú. Deus ficou decepcionado e desagradado com Esaú, mas não o odiou no sentido comum da palavra. Ainda que Deus odeie ao pecado, ama o pecador. Neste versículo Salomão aclara seu pensamento: A obra que se faz embaixo do sol me era fastidiosa. Tudo o que Salomão tinha tentado fazer tão longe de proporcionar-lhe a satisfação que tinha esperado que o mesmo pensamento dessas coisas só aumentava seu descontentamento[85].
DESAGRADA - Hebraico: mal sobre mim. Jó 3: 24 a 26; 7: 14 a 16[86].
VENTO - Ou, alimentar-se de vento Oséias 12: 1; Eclesiastes 1: 14; 2: 11[87].
18 - Detesto todo o trabalho com que me afadigo debaixo do sol, pois, se tenho que deixar tudo ao meu sucessor,
E por ter que deixar tudo o que realizei a quem vier depois de mim, odiou toda minha labuta.
TRABALHO - Resultava penoso a Salomão o pensamento de que todos os grandes edifícios que tinha levantado e os muitos projetos que tinha executado fossem mais tarde desfrutados por outros[88].
19 - Quem sabe se ele será sábio ou néscio? Todavia, ele será dono de todo o trabalho com que me afadiguei com sabedoria debaixo do sol; e isso também é vaidade.
E quem pode saber se ele será sábio ou tolo? Ele governará sobre tudo que construí trabalhando sob o sol; com toda sabedoria que apliquei. Isto é, sem dúvida frustrante.
QUEM SABE - Salomão costuma usar o verbo saber para expressar dúvida. Aqui expressa preocupação porque não sabe se os que herdarão suas obras as apreciarão e serão dignos delas. E o pior é do que ele não pode mudar nada. Alguns crêem que a preocupação de Salomão se devia ao caráter de Roboão, seu filho que o sucedeu[89].
SERÁ DONO - O termo hebraico sugere completo poder sobre pessoas ou coisas. É algo penoso pensar que os frutos dos labores de toda uma vida possam ser maltratados por um sucessor Jó 27: 16 e 17; Salmo 39: 6; Provérbios 23: 5; Isaias 65: 22; Lucas 12: 20[90].
20 - E meu coração ficou desenganado de todo o trabalho com que me afadiguei debaixo do sol.
E meu coração desesperou-se por todo o trabalho que fiz sob o sol.
MEU CORAÇÃO FICOU - Foi numa direção diferente ou oposta. Sugere uma mudança completa da perspectiva de Salomão, e talvez de suas atividades, como resultado de examinar a obra de sua vida.
DESENGANADO - As comprovações de Salomão se resignam ante os fatos que comprovou I Samuel 27: 1; Jó 6: 26[91].
21 - Há quem trabalhe com sabedoria, conhecimento e sucesso, e deixe sua porção a outro que não trabalhou. Isso também é vaidade e grande desgraça.
Pois eis que um homem que trabalha com sabedoria, habilidade e honestidade, e alguém para isto não se esforçou terá que entregar sua porção, isto é terrivelmente frustrante.
CONHECIMENTO - Retitude, O vocábulo do qual se traduz retitude não se encontra em nenhum outro livro da Bíblia. Deriva de uma raiz que significa próprio, adequado, correto, pelo qual poderia traduzir-se como aptidão, habilidade natural. Por isto o pensamento de Salomão é: Não importa quanto habilidoso tenha sido um homem ou quão ressonante seu triunfo, uma coisa é inegável: deverá deixar os frutos de seus trabalhos a outro que não contribuiu a acrescentá-los e, é incapaz de apreciá-los[92].
PORÇÃO - Isto é, sua herança: uma porção de terra, posses ou fazenda[93].
22 - Com efeito, o que resta ao homem de todo o trabalho e esforço com que o seu coração se afadigou debaixo do sol?
Que resultado tem, pois, o homem de todo seu trabalho sob o sol e da angústia de seu coração?
QUE RESTA AO HOMEM - Que resultado ou fruto permanente do qual desfrutar? A única resposta é nada. O ganho não parece compensar em absoluto o trabalho realizado[94].
Abelhudo
Apis, melissa ou simplesmente oropa. Ela veio da Europa, na mala dos padres jesuítas. Aqui, como em todos os lugares do mundo, essa abelha se aclimatou e vive muito bem. A abelha-alemã e a abelha-italiana fazem parte da mesma família.
Na colméia, vivem: o macho zangão; a fêmea rainha e as obreiras ou operárias fêmeas que não atingiram o desenvolvimento físico completo. A rainha tem duas vezes o tamanho de uma operária.
O trabalho do zangão é fecundar a rainha e só. Calcula-se que durante os seus 4 a 5 anos de vida, a rainha produz cerca de um milhão e quinhentos mil ovos. Mas na prática, esse número não deve passar dos 500 mil, pois uma colônia saudável tem cerca de 200 mil abelhas. As operárias, ou obreiras, fazem todo o trabalho que resta: constroem favos, produzem cera, buscam comida e água, fabricam a geléia real para alimentar a rainha, recolhem o lixo e defendem a colméia.
Uma operária visita até 10 mil flores por dia, colhendo pólen e néctar. Calcula-se que as abelhas de uma colméia cheguem a visitar mais de 27 milhões de flores em um ano. Na sociedade das abelhas o indivíduo não conta. O importante é a colônia. Uma prova disso é a crueldade com que as operárias atacam e matam o zangão após o vôo nupcial. Tendo exercido a sua função ele é considerado um entrave, inútil e prejudicial à colméia.
Hoje é o dia do trabalho. E bem que poderia ser o dia das abelhas, pois elas levam esse assunto a sério. Até demais. O trabalho nos foi dado para ser uma bênção. Hoje, porém, é um assunto muito complicado. Falta emprego. Por isso, há várias décadas, o dia do trabalho é apenas um dia de protestos e greves. Além disso, os patrões se tornaram exigentes e exploradores e, como entre as abelhas, o indivíduo não conta.
Muitos preferem não trabalhar e viver na boa vida. Outros fazem do trabalho um ídolo. São viciados em trabalho. Não têm tempo para os filhos ou para os pais. Não tiram férias e sentem-se arrasados quando não têm nada para fazer.
Quando precisar trabalhar, não se deixe levar por essa onda. Trabalhe com amor, fazendo o que você gosta, mas viva também.
23 - Sim, seus dias todos são dolorosos e sua tarefa é penosa, e mesmo de noite ele, não pode repousar. Isso também é vaidade.
Pois dolorosos são seus dias, e sua ocupação esgotante; nem sequer durante a noite seu coração tem descanso. Tudo isto é vão e frustrante.
DIAS - Em contraste com a noite. As horas de trabalho têm estado plenas de atividades, e a noite de insônia, para examinar os afãs do dia. Salomão não parece ter compreendido plenamente as bênçãos da disciplina do esforço, a dor e os desenganos Jó 35: 10; Romanos 8: 35; II Corintios 12: 9; Hebreus 12: 11; Apocalipse 3: 19[95].
24 - Eis que a felicidade do homem é comer e beber, desfrutando do produto do seu trabalho; e vejo que também isso vem da mão de Deus,
Não seria bom para o homem comer, e beber, e se deliciar em seu trabalho? Compreendi que isto só por Deus pode ser concedido,
COMER E BEBER - Essa máxima de cunho de Epicuro é um argumento numa polêmica. Embora o autor faça deste paradoxo um t estribilho 3:12 e13; 5:11; 8:15; 9:1, ele não encerra toda a sua concepção de vida, como se aconselhasse a fazer do prazer o motivo principal da ação, excluindo o sentido do dever[96].
Salomão apresenta sua conclusão, baseada no que experimentou na vida. Pensa que não há ganho final. Por que não comer, beber e desfrutar das coisas que oferece a vida?[97]
A FELICIDADE DO HOMEM - Hebraico: mostre o bem a sua alma. Alma se refere aqui aos desejos ou apetites da pessoa. Provérbios 10: 3; 13: 25; 27: 7; A declaração significa desfrutar em realidade dos frutos dos trabalhos de um, e também à satisfação que proporciona o cumprir com os planos e propósitos próprios[98].
VEM DA MÃO DE DEUS - Deus quer que o ser humano não só goze dos frutos de seu trabalho, mas que também se alegre na realização de suas tarefas. Esta expressão sugere também que Salomão reconhecia o poder soberano de Deus e o desenlace feliz que ele reserva para seus filhos terrenos, apesar do sofrimento e os desenganos[99].
25 - Pois Quem pode comer e beber sem que isso venha de Deus?
Quem deverá comer e desfrutar se não eu?
QUEM PODE - Melhor, quem experimentará mais do que eu? Salomão fala da obra de sua vida, e afirma que sua capacidade para apreciar os frutos dela é maior do que a de qualquer outro. Talvez fale Deus verso 24, e então a tradução do verso 25 seria: Quem comerá e terá melhor experiência aparte dele Deus? Quem pode comer e beber senão graças a Deus?[100]
VENHA DE DEUS - Beber, versões; se apressa, hebraico: sem que isso venha de Deus, literalmente: fora dele, manuscritos versões; fora de mim, hebraico[101].
DOM DE DEUS
O discurso de Eclesiastes iniciou com uma parábola dos movimentos da Criação, para ensinar-nos a trágica lição do que ocorreu na Criação. Todo o bom, hebraico: tov da criação original de Deus tem sido suplantada por hébel de todavia não, o caos da terra, sem forma e vazia, identificado com o trabalho humano, neste contexto o gozo, o trabalho e a sabedoria são identificados como vaidade. Porém repentinamente são identificados como dons de Deus 2: 24 a 26. Eclesiastes escreve: Deus da sabedoria do gozo e do trabalho.
Gozo, trabalho e sabedoria reaparecem no contexto positivo da Criação, associados com as palavras bom; hebraico: tov e dar nathán diretamente atribuídas a Deus. Na realidade o contexto da Criação estas palavras aparecem juntas e pela primeira vez, assim como bom e dar que são palavras chaves na história da Criação, onde se refere a primeira vez para expressar a primeira conexão entre Deus e a Criação do homem vivente. Deus disse: Eu vos dou todas as ervas que dêem semente, que estão sobre toda a superfície da terra, e todas as àrvores que dão frutos que dêem semente: isso será o vosso alimento. A todas as feras, a todas as aves do céu, a tudo que rasteja sobre a terra e que é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas, e assim se fêz. Gênesis 1: 29 e 30. Preocupa-se inicialmente com o alimento e faz à mesma referência no verso 24: Eis que a felicidade do homem é comer e beber, desfrutando do produto do seu trabalho; e vejo que também isso vem da mão de Deus. Esta nova perspectiva do dom divino, na luz da Criação, as experiências do gozo, trabalho e sabedoria adquirem um novo significado[102].
Coisas Comuns da Vida Diária
Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se? Eclesiastes 2: 24 e 25.
Deus quer participar de maneira próxima e prática nos detalhes de nossa vida diária porque Ele é um Deus presente. Ele Se preocupa, não somente com nosso bem-estar espiritual, mas também com nossa prosperidade e saúde III João 2. Assim é com todas as necessidades comuns da vida, pois, separado dEle, quem pode comer ou quem pode alegrar-se? Ellen White diz que Deus nos chamou para servi-Lo nos afazeres temporais da vida. Diligência nesta obra é tanto parte da religião verdadeira como a devoção[103].
Nosso Pai jamais deseja que nos afastemos das coisas comuns da vida. Elas já foram criadas por Deus, lá no Jardim do Éden, para a nossa felicidade. Assim, recebemos dEle a vida para participarmos de seus deveres, privilégios e prazeres porque, com essas coisas, podemos também promover o progresso do reino de Deus aqui na Terra.
As coisas comuns e rotineiras da vida têm idêntico valor como as consideradas mais elevadas e importantes, e devem ser realizadas com o mesmo sentido de dignidade, pois elas também contribuem para a nossa felicidade.
Ninguém mais do que Jesus dignificou tanto as coisas simples e comuns. Todas as Suas parábolas têm como ingredientes coisas comuns, simples e humildes, vividas no dia-a-dia das pessoas. Ele apresentou coisas corriqueiras e familiares para revelar os grandes mistérios e realidades do reino dos Céus.
O comum é a pedra de toque da lealdade, do amor, do nosso testemunho e da nossa vida cristã. Viver verdadeiramente a vida cristã não é somente quando vamos à igreja, quando oramos, quando louvamos, quando participamos de grandes momentos religiosos com a congregação. Ela envolve também o relacionamento com o cônjuge, com os filhos, isto é, nossa rotina em casa e fora de casa, com os vizinhos, amigos, colegas de estudo e companheiros de trabalho.
É preciso administrar bem as coisas e os momentos comuns do cotidiano, porque assim será mais fácil viver, e a vida se tornará mais rica, prazerosa, alegre e feliz.
REFLEXÃO: Uma simples coisa, um toque apenas e um grande milagre. Ela pensava assim: Se eu apenas tocar a roupa dEle, ficarei curada. Mateus 9: 21, BLH[104].
26 - Ao homem do seu agrado ele dá sabedoria, conhecimento e alegria; mas ao pecador impõe como tarefa ajuntar e acumular para dar a quem agrada Deus. Isso também é vaidade e correr atrás do vento.
Pois para aquele que é bom a seus olhos Ele concedeu sabedoria, conhecimento e alegria; e ao pecador incumbiu da tarefa colher e acumular, somente para transmitir ao primeiro. Também isto é vão e frustrante.
AGRADA A DEUS - Assim falavam os Sábios para justificarem o escândalo das riquezas nas mãos dos ímpios cf. Provérbios 11: 8; 13: 22; Jó: 27: 16.. Coélet ironiza essa posição por causa da insuficiência dessa doutrina[105].
ELE DÁ - A conjunção causal Porque coordena o verso 26 com o verso 25; e em ambos a sua vez se vinculam com o verso 24. Salomão confessa o poder onipotente e a vigilância onipresente de Deus, que não abandona seus filhos[106].
AO PECADOR - Ao transgressor, ao que recusa e resiste à vontade de Deus. Hebraico: o que erra o alvo[107].
AJUNTAR - O pecador desperdiça sua vida em trabalhos que não lhe dão entrada ao reino eterno. Tudo o que acumula é tão só para esta vida passageira. Afana-se por amontoar riquezas, acumula-as, mas não com um fim eterno. Mateus 13: 12; 25: 28; Lucas 12: 20[108].
AGRADA A DEUS - A idéia de que o fruto dos trabalhos do ímpio possa ser dado ao justo se acha em Jó 27: 16 e 17; Provérbios 13: 22; 28: 8[109].
O DOM DO GOZO
O gozo não é uma experiência subjetiva e artificialmente fabricada pelo homem para usufruir uma legítima sensação de bem estar. Não é fruto de esforço humano, nem uma recompensa que damos a nós mesmos. É um dom de Deus. É graça. Ao exaltar o valor do gozo, Eclesiastes não está promovendo uma filosofia hedonista que eleva os prazeres pessoais até o máximo, como um ideal de vida, nos ensina o valor de receber. O gozo é a capacidade de valorizar o que nos é dado, e recebê-lo.
Ensina-nos que devemos receber o dom de forma humilde e agradecida, e aprendermos a nos contentar com o que Deus nos dá. Recebermos o dom de Deus com paz no coração, fé e esperança, e abraçar o dom completamente. Muitos cristãos estão muito preocupados com o dom de dar que se esquecem do dom de receber. Está tímido devido seu conceito distorcido da natureza de receber, crêem que é pecado usufruir e gozar a vida. O pensador hereje gnóstico Marción século II d.C. via o belo, a carne, o alimento, o sorriso como males. Por séculos influenciou cristãos a rechaçarem o sábado como dia de deleite substituindo pelo domingo, esquecendo a Criação. Em nome de valores espirituais depreciam a própria Criação.
Esta mentalidade nem sequer poupa os que guardam o sábado. Quanto mais sofrem e quanto mais tristes são, tanto mais santos se sentem, e se dizem são mais felizes. Esta classe em Eclesiastes é chamada pelo nome vaidade, o que diferencia o verdadeiro prazer é quando vem das mãos de Deus, isto significa que qualquer coisa é aceitável quando a origem é um Dom de Deus, nosso gozo está orientado e iluminado por Nosso Criador, a verdadeira felicidade é um Dom divino[110].
O DOM DO TRABALHO
O trabalho como dom de Deus não é uma busca frenética e desesperada da carreira buscando um êxito que nos mata. Não é um rival da família, dos amigos.
Trabalhar para Deus buscando a felicidade própria é vaidade. Buscar a justiça própria no trabalho é perigoso. Conduz a guerra santa jihad e a mentalidade do início das cruzadas. Fazemos da obra de Deus nossa tarefa, o que conduzirá ao etnocentrismo, nepotismo e ao fascínio porque julgamos que somente nós somos dignos de estarmos junto a Deus e quem não raciocinar assim será eliminado por Deus. Era o lema nazista Deus conosco.
Na Bíblia Deus peleja por seu povo, trabalha em favor da raça humana. Qualquer intento de nos trabalharmos para Deus é fútil e não conduz a nada. O trabalho como dom de Deus é uma obra que recebemos Dele, é feito com fé, não depende de nós.
O trabalho como dom de Deus é santo, é fruto de justiça própria, é vaidade. Nosso trabalho se completa quando inicia o sábado, descansamos confiando que Deus cuidará do resto. É um recordativo da Criação. É um monumento da graça, Deus é o Criador de tudo, e nossas obras para Deus são vaidades.
Saber que o trabalho é um dom de Deus aliviará as tensões e eliminará o stress. Salvará o nosso mundo da pobreza e da fome, pois se o trabalho é um dom de Deus não há razão para acumularmos para nós, mas exercermos a generosidade[111].
O DOM DA SABEDORIA
A sabedoria compreendida como um dom de Deus é a única sabedoria que não é vaidade, única que é real, que tem sustentação. Só Deus tem a capacidade para capacitar homens de sabedoria.
Salomão definiu a sabedoria como a capacidade de escutar. Pedindo sabedoria a Deus ele orou: Dá pois a teu servo coração entendido. I Reis 3: 9. Pediu sabedoria porque não era sábio por si mesmo. Esta atitude é um sinal de sabedoria. Ser sábio é saber que não o somos, mas necessitamos de ajuda externa. É um dom de Deus. Pertence a categoria de revelação, é sabedoria de Deus I Reis 3: 28, equivalente ao temor do Senhor. Salmo 111: 10; Provérbios 1: 7. Somente com o auxílio divino teremos capacidade de discernir entre o bem e o mal. I Reis 3: 9. Qualquer tentativa de alcançar sabedoria sem auxílio divino é loucura. Foi a primeira tentação da humanidade, alcançar sabedoria conhecer o bem e o mal por nossos próprios esforços.
Eclesiastes chama esta sabedoria de vaidade, porque nos leva a etapa prévia da Criação, implicando que a Criação não ocorreu que Deus não é o Criador. Inversamente a sabedoria como um dom de Deus implica que o problema do bem e do mal está nas mãos de Deus, que a salvação é a solução de Deus, porque Deus é o Criador. Só nesta perspectiva do Deus da Criação, o Deus que dá, poderemos ser capazes de recuperar o bem tov original que se havia transformado em vaidade hébel[112].
Autor: Pr. Itamar de Paula Marques
[1] Comentário Lições da Escola Sabatina 03, 1º Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.
[2] Tudo é vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, p. 27.
[3] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[4] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[5] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[6] Torá, A lei de Moises, Editora Sefer, p. 676.
[7] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[8] Tudo é vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 27 a 29.
[9] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[10] Profetas e Reis, pp. 55 e 56.
[11] CBASD, vol. 3, p. 1.085.
[12] CBASD, vol. 3, p. 1.084.
[13] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[14] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[15] BJ, p. 1.168.
[16] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[17] CBASD, vol. 1, p. 278.
[18] CBASD, vol. 1, p. 940.
[19] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[20] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[21] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[22] CBASD, vol. 1, pp. 227 e 228.
[23] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[24] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[25] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[26] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[27] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[28] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[29] BJ, p. 33.
[30] CBASD, vol. 1, p. 235.
[31] CBASD, vol. 3, p. 1.086.
[32] CBASD, vol. 3, pp. 1.086 e 1.087.
[33] CBASD, vol. 1, p. 310.
[34] CBASD, vol. 1, p. 623
[35] CBASD, vol. 1, p. 626.
[36] CBASD, vol. 1, p. 1.019.
[37] CBASD, vol. 1, p. 1.020.
[38] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[39] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[40] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[41] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[42] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[43] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[44] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[45] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[46] BJ, P. 1.168.
[47] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[48] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[49] CBASD, vol. 3, p. 1.087.
[50] CBASD, vol. 2, p. 490.
[51] CBASD, vol. 2, pp.489 e 490.
[52] CBASD, vol. 3, pp. 1.087 e 1088.
[53] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[54] Comentário Lições da Escola Sabatina 03, 1º Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.
[55] Comentário Lições da Escola Sabatina 03, 1º Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.
[56] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[57] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[58] CBASD, vol. 3, p. 1.083.
[59] Comentário Lições da Escola Sabatina 03, 1º Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.
[60] CBASD, vol. 3, p. 1.081.
[61] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[62] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[63] Tudo é vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 29 a 31.
[64] Água da Fonte, MM 2.008, Wilson Sarli, CPB, p . 275.
[65] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[66] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[67] BJ, p. 1.168.
[68] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[69] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[70] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[71] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[72] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[73] Tudo é Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 31 a 32.
[74] BJ, p. 1.168.
[75] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[76] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[77] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[78] CBASD, vol. 3, p. 1.088.
[79] CBASD, vol. 3, pp. 1.088 e 1.089.
[80] BJ, p. 1.168.
[81] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[82] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[83] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[84] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[85] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[86] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[87] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[88] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[89] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[90] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[91] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[92] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[93] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[94] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[95] CBASD, vol. 3, p. 1.089.
[96] BJ, p. 1.169.
[97] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[98] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[99] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[100] CBASD, vol. 3, p. 1.090
[101] BJ, p. 1.169.
[102] Tudo é Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 32 a 33.
[103] Mente Caráter e Personalidade, vol. 1, Ellen Gold White, CPB, p. 353.
[104] Água da Fonte, MM 2.0087, Wilson Sarli, CPB, p. 344.
[105] BJ, p. 1.169.
[106] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[107] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[108] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[109] CBASD, vol. 3, p. 1.090.
[110] Tudo é Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 33 a 34.
[111] Tudo é Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 34 a 35.
[112] Tudo é Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukhan, pp. 35 a 36.