ECLESIASTES 05

 

Itamar de Paula Marques

 

INTRODU��O

A palavra ortopraxia � um termo utilizado por algumas express�es do pensamento filos�fico moderno para justificar seus enunciados como formas corretas de comportamento. Essa palavra � composta de dois voc�bulos gregos: orthos e praxis. O primeiro designa o que � elevado, plano sem rugas, reto, correto. O segundo � uma deriva��o da raiz prasso, que tem o significado de fazer, executar, praticar, atuar. A partir dessa considera��o, a sem�ntica desse termo pode ser: pr�ticas corretas ou fazer o que � correto.

Alguns princ�pios filos�ficos pretendem refletir � risca a real ortopraxia. Mas, como seres humanos, todos somos conscientes de que tal afirma��o � simples presun��o, a menos que as pr�ticas propostas estejam baseadas em diretrizes divinas. � aqui que as recomenda��es pr�ticas sugeridas por Salom�o, no cap�tulo 5 de Eclesiastes, alcan�am o estrato das reais ortopraxias. S�o conselhos proverbiais de cunho providencial, que t�m a finalidade de orientar as pessoas a agir corretamente, a fim de atingirem a salva��o eterna. Evitando delongas, o rei de Israel introduz essas recomenda��es destacando a rela��o do Deus que est� nos C�us e o homem que est� na Terra. Logo a seguir, trata de um assunto das rela��es sociais.

Um dos maiores problemas enfrentados pela humanidade ao longo da sua hist�ria � o da desigualdade social entre ricos e pobres. Al�m da B�blia, o sil�ncio das obras que encaram esse problema � profundamente sens�vel. Talvez devido a essa car�ncia de planos e id�ias para solucionar tal quest�o vital da sociedade humana, as obras de Karl Marx e Frederico Engels, que lutaram para estabelecer a �tica do materialismo dial�tico de prote��o �s classes desfavorecidas tenham tido, e ainda tenham muita aceita��o. O interesse em dar solu��o ao problema da pobreza, manifestado na B�blia e na �tica marxista, pode ser comum; mas o que difere em sentido diametral � a metodologia utilizada para alcan�ar o prop�sito de ajuda aos pobres. Enquanto o marxismo promove a luta de classes e o estabelecimento do estado totalit�rio, a ortopraxia b�blica prop�e o uso do amor fraternal para minorar a pobreza[1].

 

RELIGI�O PODER E DINHEIRO

Eclesiastes tem falado na primeira pessoa, compartilhando conceitos gerais de �tica. A partir do cap�tulo 5 admoesta na segunda pessoa do singular a uma audi�ncia indefinida. As admoesta��es podem ser aplicadas ao aluno, ao filho e a todos n�s. O tom de Eclesiastes muda. Expressa dez frases imperativas: Guarda o p� 5: 1; Chegar-se para ouvir 5: 1; N�o precipites com tua boca 5: 2; Nem teu cora��o se apresse em proferir palavras 5: 2; Sejam poucas tuas palavras 5: 2; Cumpre o que prometes 5: 4;

N�o consintas que tua boca te fa�a culpado 5: 6; Nem digas 5: 6; Teme a Deus 5: 7; N�o te maravilhes 5: 8. N�o � suficiente termos consci�ncia do que est� ocorrendo, temos que viver corretamente. Antes de Karl Marx, Friedrich Nietzsche, e Michel Foucault, Eclesiastes passou pelo escrut�nio das tr�s for�as que impulsionam a vida: religi�o, poder e dinheiro, e nos adverte contra elas[2].

 

Coment�rio: 1000?

Voc� est� estudando o livro Eclesiastes? Est� gostando? Porque, com muito carinho, quero lhe dizer que esse coment�rio perde completamente o sentido, se apenas ler essa medita��o. Nosso ponto de encontro � s� a motiva��o e o ponto de apoio para o estudo da B�blia. Ele passa a ter sentido quando voc� realmente est� cumprindo o nosso objetivo de fazer a leitura di�ria da B�blia. E quem l� est� sempre descobrindo coisas novas, nem que sejam perguntas novas.

Recebi uma pergunta de um irm�o l� de Cachoeira do Itapemirim, no Esp�rito Santo. Ele questiona o que as palavras de Salom�o, em Eclesiastes 7: 27 e 28, querem dizer: Veja, diz o mestre, foi isto que descobri: Ao comparar uma coisa com outra para descobrir a sua raz�o de ser, sim, durante essa minha busca que ainda n�o terminou ou, algo que ainda n�o encontrei, entre mil homens descobri apenas um que julgo digno, mas entre as mulheres n�o achei uma sequer.

E da�? O que isso significa?

Bem, no n�mero mil, temos uma for�a de express�o, ou seja, uma figura de linguagem. Para dar �nfase na frase em que est� sendo dita, alguns autores usam um n�mero redondo e alto. Isso tem em mais lugares na B�blia. Veja, por exemplo, em �xodo 20: 6, �xodo 34: 7 e Salmo 105: 8. Mas, nesse verso, especificamente, Salom�o simplesmente queria dizer que coisa rar�ssima � achar um homem perfeito.

Agora, a d�vida maior aparece quando voc� faz a compara��o que o s�bio fez dos homens com as mulheres. Parece que Salom�o est� dizendo que n�o existe uma mulher perfeita? Se voc� que est� lendo for uma mulher, fique calma porque o que ele diz � n�o encontrou. Existem pessoas que procuram muitas coisas que existem, mas, embora exista, o procurador n�o consegue encontrar. N�o � porque Salom�o n�o encontrou uma mulher do jeito que ele esperava que esse tipo de mulher n�o exista.

O autor n�o diz que n�o existem mulheres perfeitas. O que ele sugere � que essas mulheres estavam mais raras de encontrar que os homens. Talvez o �nico que ele tenha dito que tinha encontrado fosse o pai dele, o rei Davi. Afinal, o dono do ninho sempre elogia bem o ovo.

Salom�o disse que procurou entre mil mulheres e n�o achou nenhuma. Ao ler I Reis 11: 3, voc� ver� que ele tinha mil mulheres. A vida familiar dele era uma bagun�a e, querendo agradar a todas, n�o agradou a nenhuma, porque mulher nenhuma vai gostar de dividir o marido com mais 999 concorrentes. Ele acabou s� e frustrado.

Que essa situa��o n�o seja uma realidade na sua vida![3]

 

4: 17 - Cuida de teus passos quando vais � Casa de Deus: aproximar-se para ouvir vale mais que o sacrif�cio oferecido pelos insensatos, mas eles n�o sabem que fazem o mal.

Guarda teu p� quando te dirigires � Casa do Eterno e prontifica-te mais para obedecer que para oferecer sacrif�cios, como os tolos que n�o compreendem, e n�o sabem que est�o a praticar o mal.

CASA DE DEUS - O antigo tabern�culo se conhecia como casa de Iahweh I Samuel 1: 7; II Samuel 12: 20. O mesmo t�tulo se usou mais tarde para o templo de Jerusal�m I Reis 3: 1[4]

CUIDA DE TEUS PASSOS - Nas vers�es hebraicas da B�blia, na LXX, na Vulgata e em outras vers�es este � o verso 17 do cap�tulo 4 Guarda teu p� equivale a olha onde caminhas se usam aqui em sentido figurado, em harmonia com o pensamento de G�nesis 17: 1 e Salmo 119: 101[5].

 

A VAIDADE DA RELIGI�O

Eclesiastes come�a exortando contra o engano religioso. O primeiro imperativo � um termo t�cnico: Guarda, hebraico: shamor� que normalmente se usa em rela��o aos mandamentos Deuteron�mio 6: 17; 11: 22; 27: 1. � o mesmo verbo que refere-se ao mandamento do s�bado Deuteron�mio 5: 12. Aqui o verbo se refere ao ato fundamental da religi�o, ir � casa de Deus 5: 1. Eclesiastes adverte guarda teu p�, ser cuidadoso, quando ir a presen�a de Deus. � �bvio que n�o devemos ir � presen�a de Deus da mesma forma que vamos a um passeio ou fazer compras. O significado imediato desta advert�ncia � nos sensibilizarmos com o ato sagrado desta ocasi�o.

No contexto da literatura sapiencial, a express�o guarda teu p� significa ser cuidadoso e n�o trope�ar. Prov�rbios 3: 26. Poder�amos trope�ar quando praticamos a religi�o de tal maneira, que fazemos mal sem nos apercebermos 5: 1. Eclesiastes  define esta situa��o como o sacrif�cio oferecido pelos insensatos. A B�blia registra v�rios casos semelhantes: Caim G�nesis 4: 1 a 9; Saul I Samuel 13: 1 a 15; e mesmo Salom�o I Reis 11: 7 a 9 ofereceram sacrif�cios que n�o foram aceitos pelo Senhor.

Eclesiastes n�o est� referindo-se a um sacrif�cio equivocado, ou a uma religi�o errada. Quando vamos a igreja, e damos todos os passos, podemos estar praticando o sacrif�cio oferecido pelos insensatos. Eclesiastes apresenta dois exemplos espec�ficos deste erro.

1� Exemplo - Palavras 5: 2 e 3 pronunciadas diante de Deus, no exerc�cio da ora��o. N�o dever�amos nos apressar com nossos l�bios, mas controlar nossa linguagem. Ainda que as nossas palavras venham do nosso cora��o, nem tudo � apropriado quando falamos com Deus. A ora��o requer que pensemos e prestemos aten��o. Em nossa cultura de comunica��o de massa, muitas palavras t�m perdido o seu significado. S�o ditas sem pensar. Do mesmo modo existem ora��es que perdem seu significado, n�o tendo sentido da verdadeira adora��o. Existem ora��es que s�o pronunciadas para se exibir e ser admirada por homens. Que ora��o bonita depois dizemos Amem. Com freq��ncia s�o palavras mec�nicas, recitadas sem pensar. Nem sequer entendemos o que estamos falando, ou nos esquecemos do que acabamos de orar. Nossas ora��es podem ser incoerentes, sintomas de nossa pr�pria necessidade.

O s�bio nos indica a raz�o para este problema. N�o estamos orando a Deus. Temos perdido o sentido da dist�ncia de Deus, que est� no c�u e que n�s estamos na terra. Assim que estamos orando a um Deus de nossa pr�pria medida, um �dolo que nos est� escutando, ou estamos orando para n�s mesmos. Eclesiastes nos aconselha: n�o se apresse em proferir uma palavra diante de Deus, porque Deus est� no c�u, e tu sobre a terra; portanto, que tuas palavras sejam pouco numerosas. � melhor dizer poucas palavras significativas, expressando um pensamento cuidadoso, que expressar uma multid�o de palavras vazias, que n�o passam do teto. Compara estas palavras com sonhos, que no contexto do Oriente antigo, e especificamente no antigo Egito, era considerado como uma figura de coisas passageiras, ilus�rias e enganosas. Os sonhos s�o como h�bel, vaidade as duas palavras aparecem em 5: 7 como sin�nimas.

Muitas pessoas religiosas deveriam escutar este conselho. Jesus fez � mesma recomenda��o: E orando n�o useis v�s repeti��es, como os gentios, que pensam que por seu muito falar ser�o ouvidos Mateus 5: 7. Jesus estava preparando seus disc�pulos. Muitos crist�os e judeus, todavia cr�em que quanto mais longa a ora��o, maior ser� seu valor. Seja uma recita��o intermin�vel semelhante a um ros�rio ouuma passagem lida rapidamente de um livro de ora��o ou a leitura p�blica de uma ora��o preparada.

2� Exemplo - Votos 5: 4 e 5. Quando fazemos promessas a Deus na Sua presen�a, e n�o cumprimos. O livro de s�bio se refere a esta conduta com as palavras: La�o � para o homem o dizer precipitadamente: � santo! E s� refletir depois de fazer o voto. Prov�rbios 20: 25. O princ�pio em que se baseia este verso est� no pacto de Deus com seu povo. Nosso compromisso de cumprir nossos votos feitos a Deus � uma resposta a Ele. Por�m nossas inten��es trope�am com a debilidade de nossa natureza. Estamos destinados a fracassar em rela��o a nosso compromisso com Deus. O dia da expia��o, na tradi��o judaica se associa ao perd�o de todos os nossos pecados, e o cancelamento de todos os nossos votos n�o cumpridos, como nos recorda a ora��o judaica do Kol Nidrey, todos os nossos votos. A ora��o do Kol Nidrey se recita no in�cio dos atos do Dia da Expia��o. Afirma que toda a classe de votos, feitos perante Deus sem pensar e de forma apressada, durante o ano, e n�o cumpridos, seriam cancelados e declarados nulos. A B�blia nos assegura o perd�o divino, e que estamos livres da d�vida perante Deus. Isto est� impl�cito na ora��o do Senhor Perdoa-nos as nossas d�vidas Mateus 6: 12.

O contexto n�o trata somente do cumprimento do voto, como de nossa honestidade diante de Deus, a pressa de nossas palavras e o fato de que n�o levamos o Senhor a s�rio. Se crermos que Deus � poderoso para nos perdoar, o problema continua. � prefer�vel n�o fazer votos que fazermos de maneira apressada, sem pensar, e logo nos retratamos deles quando percebemos as implica��es de nossas palavras. A seguran�a do perd�o alivia a gravidade do caso, e os votos que foram mencionados n�o s�o os votos de servir a Deus, permanece fiel ao c�njuge, estes votos atendem a outro contexto.

O que tem em mente � a multiplica��o de palavras e desejos piedosos para prometer algo a Deus que nunca cumpre, terminam sendo mentiras. A id�ia de mentira est� impl�cita nesta advert�ncia; a palavra hebraica jabal, destruir 5: 6 est�o associadas � palavra mentiras Isa�as 32: 7. Na mesma categoria est�o todas as palavras que dizemos em rela��o a Deus, todas as a��es virtuosas que falamos e nunca ocorreram, todos os testemunhos de milagres que contamos para mostrar nossa superioridade, todas as mentiras piedosas que usamos para demonstrar algo apolog�tico. Para Salom�o todos os votos falsos feitos a Deus, todas as mentiras relacionadas com o Eterno, ditas para benef�cio pessoal e sua pr�pria gl�ria, n�o s�o mais que vaidade, e conduzir�o a destrui��o.

Adverte-nos desde o in�cio aproximar-se para ouvir vale mais que o sacrif�cio oferecido pelos insensatos, mas eles n�o sabem que fazem o mal 5: 17. Ali a apresenta a vaidade da religi�o. Estamos ansiosos de trabalhar e oferecer a Deus, mas n�o ouvir e receber. As obras humanas n�o conduzem a nada, s�o passageiras. No que refere � religi�o as obras e as inten��es piedosas, quando direcionadas como justi�a pr�pria, s�o as piores, porque pretendemos nos justificar perante o Deus da Cria��o, que � o �nico que d� tudo. O resultado � o vazio, o sacrif�cio oferecido pelos insensatos.

Podemos nos enganar, mas n�o podemos enganar a Deus. � significativo que esta se��o encerre com o imperativo: Teme a Deus 5: 7. A mesma admoesta��o se encontra na conclus�o de todo livro. Apresenta Deus como Juiz: De tudo o que se tem ouvido, a suma �: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto � o dever de todo o homem. Porque Deus h� de trazer a ju�zo todas as obras, at� as que est�o escondidas, quer sejam boas, quer sejam m�s. 12: 12. Temer a Deus significa perceber que Deus � o Juiz, e n�o s� prova � vaidade de nossa religi�o. Tamb�m julga a terra[6].

SACRIF�CIOS OFERECIDOS PELOS INSENSATOS - Estes n�scios... Fazem mal quando entram na casa de Deus porque n�o guardam seu p� e n�o se acercam para ouvir. N�o t�m em conta a Deus, em cuja presen�a est�o verso 2; seus pensamentos se concentram em coisas terrenas e, como resultado freq�entemente suas palavras s�o imprudentes, precipitadas e demasiadas. O s�bio chama n�scios aos que assistem � igreja e est�o t�o inconscientes da presen�a de Deus, que continuamente pensam e falam de assuntos triviais. Seu culto � s� externo, uma mera forma[7]

FAZEM O MAL - Ignorantes dos requisitos espirituais, n�o rendem culto a Deus sincera e inteligentemente Jo�o 4: 24. Pecam em sua ignor�ncia volunt�ria, e Deus n�o aceita seu culto nem suas oferendas, entregues irreflexivamente. 

 

1 - Que tua boca n�o se precipite e teu cora��o n�o se apresse em proferir uma palavra diante de Deus, porque Deus est� no c�u, e tu sobre a terra; portanto, que tuas palavras sejam pouco numerosas.

N�o seja precipitada tua boca nem ansioso teu cora��o para pronunciar uma palavra perante o Eterno, pois Ele est� nos c�us, e tu na terra; sejam, pois, contidas tuas palavras.

N�o se precipite tua boca nem se apresse o teu cora��o a proferir palavra diante de Deus. Pois Deus est� no c�u, e tu na terra; Logo sejam, poucas as tuas palavras.

N�O SE PRECIPITE - N�o te apresse, tal como se traduz nos cap�tulos 7: 9 e 8: 3. S�o perigosas as palavras apressadas, irreflexivas, precipitadas, j� seja em conversa, peti��o ou ora��o. A l�ngua deve ser dominada como � um cavalo. Note-se o conselho de Cristo com respeito da ora��o Mateus 6: 7[8].

 

Deus no C�u, humanidade na Terra

Este subt�tulo est� estruturado por duas frases separadas por v�rgula, e parece convencionar a separa��o de duas naturezas: a divina e a humana. � a f�rmula antropog�nica do De�smo, que prefigura Deus como um ser criador do Universo e do homem: logo, � um ser inating�vel, separado e indiferente ao que acontece com a humanidade. N�o � essa a proposi��o que Salom�o deseja impor. Muito pelo contr�rio, ele deseja apresentar o interesse divino pela situa��o humana. Um interesse redentor que se manifesta nos atributos da Sua natureza. Deus est� nos C�us... Eclesiastes 5: 2, uma ep�grafe usada pelo Pregador para substituir o voc�bulo adjetivado El-Elyon, Deus Alt�ssimo. Essa express�o revela a gl�ria e majestade de Deus, Sua natureza eterna, bem como o car�ter eterno dos Seus atributos.

A majestade divina manifesta-se no templo, e a praxis salom�nica recomenda: Guarda o p�, quando entrares na Casa de Deus... Eclesiastes 5: 1. Se Deus est� nos C�us, como � que tamb�m est� presente na Terra, no templo: a Casa de Deus?

A inten��o do Pregador � transmitir a id�ia de que, mesmo Deus estando nos C�us, Sua atua��o em favor do homem � na Terra. Essa manifesta��o divina � conhecida em Teologia como: iman�ncia e transcend�ncia de Deus. Esses termos n�o s�o estritamente teol�gicos: foram assimilados da filosofia. Arist�teles usou esses termos para explicar a propriedade dos gases, principalmente os que desprendem cheiro. A ess�ncia encontra-se num recipiente aberto, mas o aroma pode ser sentido no espa�o, em toda a sala. O pensador ateniense chamou de iman�ncia, a propriedade da ess�ncia, e chamou de transcend�ncia a propriedade do aroma. Assim, Deus nos C�us � a iman�ncia da Sua natureza. Sua revela��o na Terra � a transcend�ncia.

Pela Sua transcend�ncia, Deus est� no Templo, a Sua Casa. Este � o lugar em que  ...chegar-se para ouvir � melhor do que oferecer sacrif�cios de tolos, ... 5: 1. Este � um lugar de adora��o. Aqui se faz necess�rio destacar a caracter�stica de um lugar de adora��o.

No per�odo patriarcal, antes da constru��o do Tabern�culo, houve alguns lugares de adora��o. Um epis�dio transcendental na vida de Abra�o foi quando Deus lhe comunicou: de ti farei uma grande na��o, e te aben�oarei, e te engrandecerei o nome. ... G�nesis 12: 2. Atravessou Abra�o a terra at� Siqu�m. Ali edificou Abra�o um altar ao Senhor, que lhe aparecera G�nesis 12: 6 e 7. Mais tarde, a promessa da alian�a foi confirmada: nos carvalhais de Manre, ... E Abra�o levantou ali um altar ao Senhor. G�nesis 13: 15 a 18. Semelhante ocorr�ncia aconteceu na vida de Isaque G�nesis 26: 23 a 25. Jac� ouviu a voz do Senhor em Betel. G�nesis 28: 13 a 19. Betel, Casa de Deus.

Os textos relacionados no par�grafo anterior mencionam a exist�ncia de quatro lugares de adora��o antes da constru��o do tabern�culo: Siqu�m, Manre, Berseba e Betel. A identifica��o topogr�fica era a coloca��o de uma pedra. O mais importante, no entanto, era o ritual sagrado que consistia em ouvir a renova��o das promessas da alian�a: Eu te darei esta terra e multiplicarei a tua descend�ncia. O tabern�culo, o templo antigo e as modernas casas de Deus mant�m o mesmo prop�sito. Deus deseja renovar a alian�a, portanto, a regra pr�tica �: ... chegar-se para ouvir ... N�o te precipites com a tua boca ... 5: 1 e 2. Esta � a raz�o pela qual cada s�bado, os filhos de Deus devem praticar rever�ncia na Casa de Deus: para ouvir Suas promessas de sustento e salva��o.

A humanidade na Terra encontra Deus na Igreja, a Casa de Deus, para ouvir a renova��o da alian�a em hebraico: Berith. Na alian�a, o compromisso de Deus � sustentar e salvar, e o compromisso do homem, seu voto � obedecer a Deus. Disse Salom�o: ...Cumpre o voto que fazes. Melhor � que n�o votes do que votes e n�o cumpras. 5: 4 e 5. Essa frase � um apelo para ser fiel a Deus, procurando cumprir os votos espec�ficos, mas, sobretudo os preceitos e as doutrinas aceitas e declaradas publicamente, no voto batismal, de conformidade com as cren�as assumidas[9].

 

EM QUEM CONFIAR?

Uns confiam em carros, outros em cavalos; n�s, por�m nos gloriaremos no nome de Iahweh, nosso Deus. Salmo 20: 7

Sou o rei do mundo, sou o maior, gritava o jovem boxeador no dia 25 de fevereiro de 1964, diante das c�meras de TV, desde o quadril�tero do Miami Beach Convention Hall. Mohamed Ali acabava de proclamar-se campe�o dos pesos pesados, com apenas 22 anos. O mundo inteiro est� aos meus p�s, escrevam isso, disse para os jornalistas.

E era verdade. Naquele ano, o mundo inteiro estava aos seus p�s. Em 1996, o mundo inteiro o viu enfraquecido, por ocasi�o das Olimp�adas de Atlanta. Mal conseguia acender a tocha ol�mpica. Evidentemente, n�o era mais o rei do mundo, nem o melhor. Estava envelhecido e deteriorado pelo Mal de Parkinson .

� isso o que o salmista diz, quando afirma: Se o Senhor n�o edificar a casa, em v�o trabalham os que a edificam. Voc� est� diante de um novo ano. N�o se atreva a entrar nele sem a certeza de que Jesus est� no controle dos seus empreendimentos. Seu trabalho, esfor�o e dedica��o s� ter�o sentido se o Senhor construir a casa.

Aceite o desafio de um novo ano. Pense grande. Olhe longe. Trabalhe, mas pergunte-se: Quem est� no centro dos seus planos? Isto � vital. Outro dia, um milion�rio exc�ntrico reuniu seus amigos para passar o r�veillon no seu iate de 10 milh�es de d�lares e gastou a bagatela de um milh�o de d�lares na festa. Naquela noite, os fogos de artif�cio iluminaram a escurid�o no mar do Caribe, e todos levantaram as ta�as de champanhe, desejando sa�de, dinheiro e amor, mas dezembro n�o chegou. Pelo menos para ele, n�o. Um enfarte fulminante ceifou sua vida em junho daquele mesmo ano.

A vida humana � fr�gil como a flor. Hoje � amanh� n�o � mais. Murcha-se como a erva do campo. Desaparece como a nuvem levada pelo vento. Portanto, coloque Deus no fundamento dos seus projetos porque, sem Ele, in�til vos ser� levantar de madrugada e repousar tarde. Salmo 127: 2.

Trabalhe em sociedade com Deus. O homem do campo ara a terra e planta a semente. Mas se Deus n�o fizer sair o sol e cair a chuva de que serve todo o trabalho? Assim acontece em outras �reas da vida. Se o Senhor n�o edificar a casa, em v�o trabalham os que a edificam[10].

DIANTE DE DEUS - Devemos dirigir-nos a Deus com temor reverente I Reis 8: 43, e n�o como a um homem[11].

TUAS PALAVRAS SEJAM POUCO NUMEROSAS - Compare-se com o clamor dos sacerdotes de Baal I Reis 18: 26. Deus conhece nossas necessidades. � desnecess�rio um excesso de palavras que descrevam detalhes �ntimos de nossas peti��es Mateus 6: 7 e 8; Lucas 18: 9 a 14[12].

 

2 - Das muitas tarefas vem o sonho, e das muitas palavras o alarido do insensato.

       Com muitas ambi��es adv�m os sonhos, e com muito palavreado a voz dos tolos.

      Pois da demasiada ocupa��o vem o sonho, e do excesso de palavras a fala insensata.

SONHO - Hebraico: jalom, palavra que abarca toda classe de sonhos, inclusive os dos profetas falsos e verdadeiros. Possivelmente se refira a confus�o ou estado mental dos mundanos, estampados numa multid�o de preocupa��es, N�o t�m a paz de Deus[13]

MUITAS PALAVRAS - Bem como seus sonhos respondem a um excesso de trabalho e tens�o nervosa, tamb�m a super abund�ncia de palavras revela que � n�scio quem as pronuncia[14]

 

3 - Se fazes uma promessa a Deus, n�o tardes em cumpri-Ia, porque Deus n�o gosta dos insensatos. Cumpre o que prometeste.

              Quando ao Eterno fizeres um voto, n�o proteles seu cumprimento, pois Ele n�o se compraz nos tolos; cumpre o que prometeste.

              Se fizeres um voto a Deus, n�o demores em cumpri-lo, pois ele n�o se compraz com insensatos; voto que fizeste, cumpre-o.

         FAZES UMA PROMESSA - Ver Deuteron�mio 23: 21; Salmo 50: 14; Prov�rbios 20: 25[15]

N�O GOSTA DOS INSENSATOS - No hebraico diz literalmente: N�o h� prazer nos insensatos. Em outras palavras, segundo Salom�o, nem Deus nem o homem se comprazem numa pessoa irreflexiva que promete muito, mas cumpre pouco. Compare-se com o relato de Ananias e Safira Atos 5: 1 a 10[16]

 

4 - Mais vale n�o fazer uma promessa, do que faz�-la e n�o cumpri-la.

              Melhor � n�o prometer que faz�-lo e n�o cumprir.

              Melhor para ti � n�o fazer voto, do que fazer voto e n�o cumprir.

N�O FAZER UMA PROMESSA - Algu�m pode sentir-se impressionado a prometer uma oferenda para a obra de Deus devido a uma manifesta b�n��o recebida. Se feita, a promessa deve ser cumprida[17].

 

A Loucura de um Voto Precipitado

Quando a Deus fizeres algum voto, n�o tardes em cumpri-lo; porque n�o Se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor � que n�o votes do que votes e n�o cumpras.  Eclesiastes 5: 4 e 5, ARA.

A B�blia fala de votos precipitados que custaram muito caro para quem os fez. Um exemplo que eu menciono � o voto de Jeft�, feito antes da batalha contra os amonitas. Ele prometeu a Deus que se obtivesse a vit�ria sobre os filhos de Amom, o primeiro membro de sua fam�lia que sa�sse da porta de sua casa e viesse ao seu encontro ap�s a vit�ria, ele o ofereceria ao Senhor, em holocausto. Para sua tristeza, quem lhe saiu ao encontro foi sua �nica filha. Alguns comentaristas que analisaram esse fato deduziram que esse sacrif�cio nada mais foi que a dedica��o de sua filha a uma castidade perp�tua, o que significava que a sua linhagem teria ali um ponto final. E para um israelita, o fato de n�o ter descendentes era o pior que lhe podia acontecer. Tudo isso foi conseq��ncia de um voto precipitado. Mas ele cumpriu o voto, como o havia feito e Deus o recompensou. Como prova de sua fidelidade, Paulo fala de Jeft� como um homem de f�. Hebreus 11: 32.

O outro exemplo foi tr�gico e muito triste. � o de Ananias e Safira. Diz a escritora Ellen White: O cora��o de Ananias e o da esposa foram movidos pelo Esp�rito Santo a dedicar suas posses a Deus, como seus irm�os o tinham feito. Mas depois de terem feito o voto, recuaram, e determinaram n�o cumpri-lo. Embora professassem dar tudo, retiveram parte do pre�o. Haviam praticado fraude para com Deus, haviam mentido ao Esp�rito Santo, e seu pecado foi visitado, com ju�zo r�pido e terr�vel. N�o somente perderam a vida presente, mas tamb�m a vida eterna[18].

N�o haveria nenhum pecado se o casal houvesse prometido apenas a metade de seus bens. Mas eles fizeram um voto precipitado: prometeram tudo e deram a metade como se fosse tudo.

Meu irm�o e minha irm�: Fa�amos um rigoroso exame de nossa consci�ncia para ver se, � semelhan�a de Ananias e Safira, n�o estamos trope�ando em nossos votos para com Deus. Se algu�m pensa que esse assunto nada tem que ver com a nossa salva��o ou perdi��o, lembre-se de que eles n�o somente perderam a vida presente, mas tamb�m a vida eterna.

REFLEX�O: Quando um homem fizer voto ao Senhor... n�o violar� a sua palavra; segundo tudo o que prometeu, far�. N�meros 30: 2[19].

 

5 - N�o deixes que a boca te leve ao pecado, nem digas ao Mensageiro: Foi por engano Por que iria Deus ficar irritado contra o que prometeste, arruinando a obra de tuas m�os?

     N�o permitas que tua boca traga pecado � tua carne, e n�o digas ao mensageiro que foi apenas um engano; por que provocarias a ira Divina contra a tua voz, e a destrui��o para a obra de tuas m�os?

     N�o permitas que tua boca te torne culpado por inteiro, e nem precises dizer ao mensageiro de Deus foi um engano; por que deveria Deus irritar-se com o que falas, e destruir as obras de tuas m�os?

         TE LEVE AO PECADO - Deixar de cumprir um voto � um pecado de omiss�o[20]

MENSAGEIRO - Anjo. A LXX e a Sir�aca dizem Deus. Sugeriu-se que o termo anjo se tenha sido usado �s vezes ao referir-se a Deus para evitar o uso do nome sagrado. O juda�smo se destacou por ter criado diversas express�es sin�nimos do nome divino[21].

� o encarregado de apresentar a Deus os votos dos fi�is. Em Malaquias 2: 7 esse termo indica o sacerdote. O grego pensa aqui em Deus. Mas era diante do sacerdote que os fi�is se apresentavam para obter perd�o das faltas cometidas por inadvert�ncia. Lev�tico 4: 30; N�meros 15: 25[22].

         FOI POR ENGANO - Poder-se-ia ver no Mensageiro o anjo, em cuja presen�a n�o � poss�vel desculpar-se: uma das fun��es do anjo � a de anotar as boas obras Tobias 12: 12; Atos 10: 4; ou ainda o sacerdote, diante do qual s�o feitas as promessas Ma1aquias 2: 7. A LXX leu Deus em lugar de Mensageiro[23].

Coment�rio de Quando um homem tiver pecado involuntariamente contra uma prescri��o do Senhor, fazendo uma das coisas que Ele proibiu. Lev�tico 4: 2.

Pecar - As oferendas pelo pecado se mencionam por primeira vez em rela��o com a consagra��o de Ar�o e seus filhos �xodo 29: 14, mas nessa ocasi�o n�o foram prescritas para todo o povo. Tanto a palavra pecado como a express�o oferenda pelo pecado se derivam da palavra hebr�ia jattath, fato que permite inferir a estreita rela��o existente entre ambos os. O pecado implicava a necessidade de apresentar uma oferenda. A apresenta��o desta oferta indicava que se tinha cometido pecado. Ao trazer uma oferenda pelo pecado no santu�rio, a pessoa literalmente apresentava o pecado que essa oferenda representava, e pelo qual devia fazer expia��o. As oferendas pelo pecado aparecem pela primeira vez em rela��o com a edifica��o do santu�rio e o come�o do sacerd�cio. At� esse momento somente se ofereciam holocaustos. As diversas palavras usadas na B�blia para definir e descrever o pecado apresentam os seguintes conceitos: 

1. O pecado � um desvio de uma norma definida, uma viola��o da lei de Deus I Jo�o 3: 4. Se concebemos a lei como uma linha reta que deve ser seguida, qualquer desvio dessa linha seria pecado. Tal desvio pode ser acidental ou intencional, mas sempre � pecado. 

2. O pecado � ficar curto; n�o atingir a meta da perfei��o. O pecado � como uma flecha que n�o atinge o alvo. O arqueiro pode ter feito todo o que estava de sua parte, mas n�o teve for�a para que o arco despedisse a flecha com suficiente for�a como para atingir o alvo. N�o chega ao alvo. 

3. O pecado � desobedi�ncia. A desobedi�ncia n�o � poss�vel sen�o quando h� conhecimento da lei e transgress�o da mesma. H� diferentes graus de culpa na desobedi�ncia, e Deus tem recursos para isto, mas toda transgress�o � grave. O que persiste em sua impenit�ncia, finalmente cometer� o pecado imperdo�vel. 

4. O pecado � ofensa contra Deus. O homem pode pecar contra outros homens, mas sua primeira e principal ofensa � contra Deus. Portanto, a confiss�o deve fazer-se sempre em primeiro lugar a Deus. Ainda que o filho pr�digo tenha pecado gravemente contra seu pai, quando regressou, suas primeiras palavras foram: Pequei contra o c�u e contra ti. Lucas 15: 21. Fez uma declara��o acertada. Ainda que suas transgress�es contra os homens tinham sido grandes, sua primeira ofensa era contra Deus. Assim � com todo pecado. 

Por erro - Por inadvert�ncia BJ, sem m�s inten��es, inadvertidamente, descuidadamente, sem pensar. Nos mandamentos de Iahweh se refere especialmente aos Dez Mandamentos, mas tamb�m inclui as outras ordens divinas. 

Todo o santu�rio, incluindo seus utens�lios, seu sacerd�cio e seu ritual, tinha que ver com o pecado. Os servi�os giravam em torno da desobedi�ncia do homem e da necessidade de salva��o. Se n�o tivesse sido pelo pecado, n�o haveria necessidade de ter um altar sobre o qual colocar as v�timas. Teria sido desnecess�rio matar animais, derramar o sangue e realizar o minist�rio da expia��o. Sem d�vida teria existido um lugar onde o homem pudesse encontrar-se com Deus, mas o servi�o tinha uma natureza inteiramente diferente. 

A pecaminosidade do homem n�o depende necess�ria nem exclusivamente do que se faz. N�o sempre s�o igualmente culpadas duas pessoas que cometem o mesmo pecado. A luz sempre traz consigo a responsabilidade. O mesmo pecado, cometido por um selvagem ignorante e por um homem civilizado, deve ser considerado e julgado em cada caso desde um ponto de vista diferente. Deus toma todo isto em considera��o e, no cap�tulo 4 de Lev�tico, toma medidas para isso. Segundo, h� certa grada��o nos castigos impostos por pecados cometidos por quem est�o em n�veis diferentes. Daquele que recebeu mais luz, espera-se mais do que daquele que vive na ignor�ncia. Neste cap�tulo se consideram quatro classes de transgressores; cada um recebe o castigo segundo sua posi��o. O pecado de uma pessoa proeminente afeta a mais pessoas do que o de uma pessoa menos distinguida; portanto, deve receber um castigo mais severo[24]

DEUS FICAR IRRITADO - Por que uma pessoa tem desnecessariamente que se arcar com desagrado de Deus?[25]

Coment�rio de Juizes 2: 20. A ira de Iahweh - O prop�sito desta passagem � descrever o rep�dio que Deus sente pelo pecado. Essa ira n�o procede do impulso, sen�o do aborrecimento que Deus tem para com o mal devido � santidade de seu car�ter divino. A ira humana � um fogo que arde com paix�o impulsiva e ego�sta; a ira de Deus nasce dos princ�pios eternos de justi�a e benevol�ncia. Se o Senhor � infinitamente bom e santo, e se conhece a plenitude da desgra�a que o pecado introduziu na cria��o de Deus, que outro sentimento pode ter para com o pecado sen�o indigna��o, que o condenar� finalmente � aniquila��o? 

Enquanto, Deus tenta salvar ao pecador para que ele n�o seja consumido no fogo purificador Ezequiel 33: 11; II Pedro 3: 9

Traspassa meu pacto - O desagrado divino tinha amplos motivos. Porquanto o povo de Israel tinha participado na cerim�nia do pacto no Sinai e tinha lembrado ater-se a esse pacto, se lhe impunham obriga��es que equivaliam a mandatos. 

A obriga��o espec�fica era a que proibia o culto de qualquer outro deus[26].

 

6 - Muitos sonhos acabam levando; � vaidade e a muitas palavras. Tu, por�m, teme a Deus.

     Apesar de teus sonhos, palavras e vaidade teme ao Eterno.

     Quando h� abund�ncia de sonhos e vaidades, e palavras em abund�ncia, ent�o, teme a Deus.

         MUITAS PALAVRAS - Este breve prov�rbio literal: em numerosos sonhos e vaidades e m�ltiplas palavras est� provavelmente mutilado. Alguns l�em a continua��o do verso 2 da seguinte maneira: de muitas preocupa��es v�m os sonhos, e de muitas palavras as vaidades; ou ainda: de muitos sonhos v�m as vaidades, abund�ncia de palavras e busca de vento. Mas essas conjecturas n�o t�m o apoio das vers�es antigas[27].

         Trata-se de palavras vazias e devaneios. Com diversas vers�es, sugere-se traduzir, tamb�m: Quando h� abund�ncias de palavras h� sonhos e vaidades demais, tu, por�m, teme a Deus. Reencontrar�amos aqui o tema do in�cio do cap�tulo. Em todo o caso o temor de Deus est� no centro da f� de Eclesiastes[28].

         TEME A DEUS - Um temor piedoso deve ser a for�a guiadora da vida Eclesiastes 7: 18; 8: 12; 12: 13; Habacuque 2: 20; Deuteron�mio 4: 10; 6: 2[29]

 

A AUTORIDADE NECESS�RIA E SEUS ABUSOS

7 - Se numa prov�ncia v�s o pobre oprimido e o direito e a justi�a violados, n�o fiques admirado: quem est� no alto tem outro mais alto que o vigia, e sobre ambos h� outros mais altos ainda.

     Percebe-se opress�o contra os justos e nega��o da justi�a e retid�o na terra, n�o te deixes alarmar, pois h� um poder mais alto que de cima observa, e o Alt�ssimo est� acima e tudo.

     Se, no Estado, vires o indigente oprimido, o direito e a justi�a violados, n�o te surpreendas com isso: porque, acima de uma alto personagem vela outro mais alto, e, cima dele, h� outros mais altos.

PROV�NCIA - No s�culo III, a Jud�ia era uma prov�ncia dominada pelos ptolomeus, Egito[30].

POBRE OPRIMIDO - � comum a explora��o por parte dos governantes corrompidos. As manipula��es pol�ticas raras vezes s�o ben�ficas para o pobre. Salom�o mesmo se tinha feito culpado de oprimir aos pobres a fim de executar seus grandiosos planos I Reis 12: 4[31]

PROV�NCIA - Tradu��o de uma palavra aramaica que significa a prov�ncia de um imp�rio Ester 1: 1; Daniel. 8: 2[32]

N�O FIQUES ADMIRADO - Vale dizer, n�o te surpreendas de que exista a opress�o nem te altere esse fato. � natural que seja assim[33]

EST� NO ALTO - Uma refer�ncia �s diversas categorias de signat�rios de um sistema de governo daqueles tempos, cada um dos quais devia vigiar a seus subalternos e informar a respeito deles. N�o obstante, Deus vigia ainda ao menor de todos. Salmo 33: 13 a 15; 50: 21; Sofonias 1: 12[34].

MAIS ALTOS - Todo funcion�rio se abriga atr�s de um superior hier�rquico[35].

 

A VAIDADE DO PODER

Se n�o vemos a justi�a e a miseric�rdia nesta terra, n�o dever�amos nos surpreender 5: 8. A raz�o reside no princ�pio de que sempre h� outro poder por sobre cada poder, de onde a terra � o poder superior sobre os demais poderes, e onde o rei tem que se submeter a ela. A palavra hebraica yitron traduzida como o proveito da terra pertence a todos e at� mesmo um rei � tribut�rio 5: 8 significa superioridade que se usa para indicar a superioridade da luz sobre as trevas 2: 13; a superioridade da sabedoria sobre a necessidade 7: 12; 10: 10. Este significado � adequado a nosso contexto, elevando a um crescente quem est� no alto tem outro mais alto que o vigia, e sobre ambos h� outros mais altos ainda 5: 7 e finalmente a terra O proveito da terra pertence a todos e at� mesmo um rei � tribut�rio 5: 8.

Nossa passagem faz refer�ncia a outros dois contextos b�blicos: G�nesis 2 e 3, que fala acerca do trabalhar a terra G�nesis 2: 5 pelo homem e a maldi��o sobre a terra G�nesis 3: 17 e 18, e I Cr�nicas 29: 10 a 15, que informa a ora��o de Davi antes de ungir Salom�o como rei comparar os versos 21 e 22. Ambos os textos compartem o mesmo conceito.

Em G�nesis 2 e 3, como em Eclesiastes 5, encontramos as mesmas palavras terra, campos, servos, estar sujeito. A conex�o com G�nesis 2 e 3 nos leva ao contexto de maldi��o e depend�ncia que tem o homem da terra. Como explica o comentarista judeu Rashi: Porque onde houver um rei, estar� sujeito aos campos, se produz frutos, pode comer, se n�o, morrer� de fome. Esta conex�o sujere a raz�o pela falta de justi�a, estamos debaixo da maldi��o, e n�o h� maneira que possamos evitar esta tr�gica implica��o do mal.

Em I Cr�nicas 29: 11 e 12 encontramos a palavra sobre todo, terra, versos 11 e 15, reino e rei, versos 11 e 12 encontrados tamb�m em Eclesiastes 5. Esta conex�o nos leva ao contexto da ora��o de Davi, que destaca a soberania de Deus: Tu �s Excelso sobre todos verso 11, Tu dominas sobre todos verso 12, Tudo � teu verso 14. � digno de notar que a palavra todo hebraico: kol se usa dez vezes na ora��o. Esta �nfase sugere que sobre todos estes poderes da maldade, que s�o resultado da maldi��o, Deus governa. � o Juiz que est� acima de todos. N�o vemos, mas est� acima do todo, est� presente quando parece ausente.

O S�bio nos fala de uma linguagem de esperan�a. Ao mesmo tempo recorda que a parte da seguran�a da soberania de Deus, a carreira pelo poder n�o conduz a nada. Ironicamente a pessoa ambiciosa que ama o poder, sempre estar� sujeita a algu�m. A carreira � intermin�vel, e quando imaginamos estar no topo, como um rei, nos damos conta que somos meros servos. Servimos a terra, e nosso novo amo � cego, e est�o debaixo da maldi��o. Esta vaidade � o pior dos casos. De vaidade em vaidade, a carreira pelo poder, em �ltima inst�ncia, conduz a vaidade das vaidades, ao abismo.[36]

 

Os pobres

Ao tratar o tema da pobreza, Salom�o esbo�a uma das causas que gera esta anomalia social: a explora��o dos menos favorecidos. Ele sugere uma progress�o opressiva suscept�vel de desenvolvimento: ...o que est� alto tem acima de si outro mais alto que o explora, e sobre estes h� ainda outros mais elevados que tamb�m exploram. 5: 7. Especialistas em ci�ncias sociais e humanas apontam v�rios outros fatores que causam pobreza, como: a inclem�ncia de uma �rea in�spita, a devasta��o provocada pela viol�ncia de uma guerra, os efeitos arrasadores da for�a de fen�menos atmosf�ricos, a incapacidade f�sica das pessoas e, sobretudo, as formas improcedentes de regimes de governo. As causas apontadas at� podem ser concretas, mas as id�ias propostas como solu��o desse drama s�o rotuladas como ineficazes. Como acabar com a pobreza? A resposta � fat�dica e pode ser expressa com a frase dos cl�ssicos latinos ao assinalar um imposs�vel: ignoramus et ignorabimus, n�o sabemos e nem saberemos.

Sendo um israelita conhecedor da Torah, a preocupa��o de Salom�o pela situa��o dos pobres n�o � uma atitude inovadora. Bem sabia o rei de Israel que a pobreza que ele mesmo observava e denunciava podia ser evitada, caso seguisse as recomenda��es encontradas na Lei de Mois�s para eliminar esse mal social. O determinismo providencial de Deus orientou a mente de Mois�s para que este servo do Senhor relacionasse as medidas a ser postas em pr�tica a fim de evitar a prolifera��o dos sinais sintom�ticos da pobreza.

A seguir, procuraremos transcrever alguns textos extra�dos da B�blia que normatizam a pr�tica social para eliminar a pobreza. Cabe ressaltar que essas leis, estabelecidas com a finalidade social de ajudar os pobres, atribu�am tamb�m, para quem as praticasse certos m�ritos que refletiam em decisiva manifesta��o da miseric�rdia e d�divas divinas: para que entre ti n�o haja pobre; pois, o Senhor, teu Deus, te aben�oar� abundantemente... Deuteron�mio 15: 4.

Durante a colheita, a sega n�o devia ser total; as espigas nos cantos deviam ser deixadas de forma proposital e n�o se colhiam os gr�os ca�dos. Lev�tico 19: 9 e 10.

Cada tr�s anos, o d�zimo correspondente dos gr�os do terceiro ano devia ser separado para os pobres. 14: 28 e 29.

Cada sete anos haveria remiss�o de d�vidas. O credor n�o exigiria ao devedor o que fora emprestado. Deuteron�mio 15: 1 a 4.

Se um devedor, n�o podendo pagar a d�vida, se entregasse como servo, este devia ser libertado no s�timo ano, ap�s seis anos de trabalho. Deuteron�mio 15: 12 a 18.

Sobre empr�stimos para israelitas em necessidade: Se houver uma pessoa em necessidade, deve ser tratada, n�o com cora��o endurecido, nem com m�o fechada, mas receber emprestado o que lhe faltar. Deuteron�mio 15: 7 e 8.

O empr�stimo a um necessitado deve ser feito sem o incremento de juros. �xodo 22: 25.

Se o pobre deixar penhorada sua veste, esta deve ser restitu�da, sob qualquer condi��o, no mesmo dia, antes do p�r-do-sol. �xodo 22: 26 e 27.

Outras pr�ticas impostas ao povo de Israel, para combater a pobreza, foram: o ano sab�tico, quando a terra produzia s� para os pobres; o ano do Jubileu, para remiss�o de propriedades; a atua��o do remidor, para aliviar o sofrimento das vi�vas e �rf�os; o h�bito gentil da hospitalidade, para socorrer os peregrinos etc.

Prezado leitor: voc� j� leu semelhantes regras em alguma outra obra? Se aplicadas em sua comunidade, poderiam aliviar o fardo dos necessitados?[37]

 

8 - O proveito da terra pertence a todos e at� mesmo um rei � tribut�rio da agricultura.

      A import�ncia da terra, se estende a tudo, e mesmo o rei dela depende.

      E a todos, a terra aproveita: at� o rei depende da agricultura.

O PROVEITO DA TERRA - � escuro o significado do original hebraico. Uma tradu��o mais clara do in�cio do verso seria: H� proveito da terra para todos, e se subentende os que trabalham honradamente[38]

UM REI - O rei Uzias se dedicou ativamente � agricultura II Cr�nicas 26: 10. O governante de um pa�s agr�cola com freq��ncia est� pr�ximo de seu povo, pois se relaciona com seus s�ditos sem que tenha um sistema de servidores p�blicos cobi�osos entre ele e seus governados[39]

AGRICULTURA - Tradu��o literal deste verso muito obscuro, cuja interpreta��o � discutida. Podemos ver aqui uma alus�o �s injusti�as cometidas sob pretexto de obedi�ncia a uma autoridade superior, injusti�as essas que t�m por conseq��ncia privar os pobres do produto de suas terras e que, em �ltima an�lise, v�o redundar em preju�zo at� mesmo dos grandes[40].

Literalmente: do campo ou dos campos. As pr�prias rela��es humanas est�o condicionadas � prosperidade agr�cola de um pa�s. At� a autoridade m�xima lhe � dependente[41].

 

A RIQUEZA E SEUS RISCOS

O dinheiro

S�tira, n�o contra o rico prepotente como nos profetas, mas contra o pr�prio dinheiro, quer adquirido por meios l�citos ou il�citos, quer empregado bem ou mal. N�o � garantia para a vida, nem fonte de felicidade. Esta cr�tica prepara o ensinamento evang�lico sobre o desprendimento Mateus 6: 19 a 21 e 24 a 34. Esta, portanto, � a seq��ncia das id�ias: o dinheiro � mal repartido 5: 9, a maioria das vezes � dilapidado 5: 10, � custoso de ganhar 5: 11, � penoso ao perder 5: 12 a 16. Por conseguinte, os gastos dependem dos recursos 5: 17 a 19. Tr�s exemplos: a riqueza que passa de um a outro 6: 1 e 2, o rico sem sepultura 6: 3 a 6, o pobre que toma ares de rico 6: 7 a 11. Conclus�o 6: 12[42].

 

9 - Quem ama o dinheiro, nunca est� farto de dinheiro, quem ama a abund�ncia, nunca tem vantagem. Isso tamb�m � vaidade.

         N�o se saciar� com dinheiro o que ama a prata, nem considerar� ter bastante o que ama a opul�ncia, pois tamb�m isto � v�o e f�til.

         Quem ama o dinheiro, nunca se fartar� de dinheiro, nem de rendimento quem ama o luxo. Isso tamb�m � vaidade.

AMA O DINHEIRO - A vida dedicada ao ac�mulo de riquezas raras vezes se satisfaz com o que acumulou. Salom�o talvez pensasse nos muit�ssimos empregados subalternos e de maior categoria de um governo de sua �poca, cada um disposto a sacar o m�ximo proveito para si[43].

NUNCA EST� FARTO - O avarento, n�o importa quanto tenha, considera-o insuficiente e deseja mais[44].

 VAIDADE - O assunto at� 6: 2 � o dinheiro e suas desp�ticas imposi��es. N�o se deve nunca fiar no dinheiro. T�o dif�cil de adquirir qu�o f�cil de perder, � fonte de confus�o e sofrimento[45].

 

EM QUEM CONFIAR?

Uns confiam em carros, outros em cavalos; n�s, por�m, invocamos o nome de Iahweh nosso Deus.

Na d�cada de cinq�enta, Hollywood endeusou um jovem ator que, com uma combina��o extraordin�ria de talento e beleza, foi indicado ao Oscar, quatro vezes consecutivas. Seu nome: Marlon Brando. No m�s em que escrevo esta medita��o, Brando encerrou o �ltimo cap�tulo de sua vida numa situa��o deprimente.

Patologicamente obeso e psicologicamente desequilibrado, a famosa estrela de outros tempos morreu no apartamento de um s� quarto, sujo e dilapidado, escondendo suas duas estatuetas do Oscar dos credores que corriam atr�s de uma d�vida de quase 20 milh�es de d�lares.

Sua vida familiar tinha sido um desastre. Em 1990, seu filho Christian matou o namorado da irm� Cheyene e enfrentou um julgamento marcado por insinua��es de incesto. Cinco anos mais tarde, Cheyene cometeu suic�dio.

Houve momentos em que o exc�ntrico ator teve todo o dinheiro que quis. Bebeu e comeu do bom e do melhor. Torrou a fortuna e s� encontrou ref�gio numa ilha que comprou no Taiti. A realidade � que nunca teve paz. O dinheiro, o poder, e a fama n�o foram capazes de preencher o vazio enlouquecedor de seu triste cora��o.

O salmista Davi expressa isso no texto de hoje. Tudo o que voc� tocar ver e possuir s�o miragens enganosas. Embora muitas vezes o ser humano n�o queira aceitar, � basicamente espiritual. E s� pode ser feliz quando construir sobre o Senhor Jesus, a fonte da verdadeira paz e realiza��o. Pena que, para entender isso, a pessoa precisa chegar a um ponto em que n�o sabe mais para onde ir, nem o que fazer. Olha para todos os lados buscando uma sa�da e s� encontra sombras que o deixam cada vez mais confuso. Desespera-se, chora e busca inutilmente uma raz�o para estar vivo. O pior de tudo � que ningu�m conhece sua ang�stia, porque ela habita no rec�ndito da alma.

H� momentos em que voc� se sente vazio? Tudo o que consegue n�o o satisfaz? Voc� corre e corre e n�o sabe exatamente atr�s do qu�? Antes de iniciar o dia, pense: Uns confiam em carros, outros em cavalos; n�s, por�m, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus[46].

 

Os ricos. Nunca o suficiente.

A palavra suficiente, na sua fun��o gramatical, atua como adjetivo para qualificar um estado de satisfa��o plena. A natureza, regida por leis estabelecidas por Deus, manifesta sua harmonia gra�as � satisfat�ria e suficiente contribui��o dos fen�menos vitais que nela atuam. A insufici�ncia de qualquer agente natural e sua respectiva fun��o, certamente gera caos. Todos os seres da natureza cumprem essa fun��o e sentem-se satisfeitos, inclusive o homem. Mas certas tend�ncias que surgem na intimidade humana provocam uma sensa��o de insatisfa��o ou insufici�ncia que ultrapassa todo limite e se projeta ao mundo ilus�rio, irreal, dif�cil de ser alcan�ado. Uma dessas tend�ncias � o amor ao dinheiro. Salom�o afirma por experi�ncia pr�pria e a t�tulo de confiss�o: Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abund�ncia nunca se farta da renda... 5: 10.

O autor do Eclesiastes, ao compor os versos dos Prov�rbios, usou met�fora id�ntica para exprimir a intensidade da for�a que provoca no homem a insatisfa��o pelas riquezas, comparando-a com a infind�vel corrente da morte: O inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem. Prov�rbios 27: 20.

A figura de ret�rica que Salom�o usa n�o condena a posse por parte do homem, de qualquer forma de riqueza, seja em express�es quantitativas ou qualitativas. Ele � consciente de que todo bem procede de Deus: ...Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer... 5: 19. Mesmo assim, deve-se ter presente que a condena��o impl�cita na fraseologia salom�nica � quanto ao uso que se faz dos dons materiais providos por Deus. O uso da riqueza � incorreto quando motivado pelo ego�smo, sem prever a possibilidade de compartilhar uma por��o, ainda que m�nima, com os menos favorecidos: Grave mal vi debaixo do Sol: as riquezas que seus donos guardam para o pr�prio dano. 5: 13.

Alguns textos que relatam biograficamente os atos de Salom�o, revelam sem pormenores as formas il�citas e imorais usadas por ele para acumular riquezas. Esse impulso desmedido atuava como uma subst�ncia que dopava a mente normal da sua pessoa, estimulando-o a desejar mais e mais riquezas. Isso parece acontecer a todos os que desejam acumular riquezas para seu pr�prio benef�cio: nunca � suficiente. Os profetas menores s�o mais espec�ficos ao descrever as formas incorretas de enriquecimento praticadas pelos israelitas. Vejamos, por exemplo, a descri��o do texto em que os ricos, atrav�s da viol�ncia entesouram nos seus castelos. Am�s 3: 10.

A carta epistolar de Tiago emite uma senten�a contra aqueles que fazem mau uso das riquezas; atitude essa que provoca uma fatal conseq��ncia: ...ricos, chorai lamentando por causa das vossas desventuras, que vos sobrevir�o. As vossas riquezas est�o corrompidas, e as vossas roupagens, comidas de tra�a; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugem ... Tiago 5: 1 a 3.

Por sua vez, Salom�o, traz breve argumenta��o sobre a vaidade das riquezas, levando a imagina��o dos ouvintes a reproduzir uma cena f�nebre, em que o sarc�fago aberto no terreno frio da necr�pole aguarda o corpo ex�nime de quem em vida acumulou riqueza. O Pregador, ent�o, enuncia uma breve necrologia, uma conjun��o de testemunho e senten�a: Como saiu do ventre da sua m�e, assim nu voltar�, indo-se como veio; e do seu trabalho, nada poder� levar consigo Eclesiastes 5:15[47].

 

10 - Onde aumentam os bens, aumentam aqueles que os devoram; que vantagem tem o dono, a n�o ser ficar olhando?

          Quando aumentam os bens, aumentam os que o consomem, e que vantagem adv�m ao dono se n�o de apenas contempla-los?

          Multiplicam-se os bens, multiplicam-se tamb�m os consumidores. E que vantagem tem o dono, se n�o um espet�culo para os seus olhos.

ONDE AUMENTAM - Com o aumento de sua riqueza, o rico amplia seu c�rculo de rela��es. Espera-se que hospede com generosidade. Multiplicam-se seus aderentes, criados e dependentes, e seus familiares exigem ajuda econ�mica[48]

QUE VANTAGEM - N�o h� lugar para a riqueza fora desta vida. A acumula��o, investimento e prote��o da riqueza podem causar grande ansiedade e levar a um stress nervoso. Os volumes deste mundo n�o proporcionam um passaporte para a imortalidade[49]

A N�O SER FICAR OLHANDO - O rico finalmente compreende que n�o pode levar sua riqueza quando morre J� 1: 21; Lucas 12: 19, 20. N�o deve gloriar-se nem jactar-se de sua capacidade para acumular dinheiro, sen�o us�-lo para a gl�ria de Deus I Tim�teo 6: 10 e 17 a 19[50]

 

11 - Coma muito ou coma pouco, o sono do oper�rio � gostoso; mas o rico saciado nem consegue adormecer.

                  � doce o sono do que trabalha, quer se tenha alimentado de muito ou pouco, mas a insaciedade do rico n�o lhe permitir� dormir.

                  Suave � o sono do trabalhador, coma muito ou coma pouco: j� a fartura do rico n�o o deixa dormir.

         OPER�RIO - Denota especificamente ao agricultor, ao que trabalha a terra. No entanto, tamb�m pode aplicar-se aos servos em geral e aos que servem a Deus. Num dia de trabalho f�sico � uma prepara��o excelente para uma noite de bom descanso[51]

N�O CONSEGUE ADORMECER - A responsabilidade de administrar as riquezas com freq��ncia provoca mol�stias e rouba o descanso, at� o ponto de prejudicar a sa�de e ocasionar um colapso nervoso[52].

� o tema da f�bula de La Fontaine: O Sapateiro e o rica�o[53].

 

12 - H� um mal doloroso que vejo debaixo do sol: riquezas que o dono acumula para a sua pr�pria desgra�a.

          Um mal angustiante tenho percebido sob o sol: riqueza guardada por seu possuidor, apenas para gerar seu pr�prio dano.

          Mal doloroso vi sob o sol: riquezas guardadas pelo dono para sua infelicidade.

UM MAU DOLOROSO - Um mal oneroso[54].

 

RIQUEZAS QUE O DONO ACUMULA - Mal que consiste na acumula��o de riquezas em vez de us�-las. A posse de recursos obriga a empreg�-los para o bem comum Mateus 19: 20, 21. Compare com a admoesta��o de Paulo I Tim�teo 6: 9 e 10[55].

PR�PRIO DANO - A ins�nia provocada pela ansiedade devida o investimento e conserva��o das riquezas afligem com freq��ncia a seu possuidor verso 12, pois sempre as pessoas sem escr�pulos as consideram como um meio apropriado para a explora��o. Tamb�m lhes preocupa pensar que seus herdeiros possam dilapidar o fruto de seus �rduos esfor�os. Em todo caso, o car�ter de seu possuidor � o que sofre mais pela acumula��o de riquezas Prov�rbios 11: 24; Lucas 12: 16 a 21[56].

 

A VAIDADE DO DINHEIRO

Como a vaidade do poder, a mesma linha de racioc�nio se aplica ao dinheiro. Assim como a fome pelo poder nunca se esgota, o amor � riqueza nunca se satisfaz. Ambos o poder e o dinheiro s�o vaidade. Aqui tamb�m o esfor�o humano leva ao vazio. A frase Hebraica afirmativa seguida de uma negativa � mencionada seis vezes no cap�tulo 5: 7, 8, 9, 11, 13 e 14 para marcar a forma sistem�tica que inicia com a firma��o positiva e termina com o negativo.

A primeira raz�o do porque a riqueza nunca satisfaz est� expressa com o argumento subjetivo: o que ama o dinheiro nunca se satisfar� com o dinheiro, o que ama a abund�ncia nunca se satisfar� com produtos 5: 10. N�o chegar� nunca ao ponto de estar satisfeito, onde finalmente encontrar� seu fruto. O mesmo nunca se alcan�a.

O segundo argumento � de todo que acumula ser� tomado por outro que far� proveito 5: 11. Quanto maior a riqueza tanto mais outros aproveitar�o dela. A pessoa que acumulou n�o se beneficia.

Um terceiro argumento nega que a riqueza traz felicidade, compara o sono do pobre com o sono do rico 5: 12. A qualidade do sono do pobre citado � melhor que a do rico. O pobre o dorme, mas o rico � perturbado, o sono do pobre � comparado ao doce e o rico sofre pesadelos, e sua fartura n�o o deixa dormir.

A quarta raz�o � a pior de todas 5: 13 a 17 no texto:

1. O homem rico n�o v� o aumento de sua riqueza.

2. Ningu�m, nem seu filho obteve os benef�cios da riqueza.

3. O gozo da vida. Consome seus dias todos nas trevas, no luto, em muitos desgostos, doen�a e irrita��o. 5: 16; ele se vai embora assim como o veio; e que proveito tirou de tanto trabalho? 5: 15. Num mau neg�cio ele perde as riquezas e, se gerou um filho, este fica de m�os vazias. 5: 14. Como saiu do ventre materno, assim voltar�, nu como veio: nada retirou do seu trabalho que possa levar nas m�os. 5: 15. Como se o homem rico observasse a mis�ria que deixou para seu pr�prio filho rec�m nascido. Usa a imagem do rec�m nascido para transmitir o argumento definitivo de morte, em termos da maldi��o do G�nesis... tu �s p� e ao p� tornar�s. G�nesis 3: 19. Corresponde a maldi��o de G�nesis 2: 25; 3: 7 a 12 e 21. Porque amar a riqueza se tornaremos ao p�, onde n�o podemos levar nada conosco 5: 15.

Eclesiastes n�o � contra ser rico, trabalhar e gozar a vida. Seu argumento � contra a ansiedade para ganhar dinheiro e acumular riqueza pela pr�pria riqueza. � contra a fal�cia de que adquiriu riquezas por m�ritos pr�prios, destaca que todo este esfor�o � f�til, precisamente devido � maldi��o imposta que � a morte. A �nica forma de trabalhar, viver e gozar a vida � dentro do contexto que isto � dom de Deus, o Criador[57].

 

13 - Num mau neg�cio ele perde as riquezas e, se gerou um filho, este fica de m�os vazias.

                 Por malignos des�gnios ela se desfaz, a tal ponto que ela nada poder� conceder a seus filhos que gerar.

                 Num mau neg�cio, essa riqueza se vai, se lhe nascer um filho, este nada ter� em m�o.

         NUM MAU NEG�CIO - Melhor, um mau risco. Um mau investimento causa uma grave e r�pida perda das poupan�as e esfor�os de toda uma vida. � essencial que um comerciante mantenha um incessante cuidado se quer manter sua capital e obter ganhos com ele[58]

Em 1923, um grupo de renomados e temidos homens de neg�cios dos Estados Unidos estava reunido no Edgewater Beach, um hotel em Chicago. Aquele grupo era quase um mito. Juntos, aqueles homens possu�am mais dinheiro que todo o tesouro americano. Jornais e revistas noticiavam suas hist�rias fabulosas. Todos olhavam para eles como s�mbolos de sucesso.

Vinte anos depois, a hist�ria era completamente diferente. Jesse Livermore, o mago da Wall Street, Leon Fraser, presidente do Banco Internacional Settlement e Ivan Kruegar, o homem principal do maior monop�lio financeiro, cometeram suic�dio. Charles Schwab, presidente da maior companhia independente de a�o, morreu na maior mis�ria, e Richard Whitney, o presidente da bolsa de valores de Nova Iorque, estava na pris�o.

O salmista afirma no verso de hoje que Deus deu a Terra aos filhos dos homens. A trag�dia da criatura � pensar que, porque Deus confiou-lhe a Terra, ela � sua. Apaga Deus de sua vida. Torna-se seu pr�prio deus. Trabalha, luta, conquista e, aparentemente, vence, ou pelo menos chama de vit�ria o ac�mulo de dinheiro, fama, poder e cultura, mas ignora que tudo acontece porque Deus permite. Afinal, foi Ele quem deu a Terra aos filhos dos homens.

Mas os c�us s�o os c�us do Senhor. � dali que Ele controla o destino das na��es e das pessoas. Felizes s�o os que t�m consci�ncia dessa verdade e entendem que por cima da Terra est�o os c�us. Voc� pode dizer: Hoje farei isto, e amanh� aquilo. Mas, se Deus n�o permitir, nada acontecer�.

A fortuna passa como passou o poder, a fama e o dinheiro daqueles homens. A terra se desgasta, envelhece e morre, mas os c�us s�o eternos. Ai daquele que constr�i seus sonhos e realiza��es fundamentadas apenas em valores terrenos.

Separe hoje um tempo para olhar na dire��o dos c�us. Observe a imensid�o do infinito e ver� que suas conquistas e logros s�o insignificantes. Por que vangloriar-se deles?

Ao sair hoje para o cumprimento de suas responsabilidades, ou ficar em casa, pense: Os c�us s�o os c�us do Senhor, mas a Terra deu-a Ele aos filhos dos homens[59].

         FILHO - Os filhos s�o os herdeiros naturais da fortuna de seu pai[60]

FICA DE M�OS VAZIAS - Se a m�o � a do pai, significa que ao acercar-se a sua morte se d� conta de que n�o lhe fica nada, para legar o seu filho; mas se a m�o � a do filho, ent�o quer dizer que � morte do pai, e depois que se fizeram as devidas liquida��es, nada lhe fica ao filho da heran�a com que tinha sonhado. � prefer�vel a primeira das possibilidades[61]

 

14 - Como saiu do ventre materno, assim voltar�, nu como veio: nada retirou do seu trabalho que possa levar nas m�os.

        Assim como do ventre de sua m�e sair� nu, terminar� seus dias sem nada ter em suas m�os como resultado de sua labuta.

       Nu sai do ventre materno, nu h� de voltar, como veio: nada ganhou do seu trabalho, que possa levar consigo. 

         NU - Compare-se com as declara��es de J�. J� 1: 21 e Davi Salmo 49: 16 e 17. Estas observa��es fazem recordar as palavras de Deus a Ad�o G�nesis 3: 19[62]

NADA RETIROU - Unicamente a riqueza espiritual que um tenha adquirido o acompanhar� al�m da tumba ver Jo�o 3: 36; Apocalipse 22: 14. O car�ter � o �nico tesouro que se pode levar deste mundo ao vindouro (PVGM 267). Por esta raz�o o crist�o deve esfor�ar-se por depositar suas riquezas no c�u Lucas 12: 33 e 34[63].

 

15 - Isso tamb�m � um mal doloroso: ele se vai embora assim como o veio; e que proveito tirou de tanto trabalho? Apenas vento.

        � cruel e frustrante que assim venha ser, que ele tenha que partir sem nada, como sem nada veio; que resultado alcan�ou de seu trabalho?

        E isso tamb�m � um mal doloroso: ele`se vai como veio. Qual o proveito de ter trabalhado por vento?

         ISSO TAMB�M - Em todos os s�culos a gente se tem agoniado pela aparente vaidade da vida. Pergunta o autor: De que vale trabalhar incansavelmente durante toda uma vida j� que tem de perder com a morte os frutos do esfor�o?[64] 

QUE PROVEITO TIROU - A resposta impl�cita e indubit�vel �: de nada[65]

DE TANTO TRABALHO - Ter-se afanado para o vento? Um esfor�o completamente in�til J� 15: 2; Prov�rbios 11: 29. O vento � intang�vel, escorregadio, e n�o se o pode reter nem conservar. Assim s�o as riquezas deste mundo[66].

         ELE SE VAI EMBORA ASSIM COMO VEIO - como, grego, sir.; hebraico. Texto corrompido[67].

 

16 - Consome seus dias todos nas trevas, no luto, em muitos desgostos, doen�a e irrita��o.

        Na escurid�o passou a trabalhar seus dias, e s� acumulou doen�as, frustra��o e raiva.

        Ademais, consome os seus dias todos nas trevas na maior afli��o, deprimido e irritado.

NAS TREVAS - Uma met�fora que descreve o fato de que quem vive exclusivamente para acumular riquezas nunca atinge a satisfa��o que espera conseguir. Estabele�a-se um contraste com a perspectiva do que p�s sua esperan�a nas coisas eternas Miqu�ias 7: 8, e sofre as penalidades atuais, mas que tem em conta as realidades que agora s� se v� com os olhos da f� Hebreus 11: 27[68]

NO LUTO - Grego: Nas trevas, no luto; Hebraico: ele come na obscuridade[69].

MUITOS DESGOSTOS - A LXX traduz: mol�stia, agastamento e ressentimento. Este � uma an�lise mais ampla do que lhe sucede ao que come em trevas[70].

 

17 - Eis o que observo: a felicidade que conv�m ao homem � comer e beber, encontrando a felicidade em todo trabalho que faz debaixo do sol, durante os dias da vida que Deus lhe concede. Pois esta � a sua por��o.

        Eis o que conclu�: � bom e mesmo apraz�vel que o homem coma, beba e se deleite em sua labuta sob o sol, pelos dias que lhe concede o Eterno, porque esta � a por��o que lhe � destinada.

       Eis o que vejo ser bom: conv�m comer e beber, experimentar a felicidade em todo trabalho com que o homem se afadiga sob sol, durante o n�mero dos dias de vida que Deus lhe concede: esta � a parte que lhe cabe.

         EIS QUE OBSERVO - Nos versos 12 a 17 Salom�o exp�s vividamente a necessidade de acumular riquezas pelo fato de entesourar. Agora, baseando-se em sua pr�pria experi�ncia, observa que a riqueza tem valor unicamente se for empregada para suprir as necessidades e gozos da vida[71]

FELICIDADE - O bom. Isto �, o adequado, o apropriado[72].

CONV�M AO HOMEM - Conjun��o cf. 2: 24; omitido pelo hebraico[73].

QUE DEUS LHE CONCEDE - A verdadeira felicidade e a paz mental unicamente se conseguem por meio de uma correta rela��o com Deus e o entendimento de que ele o rege todo para bem Romanos 8: 28. Portanto, aceitar com serenidade a sorte que a um lhe tocou na vida, conduz ao contentamento e a felicidade. Este � o conselho de Paulo I Tim�teo 6: 7 e 8[74]

Ao encerrar o cap�tulo 5: 18 a 20 nos indica a perspectiva precisa. As palavras chaves da cria��o: bom, hebraico: tov, e dar, hebraico: nath�n ambas aparecem v�rias vezes em nossa passagem. Bom � comer e beber, e gozar a vida. A felicidade que conv�m ao homem � comer e beber, encontrando a felicidade em todo trabalho que faz debaixo do sol, durante os dias da vida que Deus lhe concede. Pois esta � a sua por��o. Verso 17. Insiste que isto � bom, quando a origem � um dom de Deus no contexto da Cria��o. Este gozo s� � poss�vel quando � recebido e n�o como fruto de nosso pr�prio trabalho. Fora deste contexto estamos debaixo da maldi��o, no �mbito da morte, na escurid�o o que Eclesiastes chama de vaidade[75].

        

18 - Todo homem a quem Deus concede riquezas e recursos que o tornam capaz de sustentar-se, de receber a sua por��o e desfrutar do seu trabalho, isto � um dom de Deus.

         Cada homem a quem Deus concedeu riqueza e possess�es, e o poder de comprazer-se com elas e, assim, ser feliz em seu trabalho, devem reconhecer nisso uma d�diva Divina.

         Al�m disso, todo homem a quem Deus concedeu bens e recursos e a quem deu oportunidade de desfruta-los, de receber a sua parte e de se alegrar no seu trabalho: isso � dom de Deus

         RIQUEZAS E RECURSOS - No sentido figurado de fazer trabalhar riquezas e bens, e n�o os acumular verso 13[76].

         DESFRUTAR - A mesma express�o em Cantares 3: 11. Aceita-se o car�ter parcial e limitado dessa felicidade[77].

D�DIVA DIVINA - Deus � o que d� a capacidade para adquirir riquezas Deuteron�mio 8: 18; Tiago 1: 16 e 17. Todas as faculdades que possu�mos s�o dons de Deus. Qualquer coisa que tenhamos adquirido por meio dessas faculdades deve aumentar nossa gratid�o para Deus[78].

 

19 - Ele n�o se lembrar� muito dos dias que viveu, pois Deus enche seu cora��o de alegria.

         Pois deve lembrar que, embora n�o sejam muitos os dias de sua vida, Deus os proveu com alegria.

        Pois ele n�o pensar� demais nos dias de sua vida. Enquanto Deus o mantiver atento a alegria de seu cora��o

N�O SE LEMBRAR� MUITO - A pessoa que vive em harmonia com Deus n�o passar� por nenhuma vicissitude para a qual este n�o tenha solu��o Mateus 6: 34. Seu porvir est� assegurado, e sua vida pode ser serena[79].

 

LEITURA ADICIONAL

O Maior Perigo do Homem

Cristo estava ensinando, e, como de costume, reuniram-se em redor outras pessoas, al�m dos disc�pulos. Falara aos disc�pulos de cenas em que em breve tomariam parte. Deviam proclamar as verdades a eles confiadas, e seriam levados a conflitos com os governantes deste mundo. Por Sua causa seriam intimados a tribunais, e perante ju�zes e reis. Prometeu-lhes sabedoria que ningu�m poderia contradizer. Suas palavras que moviam o cora��o da multid�o e confundiam os sagazes advers�rios, testemunhavam do poder daquele Esp�rito imanente, que prometera a Seus seguidores. 

Havia muitos, por�m, que ansiavam a gra�a do C�u unicamente para servir a seus prop�sitos ego�stas. Reconheciam o maravilhoso poder de Cristo de expor a verdade em clara luz. Ouviam a promessa a Seus seguidores, de sabedoria para falar perante governadores e ju�zes. N�o lhes concederia tamb�m poder para seu proveito material? 

E disse-Lhe um da multid�o: Mestre, dize a meu irm�o que reparta comigo a heran�a. Lucas 12: 13. Deus dera por Mois�s instru��es a respeito da transmiss�o de propriedade. O primog�nito recebia uma por��o dobrada das posses do pai Deuteron�mio 21: 17, enquanto os mais jovens recebiam o restante em partes iguais. Este homem julga que seu irm�o o defraudou de sua heran�a. Seus pr�prios esfor�os falharam para ganhar o que considerava seu de direito; por�m, se Cristo Se interpusesse, a inten��o certamente seria alcan�ada. Ele ouvira os fortes apelos de Cristo e Suas solenes den�ncias contra os escribas e fariseus. Se palavras de tal autoridade fossem dirigidas a este irm�o, n�o ousaria recusar ao queixoso sua cota. 

No meio da solene instru��o que Cristo dera, este homem revelou sua disposi��o ego�sta. Podia apreciar aquela habilidade do Senhor que serviria � promo��o de seus neg�cios temporais; por�m, as verdades espirituais n�o lhe impressionavam a mente nem o cora��o. A obten��o da heran�a era o tema que o enlevava. Jesus, o Rei da gl�ria, que era rico, mas por nossa causa Se tornou pobre, lhe estava abrindo os tesouros do amor divino. O Esp�rito Santo com ele pleiteava para que se tornasse herdeiro do tesouro incorrupt�vel, incontamin�vel e que se n�o pode murchar. I Pedro 1: 4. Vira as evid�ncias do amor de Cristo. Agora tinha a oportunidade de falar ao grande Mestre e de exprimir o mais �ntimo desejo do cora��o. Como o homem com o ancinho na alegoria de Bunyan, seus olhos estavam fixos na Terra. N�o viu a coroa sobre sua cabe�a. Como Sim�o Mago, estimava a d�diva de Deus como meio de alcan�ar lucros materiais. 

A miss�o do Salvador na Terra estava pr�xima do fim. Restavam-Lhe poucos meses para concluir aquilo a que viera, isto �, estabelecer o reino de Sua gra�a. Contudo, a cobi�a humana tentava desvi�-Lo de Sua obra para resolver a contenda sobre um peda�o de terra. Mas Jesus n�o podia ser distra�do de Sua miss�o. Retrucou: Homem, quem Me p�s a Mim por juiz ou repartidor entre v�s? Lucas 12: 14

Jesus podia ter dito a esse homem justamente o que era correto. Sabia quem neste caso tinha raz�o; por�m os irm�os estavam em desaven�a porque eram avarentos. Cristo disse, com efeito: N�o Me compete a Mim a tarefa de decidir controv�rsias de tal esp�cie. Viera com outro prop�sito, isto �, pregar o evangelho e assim despertar os homens para o senso das realidades eternas. 

Na atitude de Cristo nesse caso h� uma li��o para todos os que ministram em Seu nome. Quando enviou os doze, disse: E, indo, pregai, dizendo: � chegado o reino dos C�us. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os dem�nios; de gra�a recebestes, de gra�a dai. Mateus 10: 7 e 8. N�o tinham que resolver as quest�es temporais do povo. Sua obra era persuadir os homens para que se reconciliassem com Deus. Nesta obra consistia seu poder para aben�oar a humanidade. O �nico rem�dio para os pecados e sofrimentos dos homens � Cristo. Unicamente o evangelho de Sua gra�a pode curar os males que amaldi�oam a sociedade. A injusti�a do rico para com o pobre, e o �dio dos pobres para com os ricos, ambos t�m a raiz no ego�smo; e este, somente pode ser desarraigado pela submiss�o a Cristo. Ele, unicamente, substitui o cobi�oso cora��o do pecado pelo novo cora��o de amor. Preguem os servos de Cristo o evangelho com o Esp�rito enviado do C�u e como Ele trabalhem para o benef�cio dos homens. Ent�o, h�o de se manifestar no aben�oar e soerguer a humanidade, resultados cuja realiza��o seria totalmente imposs�vel pelo poder humano. 

Nosso Senhor bateu na raiz da quest�o que turbava este interlocutor e de todas as disputas semelhantes, dizendo: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer n�o consiste na abund�ncia do que possui. Lucas 12: 15

E lhes proferiu ainda uma par�bola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abund�ncia. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois n�o tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstru�-los-ei maiores e a� recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Ent�o, direi � minha alma: tens em dep�sito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedir�o a tua alma; e o que tens preparado, para quem ser�? Assim � o que entesoura para si mesmo e n�o � rico para com Deus. Lucas 12: 16 a 21

Pela par�bola do rico insensato mostrou Cristo a loucura dos que fazem do mundo seu tudo. Este homem recebera tudo de Deus. Ao Sol fora permitido brilhar sobre sua propriedade; pois seus raios caem sobre justos e injustos. A chuva desce do c�u do mesmo modo sobre maus e bons. O Senhor fizera que a vegeta��o florescesse e os campos produzissem abundantemente. O rico estava em perplexidade sobre o que devia fazer com a colheita. Seus celeiros estavam superabarrotados, e n�o tinha lugar para o excedente. N�o pensou em Deus, de quem vieram todas as d�divas. N�o reconheceu que Deus o fizera mordomo de Seus bens, para que socorresse os necessitados. Tinha a aben�oada oportunidade de se tornar distribuidor das b�n��os de Deus, por�m unicamente pensou em administrar ao pr�prio conforto. 

A situa��o do pobre, do �rf�o, da vi�va, do enfermo, do aflito, foi trazida � aten��o desse rico. Havia muitos lares nos quais distribuir seus bens. Podia ele facilmente privar-se de uma por��o de sua abund�ncia e muitas fam�lias poderiam ser libertas das priva��es, muito faminto poderia ser saciado, vestido muito nu, muito cora��o alegrado, respondida muita s�plica por p�o e roupa, e uma melodia de louvor teria ascendido ao C�u. O Senhor ouvira a ora��o do necessitado, e em Sua bondade tomara provid�ncia para o pobre. Salmo 68: 10. Havia na b�n��o outorgada ao rico abundante provis�o para a indig�ncia de muitos. Cerrou ele, por�m, o cora��o ao clamor do indigente, e disse aos servos: Farei isto: destruirei  os meus celeiros, reconstru�-los-ei maiores e a� recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Ent�o, direi � minha alma: tens em dep�sito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te.. Lucas 12: 18 e 19

A aspira��o desse homem n�o era mais elevada que a das bestas que perecem. Vivia como se n�o houvesse Deus, nem C�u, nem vida futura; como se tudo que possu�a lhe pertencesse, e nada devesse a Deus nem aos homens. Descreve o salmista esse rico, ao dizer: Disseram os n�scios no seu cora��o: N�o h� Deus. Salmo 14: 1

Esse homem vivera e planejara para o eu. V� que h� bastante provis�o para o futuro; nada mais lhe resta agora sen�o entesourar e desfrutar o fruto de seu trabalho. Considera-se favorecido sobre os outros homens, e confere a si mesmo a honra de ter administrado sabiamente. � honrado pelos concidad�os como homem de bom discernimento e pr�spero. Porque os homens te louvam, quando faz bem a si mesmo. Salmo 49: 18

    Mas a sabedoria deste mundo � loucura diante de Deus. I Corintios 3: 19. Enquanto o rico est� prevendo anos de prazeres, o Senhor faz planos muito diferentes. Veio a este mordomo infiel a mensagem: Louco, esta noite te pedir�o a tua alma. Eis uma exig�ncia que o dinheiro n�o pode satisfazer. O tesouro por ele acumulado n�o pode alcan�ar revoga��o. Num momento torna-se sem valor aquilo para cujo ganho trabalhara a vida toda. E o que tens preparado para quem ser�? Lucas 12: 20. Seus largos campos e celeiros abarrotados escapam a seu controle. Amontoam riquezas e n�o sabem quem as levar�. Salmo 39: 6

A �nica coisa que lhe seria de valor agora, n�o a adquiriu. Vivendo para o pr�prio eu, rejeitou o amor divino, que fluiria em miseric�rdia para com seus concidad�os. Assim obrando, rejeitou a vida; porque Deus � amor, e amor � vida. Este homem escolheu o material em vez do espiritual, e com o material tem que sucumbir. O homem que est� em honra, e n�o tem entendimento, � semelhante aos animais, que perecem. Salmo 49: 20[80].


 

[1] Coment�rio Li��es da Escola Sabatina 06, 1� Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.

[2] Tudo � Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, p. 59.

[3] ADVIR, Valdeci J�nior & F�tima Silva, 1z9 de julho de 2.008.

[4] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[5] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[6] Tudo � Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, pp. 59 a 62.

[7] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[8] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[9] Coment�rio Li��es da Escola Sabatina 06, 1� Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.

[10] Janelas para a Vida, MM 2007, Alejandro Bull�n, p. 9.

[11] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[12] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[13] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[14] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[15] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[16] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[17] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[18] Conselhos sobre Mordomia, Ellen Gold White, CPB, p. 312.

[19] �gua da Fonte, MM 2.008, Wilson Sarli, CPB, p. 284.

[20] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[21] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[22] B�blia TEB, p. 1.315.

[23] BJ, p. 1.172.

[24] CBASD, vol. 1, pp. 741 e 742.

[25] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[26] CBASD, vol. 1 p. 320.

[27] BJ, p. 1.172.

[28] B�blia TEB, pp. 1.315 e 1.316.

[29] CBASD, vol. 3, p. 1.098.

[30] B�blia TEB, p. 1.316.

[31] CBASD, vol. 3, pp. 1.098 e 1099.

[32] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[33] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[34] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[35] B�blia TEB, p. 1.316.

[36] Tudo � Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, pp. 62 e 63.

[37] Coment�rio Li��es da Escola Sabatina 06, 1� Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.

[38] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[39] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[40] BJ, p. 1.172.

[41] B�blia TEB, p. 1316.

[42] BJ, p. 1.172.

[43] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[44] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[45] B�blia TEB, p. 1.316.

[46] Janelas para a Vida, MM 2007, Alejandro Bull�n, CPB, p. 44.

[47] Coment�rio Li��es da Escola Sabatina 06, 1� Trimestre de 2007, Ruben Aguilar, UNASP.

[48] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[49] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[50] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[51] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[52] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[53] B�blia TEB, p. 1.316.

[54] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[55] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[56] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[57] Tudo � Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, pp. 64 e 65.

[58] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[59] Janelas para a Vida, MM 2007, Alejandro Bull�n, p. 15.

[60] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[61] CBASD, vol. 3, p. 1.099.

[62] CBASD, vol. 3, pp. 1.099 e 1.100.

[63] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[64] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[65] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[66] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[67] BJ, p. 1.172.

[68] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[69] BJ, p. 1.173.

[70] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[71] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[72] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[73] BJ, p. 1.173.

[74] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[75] Tudo � Vaidade, Eclesiastes, Jacques Doukan, p. 65.

[76] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[77] B�blia TEB, p. 1.316.

[78] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[79] CBASD, vol. 3, p. 1.100.

[80] Par�bolas de Jesus, pp. 253 a 259.