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postado em: 5/3/2008
Eles Só Querem Uma Chance... Ricardinho não agüentou o cheiro bom do pão e falou: - Pai, tô com fome!!! O pai, Agenor , sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência... - Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!! Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria à sua frente... Ao entrar, dirige-se a um homem no balcão: - Meu senhor, estou com meu filho de apenas seis anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Por favor, eu lhe peço que, em nome de Jesus, me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos ou fazer qualquer outro serviço que o senhor precisar!!! Amaro, o dono da padaria, estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho... Um Gesto de Amor e Solidariedade Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro que, imediatamente, pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) com arroz, feijão, bife e ovo... Para Ricardinho, era um sonho comer após tantas horas na rua... Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá... Grossas lágrimas desciam dos seus olhos, já na primeira garfada... A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples, como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de sua pequena família em casa foi demais para o coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades... Amaro se aproxima de Agenor e, percebendo a sua emoção, brinca para relaxar: - Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?! Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer... Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e, depois, conversariam sobre trabalho... Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já a fome era “braba” e a comida, mais do que nunca, parecia apetitosa. Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório. Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e, desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos "biscates aqui e acolá", mas que há 2 meses não recebia nada... Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria e, penalizado com a situação daquele homem, faz para ele uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias. Agenor, com lágrimas nos olhos, agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho. A Grande Mudança Ao chegar em casa com toda aquela "fartura", Agenor é um novo homem: Sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar, agora, novo impulso. Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era uma esperança de dias melhores. No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho. Amaro chega logo em seguida, e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias tão diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa. E, ele não se enganou. Durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres. Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos, um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar. Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula, nas primeiras letras, e a emoção da primeira carta. A Partir daí, estudou, avançou, fez muitos sacrifícios e concluiu o supletivo do primeiro e segundo graus. Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula. Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado, abrindo seu primeiro escritório para atender os clientes, e, depois, outro, e mais outro... Ao meio dia, ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o "antigo funcionário" tão elegante em seu belo terno. A Corrente do Amor... Mais outros dez anos se passam, e, agora, o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço. Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar, que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista. Tudo mudou rápido, muita coisa passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor, continuou firme e impressionando a todos que conheciam um pouco da história de cada um deles. Conta-se que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que à mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso nos lábios pelo dever cumprido. Ricardinho, o filho de Agenor, mandou gravar na frente da "Casa do Caminho", que seu pai fundou com tanto carinho: “Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E, que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!” - História verídica, Colaboração de Surley Campos.