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postado em: 7/5/2009
ESCATOLOGIA DE ISAÍAS
Isaías 65:20
Alegramo-nos quando abrimos a Bíblia em Isaías cap. 65 e nos deparamos com a nossa grande esperança de ver novos céus e Nova Terra. O profeta evangélico trouxe-nos esta promessa de Deus: "Pois eis que Eu crio novos céus e Nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas." (Isa. 65:17). Quando lemos esta mensagem, lembramos das coisas maravilhosas que nós conhecemos e que nos são prometidas na Palavra de Deus.
Mas quando chegamos ao v. 20, nós ficamos um pouco perplexos: "Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos 100 anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos 100 anos será amaldiçoado."
Muitos cristãos ficam confusos quando se deparam com este verso, especialmente depois de já ter lido o verso 17. E então começam a indagar e perguntar: Mas como? Por quê? Como pode haver crianças, velhos, morte, pecado e maldição na Nova Terra? Como poderia o profeta Isaías escrever tantas coisas que aconteceriam na Nova Terra – coisas que o Novo Testamento deixa claro que nada disso nós deveríamos esperar lá?
Como podemos resolver este problema: Como podemos interpretar esta passagem? Como podemos resolver este dilema, este terrível problema?
HÁ TRÊS TEORIAS ACERCA DESTE VERSO
(1) A 1a. teoria é de que houve um ERRO DOS COPISTAS. Ao copiarem o texto houve um erro, houve um acréscimo, houve um comentário, e finalmente temos o verso que possuímos.
Mas isso não pode ser provado; o que pode ser provado é justamente o contrário. Porque quando foram descobertos os manuscritos do Mar Morto, em 1947, imagina qual foi a primeira passagem que os eruditos foram examinar? Exatamente: Isa. 65:20. E o que encontraram? As exatas palavras que nós temos em nossas Bíblias, com todas as letras, exatamente como os outros manuscritos inspirados, contendo a mensagem de Isaías, na sua íntegra. Realmente não foi nenhum erro dos copistas. E se tivesse sido haveria de acontecer num só manuscrito e não em todos. Portanto, nós rejeitamos esta teoria de que houve um erro de algum copista.
(2) A 2.ª teoria afirma um SENTIDO PARABÓLICO. É apenas um símbolo, é uma parábola do que seria a vida cristã de antigamente, a vida cristã na Idade Média, a vida cristã aqui nesta Terra.
Mas não podemos aceitar esta teoria do sentido parabólico, do sentido simbólico, do sentido figurado, porque estas são palavras claramente literais; e não há nenhuma indicação de que estas palavras devam ser interpretadas diferentemente. Portanto, nós rejeitamos também esta teoria do sentido parabólico.
(3) Outros apresentam a possibilidade de um ESTADO MILENAR: A passagem descreveria o estado durante o Milênio, e indica as condições de vida durante aquele tempo de preparação para a eternidade.
Então, alguns dizem que por 100 anos antes do Milênio os judeus haverão de se converter, terão uma segunda oportunidade e então os judeus de todo o mundo proclamarão a mensagem de Deus, haverão de anunciar o evangelho de Jesus Cristo ao terem recebido o Messias, e então haverão de converter os gentios, converter a todos os demais que na época seriam inimigos de Deus.
Nós também não podemos aceitar esta idéia – esta teoria do período milenar – pelas razões que vamos apresentar.
Mas como podemos interpretar uma passagem difícil? Quais são as coisas que devemos ter em mente quando interpretamos uma passagem, qualquer passagem da Escritura, especialmente uma passagem difícil, e ademais, uma passagem do Antigo Testamento?
TRÊS REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
Há três regras simples mas importantes – três simples regras de interpretação que devem ser consideradas, para nortear a nossa direção:
(1) Primeiro é o CONTEXTO. O que é que diz o contexto acerca da passagem? E para atentarmos e para estudarmos esse aspecto – o contexto – aplicarmos esta regra, devemos estar perguntando: Em 1.º lugar, quem é que escreveu? Aqui nesse caso, o profeta Isaías, o profeta evangélico. Para quem é que ele escreveu? O profeta escreveu para o povo de Deus, para Judá. Para que lugar ele escreveu e para que circunstâncias?
É preciso estabelecer o sentido étnico e geográfico, porque o profeta Isaías se dirigiu ao povo de Israel localizado em Judá, e profetizou acerca de Jerusalém. O profeta está falando para o povo de Israel. V. 9: "Farei sair de Jacó descendência, e de Judá um herdeiro que possua os Meus montes." V. 18: "Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que Eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o Meu povo, regozijo." E nós lemos no verso 19: "E exultarei por causa de Jerusalém e me alegrarei no Meu povo."
E se você ler todo o capítulo 65 e 66, você chegará a esta conclusão: o profeta está falando para o povo judeu e para a terra de Israel. Portanto, isto deve ser tomado exatamente como está sendo escrito. Se não há nenhum sentido figurado, e se esta profecia é dirigida ao povo judeu, isto seria uma ocorrência para esse povo, e no exato tempo predito.
(2) Em 2.º lugar, nós temos a CONDICIONABILIDADE
Devemos lembrar que todas as profecias, todas as promessas e todas as ameaças da Bíblia são condicionais (Jer. 18: 7-10; Ev. 615). Assim, deveríamos estar atentos para verificar se as condições foram preenchidas para que a profecia fosse ou não cumprida. Portanto, se as condições não foram preenchidas, estas condições, estas promessas, estas profecias não serão cumpridas.
Naturalmente que as condições para o povo judeu eram condições de obediência a todo o plano de Deus, a toda a aliança de Deus. E perguntaríamos: Será que o povo de Israel cumpriu as condições de obediência? Imediatamente a resposta é NÃO. Consequentemente, nada disso se cumpriu com o povo de Israel.
(3) A 3a simples regra de interpretação é a APLICAÇÃO. Só podemos aplicar um texto e uma profecia quando nós temos "permissão" através de um outro profeta. Se não tivermos o apoio de um outro profeta, aplicando os detalhes de uma profecia qualquer do Antigo Testamento ao Novo para algum outro tempo, estaremos dando uma interpretação não autorizada por um "Assim diz o Senhor".
Por exemplo: Haveria um outro profeta que aplica Isaías 65:20 em alguma outra circunstância além das circunstâncias do povo de Israel antes do Novo Testamento? Teria um outro profeta inspirado aplicado no Novo Testamento este versículo e estas condições? De maneira nenhuma. Nós não encontramos nenhum apoio profético, nenhum apoio escriturístico para aplicar isto para a Nova Terra. Consequentemente, isto não se aplicará à Terra que há de vir. Isto se aplica à terra em que estaria o povo de Israel vivendo nas condições prometidas se eles tivessem obedecido ao plano integral de Deus.
Mas o que mais nos ajuda a compreendermos o verso em pauta é compreendermos como funcionava a escatologia profética dos judeus.
ESCATOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO
O que mais elucida a nossa compreensão para entendermos Isa. 65:20, é a Cronologia da Escatologia do Antigo Testamento. E deveríamos entender algumas palavras teológicas, porque elas nos ajudam a compreender grandes idéias. ESCATOLOGIA é uma palavra simples, que é conhecida de muitos, e significa o estudo das últimas coisas, o estudo dos últimos acontecimentos. Isto é escatologia. Mas existe na escatologia uma CRONOLOGIA, que é o estudo da ordem dos acontecimentos, tanto passados quanto futuros.
E, neste momento, gostaríamos de estudar esta Escatologia do Antigo Testamento, enfatizando o apocalíptico de Isaías. Eu chamo a sua atenção para os acontecimentos que deveriam se desenrolar nos últimos dias na Escatologia do Antigo Testamento. Você verá algumas coisas semelhantes, mas também algumas coisas muito diferentes da Escatologia do Novo Testamento.
Notemos como Isaías estabelece a escatologia, os últimos acontecimentos em uma ordem lógica, e haveremos de chegar a uma cronologia, ou seja, a ordem destes acontecimentos dos últimos dias.
(1) Em 1.º lugar, nesta ordem dos acontecimentos estaria: A VOLTA DO CATIVEIRO BABILÔNICO. Este seria o primeiro e grande acontecimento.
Vamos ler Isaías 44:28 – "Digo de Ciro: Ele é Meu pastor e cumprirá tudo o que Me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado."
Esta é uma profecia impressionante. Por que digo isto? Porque aqui o profeta Isaías está se dirigindo ao povo e mostra Deus falando acerca de Ciro. Ciro era um conquistador que ainda não havia nascido. Ciro era alguém que ainda haveria de nascer e Deus já chamava pelo seu nome que ele ainda haveria de receber: “Ciro será o Meu pastor, Ciro haverá de libertar o Meu povo, que está na Babilônia”.
No ano 605 a.C. Nabucodonosor começou a conquista dos povos e também conquistou a Jerusalém. E de 605 a.C. em diante, em várias conquistas, o povo foi levado para o cativeiro babilônico: Em 605 a.C., em 597 a.C. e em 586 a.C. quando finalmente a cidade de Jerusalém foi completamente arrasada e o templo incinerado e tudo derribado. Estava tudo em ruínas, e o povo de Israel agora lá em Babilônia deveria voltar. Mas como voltar?
Deveriam voltar através da conquista de Ciro, de Dario e Ciro, que deveriam conquistar a Babilônia. Eles eram da Medo-Pérsia. E isso aconteceu realmente em 539 a.C., quando Ciro de uma maneira muito estratégica, que haveremos de explicar depois com maiores pormenores, eles penetraram, Ciro e Dario penetraram em Babilônia e conquistaram a Babilônia e venceram, derrotaram a Babilônia.
E em 537 a.C. Ciro baixou o decreto para que o povo judeu retornasse à sua pátria; e em 536 a.C., decorridos os 70 anos desde 605 a.C. (contagem inclusiva), em 536 a.C., o povo judeu retornou para a sua terra, para a Palestina.
(2) O 2.º acontecimento: RECONSTRUÇÃO DE JERUSALÉM.
E era lógico. Logo que eles chegassem à terra, à sua terra querida, à sua cidade querida, eles deveriam reconstruir a cidade; deveriam reconstruir as suas casas derrubadas em monturo, era evidente. E o templo também foi reconstruído até 516 a.C. (Esd.6:15). Esta passagem (Isa. 44:28) indica que o templo seria reconstruído, seria fundado novamente, e Jerusalém também seria edificada novamente.
(3) Mas depois de reconstruída Jerusalém, depois de o templo ser construído, depois de o templo estar bem preparado, então daria lugar ao 3.º acontecimento: A VINDA DO MESSIAS.
O Messias penetraria no templo, o Messias que era o próprio Deus Encarnado, haveria de chegar e [com Ele] a glória diz outro profeta, a glória deste templo, do 2.º templo, chamado depois o Templo de Herodes. O 1.º, o Templo de Salomão. Agora, o Templo de Herodes – porque Herodes embelezou o 2º templo. Em 538 a.C. Zorobabel voltou do cativeiro, na qualidade de governador dos judeus. Restabeleceu o culto e reconstruiu o Templo com a ajuda de Ageu (Ag 1:14) e de Zacarias (Zc 4:9). E então, o Messias deveria chegar ao templo.
Como é que isto aconteceria? Em Isa. 40: 3, temos esta profecia que é conhecida e já se cumpriu: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus."
Nós sabemos que isso se cumpriu literalmente com João Batista. João Batista deveria preparar a vinda do Messias, deveria preparar o povo para receber o Messias. João Batista com a sua mensagem tonitroante, cheia do poder do Espírito Santo, preparou o povo, batizou o povo e então chegou o Messias.
De que modo chegaria o Messias? Você lê acerca disso em Isaías capítulo 9, versículo 6. Observe este detalhe, esta profecia que se cumpriu na Escatologia do AT. Isaías 9: 6: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz."
Observaram? O Pai da Eternidade, aquele Deus forte Todo-Poderoso, que não teve princípio de dias e nunca terá fim de existência. Aquele que procede da Eternidade, haveria de nascer como um Menino, como uma Criança e vir como o Messias para o Seu povo, o povo judeu. Isto é escatologia. Isto se cumpriu na Escatologia do AT no ano 5-4 a.C.
(4) Mas imediatamente quando o Messias chegasse, quando o povo estava preparado para receber o Messias, quando recebessem o Messias, aconteceria o 4.º evento: A PREGAÇÃO MUNDIAL DO EVANGELHO.
Isso você pode ler também em Isaías no capítulo 52. Observem como esses capítulos se relacionam, especialmente os finais e os do centro de Isaías que contêm o Apocalíptico de Isaías. Observe o que é que diz em: Isaías 52: 7: "Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!"
O que significa isto? Muitos havendo recebido o poder do Espírito Santo, ao terem recebido o Messias, o que deveriam fazer com esta mensagem que tinham no seu coração e na sua mente? O que é que faz alguma pessoa, um cristão, alguém que está com o seu coração cheio de Jesus Cristo? Haveria de pregar esta mensagem para outros, pregar a mensagem da salvação em Cristo, a salvação do Messias. Haveriam, portanto, de levantar um grande Movimento Mundial, pregando o evangelho.
A própria Palestina já foi colocada em um sentido geográfico especial de tal modo que quem passasse do Sul para o Norte e do Norte para o Sul, estaria passando obrigatoriamente por Jerusalém e assim teria o conhecimento dos judeus e o conhecimento do verdadeiro Deus.
Mas além deste ponto estratégico em que a Palestina estava colocada no mundo conhecido de então, muitos haveriam de bombardear o mundo com a mensagem de Deus. Vejam aqui (Isa. 53:1) no capítulo 53, verso 1: "Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?"
É a pregação.
(5) Observem aqui o resultado desta pregação mundial, em que muitos estariam empenhados a mostrar Quem é o verdadeiro Deus, o Criador dos céus e da Terra, observem agora o 5.º acontecimento: A CONVERSÃO DO MUNDO.
Isaías 54, versos 2-4: "Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas."
O povo de Israel teria necessidade de ampliar os limites de Jerusalém, os limites da Palestina, porque milhões e milhões, massas inteiras de gentios, ouvindo a poderosa influência do Messias, ouvindo a respeito do grande e maravilhoso reinado do Messias, a salvação de Deus através do Messias, haveriam de se converter, abandonar os seus falsos deuses, jogar às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos, e então se converter ao verdadeiro Deus. Seria a conversão do mundo, o mundo inteiro seria convertido e haveriam de possuí-lo – o povo de Israel haveria de possuir as nações, as nações de todo o mundo – e Jerusalém seria a Metrópole, a Capital do mundo inteiro.
Mas nem todos estariam satisfeitos. Alguns, não querendo abandonar os seus pecados, ou poderíamos dizer – hostes inteiras de ímpios, inimigos de Deus – não querendo abandonar o seu modo de vida, não querendo aceitar o Messias, haveriam de rejeitá-lo (Sal. 2).
(6) E finalmente haveriam de levantar em 6.º lugar: UMA CONSPIRAÇÃO E UMA TRAIÇÃO.
Observem que isto também está implícito aqui no versículo 15. Isaías 54:15: "Eis que poderão suscitar contendas, mas não procederá de mim; quem conspira contra ti cairá diante de ti." Este versículo é climático. Portanto, ao invés de ele apresentar todos os detalhes, ele logo apresenta a vitória. Mas nós estamos querendo apresentar os passos, e aqui está um acontecimento, o que é que realmente ocorreria: Uma conspiração e uma traição.
Muitos deles não satisfeitos com o governo – este governo mundial, este governo universal de Jehová e do conhecimento de Jehová, e do reinado do Messias – não satisfeitos com isto, alguns apóstatas haveriam de levantar uma conspiração e haveriam de subornar alguém dentre o próprio povo e haveriam de trair o Messias.
(7) E então, é evidente, é lógico que o 7.º acontecimento seria: UMA GRANDE GUERRA MUNDIAL.
Esta guerra está implícita no versículo 17, nestes termos: "Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz o SENHOR." Em poucas palavras, ele está dando ênfase a uma guerra, as armas que se levantam "contra ti"; contra o povo de Deus. Mas aqui, em uma forma climática, o profeta mostra a vitória.
Mas antes de chegarmos à vitória, queremos estabelecer isto: A guerra aconteceria no AT; e, em termos do profeta Ezequiel isto significaria a guerra de Gogue e Magogue (Eze. 38-39); e, em termos apocalípticos (Apo. 16:12-16) isso significa o Armagedom.
Você pode ler isso lá, os detalhes desta guerra, as coisas terríveis que aconteceriam nesta guerra, e também a maneira como Deus seria glorificado: Deus seria exaltado, o Seu Nome glorificado diante de todas as multidões no mundo inteiro. Tudo isso, esses detalhes estão lá.
Mas como o Messias teria sido traído – o Messias deveria ser traído – e como aconteceria a conspiração e como estariam em guerra, o que é que fariam com o Messias? Ah, o Messias sendo traído, seria levado para os Seus inimigos. E Ele seria preso, e Ele seria tirado. Desapareceria o Messias, porque os inimigos de Deus, haveriam de matar o seu Herói, o Herói do povo de Deus, o seu Messias, o seu Cristo. O seu Herói, o seu Comandante, o Senhor dos Exércitos estaria sendo preso, açoitado, escorraçado, deveria ser morto de uma maneira não clara aqui, mas sabemos que agora está claro, e, reunindo outras profecias nós sabemos realmente de que maneira como Ele seria levantado entre o céu e a terra.
(8) A MORTE DO MESSIAS seria o próximo acontecimento. Isso está claro e explícito em Isaías 53: 7; vamos ler este verso. Você pode ler todo o capítulo que descreve a morte do Messias. "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca."
Mas este Cordeiro morto, este Messias que deveria ser morto como "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", este Messias não foi compreendido. O povo judeu esperava um Messias que viesse gloriosamente; mas o profeta Isaías, já neste glorioso capítulo sobre a morte de Cristo – em toda a Bíblia este é o mais importante capítulo sobre isto – diz que Ele não foi visto, não foi compreendido pelos judeus.
Por isso, quando Cristo falava – já agora transportando, abrindo um parêntesis para a época do Novo Testamento – os judeus não podiam compreender como é que este Messias seria tirado, seria morto, seria crucificado como Ele mesmo anunciava, como este Messias haveria de passar, e haveria de ser levantado. Eles não podiam aceitá-lO, porque o Messias de Deus realmente viria glorificado. Assim pensavam eles.
Mas aqui (Isa. 53:8, 9) está o fato de que o Messias deveria morrer pelos pecados dos homens, como diz, por exemplo, o versículo 8: "Por juízo opressor foi arrebatado, e a Sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi Ele ferido. Designaram-lhe a sepultura."
Portanto, o Messias deveria morrer de uma forma violenta e terrível, como dizem certas expressões do capítulo 53. Agora, este Cristo que morreu, este Cristo que haveria de morrer – colocando em termos futurísticos – este Cristo haveria também de ressuscitar, e eles não viram isto.
E esta mensagem está escrita em forma implícita no: V. 10: "Todavia ao SENHOR agradou moê-lO, fazendo-O enfermar; quando der Ele a Sua alma como oferta pelo pecado, verá Ele a Sua posteridade e prolongará os Seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas Suas mãos."
Que significa isto? Significa que Ele haveria de morrer. Mas como pode ver a Sua posteridade, como pode ver o Seu galardão se Ele haveria de ser morto? Sim, é evidente que está implícita a ressurreição. Versículo 11: "Ele verá o fruto do penoso trabalho de Dua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo." Como Ele poderia ver o fruto do Seu trabalho se Ele haveria de morrer? Sim, porque está implícita a ressurreição. Verso 12: "Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte e, com os poderosos repartirá Ele o despojo, porquanto derramou a Sua alma na morte." Mas como? Ele morreu, Ele "derramou a Sua alma na morte", mas Deus Lhe dará a recompensa que Ele herdará através do Seu sacrifício. Por quê? Porque Ele ressuscitaria. Portanto, a ressurreição está implícita.
(9) O 9.º acontecimento era justamente aquilo que os judeus mais esperavam: A SEGUNDA VINDA DO MESSIAS.
E isso nós lemos em Isa. 40: 10: "Eis que o SENHOR Deus virá com poder, e o Seu braço dominará; eis que o Seu galardão está com Ele, e diante dEle, a Sua recompensa." Os judeus aguardavam, esperavam ansiosamente este Cristo glorificado, que haveria de desbaratar os seus inimigos.
Em muitos textos você pode ler sobre esta escatologia. Logo no início do livro de Isaías, o profeta fala desse assunto tão emocionante; até parece que ao ler estas palavras você estará lendo o profeta João no Apocalipse. Isa. 2:10 – "Vai, entra nas rochas e esconde-te no pó, ante o terror do SENHOR e a glória da Sua majestade." E observem o versículo 19: "Então, os homens se meterão nas cavernas das rochas e nos buracos da terra, ante o terror do SENHOR e a glória da Sua majestade, quando Ele se levantar para espantar a terra." Ele está falando especificamente da 2a. Vinda do Messias em glória, em majestade, quando Se levantaria, dos altos da Terra para efetuar o Seu grande propósito de salvação.
E quando aconteceria isto? Observem aqui de passagem o versículo 2. Isa. 2:2: "Nos últimos dias, acontecerá". Este é um assunto da Escatologia. O profeta começa o seu livro falando sobre o fim já desde o início. O que é escatologia? É o estudo dos últimos dias, é o estudo das últimas coisas. O profeta Isaías apresenta a sua escatologia, e estes acontecimentos. E isto aconteceria nos últimos dias, não nos nossos últimos dias, mas nos últimos dias do povo de Israel. É a Escatologia do Antigo Testamento.
(10) E então o que é que aconteceria depois, quando o Messias haveria de vir em glória e majestade? 10.º acontecimento: A DESTRUIÇÃO DOS ÍMPIOS.
Isa. 26: 14: "Mortos não tornarão a viver; sombras não ressuscitam; por isso, os castigaste, e destruíste, e lhes fizeste perecer toda a memória." Observou? Ele não está dizendo que os ímpios não vão ressuscitar. Ele está dizendo que os ímpios depois de serem completamente destruídos, ele não poderão ressuscitar a Segunda vez, e eles serão castigados e destruídos.
Isto é muito diferente das doutrinas que grassam no mundo de teorias pseudo-"protestantes", que afirmam que os ímpios mortos estão ardendo num inferno eterno. O profeta afirma categoricamente que os ímpios serão destruídos completamente, e jamais haverá memória deles. Se perece a memória de uma pessoa, isto significa que será completamente apagada e esquecida. Não estarão sendo lembrados e conservados vivos em um inferno, ardendo enquanto Deus existir. Esta não é uma doutrina bíblica.
Podemos verificar que há aqui dentro destes capítulos centrais do 24 ao 27 o Apocalíptico de Isaías. Quer dizer, aqui ele trata especificamente dos últimos dias e dos grandes acontecimentos acerca dos ímpios e da Volta do Messias dos judeus.
Agora observe o que é que aconteceria na destruição dos ímpios. Isa. 27:1: "Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o dragão, serpente veloz, e o dragão, serpente sinuosa, e matará o monstro que está no mar." Quem é que seria morto e destruído? Todos os ímpios, inclusive os líderes dos inimigos de Deus aqui chamados como "dragão", a "serpente" e "o monstro que está no mar". Será que isto nos lembraria de Apoc. 12 e 19? Evidentemente. A destruição completa dos ímpios, juntamente com Satanás, o seu líder. O arquiinimigo, o dragão, a antiga serpente, o próprio autor do pecado e da rebelião contra Deus será destruído. Portanto, aqui se salientam duas coisas: O castigo e a morte dos ímpios, e de seu comandante. O castigo das Pragas que seriam derramadas sobre os ímpios; e, depois de castigados, eles realmente serão mortos e destruídos.
(11) Mas agora, então, aconteceria algo extraordinário, algo muito importante, e isto seria: A RESSURREIÇÃO DOS JUSTOS – o undécimo acontecimento.
Isa. 26:19 – "Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho da vida, e a terra dará à luz os seus mortos." Todos os justos mortos – desde Abel, o primeiro justo que morreu – haveriam de ressuscitar.
Mas haveria uma classe especial de justos que ressuscitariam também. Aqueles que morreram, lutando por Jehová na batalha de Gogue e Magogue, haveriam de ressuscitar também, e haveriam de, exultantes, levantar os seus braços em alegria, e após ouvirem as palavras de seu Messias: "Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó e surgi!" eles haveriam de responder "naquele dia...: "Eis que este é o nosso Deus, em quem esperávamos, e ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na sua salvação exultaremos e nos alegraremos"." Isa. 25:9. Que coisa maravilhosa!
(12) Agora, muito mais maravilhoso do que esta ressurreição, seria o acontecimento marcante e glorioso, o 12.º acontecimento: O REINO DO MESSIAS.
Isa. 9: 6-7. Observem estas palavras: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu" – é a Primeira Vinda do Messias. Mas agora no versículo 7, o profeta fala de Sua Segunda Vinda, quando o Messias haveria de estabelecer o Seu reino de glória: "para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre."
E como seria este reinado? Ah, seria tão maravilhoso! Seria um reinado de paz sem fim, nunca mais haveria guerra, com todas as coisas terríveis que ela traz. A guerra de Gogue e Magogue seria a última guerra. Nunca mais se levantaria da guerra os homens com ódio e ressentimento no seu coração procurando matar o seu companheiro. Não, isso seria passado, porque haveria paz, paz sem fim.
Mas por que paz? Paz é o resultado da justiça e a justiça seria uma realidade também como o principal dos característicos espirituais: a justiça e o juízo. E por quanto tempo haveria justiça e por quanto tempo haveria paz? "Desde agora e para sempre." O Senhor dos Exércitos, o próprio Messias haveria de ser o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, e estabeleceria um reino eterno.
Bem, aqui termina a Cronologia da Escatologia do Antigo Testamento. Aqui nós finalizamos, e aqui teria iniciado a Eternidade.
O TEXTO DE ISA. 65:20
Tendo considerado essas realidades proféticas do Antigo Testamento, como podemos compreender, então, o texto que nós estamos considerando de Isa. 65:20?
É justamente dentro deste contexto que deve ser entendido o profeta Isaías nesse versículo: "Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado." O que significam essas palavras? Significam exatamente o que está escrito. Isso é literal; é algo que foi prometido para se cumprir literalmente para o povo judeu na Escatologia do AT.
O que é que está sendo prometido? Que não haveria morte prematura de crianças. Não haveria velho senão longevo; ou seja, haveriam de os idosos voltar à época patriarcal vivendo 700, 800, 900, 1.000 anos, 1.500 anos e assim sucessivamente. Se alguém morresse aos 100 anos, isso seria "morrer ainda jovem". E "quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado." Por quê? Há aqui um processo paulatino, um processo vagaroso que se verificaria naquele contexto e naquela escatologia, um processo de transformação e desenvolvimento.
O que é que aconteceria? As rugas, as doenças, mesmo o pecado que algumas vezes poderia acontecer, não por rebelião, mas por erro no conhecimento, alguns poderiam pecar, haveria ainda esta possibilidade, e ainda haveria a possibilidade da morte. Mas tanto a morte como o pecado, como a maldição, haveriam de ser erradicados paulatinamente até que finalmente, num dado tempo isto seria completamente erradicado.
Bem, isto era a Escatologia do Antigo Testamento.
O SEGREDO DA INTERPRETAÇÃO
Nós voltamos a perguntar: Será que estas coisas se cumpriram com o povo de Israel? A guerra de Gogue e Magogue foi cumprida? De modo nenhum. Aquele capítulo está lá apenas para dizer como teria sido. Mas quando você lê a profecia de Ezequiel 38 e 39, você não encontra na História do Povo Judeu algo semelhante. Isso não aconteceu.
Alguém poderia perguntar por que isso tudo não aconteceu. Por que estas profecias não se cumpriram? Será que falharam todas as profecias dirigidas ao povo de Israel? Este era um grande e maravilhoso plano de engrandecimento do povo judeu, exaltando-o como o povo escolhido que haveria de reinar num reino teocrático sobre todo o mundo. Mas isto não aconteceu. Por quê? Qual é o segredo para interpretarmos esse impasse?
Precisamos compreender a condicionabilidade das profecias. O profeta Jeremias deixou claro, escrevendo as palavras divinas. Ele disse: "No momento em que Eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual Eu falei, também Eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. E, no momento em que Eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ele fizer o que é mal perante mim e não der ouvidos à minha voz, então, me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria." (Jer. 18:7-10).
Como teria sido diferente o destino de Israel se ele tivesse atendido à voz de Deus! Conhecemos a história do povo judeu, e de como Israel recebeu com intolerância a Jesus Cristo que Deus enviara como o Salvador deles e do mundo. Eles não conheceram o tempo de Sua visitação, rejeitando-O, e, finalmente, O crucificaram entre dois ladrões. Se eles tivessem cumprido as condições estabelecidas no concerto, se tivessem cumprido a sua parte, Deus certamente também teria cumprido a Sua no grande plano de salvação e restauração.
Entretanto, alguns intérpretes modernos entendendo que os judeus hão de se converter como um povo em massa e procurando interpretar as profecias do AT dentro do NT, o que é que eles fazem? Eles estudam a profecia de Gogue e Magogue e dizem que isso ainda acontecerá com o povo literal de Israel da Palestina atual. Eles desconsideram as afirmações explícitas da Bíblia sobre a condicionabilidade das profecias relativas aos povos envolvidos no concerto divino. Evidentemente, haverá muitos erros de interpretação para quem fizer isto.
APLICAÇÃO DAS PROFECIAS
Agora, o que é que nós devemos fazer? A profecia dos novos céus e da Nova Terra (Isa. 65:17) é transportada para o NT, e agora sim chegamos a Apocalipse capítulo 21, para lembrar que os aspectos essenciais são preservados e transferidos para o Novo Testamento. (2Ped. 3:13; Apo. 21).
Novos céus e Nova Terra serão uma realidade. Mas alguns aspectos foram deixados para a Escatologia Antiga, e abandonados, enquanto que agora nós temos um plano diferente, um pouco diferente em alguns pequenos detalhes, mas os aspectos essenciais são mantidos.
Finalmente depois do Milênio, nós teremos novos céus e Nova Terra, nós não teremos mais morte, não teremos mais os resultados do pecado, porque o próprio pecado será erradicado completamente. "Nunca mais haverá qualquer maldição". (Apo. 22:3). Se no plano antigo havia a possibilidade de morte, pecado e maldição, esses aspectos foram abolidos.
Que coisas maravilhosas que nós esperamos! E, ao nós lermos essas mensagens, verificamos como Deus é maravilhoso, ao ter esperado por nós, ao ter permitido um processo longo e demorado para que nós pudéssemos entender as coisas.
Por que o povo de Israel não podia entender? Enquanto não aceitassem as verdades básicas que Deus lhes prometia transmitir, eles não podiam compreender esta grande luz que Ele finalmente haveria de transmitir a todo o povo de Israel e agora transmite ao Israel Espiritual, que é a Sua igreja, em continuação do Seu grande plano de salvar aos remanescentes de Israel.
Mas se no passado aquele aspecto demorado, vagaroso, lento e paulatino não foi cumprido literalmente, agora no Novo Testamento as coisas físicas e materiais serão repentinamente transformadas. A Terra será transformada, os corpos dos justos serão transformados imediatamente em corpos imortais, e tudo será renovado repentinamente. Mas há um processo no Novo Testamento, um processo lento, vagaroso e paulatino. Enquanto que os nossos corpos serão transformados "num abrir e fechar de olhos" (1Cor. 15:52), nós mesmos em nosso caráter não estamos sendo transformados "num momento". O nosso caráter será desenvolvido através do processo da santificação. E há, portanto, um aspecto em que este processo é demorado e paulatino.
Como é que nós estamos desenvolvendo este processo em nós? Como é que nós estamos permitindo que Deus desenvolva o nosso caráter? Temos nós entendido estas coisas – que embora a justificação pela fé seja um ato imediato, a santificação é um processo, um processo através de toda a nossa vida e que devemos ser hoje melhores do que fomos ontem, e amanhã deveremos ser melhores do que fomos hoje – temos entendido isto? Como poderíamos censurar o povo de Israel, se em muitos respeitos nós estamos fazendo as mesmas coisas que eles faziam e repetindo os mesmos erros?
Temos feito alguma coisa para desenvolver esta santificação e esta salvação que há em nós e que foi iniciada por Jesus Cristo? Ou estamos nós retrocedendo, andando para trás? Temos nós um pecado acariciado? Estamos nós nos desenvolvendo, nos aprimorando e nos santificando? Temos nós ouvido a voz mansa e delicada do Espírito Santo em nossa consciência? Temos nós como um povo muita luz e pouca prática?
Estamos nós nos preparando para o glorioso dia quando Jesus Cristo voltará nas nuvens dos céus?
Que Deus nos abençoe e nos dê a vitória final.
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia
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06/05/2009