EGOÍSMO,  INVEJA  E  COBIÇA

 

INVEJA

 

CALÍGULA

– A inveja é filha do orgulho, autora do homicídio e da vingança, o início das sedições secretas, a perpétua atormentadora da virtude. A inveja é a imunda lama da alma; um veneno, um azougue que consome a carne e seca a medula dos ossos. – Sócrates.

O vaidoso Calígula assassinou seu irmão porque era um jovem formoso. Múcio, cidadão romano, era notável pela inveja e má disposição que tinha, de tal sorte que um dia Públio, notando-o muito triste, disse: "Ou sobreveio a Múcio um grande mal, ou veio a outro um grande bem."

Dionísio, o Tirano, diz Plutarco, de inveja castigou Filoxênio, o músico, porque este sabia cantar; e Platão, o filósofo, porque este sabia disputar melhor que ele mesmo.

Cambises matou o irmão Smerdis porque era capaz de usar com maior habilidade o arco e a flecha do que ele ou qualquer de seu partido. – 6.000 Sermon Illustrations.

                    

CAIM

Encontramos a inveja em Caim, o assassino, que matou o irmão instigado pela inveja.

Encontramos a inveja no espírito sombrio e vingativo de Saul, que, sob a sua influência, durante anos premeditou a morte de Davi. Encontramos a inveja no rei israelita que, almejando a vinha de Nabote, derramou-lhe o sangue para consegui-la.

Sim, foi a inveja que perpetrou o mais atroz de todos os crimes já planejados no Inferno ou executados na Terra, crime que o próprio Sol se recusou presenciar, e que a Natureza deu sinais evidentes de horror, fendendo as rochas: refiro-me à crucificação de Cristo, pois o evangelista nos diz que foi por inveja que os judeus entregaram nosso Senhor.

J.A. James.

 

DOIS  INVEJOSOS

 

Conta-se a história de dois homens, moradores na mesma cidade: um deles muito invejoso; o outro, muito avarento. O governador da cidade mandou buscá-los à sua presença, prometendo conceder a ambos tudo que desejassem, sob a condição de que aquele que pedisse primeiro receberia o que pedisse, e o outro receberia a mesma coisa, em dobro. O invejoso não queria ser o primeiro a pedir, para que o outro não recebesse mais que ele. Mas, instado a isso, pediu o invejoso que um de seus olhos fosse vazado, para que seu companheiro perdesse ambos os olhos! – Spencer.

 

O  PODER  DA  INVEJA

 

Oscar Wilde conta a seguinte história: Atravessava o Diabo, certa vez, o deserto da Líbia, quando se encontrou com um grupo de pessoas que se ocupavam em atormentar um ermitão. Este se mantinha inalterável em meio a suas dores e sofrimentos. Por fim, depois de verificar o fracasso dos atormentadores, disse o Diabo:

– O que vocês fazem é muito néscio. Permitam-me experimentar um momento, para ver se posso fazê-lo pecar.

E murmurou ao ouvido do homem, estas palavras:

– Seu irmão foi nomeado bispo de Alexandria.

Um gesto maligno de inveja nublou imediatamente o semblante até então sereno do ermitão.

– Este é um dos meios mais eficazes de tentar os ministros de Deus – disse o Diabo. – Eu o recomendo. – Pastor's Wife.

 

EGOÍSMO  MOTORIZADO

 

Os samaritanos morreram sem deixar semente. Isto se aplica a todas as nações altamente motorizadas. Os carros passam correndo junto das vítimas do tráfego moderno, como o sacerdote e o levita passaram de largo por aquele homem que fora deixado meio morto na estrada de Jericó.

Um caso muito comentado foi o da jovem poetisa francesa Françoise Sagan. Jazia gravemente ferida debaixo do carro e teve que esperar 41 minutos até que um dos carros que passavam parasse para socorrê-la.

A propósito desenvolveu-se num jornal francês uma viva troca de cartas acerca da ausência do espírito do bom samaritano entre os automobilistas. O jornal fez a prova seguinte: encenou numa das ruas de Paris um desastre simulado. Uma menina jazia "atropelada" ao lado da rua, junto de uma bicicleta, e próximo estava o automobilista que "colidira" com a ciclista. Resultado: durante 42 minutos passaram 51 carros, sem se deter, embora tivessem que ver as "vítimas" caídas ali

Kraft und Licht, 21/9/1958.

 

SEJA  VOCÊ  MESMO!

II Tim. 6:6

 

Um dos melhores auxílios para vencer o descontentamento é compreender que Deus quer que você seja você mesmo, não qualquer outro.

Segundo velha parábola japonesa, havia um canteiro chamado Hashmu. Esse homem era pobre, e por vezes reclamava devido ao seu fatigante trabalho. Um dia, enquanto ele estava aparando uma pedra, dele se aproximou o rei, cavalgando um belo cavalo. Que maravilhoso se eu pudesse ser um rei, pensou Hashmu. E assim que as palavras lhe estavam na mente, uma voz disse: "Hashmu, sê o rei!" E ele se tornou imediatamente rei.

Posteriormente, ele achou que preferia ser o Sol. E tornou-se o Sol, mas quando as nuvens o impediam de brilhar sobre a Terra, pediu que queria ser uma nuvem. E tornou-se uma nuvem, e inundou a Terra de chuva. A água levou tudo, com exceção de uma enorme rocha no rio. Daí Hashmu achou que melhor era ser uma rocha. Tornou-se uma rocha, mas quando um homem empunhou um martelo e um cinzel e os aplicou nele, concluiu que melhor era ser um homem.

E uma voz lhe disse: "Hashmu, seja você mesmo!" Então Hashmu pegou seus instrumentos e foi trabalhar, contente, afinal.

"Seja você mesmo!" Eis o que Deus espera de nós, e é o caminho para a felicidade. Deus nos fez a todos diferentes por querer que cada um de nós ocupe determinado lugar e execute uma obra particular na vida. Quando procuramos imitar outros, ou desejamos suas responsabilidades, ficamos descontentes e deixamos de desempenhar nosso único papel no plano de Deus. O melhor modo de sermos originais e estarmos contentes é sermos nós mesmos.

 

O  CHICOTE  DA  COBIÇA

 

É possível que os leitores conheçam a fábula de Tolstoi em que se refere a um camponês ferido da cobiça de terras. Não podendo conseguir do patrão quanto desejava, procura outro senhor, que lhe diz que, com o dinheiro que tem, pode receber toda a extensão de terra em volta da qual ele seja capaz de andar até ao pôr-do-sol. O camponês concorda alegremente, e o dono das terras coloca seu boné sobre um torrão e lhe diz que pode andar até onde quiser, em círculo, voltando ao boné antes de se pôr o Sol, e toda a parte assim rodeada lhe pertencerá.

A princípio o camponês anda calmamente, mas logo adiante vê um pedaço de terra muito boa, ótima para plantar milho, e então alarga o círculo a fim de incluir aquele trecho. Mais adiante descobre um pedaço excelente para o cultivo de batatinhas, e aligeira o passo para incluí-lo também. Outro magnífico lote de terra lhe chega ao alcance da vista, e outro mais, e outro ainda.

Para abranger tudo aquilo, tem que correr, e assim faz; primeiro a passo cadenciado, depois com toda a força. Afinal conclui que já basta, e nota com apreensão que o Sol está bem perto do horizonte e o boné ainda fora de vista. Estica os passos mas tem os pés feridos e sangrentos, dói-lhe a cabeça, os pulmões arquejam como uma forja de ferreiro, as veias se acham tensas e inchadas, o coração bate como um malho contra as costelas. Redobra os esforços e afinal avista o boné. Está exausto, todos os nervos tensos, a cabeça parece nadar-lhe, e diante dos olhos vê uma névoa rubra. Mas os ouvidos latejantes percebem os estridentes aplausos dos circunstantes, e com esforço sobre-humano estende a mão para o boné. Mas antes de atingi-lo cai exânime, o Sol se põe e ele jaz morto.

 

Esta não é uma história antiquada. Repete-se todos os dias. Homens ainda caem mortos na cruel corrida para a qual a ambição e a avareza empunham o chicote. Qualquer médico confirmará isso.

Vem primeiro a morte da alma. Quando, pensam vocês, aquele camponês sucumbiu à única morte que tem conseqüências? Foi no final da corrida, quando caiu fulminado junto ao seu prêmio? Foi durante a corrida, ou no princípio? No mais amplo sentido da palavra, ele já estava morto quando iniciou a carreira – unicamente uma alma sem vida poderia empenhar-se em semelhante corrida. – E. Hermann.