LÍNGUA
Bênção, Maldição, Crítica,
Mexerico, Murmuração, Mentira
MALEFÍCIOS
E BÊNÇÃOS DA LÍNGUA
Uma mocinha declinou da corte
que lhe fazia um jovem de reputação duvidosa. Este se
vingou, caluniando a honra e inocência da menina, Por toda a
pequenina cidade circulou o rumor malfazejo: "Você já ouviu
o que ela fez? Quem pensaria isso?"
Ninguém, entretanto,
perguntava: "Será verdade isso?" A jovem notou que um grupo
de pessoas falando animadamente, quando a viam chegar logo
se calavam. Afinal ela perguntou a alguém o que era que
havia. Assim veio a saber de tudo. Com isso ficou tão
assustada, que não saia mais de casa, e retirada em seu
quarto se pôs meditativa e ensimesmada até que anoiteceu em
seu espírito. E assim, privada da razão, lançou-se num rio e
se afogou.
Quem é o culpado dessa
tragédia? Aquele jovem que pôs em circulação a calúnia. Sim,
foi aquele rapaz! E quem mais? Todos aqueles respeitáveis
senhores e senhoras que tão ansiosos estavam por indagar:
"Você já ouviu?..."
Mais triste ainda é outro
caso:
Faz alguns anos devia ser
executado, em uma grande cidade comercial, um ladrão e
assassino. Rogou decididamente que, antes de ser executado,
pudesse falar com seu antigo chefe, um comerciante rico e
muito considerado. Se bem que isso lhe fosse muito
desagradável, o comerciante satisfez o desejo de seu antigo
empregado. Ao chegar à cela do condenado, começou:
– Pobre infeliz, como foi
possível que cometesse tamanho crime? Nunca eu imaginaria
que chegasse a esse ponto!...
Mas o antigo empregado
respondeu:
– É por isso mesmo que eu lhe
desejava falar. Só queria lhe dizer que o senhor é culpado
de eu ter que morrer assina. O que sou agora tornei-me pelas
conversas levianas que tinha que ouvir quando, em sua casa,
eu servia a visitantes ilustres. Ali escarneciam da minha fé
no Deus vivo, na vida futura e no juízo divino, de tal modo
que me tornei descrente. Com isso privaram-me do apoio que
me mantinha moralmente ereto. Assina fiquei sem a força
contra as tentações que me assediavam. E assim resvalei mais
e mais...
É verdade que nem sempre nossa
língua perpetra males tão graves. Mas será que nossa fala é
sempre isenta de todo mal? Em casa outro dia prometemos
mutuamente não falar mais dos outros, especialmente em sua
ausência. Ficamos assustados com o número de vezes que um de
nós teve que lembrar ao outro a nossa promessa!
O missionário Golze conta que,
anos atrás, ficou conhecendo um homem possuidor de grande
senso de justiça. Um aspecto de sua vida especialmente
impressionara o missionário. Ele nunca tolerava que em sua
presença se falasse mal de um terceiro. Mal começava alguém
uma conversa dessas, e o homem lhe dirigia três perguntas:
A primeira era: "O senhor tem
plena certeza disso que está dizendo?" Na maioria dos casos
a pessoa assim interpelada, respondia: "Bem, naturalmente
não tenho certeza absoluta. Mas a Sra. X me contou, e ela
ouviu do Sr. Y, que ouviu de alguém que sabe do caso."
"Meu amigo", dizia então, "não
volte a falar nesse assunto a ninguém, em hipótese alguma!"
Se a pessoa respondia: "Sim, eu tenho certeza; eu mesmo vi,
ou até ouvi da própria boca dele"; então o homem fazia a
segunda pergunta, que era: "O senhor já falou pessoalmente
com essa pessoa, dizendo-lhe que se escandalizou com sua
conduta, ou avisando-a que tal coisa dela se diz, ou foi o
senhor muito covarde para isso fazer?"
A resposta na maioria das
vezes era: "Isso naturalmente não fiz ainda." "Mas é o que o
senhor devia fazer! Seria bom que falasse com ele primeiro,
pois o caso diz respeito a ele." Se alguém dissesse: "Não
tenho coragem para falar com a pessoa, é muito penoso para
mim"; e então vinha a terceira pergunta: "O senhor quer que
eu fale com a pessoa, e lhe diga o que o senhor acaba de me
dizer dela?" Tal coisa naturalmente ninguém desejava.
E assim meu amigo ficava livre
de ouvir muito disse-que-disse, pois ninguém que tivesse ido
a ele para falar de alguém voltava segunda vez.
Ah, se pudermos aprender a
aplicar esta receita! Muita infelicidade será então evitada.
Dizia Lutero: "Seja a tua boca
uma boca do Espírito de Cristo!"
– Graft
und Licht.
TERRA DA FOFOCA
O irmão já ouviu falar da
Terra da Fofoca? Não? Pois é de admirar, porque não está
muito distante. Fica situada junto à
Baía da Falsidade,
onde a velha Senhora Boato
tem sua residência.
A Terra da Fofoca não fica
longe de quem quer ir lá: a Ociosidade o levará em menos de
uma hora. A Estrada dos
Maldizentes é muito popular, e a maioria das pessoas
que visitam a Terra da Fofoca, eles a preferem por ser
asfaltada. Contudo, há algum perigo, porque quase todos os
visitantes, tarde ou cedo, caem na Baía da Falsidade, cujas
águas são muito sujas por receberem os detritos de diversas
povoações.
A estrada passa pelo túnel do
ódio, sendo a rua principal chamada
"Dizem", terminando
numa grande praça por nome
"Ouvi Dizer". Muitas pessoas Viciadas passam ali
horas esquecidas, sendo acariciadas pelas brisas da Baía da
Falsidade conhecidas pelo nome de
"Não Conte Nada". No
centro da cidade está o
"Parque das Histórias". É um recinto perigoso, não
sendo raros os crimes de morte.
As últimas vítimas foram um
homem chamado "Bom Nome"
e uma senhora conhecida pelo apelido de
"Reputação". Os
atacantes quase sempre se escondem na
Vila da Difamação,
um lugarejo onde governa certo indivíduo chamado
"Orgulho Invejoso".
Este é um corcunda horripilante, mas por ter certas maneiras
atrativas, consegue ganhar algumas amizades – principalmente
daqueles que preferem viver na Terra da Fofoca.
A estrada
"Dizem", apesar de
bem freqüentada, é muito perigosa; muitas pessoas têm sido
atacadas ali e deixadas ao lado muito maltratadas. Nos
esquecíamos de mencionar que esta estrada atravessa uma
colina chamada "Remorso",
a qual, apesar de regada com lágrimas abundantes, produz
frutos muito amargos. Ao lado encontra-se o cemitério onde
estão sepultadas muitas pessoas que por descuido se
aproximaram daquela terra de maldição. Evitem, pois, a Terra
da Fofoca.
– Aurora Evangélica.
"NAQUELES
DIAS ... HOUVE UMA MURMURAÇÃO"
Também hoje há muitos
murmuradores, eternos descontentes e pessimistas. Vejamos
algumas ilustrações muito interessantes:
Pessoas há que estão sempre
"sem sorte". O tempo está sempre diferente do que
desejariam. Um pastor se encontrou um dia com um desses
homens, lavradores que têm culturas várias.
Era um dia chuvoso, e ele
disse:
– Seu Neves, esta chuva é boa
para o seu feno crescer!
– Sim, talvez seja; mas vai
fazer mal para o trigo. Vai estragar a colheita!
Poucos dias depois, quando o
Sol brilhava, e o pastor lhe disse:
– Que bom para o seu trigal,
não?
– Sim, é verdade, mas isto é
péssimo para o centeio. Este requer tempo frio.
De outra feita, numa manhã
fria, encontrou-se com seu vizinho e disse:
– Que belo tempo para o seu
centeio, seu Neves!
– Sim, mas é o pior que pode
haver para o trigo e o feno. Eles precisam de calor, para
crescer. – Dr. Todd.
– Muitos há que são como
aquele lavrador, que queria Sol para o seu trigo, e Chuva
para o seu feno, tudo ao mesmo tempo. – Bowes.
OS
PERIGOS DA MURMURAÇÃO
Há um relato de César, que,
tendo preparado um grande banquete para os seus nobres e
amigos, aconteceu que o dia marcado estava tão chuvoso, que
nada se pôde fazer. O imperador ficou tão aborrecido e
encolerizado, que ordenou que todos os que tivessem arco,
atirassem suas setas contra Júpiter, seu deus principal,
como desafiando-o por causa do tempo chuvoso.
Quando fizeram isso, é claro
que as setas não alcançaram o Céu, caindo-lhes sobre a
própria cabeça, de maneira que muitos ficaram tristemente
feridos.
Assim se dá com todas as
nossas murmurações, que são outras tantas setas atiradas
contra o próprio Deus; voltarão a cair sobre o coração dos
queixosos. Por isso, é melhor ficarmos calados, do que
murmurarmos. – T. Brooks.
Calcula-se que não menos de um
milhão dos filhos de Israel pereceram no deserto, por causa
de suas murmurações. – Bowes.
O FOGO
SE APAGA
Prov. 26:20
O fogo que não é ativado logo
se extingue. Quão verdade é isso com relação ao fogo da
maledicência. Se um pouco de diz-que-diz-que chega ao seu
conhecimento, e você não o passa adiante, ele morrerá com
você. Se você o passa, está ativando o fogo e pondo
combustível que poderá queimar alguém e chamuscar a muitos.
E talvez as mãos que passam adiante o boato e são por isso
mesmo chamuscadas, poderão na realidade sofrer perda até
maior do que a pessoa cuja vida está sendo queimada.
Conta-se que Sofrônio, quando
sua filha Eulália desejou visitar a tagarela Lucinda, não
desejou dar-lhe consentimento. Então perguntou Eulália:
– Por que não? Julga-me muito
fraca. De que maneira poderá ela fazer-me mal?
O velho e sábio Sofrônio tirou
da lareira um carvão, e trazendo-o fora para Eulália, sua
bela filha, disse:
– Toma-o em tuas mãos.
Eulália se encolheu
horrorizada, recusando-se a pegar o carvão.
– Mas ele não pode queimar
você – exclamou o pai.
– Sim, eu sei. Não me pode
queimar mas pode me sujar.
Isto a fez ver a realidade. Há
sem dúvida um certo sentido em que muita coisa que suja é
pior que se queimasse. Uma mão queimada não suja outra mão
que a aperte, o que não ocorrerá com uma mão suja.
O FRUTO
DAS CRÍTICAS
Conta-se que certa moça
inteligente e viva, que apreciava muitíssimo todas as obras
de arte, pediu ao conhecido e admirado caricaturista inglês
Hogarth que lhe ensinasse a arte de traçar caricaturas.
– Não; não deve desejar
conhecer esta arte. Não trace nunca uma só caricatura.
Digo-lhe com imensa mágoa que, pelo uso contínuo da arte de
caricaturar tudo e todos, perdi o sabor da verdadeira
beleza, porque só vejo rostos desvirtuados e coisas fora da
proporção...
A crítica e a prática dos
juízos temerários são a arte da caricaturação moral que mata
nas almas que a praticam o senso da bondade.
CRÍTICA
Um homem que gostava muito de
criticar os cristãos chegou um dia à oficina de um ferreiro,
criticando as fraquezas de diversos cristãos.
O ferreiro, que era cristão,
escutou-o sem dizer palavra alguma. Quando então, por fim, o
homem calou-se um momento, perguntou o ferreiro:
– Você já leu alguma vez a
Bíblia?
– Naturalmente, respondeu o
homem.
– Então, também leu a parábola
do homem rico e Lázaro?
– Naturalmente, respondeu de
novo o homem.
– Então, deve lembrar-se dos
cachorros da parábola?
– De certo, mas que é deles?
– Os cachorros não fizeram
outra coisa senão lamber as chagas do pobre Lázaro;
parece-me que você está fazendo a mesma coisa, porque só
está procurando as fraquezas dos cristãos.
O homem crítico calou-se.
NÃO
JULGUEIS PARA QUE NÃO SEJAIS JULGADOS – O JUÍZO
Alan Isaac viajava em direção
a Meca quando foi alcançado por um desconhecido, caminhando
juntos por toda a tarde daquele dia.
– Você conhece o governador de
Meca? – perguntou-lhe o desconhecido.
– Não. Nem o desejo conhecer.
É homem de coração duro e tem cometido muitos crimes. Tenho
ouvido isto de algumas pessoas que já sofreram as suas
maldades.
No dia seguinte chegaram a
Meca e, pouco tempo depois de se separarem, Alan Isaac era
preso e levado ao calabouço. Quando foi conduzido ao
tribunal disse que ignorava os motivos de sua prisão, mas
teve a grande surpresa de se encontrar face a face com o
companheiro de viagem, o próprio governador de Meca.
– Antes de alcançá-lo na
viagem, disse o governador, me haviam dito que caminhava
para Meca o maior bandido desta nação, e por isso mandei-o
prender para que seja enforcado.
– Senhor, gemeu Alan Isaac,
pode julgar um homem sem provas e condená-lo à morte? Sem
dúvida irá condenar um inocente.
– Não. Já estudei as acusações
e verifiquei que elas são falsas. Seu crime é um único,
exatamente aquele que, praticado por mim, poderia levar você
à forca: você acreditou e propalou as acusações ouvidas
contra mim sem as verificar. E você condenou à morte moral
um homem justo e reto. Por este crime você deveria ser
enforcado, mas eu perdôo a você.
Alan Isaac, beijando a terra,
saiu do tribunal pensando em quantas forcas seriam
levantadas para os que ouvem e proclamam o mal contra o
caráter do próximo sem outra desculpa senão o perverso
desejo de que os fatos fossem verdadeiros. – O arquivo
da ADCA.
VER AMBOS
OS LADOS ANTES DE JULGAR
S. João
7:24
Um dos costumes mais comuns
nas pessoas, é o de julgar antes de fazer a devida
averiguação. Esse hábito redunda muitas vezes em uma maneira
de tratar injusta e cruel, corno se verifica num incidente
ocorrido nos princípios da Segunda Guerra Mundial.
Um rapaz de boa aparência e
vestido à paisana estava numa cabina telefônica, pedindo uma
ligação. Fora, aguardando sua vez, havia vários soldados,
que ficaram cada vez mais impacientes e ruidosos à medida
que passavam os minutos. Suas observações acerca do estranho
na cabina foram sendo feitas mais alto e tornaram-se mais
pesadas. Afinal, o jovem pendurou o fone e saiu. Ao fazer
isso, foi rudemente empurrado e ridicularizado por não estar
no serviço. "Você deve ter arranjado uma boa história para
evitar ser sorteado", gritou-lhe um. "Você é um covarde!"
berrou outro.
O rapaz não se defendeu, mas
seu rosto mostrou a mágoa que sentia ante as malévolas
observações desses homens. Foi retirar-se e os soldados
notaram pela primeira vez que a manga esquerda do paletó
estava vazia. O silêncio da confusão apoderou-se do grupo ao
compreenderem quão cruelmente injustos haviam sido seus
juízos contra um jovem que já dera um braço por seu país.
Esses jovens soldados não eram
sádicos profissionais. Não encontravam um prazer mórbido em
ferir outros. Estavam simplesmente julgando "segundo a
aparência". E foi demasiado estreita sua visão! Ao verem
mais do quadro completo, mudaram de juízo.
A MENTIRA
Em uma classe da Escola
Dominical, o instrutor anunciou que no domingo seguinte
trataria da mentira.
Como preparação a este tema,
disse: "Eu lhes aconselho que leiam cuidadosamente o
Capítulo 17 do Evangelho Segundo S. Marcos." Ao chegar o
referido dia, começou assina seu discurso:
– Como preliminar ao estudo
que vamos fazer, rogo que todos aqueles que tenham lido o
capítulo que lhes recomendei, levantem a mão.
Todos os congregados
levantaram a mão. Um sorriso aflorou nos lábios do
instrutor, e este continuou:
– Está bem; sinto-me
satisfeito, porque tenho ante mim o auditório mais escolhido
para falar sobre a mentira. O Evangelho Segundo S. Marcos,
tem somente 16 capítulos. – E. Angurell.
A MENTIRA
Do topo duma montanha na Suíça
desprende-se uma pequena bola de neve e inicia vagarosa
descida, crescendo ao rolar e aumentando de velocidade ao
crescer, arrastando consigo massas imensas de neve e gelo,
até se arremessar estrondeante sobre a pacífica aldeia
situada na planície, onde casas e habitantes são sepultados
sob uma avalancha imensa. A causa de toda essa perda de
vidas e de propriedades é uma bola de neve.
A princípio a mentirinha, a
pequena calúnia, o pequeno acesso de ira, o insignificante
desvio da retidão perfeita – quão pequeno e sem conseqüência
parece cada um! Ninguém o nota a princípio, mas, assim como
o círculo provocado por uma pedrinha jogada nas plácidas
águas de um tanque, torna-se cada vez maior, à medida que
avança. – Tarbell.
GUARDEMO-NOS DA HIPOCRISIA - Luc. 12:1
A palavra hipocrisia quer
dizer fingir, simular; parecer uma coisa diversa do que é
realmente. Nos primitivos tempos, esse termo se aplicava aos
atores de teatro da antiga Grécia – pessoas que muitas vezes
usavam máscara ao desempenharem sua parte.
Algumas das mais severas
advertências de Cristo foram dirigidas contra a hipocrisia.
Jesus acusou os fariseus de serem hipócritas, porque fingiam
ser zelosos pela causa de Deus mas em realidade estavam
trabalhando contra ela.
Cristo pede a Seus seguidores
que sejam cristãos não só em público, mas em particular, não
apenas quando estão sendo observados.
Na antiga Roma, os hábeis
escultores e os gravadores em pedra gravavam as palavras
sine cera em seus trabalhos. Segundo a lenda, o
cinzel de escultores hábeis escorregava por vezes
acidentalmente, cortando linhas não intencionais na pedra.
Para encobrir esses erros, artesãos menos honestos
arranjaram o truque de encher esses lugares prejudicados com
cera. Então vendiam o produto como perfeito. Os melhores
artistas, porém – os honestos recusavam-se a empregar a
cera. As palavras sine cera (sem cera), de
onde vem nossa palavra sincero, afirmavam que o produto era
perfeito como parecia.
O MAL DA
MENTIRA
No gesto de Ananias e Safira
traduzem-se vários vícios muito sutis e perigosos, e que
ainda hoje ceifam suas vítimas aos milhares e milhões. Por
outro lado, como conforta encontrar exemplos de pessoas
verazes, que preferem sofrer prejuízo a faltar com a
verdade!
Da revista "Únitas"
transcrevemos uma narrativa emocionante:
Na cidade de São Paulo, em
casa de um homem de grande projeção social, empregou-se uma
japonesinha. Um dia o chefe da família, chegando do
trabalho, começou a almoçar e não queria ser perturbado,
Quando o telefone tocou. A empregada foi atender e voltou
imediatamente, comunicando ao patrão que alguém queria
falar-lhe. Ele disse prontamente:
– Diga que não estou.
A menina teve um
estremecimento. De olhos bem abertos e espantados, fitou o
cavalheiro por um momento e perguntou-lhe com voz humilde e
respeitosa:
– Desculpe, o senhor não quer
que eu diga que o senhor está ocupado?
– Não, diga que não estou, e
acabou-se!
– O senhor me desculpe, mas
não posso dar esse recado.
– Por quê?
– Porque sou cristã.
– E que é que tem isso?
– Tem que a minha religião me
ensina que não devo mentir. O senhor me desculpe, mas
deixarei hoje o emprego, porque sei que assim não podemos
combinar.
O chefe da casa levantou-se,
foi atender ao telefone e passou o dia humilhado, mas
impressionado com aquela demonstração de fidelidade de uma
empregada humilde.
Comentando o fato em conversa
com um amigo, ele dizia: – Eu me sinto amesquinhado. Aquela
menina está aqui longe dos parentes; se eu a puser na rua,
ela não tem onde cair morta. No entanto, teve coragem de
sacrificar tudo, tudo, por amor à verdade; e eu, que
desfruto da posição social que tenho, ordenei que ela
mentisse!
A japonesinha que deu este
testemunho de fidelidade até hoje não sobe o quanto isso
abalou e continua a abalar a consciência do patrão. Um
testemunho bem dado é sempre assim. Produz efeitos muito
mais amplos do que se pode imaginar.
À tarde, regressando à casa, o
chefe se dirigiu à empregada nestes termos:
– Se você pretende sair por
causa do que aconteceu à hora do almoço, não é preciso, pois
eu lhe prometo que esse fato não se repetirá mais. Agora sei
até que ponto vai a confiança e a consideração que você deve
merecer.
Num mundo como o nosso,
em que as mentiras convencionais são muito comuns, o
testemunho de fidelidade dessa fiel cristã é, de fato,
maravilhoso. – H.F.B.
SÓCRATES
E A MALEDICÊNCIA
Certo dia um homem, muito
agitado, apresentou-se a Sócrates, o célebre filósofo
antigo, e disse-lhe:
– Escute Sócrates: como seu
amigo tenho alguma coisa para lhe dizer.
– Espere! – interrompeu o
sábio. – O que você vai me dizer, passou pelos três
coadores?
– Três coadores?! – perguntou
o outro, admirado.
– Sim, amigo, três coadores.
Vejamos se o que você tem para me dizer passou por eles. O
primeiro coador é o coador da verdade. Você tem certeza de
que é verdadeiro o que vai me dizer?
Assegurar, não posso. Ouvi
dizer e...
– Bem, bem. Certamente você o
fez passar pelo segundo coador: o da bondade. Ainda que não
seja verdadeiro, será pelo menos bom o que você quer me
dizer?
Titubeando replicou o outro: –
Não, pelo contrário . . .
– Ah! – interrompeu o sábio. –
Procuremos então passar pelo terceiro coador e vejamos se é
útil o que tanto agita você.
– Útil?! – tornou o amigo, já
impaciente e vexado. Não é...
– Bem, – disse Sócrates,
sorrindo – se o que você tem a dizer não é verdadeiro,
nem bom, nem útil, esqueçamos o
caso e não se preocupe com ele mais do que eu. – A
Pena Evangélica.
A CALÚNIA
E SEUS EFEITOS
Certo dia uma senhora se
apresentou a Filipe Nery, acusada como caluniadora.
– A senhora cai com freqüência
nesta falta?
– Sim, padre, com muita
freqüência.
– Minha querida filha, sua
falta é grande, mas a misericórdia de Deus é maior ainda.
Faça assim: vá ao mercado próximo compra um frango morto mas
que não esteja depenado. Em seguida ande outra distância,
depenando-o ao passar pelo caminho. Depois volta aqui.
A senhora fez como lhe foi
indicado e voltou ao seu confessor ansiosa por dizer-lhe que
havia cumprido ao pé da letra o que lhe fora ordenado.
Estava curiosa por saber porque se lhe havia dado uma
penitência tão estranha.
– Ah! – disse-lhe Filipe – a
senhora foi muito fiel em cumprir a primeira parte da minha
ordem. Vá agora, cumpra a segunda e tudo será equilibrado.
Volte e recolha uma a uma as penas que a senhora esparramou.
– Mas, padre! – exclamou a
senhora – atirei-as por todos os lados e o vento as levou a
todas as direções. Como posso agora recolhê-las?
– Bem, minha filha, – disse o
sacerdote. – Assim é com as suas palavras de calúnia. Como
as penas que o vento espalhou, suas palavras são levadas em
todas as direções. É difícil revogá-las. Vá e não peque
mais.
– Expositor Bíblico.
O EXAGERO
Conta-se que uma vez um homem
ia a caminho de uma povoação próxima e encontrou um vizinho
sentado numa pedra, vomitando uma coisa bem escura. Depois
de pouco tempo, ele continuou sua marcha e ao chegar à
povoação encontrou outro conhecido seu e lhe disse que havia
encontrado o Sr. Johnson no caminho, muito doente, vomitando
algo preto como um corvo. O homem recebeu esta notícia, não
atentou bem para as palavras de seu amigo, e logo ao
encontrar outro vizinho lhe disse:
– Olhe! O Sr. Black contou-me
que o Sr. Johnson vomitou um corvo preto.
Assim se seguiu, até que
alguém contou que o Sr. Johnson havia vomitado três corvos.
Não faltou quem tivesse curiosidade de conhecer a pessoa que
vomitara três corvos. Foi visitar o Sr. Johnson o qual não
havia vomitado senão uma coisa tão negra como o corvo. Assim
são as fofocas.
– Ilustraciones.
O
CONJUNTO HARMONIOSO
Uma grande orquestra estava
para dar um concerto. Algum tempo antes já os artistas iam
chegando e procuravam afinar os respectivos instrumentos;
por toda parte do grande recinto ouviam-se trinados e o
ressoar de arcos. Por fim, aparece o dirigente, levanta sua
batuta e logo a orquestra inicia o programa com uma bela
peça. A discórdia e confusão desapareceram. – G.H.
Miller.
VITÓRIA
SOBRE O ÓDIO
A psicologia aplicada poderia
haver ajudado o rei Saul. Lemos a história de uma mulher
moderna que buscou conselho do Dr. Jorge W. Crane, o
psicólogo, confidenciando-lhe que odiava o marido e
pretendia divorciar-se dele.
Acrescentou ainda: "Quero
feri-lo o quanto possa." "Nesse caso", disse o Dr. Crane,
"aconselho-a a derramar elogios sobre ele. Quando a senhora
se houver tornado indispensável para ele – quando ele julgar
que o ama devotadamente, então inicie o processo de
divórcio. É a maneira de o ferir."
Meses mais tarde a senhora
voltou para relatar que seguira o método que lhe fora
aconselhado. "Muito bem", disse Crane, "agora é tempo de
pôr-se na fila do divórcio."
"Divórcio!" exclamou a senhora
com indignação. "Jamais! Agora eu o amo."
O apóstolo Paulo deu a mesma
espécie de conselho, em seu tempo, quando disse: "Não te
deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem." Romanos
12:21.
O rei Saul nunca venceu seu
ódio e inveja.
"CANTO
HIPÓCRITA"
Cantamos
Bendita hora de oração
e nos conformamos com orar 10 a 15 minutos por dia.
Cantamos
Eis-me aqui, eu vou, Senhor
e no entanto esperamos que venham chamar-nos para o serviço
de Cristo.
Cantamos
Cantarei do amor de Deus
e permitimos que a menor das ofensas silencie o canto.
Cantamos
A qualquer lugar eu irei
e nos queixamos de ter muito que fazer na igreja.
Cantamos
Oh, vem tu também comigo à
Nova Jerusalém, porém faltamos à Escola Sabatina,
à reunião de Oração e ao Sermão.
Cantamos
Que segurança sou de Jesus
e nos angustiamos até ficarmos prostrados com os nervos
descontrolados.
Cantamos
Eu quero trabalhar por meu
Senhor e nunca convidamos a ninguém para ir à
Igreja.
Cantamos
Sim, ajuda hoje a alguém
e nos conformamos com olhar para os circunstantes
necessitados.
Cantamos
Dá-me a Bíblia que eu tanto
anelo e a deixamos empoeirada na estante.
Cantamos
Dá-me Cristo e toma o mundo
e continuamos a seguir as modas.
Cantamos
Que mudança gloriosa em mim
se operou e acariciamos muitos pecados no
coração.
– Adaptado de El
Guardian.
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