MUNDO –
PERIGOS E RESULTADOS
A
INGRATIDÃO DO MUNDO
Sócrates,
um dos mais sábios e mais nobres homens de seu tempo, depois
de uma longa carreira de serviço denunciando os erros de sua
época, e tentando elevar a moral do povo, foi condenado à
morte e obrigado a ingerir veneno.
Dante,
quando a Itália foi retalhada pelas facções políticas, cada
um ambicionando o poder e todos inteiramente inescrupulosos
quanto aos meios empregados para obtê-lo, dedicou-se
zelosamente a unificar o país, e mesmo assim, seu puro
patriotismo não encontrou como recompensa senão o exílio.
"Florença para a Itália, e a Itália' para o mundo", foram
suas palavras quando ouviu sua sentença de degredo.
Colombo
foi enviado de volta à pátria, acorrentado, do país que
havia descoberto. Os últimos dois anos de sua vida
apresentam um quadro da negra ingratidão por parte da coroa
a este distinguido benfeitor do reino. Morreu, talvez, como
o mais pobre homem de todo o reino para cujo enriquecimento
gastara a vida toda.
Bruno,
de Nola, por advogar o sistema de Copérnico, foi condenado
pela Inquisição e queimado vivo em Roma no ano de 1.600, à
presença de inúmera assistência. Scioppus, o latinista, que
estava presente à execução, com uma sarcástica alusão a uma
das heresias de Bruno, à infinidade de mundos, escreveu: "As
chamas o levaram para aqueles mundos."
SALÃO DE
MODAS
Sodoma e
Gomorra
Grande sortimento de vestidos
que dão pelos joelhos, roupas sem mangas, decotes, tintas de
toda qualidade, com pincéis finíssimos para o rosto, pinças
para as sobrancelhas e cola negra para as pestanas,
aparelhos para manicura.
Com tudo isto se conseguem as
"toaletes" mais próprias para profanar as igrejas, provocar
infidelidade, brigas em casa, ensinar a corrupção às
crianças e, enfim, tornar o mundo um inferno.
Os artigos são importados da
Babilônia.
À clientela oferecem-se
avultados dividendos: a bancarrota da moral facultará
passagem grátis para os centros infernais.
Todas as senhoras, senhoritas
e meninas que honrarem esta casa comercial serão, por isso
mesmo, consideradas como fiéis agentes do demônio.
As contas serão liquidadas na
hora da morte.
O Diretor-Gerente –
Lúcifer. – A.D.C.A.
ESCOLHENDO
O MODO CORRETO DE VIVER
Uma mãe e seus dois filhos
estavam na esquina à espera do bonde. "Meninos", disse a
mãe, "observem esses dois homens que aí vêm." O primeiro
deles tinha os cabelos brancos como a neve. Tinha o porte
ereto e o passo firme. Olhou os rapazes com certo brilho nos
olhos e sorriu para a mãe ao passar.
O segundo homem não era tão
idoso, mas ai, que diferente! Andava curvado e com lentidão,
apoiando-se pesadamente sobre uma bengala. De nariz inchado
e olhos lacrimosos, passou arrastando-se e olhando fixamente
diante de si.
"Meninos", disse a mãe, "o
senhor mais idoso, de aspecto elegante, é o juiz Ferreira.
Ele foi menino cristão, tornando-se homem cristão, delicado
e cortês. Possui um lar feliz e é homem útil e respeitado. O
avô de vocês conhecia-o quando ainda menino. O outro homem,
viveu para os prazeres da vida. Era menino agradável e
granjeou muitos amigos, que eram do mesmo quilate, e com
eles caiu na senda do mal. O pecado e a bebida deixaram-lhe
sinais no corpo. Ele vive sozinho e infeliz, dependendo da
caridade pública. Lembrem-se", continuou a mãe, "quando
chegarem a ser velhos, vocês serão como um ou outro destes
homens." – Mabel Reynolds.
O INIMIGO
DE TODOS OS DIAS
Havia um homem que se queixava
todas as noites da fadiga do dia.
– Qual é – perguntou-lhe um
amigo – a causa de suas queixas? Que trabalho tão duro você
faz que lhe aborrece tanto?
– Ah! É um trabalho a que
todas as minhas forças não bastariam se não me viesse
fortalecer a graça de Deus. Tenho dois falcões para
alimentar, duas lebres para cuidar, dois gaviões para
adestrar, um dragão para vencer, um leão a combater e um
enfermo que cuidar.
– Que loucura!
– Não é loucura, meu amigo, o
que digo é certo:
Os dois falcões são os meus olhos,
que tenho que guardar com muito cuidado, para que não se
detenham muito nas coisas deste mundo, porque assim me
prejudicariam, arruinando a minha alma.
As duas lebres são meus pés,
que tenho que guardar para que não se lancem apressadamente
na senda do pecado e da maldade.
Os dois gaviões são minhas mãos,
que tenho que sujeitar ao trabalho, dando-lhes sempre coisa
que fazer para que não façam o mal, para desgraça de minha
vida.
O dragão é a minha língua,
que precisa de sempre estar refreada porque está cheia de
peçonha mortal.
O leão é o meu coração,
com o qual tenho que lutar constantemente, fazendo o
possível para mantê-lo humilhado e contrito perante o
Senhor.
O enfermo é meu corpo,
que ora tem calor, ora frio, ora fome, ora sede e exige
sempre um cuidado especial.
Diga-me, amigo, se tudo isso
não é uma contínua fadiga.
– Oxalá – exclamou o
outro – que todos levássemos este trabalho a sério e nos
fatigássemos tanto contra o inimigo de todos os dias. –
J.R.C.
A ÁRVORE
ANTROPÓFAGA
Na África há uma árvore cuja
influência se manifesta a grande distância. Todo o viajante
que lá chega é atraído ao seu pé onde adormece e morre.
Assim são os que caem
debaixo da influência do mundo e de Satanás: eles são
levados rapidamente à morte. –
J.R.C.
MANTER NO
SENHOR OS NOSSOS OLHOS
II Crôn.
25:12
Segundo uma história, o filho
de Luís XVI foi entregue aos cuidados de homens viciosos e
ímpios, como a expressa ordem de lhe estragarem o caráter.
Terríveis eram as tentações que lhe punham no caminho.
Sujeitaram o jovem príncipe às mais vis influências.
A todas as tentações o
príncipe só dizia uma coisa: "Não posso fazer isso, pois sou
filho do rei." – Meditações Matinais.
TEMOS DE
RESISTIR AO MAL
Tiago 4:7
Bete havia desobedecido outra
vez. Parecia fraca demais nesse ponto. Sua mãe lhe falava
sempre e sempre, para ajudá-la a vencer essa fraqueza, mas
não parecia adiantar nada.
– Bete, – apelou a mãe, quase
exasperada – você não tem nenhuma força de vontade?
– Tenho, mamãe – afirmou a
sempre arrependida pequena – tenho bastante força de
vontade. A dificuldade é que não tenho bastante força para
não fazer! – Meditações Matinais.
MANTENDO
A TOCHA ACESA
Entre os antigos gregos, o
corredor que ganhava a corrida não era o que cruzava a linha
no menor espaço de tempo, mas quem a cruzasse no menor tempo
com a tocha ardendo.
Nós nos ocupamos de tal modo
com as atividades da vida que corremos o perigo de deixarmos
apagar a tocha de nossa vida espiritual. Foi quando Moisés
se deteve em sua jornada que ouviu a voz de Deus.
– Seleto.
QUE
FAREMOS COM O MUNDO?
Um pai contou recentemente
interessante episódio ocorrido com um filho jovem a quem
dera um globo mapa-múndi. O pai muito se esforçou para
prover o filho de uma geografia do globo, e o jovem muito o
apreciou, guardando-o no seu quarto, examinando-o
freqüentemente e familiarizando-se com os vários nomes de
continentes, mares e outras áreas geográficas.
Uma noite, depois que o jovem
estava meio adormecido, o pai quis certificar-se de certa
longitude e pensou que talvez o globo mapa-múndi que dera ao
filho fosse ajudá-lo. Pé ante pé, entrou no quarto, e
justamente quando, saindo, transpunha a porta, o ruído das
dobradiças acordou o jovem, que gritou ao pai: "Papai, que é
que o senhor vai fazer com o meu mundo?"
Não somente os filhos de hoje
estão dirigindo aos pais esta mesma pergunta; também, Deus a
faz a cada um de nós. Deixaremos o mundo melhor ou pior do
que o encontran1os? Que estamos nós fazendo com Seu mundo?
Estamos corrompendo ou ajudando a Deus a redimi-lo?
–
J.A.B.
O BAILE
Se um Bispo católico romano
diz que dentre vinte mulheres caídas, dezenove atribuem sua
queda ao baile; se o diretor de uma associação de
professores de dança admite que ¾ dos habitantes do
lupanar devem sua estadia aí ao baile, e que as novas
inquilinas dessas casas virão através do mesmo agente,
parece chegada a hora de despertar do letargo e
perguntar-se: "Sou eu guardador de minha irmã?"
Os mais perfeitos professores
de dança são os mais degradados. São eles os diplomados.
Seria bastante para nos fazer corar o ser-nos contado que
nós, afirmando ser inocente o baile, contribuímos com uma
partícula de nossa influência para levar à vergonha aqueles
que deveríamos ter ajudado... Quando nos dizem, essas
próprias hóspedes do prostíbulo, que dentre cada 200 delas,
163 começaram sua carreira no salão de baile, e que, depois
de caídas, vivem apenas uns seis anos na média, ficamos
admirados de que tivéssemos por um momento duvidado de que
seja imoral o baile." – O Atalaia.
O CINEMA
IMORAL E ANTI-SOCIAL
O Sr. Dorgeres, no CRI DU SOL,
em França, acaba de publicar uma estatística sobre os
assuntos que serviram de temas para os filmes distribuídos
pelas empresas americanas no ano de 1936.
Os coeficientes foram os
seguintes:
– 310 assassínios.
– 104 roubos à mão armada.
– 74 delitos de chantagem.
– 43 incêndios voluntários.
– 14 delitos por trapaças.
– 642 casos de furtos.
– 182 casos de falso
testemunho.
– 54 desvios de menores.
– 192 casos de adultérios
femininos.
– 213 casos de adultérios
masculinos.
Que bela coleção!
Que bela escola profissional
de rótulo, crime e imoralidade que é o cinema! –
Fronteiras.
ESQUECIMENTO DOS VOTOS
Os conversos espanhóis no
México não se lembravam absolutamente das promessas e
profissão que faziam ao batizar-se, exceto unicamente seus
nomes – e mesmo muitas vezes se esqueciam deles.
No Congo, África, os
portugueses quando chegaram, encontraram o povo entregue ao
paganismo e induziram-nos a batizarem-se, em grande número.
Depois, quando os sacerdotes instavam que 1evassem uma vida
de conformidade com sua profissão, a maioria deles não
resistiu à pressão e voltava ao paganismo.
Semelhantes renegados
encontram-se em nosso meio hoje ainda: os que se entregam a
Cristo, por sua profissão; mas quando se trata de levarem
uma vida santa, deixam-no em campo aberto, traindo as suas
cores, renunciando aos votos do batismo e bandeando-se para
o inimigo.
– Spencer.
NÃO
ESQUEÇA O MELHOR
S. João
1:12
Um jovem pastor, nos Alpes,
quando cuidava do seu rebanho viu no solo uma flor estranha;
apanhou-a e com isto abriu-se uma porta na encosta do morro.
O jovem entrou então e deparou com uma estupenda cova de
coisas preciosas no meio das quais havia um anão que lhe
disse: "Toma o que você quiser, mas não se esqueça do
melhor."
O moço, vergando-se para
apanhar tanta riqueza, deixou cair a flor e chegando lá fora
lembrou-se do que lhe dissera o anão, mas debalde tentou
voltar para buscá-la; a porta estava fechada e todas as
jóias desapareceram.
Toma o que você quiser e puder
dos tesouros deste mundo; todavia, não se esqueça do melhor.
O melhor de tudo é Jesus Cristo.
– The Christmas Christ.
"AQUELE
PALHAÇO SOU EU!"
É uma perfeita ilusão imaginar
que certas pessoas que passam a vida a soltar gargalhadas e
a entreter-se gozam duma alegria perfeita. Risadas altas e
pilhérias vãs são muitas vezes o invólucro de que Satanás se
serve para esconder a tristeza que devora os corações de
seus escravos:
Certo homem foi ter um dia com
um médico com o fim de consultá-lo. Se queixou duma
melancolia tão angustiosa e acabrunhadora que a vida se lhe
ia tornando rapidamente insuportável.
O médico examinou-o
cuidadosamente. Por fim, lhe disse que não tinha enfermidade
alguma e que não precisava senão de algum divertimento.
"Leia qualquer romance pilhérico; será o melhor remédio para
o seu mal." O homem sacudiu a cabeça negativamente, como que
pondo em dúvida a receita do médico.
"Bem! então vou dar-lhe outra
receita: Vá a tal teatro e verá que em instantes ficará
livre dessa sua tristeza." Nova negativa de parte do
consulente, o qual parecia já haver experimentado tudo isso.
"Nesse caso", disse o médico,
"resta só um meio que poderá ajudá-lo afastar essa
melancolia. Não há de falhar, tenho certeza."
– Que meio será esse, Sr.
doutor?
– Vá assistir o notável
palhaço que chegou com o circo de cavalinhos. Sairá do circo
completamente curado.
– Ah, doutor! – exclamou o
pobre homem, com a voz repassada de angústia. – Estou
perdido! A sua receita não serve de nada! Aquele palhaço sou
eu! Eu mesmo! – Guia do Viajante.
CONSELHO
VALIOSO
Um dos maiores cientistas que
já existiu, Ampère, aconselhou a seu filho: "Estudar as
coisas deste mundo é dever de sua profissão; mas
considera-as apenas com um dos olhos, tendo o outro dirigido
constantemente para a Luz eterna! Dê ouvidos aos sábios, mas
com um ouvido apenas! Escreva apenas com uma das mãos; com a
outra apegue-se ao manto de Deus, como uma criança se agarra
às vestes do pai. Sem esta precaução você infalivelmente
despedaçaria a cabeça contra uma rocha!" – Kraft und
Licht.
O CAMINHO
PERIGOSO DO QUAL NINGUÉM VOLTA
Conta-se a história de uma
velha e sábia raposa que estava para entrar em uma cova onde
os numerosos rastros de suas companheiras lhe diziam que uma
multidão de raposas havia entrado antes dela.
Achando-se justamente na
entrada vacilou, porque notou que todos os rastros eram numa
direção – todos mostravam que haviam entrado na cova mas
nenhuma voltava. Depois de um momento gasto em aparente
meditação, ela voltou e foi embora.
Muitos são as cavernas em que
os homens estão hoje entrando, e onde as pegadas apontam
para dentro. Há lugares de diversões, antros de vício, sim,
mesmo palácios de iniqüidade, que tentam os jovens de ambos
os sexos a entrar. Muitos estão no umbral, entrando pela
primeira vez nesses centros e começando a descer pelo
caminho da perdição.
Todos os vestígios à entrada
apontam para uma direção, porque poucos que entram pelos
portais do pecado voltam. Se alguns poucos voltam, suas
pegadas são obliteradas pelos pés apressados da grande
multidão que se lança impetuosamente para a destruição
certa.
A porta por onde você hoje
entra pode conduzi-lo à cova do hábito, a uma vida de
escravidão. Poucos dos que adquirem maus hábitos voltam
atrás. A porta que está adiante de você hoje pode ser o
primeiro gole de bebida; e se este portal for transposto,
pode ser a entrada para uma vida de miséria, desgraça,
remorso e escravidão.
Antes de você entrar, pare e
olhe para ver que caminho segue a multidão. Estão todos
entrando e ninguém voltando? Olhe os rostos e veja quantos
voltam.
QUEM É O
MUNDO?
Cresce na região do Mar Morto
uma planta vistosa e bonita. Seu fruto, a maçã de Sodoma, é
belo e desejável. Mas se o provarmos!... Acha-se debaixo da
casca bonita e reluzente uma massa fétida e amarga. Tal é o
mundo. Promete gozos e alegrias, mas o fim de tudo é
amargura e tristezas.
Aquele que procurar a
felicidade neste caminho será decepcionado, porque, embora
seja agradável e atraente o seu exterior, o interior está
cheio de sujeira e podridão,
O MUNDO
E SUAS MENTIRAS
Em 1783, depois de tremendas
lutas, a Criméia foi anexada ao reino da Rússia. Para
mostrar ao mirado e à sua rainha a grandeza, a riqueza, o
progresso e as boas condições da gigantesca Rússia,
Potenkin, o favorito da rainha,
arranjou e dirigiu uma viagem triunfal para o Sul do país.
Na imensa e erma planície, ele havia mandado construir vilas
e cidades que enfeitara e em cada lugar a entrada da rainha
era saudada por uma multidão alegre e feliz. Mas nem a
rainha nem o seu acompanhamento perceberam que eram sempre
as mesmas pessoas, que, pagas para essas demonstrações,
faziam a mesma viagem.
Sim, o mundo é uma mentira. E
como a rainha da Rússia, muitas vezes, cremos nesta mentira,
e somos enganados pelas vidas de Potenkin.
MUNDO
Calígula, resolvido a
desfazer-se de alguns senadores que abertamente se tinham
declarado contra ele, convida-os a um esplêndido banquete.
No meio do festim, quando se regalavam com os melhores
manjares, abre-se repentinamente um alçapão do forro, e um
tênue orvalho de perfumes cai sobre as suculentas iguarias,
inebriando agradavelmente os convivas. Porém, durou pouco o
prazer.
Os senadores começam a
sentir-se asfixiados; tentam fugir para escaparem a uma
morte certa. Baldado esforço! Todas as saídas estão
cuidadosamente fechadas! Compreendem a perfídia do tirano; a
morte é inevitável, e caem, vítimas do seu amor aos prazeres
e da crueldade sem nome do monstro déspota.
Assim procede o mundo com seus
cortesãos. Quando o pavão orgulhoso ostenta sua magnífica
roda de linda plumagem estrelada, enche-se de contentamento,
não cessa de se contemplar desvanecido, pavoneando-se e
felicitando-se pelo seu tão lindo e singular adorno.
Mas se os seus olhos se
abaixam a contemplar seus negros e disformes pés, solta
agudo e plangente grito, encolhe as asas e, desapontado e
triste, fecha o bonito leque que o transformava.
À semelhança do pavão, muitos
homens se deixam levar por excessivo amor às dignidades, às
riquezas, aos bens deste mundo.
– Lição dos Fatos.
A HASTE
DA CRUZ
Conta-nos uma lenda antiga que
a um homem que precisava fazer grande jornada deram a
carregar pesada cruz, dizendo-se-lhe que ela o levaria à
salvação. Tendo feito parte do trajeto, vencido pelo
cansaço, deliberou cortar um pedaço da longa haste de sua
carga.
Mais leve, pôs-se a caminho, e
andou até o ponto onde a estrada subia por uma encosta longa
e pedregosa. Ali sentiu que se lhe agravava o peso da cruz.
Doíam-lhe os ombros e tinha as pernas trôpegas. Na
impaciência, põe por terra o seu fardo e outra vez o mutila
em sua haste.
Parte. Alcança o sopé do
outeiro e se vê às margens de um rio sem ponte. Só então
observou que outros viajantes também levavam pesadas cruzes
de longas hastes e, mais resistentes e tolerantes,
conservam-nas intactas. Eles estenderam sua cruz de margem a
margem e, fazendo-as de ponte, atingiram o lado oposto e
foram embora. Mas ele que encurtara a haste de sua cruz, viu
logo que ela não poderia prestar o mesmo auxilio. Tentando
entrar no rio, desapareceu levado pela correnteza.
É clara a lição da fábula.
Todos os que vivemos a cortar, com golpes arbitrários, os
nossos deveres e obrigações para com Deus, podemos levar,
por algum tempo, vida fácil, mas sempre enganosa. Chegará o
dia quando seremos vítimas das mutilações feitas na haste da
nossa cruz.
– Lendas do Céu e da
Terra.
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