130 Texto:
Cristo: O Fim da Lei
17
- Não
penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes
pleno cumprimento,
PENSEIS - Como ocorreu em
quase todas as ocasiões durante os dois últimos anos de seu ministério, estavam
presentes espiões que tinham a tarefa de averiguar e informar a respeito das
atividades de Jesus. Enquanto Ele falava, eles murmuravam entre os que ali
estavam que Jesus dava pouca importância à lei. Mas, como em muitas outras
ocasiões, Jesus leu o que pensavam e respondeu às objeções que tinham
suscitado, dando assim uma evidência de sua divindade [[1]].
Jesus menciona não as
ações, mas vai além mencionando os pensamentos para que nenhuma dúvida fique
sobre o propósito de suas palavras. Em nenhum momento de seu ministério
terrestre Jesus defendeu a mudança no sagrado Decálogo, que reflete o caráter
de Deus, e fala claramente para que o mais humilde entenda que veio cumprir a
lei e os profetas. E tocando nos pensamentos Jesus amplia a lei para o interior
da pessoa, uma lei escrita nos corações, e passa a relacionar nossos
pensamentos com o sagrado Decálogo.
QUE VIM - Jesus se
refere aqui a sua vinda procedente do Pai Sai do Pai e
vim ao mundo; de novo deixo
o mundo e vou para o Pai. João 16: 28 ao mundo
Pilatos lhe disse: Então tu és rei? Respondeu Jesus:
Tu o dizes Eu Sou rei. Para isso nasci e para isso vim ao mundo: Para dar
testemunho da verdade. Quem é a verdade escuta minha voz. João 18: 37 [[2]].
REVOGAR - Cristo vem completar a lei e
os profetas, Anulamos, pois a lei pela fé? de modo algum. Antes a confirmamos.
Romanos 3: 31 [[3]].
Grego: katalúô, desatar, desfazer, como se desarma uma
loja. Significa ab-rogar, deixar sem
validez, anular, abolir. Cristo tinha proclamado a lei no monte Sinai. Por
que teria agora de anulá-la? [[4]].
LEI - A nova aliança será escrita não em
pedra, mas no coração, Jeremias 31:
O
ponto básico da discordância entre Cristo e os escribas e fariseus era a
interpretação que estes davam à lei, baseados na tradição como base para
interpretação da lei. Jesus baseia sua doutrina no Amor que é o ponto básico da
natureza divina; João disse: Deus é amor, e nesta virtude
baseia-se toda lei divina.
O
sábado que dizem ter sido abolido é mencionado 59 vezes no NT, e em
nenhuma vez o contradizendo, mas antes confirmando: Mateus 10 vezes; Marcos 11;
Lucas 19;
Grego:
nómos, ver comentário Romanos 3: 19, que aqui equivale ao Hebraico: Torah, que compreende toda a vontade revelada de Deus ver
com. Salmo
119: 1, 33; Provérbios 3:
Cristo mostra claramente que não era ele
senão eles quem destruíam a lei, invalidando-a com sua tradição Mateus
15: 3 e 6. É provável que as ilustrações tomadas da lei capítulo
5:
O ponto básico de desacordo entre Jesus e os
escribas tinha que ver com as tradições mediante as quais eles interpretavam a
santa lei de Deus. Desde a meninice Jesus tinha atuado sem tomar em conta essas
leis rabínicas que não tinham sua base no AT. O que agora punha de lado era a
falsa interpretação que os escribas tinham dado à lei, e não a lei em si [[6]].
CUMPRIMENTO - Jesus não veio destruir a
Lei Deuteronômio
4:8, e toda a economia antiga, nem consagrá-la como intangível, mas
dar-lhe, pelo Seu ensinamento e pelo Seu comportamento, uma forma nova e
definitiva, na qual se realiza, afinal, plenamente aquilo a que a Lei se
encaminhava Mateus 1: 22; Marcos: 1: 15. Isso é verdade, sobretudo no que
se diz respeito à justiça verso 20; 3: 15; Levítico 19: 15; Romanos
1: 16 justiça perfeita verso 42 de que as afirmações
antitéticas dos versos
Cristo declara de
maneira cabal para que nenhuma dúvida paire em perfeita harmonia com o Pai Ele
veio cumprir em perfeita obediência a vontade que revela o caráter amoroso do
Pai. Os fariseus se orgulhavam da obediência que prestavam a lei; sabiam,
todavia, tão pouco de seus princípios pela prática diária, que para eles a
palavra do Senhor soava como heresia. Ao sacudir o entulhos sob o que a verdade
estivera soterrada, julgavam que estava varrendo a própria verdade. Murmuravam
uns para os outros que estavam menosprezando a lei. Jesus leu-lhes os
pensamentos, e respondeu aos mesmos, dizendo: Não cuideis que vim destruir a lei
e os profetas: Não vim ab-rogar, mas cumprir [[8]].
Grego:
pleróô, completar, encher.
No Sermão do Monte o Autor da lei deixou claro o verdadeiro significado de seus
preceitos, e a maneira em que seus princípios tinham de expressar-se no
pensamento e na vida dos cidadãos do reino que tinha vindo estabelecer. O mesmo
grande Doador da lei reafirmou os pronunciamentos do Sinai, dizendo que estavam
em vigência para os que quisessem ser seus súditos, e anunciou que qualquer que
se atrevesse a anulá-los, já fora por preceito ou, por exemplo, de nenhum modo
entraria no reino dos céus. Mateus 5: 20.
A afirmação de que ao cumprir a lei moral
Cristo a ab-rogou não se harmoniza com o contexto da declaração do Mestre. Tal
interpretação nega o sentido que evidentemente Jesus quis transmitir. Segundo
essa interpretação contraditória, Cristo teria dito que não tinha vindo
destruir a lei, senão que ao cumpri-la a ab-rogava. Essa interpretação passa
por alto a clara antítese que há na palavra: senão, mas, e faz que as duas idéias sejam virtualmente sinônimas.
Ao cumprir a lei, Cristo tão só lhe deu um sentido mais amplo, dando aos homens
um exemplo de perfeita obediência à vontade de Deus a fim de que a mesma lei se
cumprisse pleróô em nós. Romanos
8: 3 e 4 [[9]].
O
cumprimento da Lei - Jesus fez uma
advertência solene no começo do Sermão da Montanha, em que apresentou a Lei
dada por Deus no Sinai por ocasião da Primeira Aliança à luz da graça da Nova
Aliança: Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los,
mas dar-lhes pleno cumprimento...
Jesus, o Messias de Israel, portanto o maior
no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a em sua
integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias palavras. Ele é o
único que conseguiu cumpri-la com perfeição... O cumprimento perfeito da Lei só
podia ser obra do Legislador divino nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho.
Em Jesus, a Lei não aparece mais gravada nas tábuas de pedra, mas no fundo do
coração. Jeremias 31: 33 do Servo, o qual, pelo fato de trazer fielmente
Jesus ensinava como alguém que tem
autoridade, e não como os escribas. Mateus 7: 28 e 29. Nele, é a mesma
Palavra de Deus que tinha ressoado no Sinai para a Moisés a Lei escrita, que se
faz ouvir novamente sobre o Monte Bem-aventuranças. Ela não abole a Lei, mas a
cumpre, fornecendo de modo divino a interpretação última dela: Aprendestes
o que foi dito aos antigos... Eu, porém, vos digo. Mateus 5: 33 e 34. Com
esta mesma autoridade divina, Ele desabona certas tradições humanas dos fariseus que invalidam a Palavra de Deus. Marcos
7: 8 e 13 [[10]].
A LEI
ETERNA
A
primeira vista isto poderia parecer o pronunciamento de Jesus mais alucinante
em todo sermão do monte. Nesta passagem Jesus estabelece o caráter eterno da
Lei e depois Paulo confirma: Porque o fim da Lei é Cristo, para justiça
de todo aquele que crê. Romanos 10: 4 [[11]].
O Terceiro
Passo
Não penseis que vim
revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Mateus
5:17.
Estamos caminhando com Jesus no monte das
Bem-aventuranças. Durante nossa caminhada, exploramos, exploramos o caráter do
cristão, nas bem-aventuranças de Mateus 5:
Agora chegamos à parte mais longa do Sermão do Monte. Mateus
5:
Os versos
A essência é que Jesus apresenta duas proposições gerais
em Mateus
5:
A segunda importante proposição de Jesus em Mateus
7:
O restante do capítulo 5 de Mateus é um comentário ou
extensão dos versos
Uma pessoa nunca pode olhar para a lei da mesma maneira,
depois de ter realmente
compreendido o que Jesus está ensinando na segunda parte de Mateus
5. Prepare-se; Jesus está pronto para nos conduzir em um importante trajeto
para compreender a profundidade e essência da lei de Deus [[12]].
A Lei e os
Profetas
E começando por Moisés,
discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava
Quando Jesus
fala acerca da lei e dos profetas, Ele está falando a respeito da Bíblia de
Seus dias, o Antigo Testamento. A lei consistia dos cinco livros de Moisés e
ia de Gênesis a Deuteronômio. E os profetas eram os livros daqueles escritores
posteriores da Bíblia que ensinavam a lei, a interpretavam e a aplicavam à
nação de Israel.
A lei era um conceito central na Bíblia, do início ao
fim. Por isso cabe a nós tomar um pouco de tempo para entender o assunto, especialmente porque Jesus
disse que isso é importante.
A lei de Moisés consistia, na realidade, de vários tipos
de leis. A primeira era a lei moral dos Dez Mandamentos, que Deus escreveu em
pedras para sempre no Monte Sinai. A lei moral estabelece importantes
princípios que abrangem todos os atos e relacionamentos humanos.
A segunda categoria de lei, encontrada nos livros de
Moisés é a lei cerimonial. Essas leis se referiam à maneira como Deus lidava
com o problema do pecado.
Centralizavam-se no santuário, em sacrifícios de sangue e no ministério
sacerdotal. A lei cerimonial é de grande valor porque prenuncia a importância
de Jesus e da natureza de Sua obra.
Há uma terceira categoria de lei, que devemos observar.
Mas esta não se encontra nos livros de Moisés. Trata-se da lei oral, ou seja, a
interpretação da Lei de Moisés pelos escribas e fariseus.
De particular importância para restante do capítulo
5 de Mateus, são a lei moral e a interpretação que os escribas fazem
dela. Essa era a área de conflito entre Jesus e o partido farisaico. É
importante sermos precisos em nossa compreensão da lei de Deus, tão importante,
na realidade, que Jesus dedica a maior parte de Seus ensinos a elas [[13]].
Jesus
Sendo Criticado
Achava-se ali no sábado
um homem que tinha uma das mãos ressequida... Então, disse ao homem: Estende a
mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra. Retirando-se, porém, os fariseus,
conspiravam contra ele, sobre como Lhe tirariam a vida. Mateus: 12:
Jesus defendia a
verdade. Essa era a fonte de todos os Seus problemas com os líderes judeus. Ele
não só ensinava a verdade, mas vivia a verdade.
Os líderes judeus foram achados
Em segundo lugar, Jesus ensinou sobre a graça; que Deus
perdoa livremente as pessoas que uma vez se rebelaram contra Ele, se elas se
arrependerem. Os ensinos acerca da graça dar
às pessoas o que elas não merecem perturbavam os fariseus e legalistas de
todas as gerações.
Em terceiro lugar, Jesus não só ensinava sobre a graça;
Ele a praticava quando, com intenções de resgate, Se misturava com publicanos,
prostitutas e pecadores. Existe uma classe de pessoas religiosas em todas as gerações que vêem com maus olhos
essas misturas.
Por último, Jesus não tinha o tipo certo de credenciais
para ser um bom ministro. Não possuía
educação farisaica, nem fora ordenado. Como resultado de todas essas coisas,
Jesus era suspeito desde o começo, tanto entre o povo em geral como entre os
líderes religiosos. Era Ele realmente ortodoxo? Como podia Ele crer no AT mesmo
assim ensinar e agir daquele modo?
Foi para responder a essas perguntas que Jesus afirmou,
logo no início de Seu ministério, que Ele cria firmemente no AT e não
desprezava a lei e os profetas.
A posição de Jesus sobre essas questões deve ser a minha
posição.É essencial para mim, hoje, ensinar e viver a verdade conforme é
encontrada na Bíblia. Ajuda-me hoje, Senhor, a viver como Jesus e
ter pensamentos Dele [[14]].
Eu Vim
No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do
que foi feito Se fez. A vida estava Nele... E o Verbo Se fez carne e habitou
entre nós. João 1:
Aposto que você não viu essas palavras. Que palavras?
Eu vim, no verso que temos estudado já por alguns dias. Mateus 5: 17.
Essas palavras têm rico significado e são muito
importantes para a compreensão do restante de Mateus 5.
Eu vim. Jesus fez poucas declarações mais importantes que essa. Ele não
simplesmente veio. Ele veio de algum lugar. Esse lugar era o lado de Deus o
Pai. Ele veio do Céu à Terra. Conforme João menciona no verso de hoje, Jesus
estivera com Deus desde o princípio. Como Paulo o descreve, Jesus não
julgou como usurpação o ser igual a Deus, pois a Si mesmo Se esvaziou, assumindo
a forma de servo, tornando-Se em semelhança de homens". Filipenses 7.
A encarnação, porém, não foi o início para Jesus. Longe
disso. No princípio, criou Deus os céus e a terra. Gênesis 1: 1. Como parte
da Divindade, Jesus era Criador; Ele era Deus vindo à Terra.
No livro de Êxodo, lemos que Jesus era o Eu
Sou, Aquele que chamou Moisés na sarça ardente Êxodo 3: 14; João 8: 58.
E foi Jesus quem proclamou a lei no Monte Sinai em meio a fogo e trovões.
Eu vim. Palavras significativas. Ricas palavras, especialmente no contexto de Mateus
5:
Eu vim. Essas palavras dizem que quando ouvimos Jesus, estamos ouvindo a Deus.
Quando adoramos a Jesus, estamos adorando a Deus.
Ajuda-me, Senhor, a dedicar minha vida a Ti em gratidão,
porque vieste, não apenas para me ensinar, mas para morrer em meu lugar [[15]].
Cristo, o
Fim da Lei
Porque o fim da lei é
Cristo. Romanos 10: 4.
O fim da lei é Cristo, mas Ele não é o fim da lei. Afinal, Ele claramente afirma
em Mateus
5: 17 que não veio revogar a lei. Veio, porém, para colocar um fim no
mau uso da lei entre Seus seguidores.
O mau uso da lei assume diversos aspectos. Teríamos
descoberto um deles no texto de hoje, se tivéssemos citado o verso inteiro de Romanos
10:
Mas Jesus também colocou um fim em outras maneiras de
pensar sobre a lei. Com toda sinceridade, os judeus haviam multiplicado regras
e restrições. Eles queriam proteger a lei de Deus e certificar-se de que era
observada perfeitamente. Com esse propósito, acharam que precisavam definir
todas as coisas. Assim, quando a Bíblia dizia que não deviam trabalhar no
sábado, eles tinham que definir o trabalho. Uma dessas definições tinha que ver
com levar cargas.
O que era uma carga? A lei dos escribas concluía que
levar uma carga era transportar alimento
de peso igual a um figo seco, ... leite em quantidade suficiente para um gole,
... tinta suficiente para escrever duas letras do alfabeto, e assim por
diante.
Eles gastavam horas argumentando sobre coisas como, por
exemplo, se era pecado um alfaiate carregar uma agulha espetada na roupa no
dia de sábado, ou se as mulheres podiam usar broches ou uma presilha no cabelo
no santo dia. Eles discutiam até se era permissível usar dentes postiços no
sábado.
As definições eram inúmeras e abrangiam todos os aspectos
da vida nos sete dias da semana. Essas pessoas eram os perfeccionistas originais.
Para eles, defender sua interpretação da lei era o centro da experiência
religiosa. Jesus
não veio para revogar a lei, mas para dar um fim a todas as abordagens e
atitudes para com a lei. Até a lei se transforma em boas novas nas mãos de
Jesus [[16]].
A Lei é
Boa (Às Vezes)
Por conseguinte, a lei é
santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom. Romanos 7: 12.
A lei em si mesma é boa, mas não é boa para todas as
pessoas, em todas as circunstâncias. Certamente tinha seu lado negativo para os
judeus do tempo de Cristo. Como é isso?
Talvez a melhor maneira de considerar a questão, seja
através de um exame da história de Israel. Deus deu a lei a Moisés, o qual a trasmitiu aos israelitas. Os
israelitas, porém, no início da história não prestaram muita atenção às ordens de Deus.
Eles ofereciam sacrifícios no estilo pagão, adotavam os
costumes dos povos das culturas vizinhas, e com freqüência simplesmente ignoravam
o conselho divino.
O resultado foi o cativeiro babilônico, com seus 70 anos
de exílio. Depois de voltarem do cativeiro, um núcleo significativo de líderes
religiosos e políticos dos judeus decidiram que não repetiriam a experiência.
Observariam a lei e não se misturariam com os povos pagãos, nem adotariam seus costumes.
E o resultado? Israel conseguiu cometer o erro contrário. Sob a liderança de
grupos como os fariseus, eles fizeram da lei o fim em si mesma e a utilizaram
como meio de separar-se de outras pessoas. Formaram-se fanáticos observadores
da lei. A religião se tornou uma incessante rotina de ritos e cerimônias. A
lei se tornou o centro da vida deles. Nesse processo, deixaram de compreender
que a lei só era boa se sua natureza
espiritual fosse o centro da observância da lei.
Uma vez mais precisavam ouvir os profetas. Deviam ouvir Miquéias,
que escreveu que Deus não está satisfeito com a mera obediência exterior do
sistema sacrifical. Se a lei é observada em espírito, nós praticaremos a
justiça, amaremos a misericórdia e andaremos humildemente cum Deus. Miquéias
6: 8.
Precisamos de equilíbrio
Cumprindo
a Lei – 1
Eu tenho guardado os
mandamentos de Meu Pai e no Seu amor permaneço. João 15: 10.
O fato de Jesus dizer que não veio revogar a lei, mas
cumpri-la Mateus 5: 17, confundiu muitas pessoas. A despeito de Suas
palavras simples, elas ainda liam e entendiam que Ele revogou a lei de Deus. Mas
cumprir não quer dizer abolir, e sim completar, dar sentido completo,
desempenhar totalmente. Assim, a palavra cumprir pode ser entendida, pelo
menos, de três maneiras diferentes:
1 ) Jesus obedeceu totalmente ao que a lei do AT
requeria, através de uma vida de obediência;
2) Ele cumpriu os elementos preditos no AT,
3) Ele deu sentido completo, às Escrituras dos judeus,
através de Seus ensinos.
Havia um sentido no qual Jesus cumpriu o AT nas três
maneiras. Vamos examinar cada uma.
Não há dúvida alguma a respeito da vida sem pecado de
Jesus na Terra. No fim de Sua vida, Ele podia reivindicar, sem temor de
qualquer contradição, que havia observado os mandamentos de Seu Pai. Ninguém
podia apresentar uma justa acusação contra Ele.
Assim, Jesus viveu uma vida de perfeita obediência.
Obedeceu a lei em seus mínimos detalhes. Viveu a lei em seu mais amplo sentido
e a ela obedeceu perfeitamente.
Como resultado, Ele pôde Se tornar nosso sacrifício
perfeito, sem mácula, no monte
chamado Calvário. Ele provou que eram falsas as acusações de Satanás, de que
ninguém conseguia obedecer a Lei de Deus, e Sua vida perfeita fez Dele nosso substituto, tanto na vida
como na morte. Nos livros do Céu, o registro de Sua vida perfeita permanece em
lugar do nosso, quando O aceitamos pela fé. Temos um Salvador que viveu e
morreu por nós.
Jesus não apenas viveu uma vida de obediência à lei de
Deus; Ele também ensinou outros a amarem a lei de Deus e a observarem. Isso se
tornará cada vez mais evidente no restante de Mateus 5.
Portanto, há um sentido em que Jesus cumpriu a lei de
Deus vivendo-a plenamente, observando-a perfeitatnente, e ajudando-nos a ver o
significado completo da lei, pela maneira em que viveu e pe1os ensinos que
transmitiu [[18]].
Cumprindo
a Lei – 2
A seguir, Jesus lhes
disse: São estas as palavras que Eu vos falei, estando ainda convosco, que
importava se cumprisse tudo o que de Mim está escrito na Lei de Moisés, nos
Profetas e nos Salmos. Lucas 24: 44.
O segundo sentido em que Jesus cumpriu a lei e os
profetas é que Ele cumpriu as profecias do AT concernentes ao Messias que
haveria de vir. As predições messiânicas e seu cumprimento
Miquéias nos fala acerca do lugar de Seu nascimento: E tu, Belém-Efrata,
pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o
que há de reinar em Israel. Miquéias 5: 2; Mateus 2: 6. Várias
outras passagens do AT nos falam que o Messias viria da tribo de Judá, através
da descendência de Davi. Não é acidentalmente que os Evangelhos freqüentemente
se referem a Jesus como o Filho de Davi.
Isaias descreve a natureza do ministério de Cristo,
quando escreveu sobre o Messias: O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados, enviou-Me a
curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em
liberdade os algemados 61: 1; Lucas 4: 18. O serviço sacrifical de todo
o AT apontava para Jesus como o Cordeiro de Deus. João 1: 36, que
morreria pelos pecados do mundo.
E Isaías 53 nos diz que Jesus seria desprezado
e o mais rejeitado entre os homens. verso 3, não revidaria quando
levado como ovelha muda perante os Seus tosquiadores. verso 7,
morreria por causa da transgressão do Seu povo. verso 8, e Lhe
designariam sepultura com os perversos os
ladrões na cruz e com os ricos estaria na morte. verso 9
- a tumba de José de Arimatéia.
Poderíamos ir longe nesse assunto. Jesus cumpriu as
profecias do AT. Nós servimos a um Deus que sabe o fim desde o princípio [[19]].
A
Verdadeira Plenitude da Lei
Tudo quanto ouvi de Meu
Pai vos tenho dado a conhecer. João 15: 15.
Conquanto seja verdade que Jesus desempenhou ou cumpriu o
AT, por ter cumprido as profecias messiânicas e por ter observado perfeitamente
a lei do AT, isso não constitui o significado central do que Jesus quer dizer
em Mateus
5: 17.
O significado principal de qualquer passagem é melhor
determinado, não pelas palavras do texto em si, mas por meio de cuidadoso exame
do seu contexto. E o que encontramos quando examinamos o contexto de Mateus
5: 17?
Encontramos Jesus cumprindo o significado da lei. Isso
fica claro no restante do capítulo 5 de Mateus. Depois de fazer alguns comentários preliminares nos versos 17 até 20, Jesus Se concentra em vários ensinos dos judeus, o sexto e o
sétimo mandamentos do Decálogo e as práticas judaicas do divórcio, juramento,
retaliação e amor ao próximo.
Jesus prefacia cada um dos seis ensinos com as palavras: Ouvistes
que foi dito aos antigos. Então Ele prossegue, dando a compreensão
contemporânea do assunto. Depois Ele diz: Eu, porém, vos digo... A essa
altura, em cada caso, Jesus continua explicando a profundidade e a extensão da
lei ou da prática em seu mais amplo sentido.
Dessa maneira, Jesus está dando sentido ou cumprindo a
lei. Ele lhe dá sentido completo: Sua missão era engrandecer a lei, e a tornar
ilustre ou gloriosa. Isaías 42: 21 Tradução Trinitária. Ele devia mostrar a natureza espiritual da
lei, apresentar seus princípios de vasto alcance, e tornar clara sua eterna
obrigatoriedade. - O Maior Discurso de Cristo, pág. 49.
Nesse processo, Jesus nos legou alguns dos Seus mais
preciosos ensinos. E o que começa no Sermão do Monte, Ele continua através do
Seu ministério. Jesus descarta todas as concepções erradas acerca dos ensinos
de Deus, que haviam sido acrescentadas por seres humanos, e coerentemente
conduz à profundeza do significado e propósito encerrados pelas regras e regulamentos
divinos. Ele nos ajuda a compreender o espírito da lei - o espírito de amor,
que torna cristãs a observância da lei e a obediência. Senhor, ajuda-me hoje a
ouvir o que o Mestre tem a dizer [[20]].
18 - Porque em verdade vos digo que,
até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da
lei sem que tudo seja realizado.
VERDADE - Introduzindo por amém Salmo
41: 14; Romanos 1: 25 algumas das afirmações. Jesus salienta sua
autoridade 6: 2 5 e 16; João 1: 51 [[21]].
Grego: Amém, do Hebraico amem firme, estabelecido, seguro. Segundo o sentido hebraico, o amém significa uma resposta
confirmatório e enfática ao que diz outra pessoa Números 5: 22; Deuteronômio 27:
NÃO SERÁ OMITIDO - Nem um só i, uma só vírgula, o i
representa um yod, a menor letra do
alfabeto hebraico que parece comum
apóstrofo '. O til representa um pequenino traço que prolongava um lado de
certas letras hebraicas para
distingui-las de outras. O que o Senhor deseja comunicar é que cada letra de
cada palavra do AT é vital e será cumprida [[23]].
Gotas do
caráter dos livros dos céus - A lei de Deus revela o secreto dos corações, projetando
luz sobre coisas antes sepultadas e ocultas. Deus conhece cada pensamento, cada
propósito, cada plano, cada motivo. Os livros dos céus revelam registram os
pecados que não foram cometidos pôr falta de oportunidade. Deus trará a juízo
toda a obra, e toda coisa coberta. Com sua lei mede o caráter de cada homem.
Assim como o artista transfere à tela as feições do rosto, assim também as
feições de caráter de cada homem, se compara como uma fotografia com sua lei.
Revela ao homem seus defeitos e exorta ao arrependimento, e apartar-se do
pecado [[24]].
CÉU E A TERRA - Passarão os céus e a terra.
Minhas palavras, porém não passarão. Marcos 13: 31; É mais fácil passar o céu e
a terra do que uma só vírgula cair da Lei. Lucas 16:
OMITIDO - Sua palavra cumprirá os benéficos propósitos divinos e
prosperará Isaías 55: 11. Não haverá modificações nos preceitos divinos
para serem amoldados aos preceitos humanos.
Quando Cristo iniciou
sua campanha, Satanás enfrentou-O e disputou cada polegada de terreno,
empregando todos os seus meios e poderes para derrotá-lo. Havia muita coisa
envolvida neste conflito. Fortes interesses estavam em jogo. As questões a
serem respondidas eram: A lei de Deus é imperfeita, e precisa ser emendada ou
abolida? ou é imutável? O governo de Deus é estável? Ou necessita de
modificações? Essas questões precisavam ser respondidas não somente perante os
que residiam na cidade de Deus, mas também perante os habitantes de todo o
universo celestial...
Satanás seguiu o Filho
de Deus da manjedoura à cruz. As tentações incidiam sobre Ele como uma
tempestade. Mas, quanto mais intenso era o conflito, tanto mais Ele ficava
familiarizado com as tentações que assediam o homem e mais preparado para
socorrer os que são tentados.
A severidade da provação
pela qual Cristo passou foi proporcional ao valor do objetivo a ser alcançado
ou perdido pelo Seu êxito ou fracasso. Não se achavam envolvidos meramente os
interesses de um só mundo. Este mundo era o campo de batalha, mas todos os
mundos que Deus criara foram afetados pelo resultado do conflito... Satanás
procurou causar a impressão de que estava promovendo a liberdade do Universo.
Mesmo quando Cristo Se achava sobre a cruz, o inimigo estava resolvido a tornar
seus argumentos tão diversificados, tão enganosos, tão insidiosos, que todos se
convencessem que a lei de Deus era tirânica. Ele mesmo elaborou todo o projeto,
planejou todo o mal, inflamou toda a mente para causar aflição a Cristo. Ele
mesmo instigou as falsas acusações contra Aquele que só praticara o bem. Ele
mesmo inspirou as cruéis ações que aumentaram o sofrimento do Filho de Deus; o
Puro, o Santo, o Inocente.
Pôr esse modo de atuar,
Satanás, forjou uma corrente com a qual ele mesmo será atado. O universo
celestial dará testemunho da justiça de Deus em puni-lo. O próprio Céu viu o
que seria o Céu, se ele estivesse ali...
Não apenas na mente de
algumas criaturas finitas neste mundo, mas na mente de todos os habitantes do
universo celestial, tem sido estabelecida a imutabilidade da lei de Deus... A
uma voz eles exaltavam a Deus como justo, misericordioso, abnegado, íntegro [[26]].
NEM
UM SÓ ‘ - Grego: ióta, a nona letra do alfabeto grego, que
corresponde à letra hebraica yod, a
menor do alfabeto hebraico [[27]].
UMA
SÓ - Nem uma. A construção grega tem um negativo
sumamente enfático. Uma mudança na lei moral é tão impossível como uma
transformação do caráter de Deus, quem não pode mudar Sim eu, Iahweh, não mudei, mas
vós filhos de Jacó não cessaste. Malaquias 3: 6. Os princípios da lei
moral são tão permanentes como Deus [[28]].
VÍRGULA
- Literalmente nem um iota, nem um risquinho [[29]].
Til. Grego:
keráia, o ganchinho na letra wau ou parte de alguma outra letra necessária
para distingui-la de tina letra similar. Ao ver algo
parecido entre as letras hebraicas equivalentes a b e k, d e r, h e j, se
compreenderá quão importantes são os detalhes diminutos dessas letras. Os
judeus tinham por tradição que se todos os habitantes da terra tentassem abolir
a menor letra da lei, não poderiam ter sucesso. Raciocinavam que o fazer significaria
uma falta tão grande que o mundo seria destruído [[30]].
TUDO
SEJA REALIZADO - Tenha-se cumprido. Grego:
gínomai chegar a ser, ocorrer, estabelecer-se. Deus não modificará nem
mudará sua vontade já expressada. Sua palavra
cumprirá os benéficos propósitos divinos e será prosperada. Isaias 55: 11.
Não terá modificação dos preceitos divinos para moldá-los com a vontade do
homem [[31]].
Repetidas vezes Jesus
quebrantou o que os judeus chamavam de lei. Não cumpriu o lavar das mãos que a
Lei estabelecia, curava os enfermos no sábado, ainda que a Lei proibisse tais
curas, de fato foi condenado e crucificado por quebrantar a Lei, e no texto sem
dúvida fala como uma reverência e veneração que nenhum rabino ou fariseu
pudesse superar. A menor letra, que a Bíblia Reina Valera chama de jota comparada à letra hebraica yod. Era algo parecido com o
que chamamos de apóstrofe, nem sequer uma letra não muito mais que um mínimo
ponto se omitiria. A parte menor da letra o que a Reina Valera chama de til, pontos utilizados para diferenciar
uma letra de outra. Jesus enfatiza e estabelece que a Lei seja tão sagrada que
nem mesmo a mínima letra ou detalhe desaparecerá.
Algumas pessoas têm se surpreendido
com este ditado e tem chegado à conclusão de que não é possível que Jesus tenha
dito isto. Sugerem que Mateus é o mais judaicos dos
evangelhos, e que Mateus escreveu especialmente para convencer os judeus, e esta
é uma frase que Mateus colocou nos lábios de Jesus. Que não disse nada
semelhante. Porém este é um raciocínio muito pobre, porque esta é uma frase que
é muito improvável ter sido inventada, tanto assim que Jesus a reafirma: quando
entendemos a frase, compreenderemos que era inevitável que Jesus a tivesse proferido.
Os judeus usavam a
expressão A Lei de quatro maneiras diferentes:
1. Usavam para
referir-se aos Dez Mandamentos.
2. Usavam para se
referir aos cinco primeiros livros das Bíblia, o que chamamos Pentateuco, que
significa os cinco rolos; que era para o judeu A Lei por excelência, e
considerada a parte mais importante da Bíblia.
3. Usavam a frase A Lei
e os profetas referindo-se a toda Escritura, num sentido global para
descrever o que chamamos de AT.
4. Usavam com o sentido
da Lei dos escribas oral.
Nos tempos de Jesus o
quarto sentido era o mais corrente, e foi esta Lei que tanto Jesus como Paulo
condenaram veementemente. O que era então a Lei dos escribas?
No AT encontramos muito
poucas leis e normas; o que encontramos são grandes princípios que cada um é
interpretado debaixo das orientações de Deus, e aplicadas em situações
concretas da vida. Os Dez Mandamentos não nos dão normas e regras, São todos
elos de grandes princípios que orientam nossa vida. Para os judeus estes
grandes princípios não eram suficientes. Sustentavam que a Lei era de origem
divina, e que nela Deus havia dito a última palavra, e tudo estaria inserido
nela. Se alguma coisa não estava na Lei explicitamente,
teria que estar implícita. Discutiam
que a Lei que deve ser possível deduzir da Lei, uma regra ou uma norma para
cada situação da vida. Assim surgiu a classe que chamamos de escribas, cujo
trabalho era reduzir os grandes princípios da Lei literalmente em milhares de
regras e normas.
Vamos ver isto em ação.
A lei estabelece a santidade do dia de sábado, e que neste dia não se pode
realizar nenhum trabalho. Isto é um grande princípio. Porém os legalistas
judeus tinham paixões por definições, e se perguntaram. O que é trabalho?
Como trabalho se
classificaram todas as espécies de coisas. Por exemplo: Levar uma carga no dia
de sábado era um trabalho. Então havia a necessidade de se definir o que era
carga. Pela lei dos escribas a carga consistia em: Comida equivalente ao peso
de um figo seco, vinho suficiente para encher um taça, leite para um copo, mel
necessário para cobrir uma ferida, azeite suficiente para ungir uma criança,
água necessária para umedecer o olho, papel necessário para escrever um recibo
de impostos, tinta suficiente para escrever as letras do alfabeto, e assim até
os infindáveis itens. Passavam horas discutindo se um homem poderia ou não mover uma lâmpada de um lado para
outro no sábado, se uma mulher poderia usar um broche, ou usar uma dentadura
postiça, ou próteses, se podia carregar no colo uma criança. Para eles esta era
a essência da religião. Sua religião era um legalismo de regras e normas
insignificantes.
Escrever era um trabalho,
portanto proibido de se realizar no sábado. Havia necessidade de se definir a
escrita. Sua definição dizia: O que escreve duas letras do alfabeto, com a mão
direita e com a esquerda, de uma classe ou outra tanto se escreve com tintas
diferentes, é culpado. Ainda que o escriba escreva duas letras sem se dar conta
é culpado, mesmo que escreva ou pinte em várias cores é culpado.. Porém se
escreve com uma tinta escura, ou com o sumo do fruto que não deixe uma marca
permanente não é culpado. Escreve-se na parede da casa, no solo ou nas páginas
de um livro que não se podem ler juntas, não é culpado. Isto é um exemplo
típico da lei dos escribas, e isto que o judeu ortodoxo considerava a
verdadeira religião a serviço de Deus.
Curar era outro trabalho
proibido no sábado. Obviamente teria que ser definido. Estava permitido
realizar uma cura se houvesse perigo de morte, especialmente em caso de
enfermidades na garganta, nariz, ouvidos, se adotavam medidas no caso da
gravidade da doença do paciente. Assim se poderia por uma venda na ferida,
porém não o óleo; se podia por um algodão em um ouvido dolorido, porém sem
medicação.
Os escribas eram os que
definiam estas regras e normas. Os fariseus,
cujo nome quer dizer separados eram
os que elaboravam todas as atividades normais da vida para observar todas estas
regras e normas.
Podemos ver a que ponto
chegaram pelos seguintes textos. Durante muito tempo estas leis dos escribas
não foram escritas, eram ditadas de forma oral, e se transmitiam de geração em
geração de escribas. Por volta do século III d.C. se fez um sumário destas leis
e a codificaram. Isto que é conhecido como o Mihsná. Contém 63 tratados sobre vários assuntos da lei, que se
tornou um livro tão vasto como a Bíblia. Os estudiosos judeus posteriores
elaboraram comentários para explicar o Mihsmá.
Estes comentários são conhecidos como os Talmudes.
O Talmude de Jerusalém teve doze
volumes impressos, e o Talmude babilônico
sessenta volumes.
Para um judeu ortodoxo
estrito do tempo de Jesus, a religião, servir a Deus, era uma questão de
cumprir milhares de regras e normas legais, consideravam estas ridículas regras
e normas literalmente de vida ou morte e o que decidia seu destino eterno. Está
claro que Jesus queria dizer que nenhuma destas regras e normas não haveria de
desaparecer, repetidamente Ele as quebrantou. Ele mesmo as condenou. Isto não
era o que Jesus entendia por Lei, mas esta classe de Lei que Jesus e Paulo
condenaram [[32]].
A ESSÊNCIA DA LEI
Então, o que entendia
Jesus por Lei? Disse que não veio para abolir a Lei, mas cumprir. Veio para
descobrir o verdadeiro sentido da Lei. Qual é o verdadeiro sentido da Lei?
Atrás da Lei oral dos escribas havia um grande princípio que os escribas e os
fariseus não haviam captado. O grande princípio da Lei é que o homem deve
procurar e buscar em todas as coisas cumprir a vontade de Deus; e quando a
conhece, deve dedicar sua vida e obedecer. Os escribas e fariseus tinham razão
para buscar a vontade de Deus, e dedicar sua vida para obedecer, porém não
podiam identificar a vontade de Deus com aquela quantidade de regras e normas
feitas por homens.
Qual então é o princípio
verdadeiro que havia por trás da Lei, esse princípio a que Jesus veio cumprir,
qual o verdadeiro sentido que Ele veio revelar?
Quando consideramos os Dez
Mandamentos, que são o fundamento e a essência de toda Lei, podemos resumir em
duas palavras: respeito e reverência. Reverência para com Deus,
Essa reverência e este
respeito a que Jesus veio cumprir. Veio mostrar como deve ser a reverência para
com Deus e o respeito para com as pessoas. A justiça, diziam os gregos, consiste
Esta reverência não
consiste em obedecer a uma plêiade de normas e regras mesquinhas. Não consiste
em sacrifício, mas em misericórdia, não em legalismo, mas em amor, não em
proibições que demandam no que se poderia fazer, mas na instrução de moldar
nossas vidas ao mandamento positivo do amor.
A reverência e o respeito
que são à base dos Dez Mandamentos nunca pode passar, são a base permanente das
relações de uma pessoa com Deus e com os demais [[33]].
A Perpetuidade da Lei
Porque em verdade vos digo:
até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até
que tudo se cumpra. Mateus 5:18.
Jesus não poderia ter
dito isso de maneira mais clara. A lei de Deus não pode ser mudada no mínimo
grau. Suas exigências são perpétuas. Assim como o céu e a Terra são sinais de
perpetuidade, no sentido de que eles estão sempre aí, assim à lei de Deus é
perpétua. Não é algo que Ele muda de tempos em tempos porque sente o desejo de
fazer alguma coisa diferente. Não, seus princípios estão embutidos na própria
estrutura do Universo.
Gosto
da maneira como a versão da Bíblia The
Message traduz a primeira parte de nosso verso: A lei
de Deus é mais real e duradoura do que as estrelas no céu e a terra debaixo dos
seus pés. Muito depois de as estrelas se apagarem e a Terra se desgastar, a Lei
de Deus permanecerá viva e ativa. Isso sim, é perpetuidade!
Mas
por que essa perpetuidade? Não tem Deus livre-arbítrio? Não pode Ele escolher o
que quer fazer?Logicamente, Ele pode fazer o que bem desejar. Mas as perguntas
omitem o ponto principal. Os caminhos da lei básica de Deus são os caminhos da
saúde e da vida. O contrário da lei é a morte, a destruição e a desordem.
Considere os Dez Mandamentos, por exemplo. É impossível ter uma sociedade
sadia na qual as pessoas matam umas às outras e não se pode confiar em
ninguém.
A
lei de Deus não pode ser mudada porque é uma representação visível do Seu
caráter. Seus próprios princípios são para o nosso eterno bem. Por isso, nem a
menor partícula da lei de Deus, nem um i ou um til a menor letra e o menor acento do alfabeto hebraico, serão mudados.
Isto é para o nosso bem.
E
conquanto isso seja verdade a respeito dos Dez Mandamentos, é também verdade
para todo o Antigo Testamento, a lei e os profetas. O AT ainda é válido para os
cristãos.
Até
mesmo a lei cerimonial tem algum significado para nós. Jesus cumpriu o tipo
sacrifical, mas os princípios do sistema ainda estão sendo seguidos no grande
santuário celestial.
Devemos
ser agradecidos porque nosso Deus é um Deus de continuidade e perpetuidade [[34]].
A Lei de Deus é Eterna
A ninguém fiqueis devendo
coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei.
Romanos 13:
Pense
sobre isso por um momento. Imagine Deus andando no Céu, dizendo aos santos
anjos: Por favor, não cometam adultério
com nenhum dos seus vizinhos. Eu nem tenho certeza se os anjos são capazes,
fisicamente, de cometer adultério.
Por outro lado, pense em
Deus instruindo os anjos a honrarem seus pais e mães. Diga-me: Eles têm pais e
mães? Os anjos observavam a lei de Deus sem
saber, porque ela estava escrita no âmago do seu coração. Comparar com Hebreus 8: 10 e II
Corintios 3: 3. Aos anjos não foi necessário dizer: Não matarás
ou Não
furtarás, porque eles foram positivamente motivados do íntimo do
coração para respeitarem os outros.
A
lei no Decálogo, entretanto, representa um princípio universal e eterno. Jesus
salientou esse princípio quando Lhe foi perguntado acerca do grande mandamento.
É o princípio do amor a Deus e aos nossos semelhantes.
Por
causa do pecado, Deus tornou Sua lei eterna mais explícita. Ele estabeleceu o
princípio do Seu amor em dez ilustrações ou mandamentos que representam
maneiras decisivas de amar a Deus e aos semelhantes. Mas envolvendo-os a todos,
está o princípio do amor, o verdadeiro princípio do Seu caráter. I
João 4: 8.
Deus
deseja escrever Sua lei eterna de amor no âmago do nosso coração. Quando isso
for feito, será natural para nós sermos atenciosos para com Ele e para com os
demais. Que lugares maravilhosos seriam nosso lar e nossa igreja se deixássemos
que Deus escrevesse mais [[35]].
O Que a
Lei Não Faz
Ninguém será justificado
diante Dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento
do pecado. Romanos 3: 20.
Há uma coisa muito importante que a lei de Deus não pode
fazer. Ela não nos salva. Paulo afirma que a função da lei não é justificar,
mas mostrar-nos onde erramos. Como ele diz em Romanos 7:7: Eu não teria
conhecido o pecado, senão por intermédio da lei.
Tiago 1:
A função do espelho é destacar coisas que precisam
melhorar. Conhecedor disso, utilizo o sabonete, a bucha e o pente. De nada me
valerá esfregar o espelho no rosto para tirar a mancha, nem passar o espelho
nos cabelos para penteá-los. O propósito do espelho é mostrar pontos que
precisam melhorar.
Assim é com a lei de Deus. Quando comparo a minha pessoa
com a lei, descubro que tenho problemas na vida. Mas a lei não pode corrigir
esses problemas. Ela tem outra função: mostrar que sou um pecador. A lei
destaca meus problemas e necessidades, mas não os soluciona ou satisfaz.
Paulo está correto em dizer que a lei de Deus é santa,
justa e boa Romanos 7: 12. Mas ele também está correto em dizer que a lei
é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo. I Timóteo 1: 8.
A verdade assombrosa é que a lei pode ser usada
adequadamente ou inadequadamente. Uma das maiores tentações da natureza humana
é usar a lei de Deus de maneira ilegítima. A lei não é uma escada para o Céu, mas ela nos
deixa cientes de nossa necessidade dessa escada. A transgressão da lei nos
mostra que somos pecadores perdidos. Se a lei transgredida fosse tudo o que
tivéssemos, seríamos os mais infelizes. Mas a lei aponta para além de si mesma,
para Jesus e para a verdadeira solução para os nossos problemas [[36]].
A Lei
Aponta Para Jesus
O salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor. Romanos 6:23.
A mensagem da lei transgredida não é interessante. Ela
nos diz que fomos rebeldes contra Deus, ou pecamos. Como resultado, permanecemos
debaixo da condenação da lei. E essa condenação é realmente severa. Não é nada
menos do que a pena de morte. O salário do pecado é a morte.
Bem, isso não é uma boa nova. É a pior das notícias.
Mas é aí que se
enquadram as boas novas. Porque o nosso texto continua dizendo que o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus.
As boas novas evangelho
são que Deus amou ao mundo a mim de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3:16.
As boas novas do evangelho são exatamente o oposto das
más novas da transgressão da lei. A salvação é uma dádiva em Jesus. E deve-se
observar que a palavra para dádiva, em Romanos 6: 23, tem a mesma
raiz que a palavra usada para graça. Graça é a dádiva de Deus a
nós em Jesus. Nós nos apossamos dessa graça através da fé em Jesus, quando
afinal compreendemos quão desamparados estamos diante do dedo condenador da lei
transgredida.
Por isso, podemos dizer que a lei literalmente nos conduz
a Jesus. Lei e graça não funcionam em oposição uma à outra. Elas trabalham
juntas. A lei transgredida me mostra que estou sujo e necessito ser purificado.
E essa necessidade me conduz a Jesus. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é
fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. I
João 1: 9.
Podemos louvar a Deus hoje porque Ele nos ama tanto que
fez provisões para cada uma de nossas necessidades. Podemos louvar a Deus hoje
porque, através da graça, Ele concede àqueles que aceitam o sacrifício de
Jesus a vida eterna que eles não mereciam por si mesmos, em lugar da morte
eterna que lhes cabia como salário [[37]].
O Ensino
Bíblico Mais Repugnante
Porque
a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenha dado sobre o altar, para fazer
expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da
vida. Levítico 17: 11.
Era 1:30 da tarde. Eu acabara de chegar da igreja.
Após um rápido almoço
aquecido no micro-ondas, me dirigi até a garagem para pegar Scottie, nosso
vibrante cachorrinho. Como de costume, seu submisso corpinho atendeu meu
chamado. Com confiança ele me olhou, na esperança, sem dúvida alguma, de que eu
tivesse um ossinho escondido nas mãos atrás de mim.
Ergui-o gentilmente e levei-o até o porão, pois eu não
queria que o estranho ato que iria praticar naquele dia fosse visto pelos
vizinhos. Escondido em segurança, coloquei o cachorrinho do meu lado e arranjei
minhas ferramentas. Depois ajoelhei-me e orei.
Então, colocando minha mão direita sobre a cabeça do
animalzinho, confessei meus pecados. Enquanto isso, com a mão esquerda, passei
uma faca bem afiada pela garganta do confiante e ingênuo Scottie. Por volta de
1:50 eu havia terminado.
A experiência me devastou. Eu não havia matado coisa
alguma por muitos anos, muito menos com as próprias mãos. Enquanto estava ali
ajoelhado, semiparalisado, eu podia sentir as artérias do cachorro pulsando ao
verter suas últimas gotas de sangue - cada pulsação parecia fazer ecoar a
mensagem: O salário do pecado é a morte, o salário do pecado é a morte.
Com náusea indescritível, me arrastei até a pia, onde procurei lavar minhas
mãos pegajosas daquilo que me fazia lembrar de que o pequeno Scottie havia
morrido pelos meus pecados.
Agora, antes de você ligar para o Departamento de
Proteção aos Animais, compreenda, por favor, que toda essa história é
totalmente fictícia. Contei essa história para que você pudesse ter uma idéia do que era o sistema sacrifical do
AT.
Se a ilustração lhe causou repugnância, alcancei meu
objetivo; o propósito de salientar o preço elevado do pecado e suas terríveis
conseqüências na vida de Cristo. Lembre-se de que Ele morreu pelos meus
pecados. Morreu
Jesus
Morreu Por Mim – Antigo Testamento
Pela fé, Abel ofereceu a
Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser
justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também
mesmo depois de morto, ainda fala. Hebreus 11:4.
Li pela primeira vez a história de Caim e Abel quando
tinha 19 anos de idade. Fiquei enraivecido quando cheguei à conclusão. Vindo
para o cristianismo, naquela ocasião, pelo portão adventista, concluí que o
sacrifício de hortaliças tinha de ser melhor do que o de sangue. Pensei até que
a oferta de Caim fora superior à de Abel porque foi necessário mais esforço
humano trabalho para cultivar as
frutas e legumes do que para sentar-se em cima de uma pedra e vigiar enquanto
as ovelhas comiam e se multiplicavam.
A situação tornou-se pior ainda quando li que Deus Se
agradou da oferta de sangue de Abel e não Se agradou das boas obras de
Caim. De repente, me encontrei simpatizando com Caim e partilhando de sua ira
diante de tal injustiça Gênesis 4:
Essa história é absurda sem o conhecimento do sacrifício
substituinte. Só muito tempo depois é que li Hebreus 11:4, que nos diz
que Abel obteve testemunho de ser justo por causa do seu sacrifício de
sangue. Só nessa ocasião é que compreendi também as verdades de que sem derramamento
de sangue, não há perdão de pecados. Hebreus 9: 22, BLH, e que Cristo é o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João 1: 29.
Em meus anos de maior amadurecimento, pude compreender
que Caim sabia o que eu não sabia quando li a Bíblia pela primeira vez. E
considerando que a morte substituinte do Salvador está implícita no sacrifício
de Abel, ela é apresentada em maior profundidade e amplitude no sistema
sacrifical demonstrado por Moisés. Esse sistema é a lição objetiva principal
do plano da salvação no AT.
O sacrifício substituinte é o alicerce de todos os
símbolos da salvação, desde o princípio da história bíblica após a queda do
homem. Mas só na morte de Jesus é que vemos o significado total dos símbolos.
Ele literalmente cumpriu de forma completa o significado das leis sacrificais
[[39]].
Jesus
Morreu Por Mim – Novo Testamento
A seguir, tomou um
cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos;
porque isto é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, derramando em favor de
muitos, para remissão de pecados. Mateus 26: 27 e 28.
Jesus não cumpre a lei e os profetas só no AT. Ele faz o
mesmo no Novo, ao morrer por todos nós na cruz do Calvário. Ele não só morreu
em meu lugar, assumindo a penalidade da lei, mas deu sentido completo cumpriu ao significado da lei cerimonial
de sacrifícios.
O sacrifício é exatamente o ponto central da linguagem
usada pelos escritores do NT para descrever o significado da morte de Cristo e
o significado do evangelho. A linguagem e as imagens do sistema judaico
permeiam as discussões do NT. Assim,
É, porém, o livro de Hebreus, com sua abrangente
comparação entre a obra de Jesus e o sistema sacrifical judaico, que apresenta
de maneira mais clara a morte de Cristo como sacrifício pelo pecado do ser
humano. Sem derramamento de sangue, diz Hebreus, não há remissão.
Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos Céus se
purificassem com tais sacrifícios sistema
sacrifical judaico, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a
eles superiores. Hebreus 9: 22 e 23. Jesus Se
manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de Si mesmo, o
pecado. Verso 26. Sendo que o sangue de touros e de bodes não pode, de
modo nenhum, tirar os pecados de ninguém, Cristo ofereceu só um sacrifício
para tirar pecados. Hebreus 10: 4 e 12, BLH.
Vez após outra vemos que Jesus cumpriu a lei, não só
através de Sua vida e ensinos, mas também por Sua morte.
Tenho um Salvador que morreu em meu lugar [[40]].
Mais Sobre
o Cumprimento da Lei
Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado. I João
1: 7.
Cristo cumprindo a lei e os profetas é uma das idéias
mais abrangentes no NT. E exatamente no centro do NT e da fé cristã está a
cruz de Cristo.
Você já pensou no formato dos Evangelhos, comparando-o
com o de outras biografias? Os Evangelhos são biografias anormais, no sentido de que eles dão uma quantidade desproporcional
de espaço para a história dos últimos dias de Cristo na Terra, Sua morte e
ressurreição.
Os Evangelhos são diferentes da maioria de outras
biografias de pessoas importantes. Uma biografia normal pode conter algumas centenas de páginas sobre a vida e as
contribuições de seu personagem, e apenas umas cinco a dez páginas sobre a
morte dessa pessoa. Isso porque o biógrafo está preocupado principalmente com
a vida da pessoa. Os Evangelhos são inigualáveis na história da literatura
mundial nesse respeito. O seu ponto de enfoque é a morte do seu herói. João dedica
quase a metade do seu Evangelho para dar cobertura a esse assunto. Mais
estranho ainda, é que o herói do Evangelho não tem morte de herói. Sua morte pela aparência exterior foi uma morte de
abandono por Deus Mateus 15: 34, porque, como aprendemos dos autores do NT, Ele estava
carregando os pecados do mundo inteiro e morrendo pelos pecados de toda a
humanidade.
Essa é a razão por que o sangue de Jesus é tão importante
para os autores do NT e para nós. Cada imagem da salvação no NT é baseada no
derramamento do sangue de Cristo. Desse modo, lemos que: Deus O apresentou a Cristo como sacrifício para
propiciação... pelo Seu sangue" (Rom. 3:25, BLH), "nEle temos a redenção por meio de Seu
sangue. Efésios 1: 7, BLH, agora fomos
justificados por Seu sangue. Romanos 5: 9, BLH, e Deus
assim agiu para que por meio dEle reconciliasse consigo todas as coisas, ...
estabelecendo a paz pelo Seu sangue derramado na cruz. Colossenses 1: 20, BLH.
Muito obrigado, Jesus, por cumprires a lei em Tua vida e
A Justiça
de Deus e a Cruz de Cristo
Digno és de tomar o
livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste
para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação... Digno é o
Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e
honra e glória, e louvor. Apocalipse 5: 9 e 12.
Por acaso você já notou que os cânticos de Apocalipse
têm profunda relação com o mérito e justiça de Deus? Vamos considerá-los. A
primeira série de doxologias de louvor é encontrada em Apocalipse 5. Aí, o mérito de Jesus está baseado no fato de que
Ele morreu no Calvário pela humanidade.
A segunda importante série é encontrada por ocasião do
derramamento das sete últimas pragas. Pelo menos três vezes a justiça e veracidade
de Deus são louvadas. Tu és justo nos Teus julgamentos. Apocalipse
16: 5, BLH, proclama o anjo ao derramar a terceira praga. O
altar responde dizendo: Certamente, ó Senhor Deus, Todo-Poderoso,
verdadeiros e justos são os Teus juízos. Apocalipse 16: 7. Ver também Apocalipse 15:3 e 4.
A terceira série tem lugar na segunda vinda de Cristo. O capítulo
19 começa
com grande
voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder
são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os Seus juízos. Versos 1
e 2. Mais adiante, no mesmo capítulo,
Cristo, retratado como cavalgando Seu cavalo branco, Se chama Fiel e Verdadeiro e
julga e peleja com justiça. Verso 11.
Por que essa preocupação com a justiça de Deus? A
resposta se encerra em uma questão fundamental do plano da salvação. Se a lei
condena à morte aqueles que a transgrediram, como pode Deus salvar alguns
pecadores, e outros não? E não é a graça dar
perdão a algumas pessoas a despeito de sua vida pecaminosa algo tão injusto
como qualquer outra coisa?
É aí que a cruz entra
Cumprindo
a Lei no Céu
Ora, o essencial das
coisas que temos dito é que possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à
destra do trono da Majestade nos Céus, como ministro do santuário e do
verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu não o homem. Hebreus 8:1 e 2.
Jesus não só deu sentido completo ou cumpriu a lei em Sua
vida perfeita, Seu ministério e Sua morte no Calvário, mas continua fazendo
isto enquanto ministra em nosso favor no santuário celestial.
Do mesmo modo que os sacerdotes terrestres ofereciam
sangue de bodes e carneiros pelos pecados do povo, também nosso grande Sumo
Sacerdote oferece Seu próprio sangue para resgatar os pecados do Seu povo.
Cristo Se ofereceu uma vez por todas. Hebreus 10:10.
Mas Ele não é apenas a oferta tipificada no serviço do santuário, Ele é também
o sacerdote. Como Hebreus descreve: Cristo não entrou em santuário feito por
mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer, agora, por
nós, diante de Deus. Hebreus 9: 24.
Cristo é nosso Sacerdote celestial, nosso Advogado. E o
Seu ministério será o mais bem-sucedido de todos os tempos. Seguindo a mesma
linha de pensamento, o escritor de Hebreus registrou que também
pode salvar totalmente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles. Hebreus 7:25.
Talvez a coisa mais maravilhosa no ministério de Cristo
em nosso favor, na sala do trono de Deus, seja o fato de nós termos, conforme
diz Hebreus,
“plena certeza. 6: 11 e 10: 22 de Seu êxito como nosso Advogado de
defesa contra as acusações de Satanás.
Podemos aprender muito a respeito do trabalho de Jesus,
estudando o sistema do santuário no AT. Infelizmente, com freqüência nos
concentramos demais nos aspectos físicos do tabernáculo. É o ministério de
Jesus, tanto em perdoar pecados como em reivindicar Seus seguidores por
ocasião do juízo final, que marca o centro do sistema. O serviço consiste em
mais do que simplesmente tábuas e tijolos; ele é a lição objetiva da certeza da
nossa salvação [[43]].
Leis do
Antigo Testamento Hoje
É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei. Lucas 16: 17.
Porém isto não quer dizer que a Lei perdeu sua força
nem mesmo no menor ponto. Ela é tão forte e firme como o céu e a terra. Lucas
16:
Bem, o que dizer da lei? Como cristão, de que maneira me
relaciono com as inúmeras leis nos livros de Moisés?
Vamos considerar esses tipos de leis, uma de cada vez.
O primeiro grupo de leis de Moisés consiste nas leis
legislativas que governam a nação de Israel. Mas Israel não é mais uma nação
teocrática, que tem Deus como líder. Próximo do fim do Seu ministério, Jesus
salientou que uma mudança ocorreria, dizendo: Portanto, vos digo que o reino de
Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos
frutos. Mateus 21: 43. Essa nova nação é a igreja cristã. Por não
existir mais a nação teocrática de Israel, as leis civis de Moisés já se
cumpriram.
Em segundo lugar, aprendemos que as leis cerimoniais
retratam em tipos a vida, morte e ministério celestial de Jesus. Uma parte
disso já se cumpriu e a outra ainda está sendo cumprida. De acordo com a definição
do NT, cristão é aquele que aceita Jesus como sua oferta queimada, seu
sacrifício e seu sacerdote. Assim as leis cerimoniais ainda se aplicam a todos
nós, não no sentido de que devamos continuar oferecendo sacrifícios de sangue,
mas em que diariamente apliquemos o sacrifício de Cristo à nossa vida e
utilizemos cada dia o ministério de Jesus no santuário celestial.
No terceiro grupo, a lei
moral refletida nos grandes mandamentos de amor de Jesus e apresentada nos Dez
Mandamentos ainda está regendo a ordem moral do Universo. Por sua própria
natureza, a lei moral de Deus é inalterável. Deve ser escrita em nosso coração
para que oriente nossos pensamentos e ações. Por causa da importância da lei
moral, Jesus faz uma grande apresentação da relação do cristão para com ela em
Mateus 5:
19
- Aquele,
portanto, que violar um destes menores mandamentos e ensinar os homens a
fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém que
praticar e ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus.
VIOLAR - Grego: lúô, desatar; ao referir-se a
mandamentos significa quebrantar, anular, rescindir. Katalúô, destruir, é uma
forma mais enfática do mesmo vocábulo. Ao empregar a forma verbal mais débil,
lúô, Cristo quis mostrar que ainda por uma leve transgressão dos mandamentos se
justifica que alguém seja chamado muito pequeno no reino.
MENORES MANDAMENTOS - Os escribas tinham ordenado minuciosamente
numa escala de importância relativa todos os preceitos da lei de Deus, as leis
de Moisés tanto civis como cerimoniais e seus próprios regulamentos, supondo
que se um mandamento menos importante contradizia a um mais importante, este
anulava o primeiro. Por meio desse legalismo minucioso era possível inventar
maneiras para revelar os mais claros requisitos da lei de Deus. Podem
encontrar-se ilustrações da aplicação deste princípio em Mateus 23: 4, 14,
MENOR NO REINO - Ínfimos entre os seres humanos, Alguns pensam
que serão justificados aqueles que quebram os mandamentos, raciocinam que
ocuparão o último lugar. Isto é um horror. Os pecadores nunca entrarão nas
moradas das bem-aventuranças. Os que quebrantam os mandamentos e os que a eles
se unem para violarem a lei divina são qualificados como ínfimos entre os
homens, pois são desleais, e ensinam outros a quebrantar a lei de Deus. Cristo
pronuncia uma sentença sobre os que pretendem ter conhecimento da lei e
conduzem almas a confusão [[46]].
Deus nos deu santos
preceitos, porque ama a humanidade. Para escudar-nos dos resultados da
transgressão, revela os princípios de justiça. A lei é uma expressão do
pensamento divino; quando recebida em Cristo, torna-se nosso pensamento.
Ergue-nos acima do poder dos desejos e tendências naturais, acima das tentações
que induzem ao pecado. Deus quer que sejamos felizes, e deu-nos os preceitos da
lei para que, obedecendo-lhes, possamos ter alegria [[47]].
Na vida de Cristo se
tornam patentes os princípios da lei; e, ao tocar o Espírito Santo de Deus o
coração, ao revelar a luz de Cristo aos homens à necessidade que tem de seu
sangue purificador e de Sã justificadora justiça, a lei é ainda um instrumento
em nos levar a Cristo para sermos justificados pela fé. A lei do Senhor é perfeita e
refrigera a alma. Salmos 19:7 [[48]].
Em toda experiência
humana, o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado insuficiente para
a salvação da alma. Não produz os frutos de justiça. Uma ciosa consideração
pelo que é classificado verdade teológica acompanha freqüentemente o ódio pela
verdade genuína, segundo se manifesta na vida. Os mais negros capítulos da
História acham-se repletos de registros de crimes cometidos pôr fanáticos
adeptos de religiões. Os fariseus pretendiam ser filhos de Abraão, e
vangloriavam-se de possuir os oráculos de Deus; todavia essas vantagens não os
preservavam do egoísmo, da malignidade, da ganância e da mais baixa hipocrisia.
Julgavam-se os maiores religiosos do mundo, mas sua chamada ortodoxia os levou
a crucificar o Senhor da glória [[49]].
ENSINAR - Comparar isto com o exemplo de Jeroboão,
o qual pecou e fez pecar a Israel. I Reis 14: 16 [[50]].
MENOR
NO REINO DOS CÉUS - Muito
pequeno será chamado. Isto é, será considerado como o menos digno. Cristo
não insinuou de nenhum modo que o que quebrantava os mandamentos e ensinava a
outros a fazê-lo iria ao céu. Aqui afirma claramente qual seria o proceder que
teria no reino para com os transgressores, isto é, a forma em que se
apresentaria seus cará teres. Isto se aclara no verso 20, onde os escribas e
fariseus que quebrantavam os mandamentos e ensinavam a outros a forma de fazer
o mesmo, ficam terminantemente excluídos do reino [[51]].
A LEI E O
EVANGELHO
Quando Jesus falou
acerca da Lei e o Evangelho estava estabelecendo implicitamente certos
princípios gerais:
1. Estava dizendo que há
uma continuidade entre o passado e o presente. Não devemos considerar a vida
como uma batalha entre o passado e o presente. O presente cresce do passado.
Depois que Dunkerque, na
II Guerra Mundial, teve uma tendência de encontrar um culpado para o desastre
das forças britânicas na guerra, muitos quiseram realçar algumas discriminações
com os que haviam dirigido a política no passado. Naquele tempo Winston
Churchil disse algo muito sábio: Se nos preocuparmos com uma peleja no passado,
no presente nada faremos e nos encontraremos também perdidos no futuro.
Tinha que haver uma Lei
antes que houvesse o Evangelho. A humanidade aprenderia a diferença entre o bem
e o mal, as pessoas aprenderiam sua própria limitação humana para cumprir a Lei
e responder aos mandamentos de Deus, aprenderiam o sentimento do pecado e a
incapacidade humana de guardar a Lei. Culpamos o passado por muita coisa, porém
é necessário reconhecer nossa dívida para com o passado. Jesus via que era
dever de toda pessoa não esquecer e nem destruir o passado, sim construir sobre
ele os fundamentos do passado.
2. Nesta passagem Jesus
está nos advertindo claramente que o cristianismo não é fácil. Alguns poderiam
dizer: Cristo é o fim da lei, agora posso
fazer o que me convém. Alguns poderiam pensar que todos os deveres e
responsabilidades, todas as demandas são coisas do passado, porém Jesus nos
adverte que a integridade do cristão deve exceder aos dos escribas e fariseus.
O que queria dizer?
A motivação que tinham
os escribas e fariseus era a Lei, sua única finalidade e desejo era satisfazer
as demandas da Lei. Agora, ao menos em
teoria, é perfeitamente possível satisfazer as demandas da Lei, pode-se chegar
o tempo e dizer: Ele cumpriu todas as demandas da Lei, Ele cumpriu meu dever, a
Lei não tem nenhum direito sobre mim. Porém a motivação que o cristão tem é
o amor, o único desejo do cristão é mostrar sua maravilhosa gratidão pelo amor
que Deus tem demonstrado no amor de Jesus Cristo. Não é possível nem sequer em
teoria, satisfazer as demandas do amor. Se amamos a alguém de todo nosso
coração, tudo o que for oferecido será pequeno.
Os judeus tratavam de
satisfazer a Lei de Deus e sempre há um limite para as demandas da Lei. O
cristão trata de mostrar a gratidão ao amor de Deus, e para as demandas do amor
não há limites, nem tempo só a eternidade. Jesus nos apresenta não a Lei de
Deus, mas o amor de Deus. Agostinho dizia que a vida cristã poderia ser
resumida numa frase: Ama e faz o que
queiras. Porém quando damos conta o quanto somos amados por Deus, nosso
único anelo é responder a este amor e esta é a maior tarefa do mundo, porque
nos apresenta uma tarefa não como uma obrigação de guarda, mas de tê-la no
coração [[52]].
Levando
Deus a Sério
Aquele, pois, que violar
um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será
considerado mínimo no reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar,
esse será considerado grande no reino dos Céus. Mateus 5:19.
Porque cremos na graça, no perdão e no amor, é muito fácil
pensar que Deus é tão despreocupado que não importa como vivemos ou o que
fazemos. Não é assim.
Acima de todas as coisas, Deus quer a nossa felicidade,
tanto agora como na eternidade. E porque Ele deseja ver-nos felizes, leva
nossas necessidades muito a sério. Somos importantes para Ele.
Como resultado dessa importância, Deus está fazendo tudo
o que pode para conduzir a vida de Seu povo. No processo, Ele estabelece
princípios de vida, para que sejamos mais saudáveis em todos os aspectos -
espiritual, social, físico e mental.
Ele deu muitos desses princípios ao Seu povo no AT. Deu
discernimento adicional para uma vida alegre e saudável no NT, e continua a
guiar Seu povo nos tempos modernos através dos dons do Seu Espírito.
Ele deseja que atendamos aos Seus conselhos com a maior
seriedade, mesmo que pareçam ser mínimos
ou sem importância para nós. Não vai adiantar nada atenuarmos esta ou aquela
instrução bíblica por não se enquadrar em nossa agenda.
Não devemos apenas praticar os princípios divinos em
nossa vida cotidiana; devemos também ensiná-los a outros. Esse ensino inclui
nossa responsabilidade como pais e membros de família, nossas oportunidades na
igreja, e nossas oportunidades na comunidade e no local de trabalho:
Somos representantes do Rei do Universo. E Ele quer que O
levemos a sério, tanto quanto Ele leva a sério nossas necessidades e nossos
problemas.
Por isso, como cristãos, sejamos fiéis tanto nas mínimas como nas grandes coisas do livro
de Deus. E viveremos todas elas no meigo espírito de Cristo. Ajuda-nos, Pai, é
nossa oração [[53]].
LEITURA
ADICIONAL: A ESPIRITUALIDADE DA LEI
Não vim para revogar, vim para
cumprir. Mateus 5: 17.
Fora Cristo que, por entre trovões e
relâmpagos, proclamara a lei no monte Sinai. A glória de Deus, qual fogo
devorador, repousara no cimo do monte, e este tremera ante a presença do
Senhor. O povo de Israel, prostrado em terra, havia escutado em temor os
sagrados preceitos da lei. Que contraste com a cena sobre o monte das
bem-aventuranças! Sob um firmamento estival, sem som algum a quebrar o silêncio
senão o cântico dos pássaros, Jesus desenvolveu os princípios de Seu reino.
Todavia Aquele, que naquele dia falava ao povo em acentos de amor, estava-lhes
desvendando os princípios da lei proclamada no Sinai.
Ao ser dada a lei, Israel, degradado pela
servidão no Egito, necessitara ser impressionado com o poder e a majestade de
Deus; no entanto, Ele não menos Se lhes revelou como um Deus de amor.
O Senhor veio de Sinai E lhes subiu de
Seir; Resplandeceu desde o monte Parã E veio com dez milhares de
santos; À Sua direita havia para eles o fogo da lei. Na verdade, amas os povos; Todos os Seus santos
estão na Tua mão; Postos serão no meio, entre os Teus
pés, Cada um receberá das Tuas palavras. Deuteronômio 33: 2
e 3.
Foi a Moisés que Deus revelou Sua glória
naquelas admiráveis palavras que têm sido a acariciada herança dos séculos: Iahweh,
o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em
beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a
iniqüidade, e a transgressão, e o pecado. Êxodo 34: 6 e 7.
A lei dada no Sinai era a enunciação do
princípio do amor, a revelação, feita a Terra, da lei do Céu. Foi ordenada pela
mão de um Mediador, proferida por Aquele por cujo poder o coração dos homens
podia ser posto em harmonia com os seus princípios. Deus revelara o desígnio da
lei, quando declarara a Israel: Ser-Me-eis homens santos. Êxodo 22: 31.
Mas Israel não percebera a natureza
espiritual da lei, e com demasiada freqüência sua professada obediência não
passava de uma observância de formas e cerimônias, em vez de ser uma entrega do
coração à soberania do amor. Quando Jesus, em Seu caráter e Sua obra,
apresentava aos homens os santos, generosos e paternais atributos de Deus, e
lhes mostrava a inutilidade de meras formas cerimoniais de obediência, os guias
judaicos não recebiam nem compreendiam Suas palavras. Achavam que Ele Se
demorava muito ligeiramente nas exigências da lei; e quando lhes expunha as
próprias verdades que constituíam a alma do serviço que lhes era divinamente
indicado, eles, olhando apenas ao exterior, acusavam-nO de buscar
derribá-la.
As palavras de Cristo, conquanto proferidas
com serenidade, eram ditas com uma sinceridade e poder que moviam o coração do
povo. Em vão apuravam o ouvido à espera de uma repetição das mortas
tradições e rigores dos rabis. Eles se admiravam da Sua doutrina, porquanto os
ensinava com tendo autoridade e não como os escribas. Mateus 7:28 e 29.
Os fariseus notavam a vasta diferença entre sua maneira de instruir e a de
Cristo. Viam que a majestade, a pureza e beleza da verdade, com sua profunda e
branda influência, estavam tomando posse de muitos espíritos.
O divino amor do Salvador, Sua ternura, para
Ele atraíam os homens. Os rabis viam que, por Seus ensinos, era reduzido a nada
todo o teor das instruções por eles ministradas ao povo. Ele estava destruindo
a parede divisória que tão lisonjeira era ao seu orgulho e exclusivismo; e
temiam que, caso isso fosse permitido, deles afastasse inteiramente o povo.
Seguiam-nO, portanto, com decidida hostilidade, esperando encontrar ocasião
para fazê-Lo cair no desagrado das multidões, habilitando assim o Sinédrio a
conseguir Sua condenação à morte.
No monte, Jesus estava de perto sendo
observado por espias; e, ao desdobrar Ele os princípios da justiça, os fariseus
fizeram com que se murmurasse que Seus ensinos estavam em oposição aos
preceitos que Deus dera no Sinai. O Salvador nada dissera para abalar a fé na
religião e nas instituições que haviam sido dadas por intermédio de Moisés;
pois todo raio de luz que o grande guia de Israel comunicara a seu povo fora
recebido de Cristo. Conquanto muitos digam em seu coração que Ele viera para
anular a lei, Jesus com inequívoca linguagem revela Sua atitude para com os
estatutos divinos. Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas. Mateus 5: 17.
É o Criador dos homens, o Doador da lei, que
declara não ser Seu desígnio pôr à margem os seus preceitos. Tudo na Natureza,
desde a minúscula partícula de pó no raio de sol até os mundos; nas alturas,
encontra-se debaixo de leis. E da obediência a essas leis dependem a ordem e a
harmonia do mundo natural. Assim, há grandes princípios de justiça a reger a
vida de todo ser inteligente, e da conformidade com esses princípios depende o
bem-estar do Universo. Antes que a Terra fosse chamada à existência, já existia
a lei de Deus. Os anjos são governados por Seus princípios, e para que a Terra
esteja em harmonia com o Céu, também o homem deve obedecer aos divinos
estatutos. No Éden, Cristo deu a conhecer ao homem os preceitos da lei quando
as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus
rejubilavam. Jó 38:
O discípulo amado, que escutou as palavras
de Jesus no monte, escrevendo muito depois sob a inspiração do Espírito Santo,
fala da lei como de uma perpétua obrigação. Diz ele que o pecado é o quebrantamento da lei,
e que todo aquele, que comete pecado, quebra também a lei. I João 3: 4,
Tradução Trinitariana. Ele torna
claro que a lei a que se refere é o mandamento antigo, que desde o princípio
tivestes. I João 2: 7. Ele fala da lei que existia na criação, e foi
reiterada no Monte Sinai.
Falando da lei, Jesus disse: Não
vim para revogar, vim para cumprir. Mateus 5: 17. Ele emprega aqui a
palavra cumprir no mesmo sentido em que a usou quando declarou a
Sua missão era engrandecer a lei, e a tornar
ilustre ou gloriosa. Isaias
42: 21, Tradução Trinitariana.
Ele devia mostrar a natureza espiritual da lei, apresentar seus princípios de
vasto alcance, e tornar clara sua eterna obrigatoriedade.
A divina beleza de caráter de Cristo, de
quem o mais nobre e mais suave entre os homens não é senão um pálido reflexo;
de quem Salomão, pelo Espírito de inspiração escreveu: Ele traz a bandeira entre dez
mil... Sim, Ele é totalmente desejável. Cantares 5: 10 e 16; de quem
Davi, vendo-O em profética visão, disse: Tu és mais formoso do que os filhos dos
homens. Salmo 45: 2; Jesus, a expressa imagem da pessoa do Pai, o
resplendor de Sua glória, o abnegado Redentor, através de Sua peregrinação de
amor na Terra, foi uma viva representação do caráter da lei de Deus. Em Sua
vida se manifesta que o amor de origem celeste, os princípios cristãos, fundamenta
as leis de retidão eterna.
Até que o céu e a Terra passem, disse Jesus, nem um jota ou um til se omitirá
da lei sem que tudo seja cumprido. Mateus 5: 18. Por Sua própria
obediência à lei; Cristo testificou do caráter imutável da mesma, e provou que,
por meio de Sua graça, ela podia ser perfeitamente obedecida por todo filho e
filha de Adão. Ele declarou no monte que nem o pequenino jota seria omitido da
lei até que tudo se cumprisse tudo quanto diz respeito à raça humana, tudo
quanto se relaciona com o plano da redenção. Ele não ensina que a lei deva
ser anulada, mas fixa o olhar no mais remoto horizonte humano, e assegura-nos
de que até que esse ponto seja atingido, a lei conservará sua autoridade, de
modo que ninguém julgue que Sua missão era abolir os preceitos da lei. Enquanto
o céu e a Terra durarem, os santos princípios da santa lei de Deus
permanecerão. Sua justiça, como as grandes montanhas. Salmo 36: 6
continuará fonte de bênção, difundindo torrentes para refrigerar a Terra.
Visto a lei do Senhor ser perfeita, e
imutável, é impossível aos homens pecadores satisfazer, por si mesmos, a norma
de sua exigência. Foi por isso que Jesus veio como nosso Redentor. Era Sua
missão, mediante o tornar os homens participantes da natureza divina, pô-los em
harmonia com os princípios da lei celestial. Quando abandonamos nossos pecados,
e recebemos a Cristo como nosso Salvador, a lei é exaltada. Pergunta
A promessa do novo concerto é: Porei
as Minhas leis em seu coração e as escreverei
Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra
permanece no Céu. Salmo 119: 89. São... Fiéis, todos os Seus mandamentos.
Permanecem firmes para todo o sempre; são feitos em verdade e retidão. Salmo
111: 7 e 8. Acerca dos Teus testemunhos eu soube, desde a antiguidade, que Tu
os fundaste para sempre. Salmo 119: 152.
Qualquer,... Que violar um destes menores
mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no reino dos Céus.
Mateus 5: 19.
Isto é, não terá lugar ali. Pois aquele que
voluntariamente violar um mandamento, não observa, em espírito e verdade, a
nenhum deles. Qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se
culpado de todos. Tiago 2: 10.
Não é a grandeza do ato de desobediência que
constitui o pecado, a discordância com a vontade expressa de Deus no mínimo
particular; pois isto mostra que ainda existe comunhão entre a alma e o pecado.
O coração está dividido
Fossem os homens livres para se apartar das
reivindicações do Senhor e estabelecer uma norma de dever para si mesmos, e
haveria uma variação de normas para se adaptarem aos vários espíritos, e o
governo seria tirado das mãos de Deus. A vontade do homem se tornaria suprema,
e o alto e santo querer de Deus, Seu desígnio de amor para com Suas criaturas,
seria desonrado, desrespeitado.
Sempre que os homens preferem seus próprios
caminhos, põem-se
Arriscando-se a desprezar a vontade de Deus
em um ponto, abriram nossos primeiros pais as comportas da miséria sobre o
mundo. E todo indivíduo que segue o seu exemplo ceifará idênticos resultados. O
amor de Deus fundamenta cada preceito de Sua lei, e aquele que se afasta do
mandamento está operando sua própria infelicidade e ruína [[54]].
Autor:
[1] CBASD, vol. 5, p. 322.
[2] CBASD, vol. 5, p. 322.
[3] Bíblia, Missionários Capuchinhos, Lisboa, p.
979.
[4] CBASD, vol. 5, p. 322.
[5] Bíblia Círculo do Livro, Editora Vozes, p.
1182.
[6] CBASD, vol. 5, p. 322.
[7] BJ, p. 1.846.
[8] Desejado de Todas as Nações, p. 289.
[9] CBASD, vol. 5, p.
323.
[10] O Evangelho Cotidiano, Catecismo da Igreja
Católica
[11] Comentário ao Novo
Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[12] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 91.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 92.
[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 93.
[15] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 94.
[16] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 95.
[17] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 96.
[18] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 97.
[19] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 98.
[20] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 99.
[21] BJ, p. 1.846.
[22] CBASD, vol. 5, p. 323.
[23] Bíblia Anotada, Editora Mundo Cristão, Charles
C. Ryrie, p.1188.
[24] Sings of the Times 31/7/1901.
[25] CBASD, vol. 5, p. 323.
[26] EGW, Meditações Matinais 1995, O Cuidado de
Deus, p. 229.
[27] CBASD, vol. 5, p. 323.
[28] CBASD, vol. 5, p. 323.
[29] BJ, p. 1.846.
[30] CBADD, vol. 5, p. 323.
[31] CBADD, vol. 5, p. 323.
[32] Comentário
ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[33] Comentário
ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[34] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 100.
[35] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 101.
[36] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 102.
[37] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 103.
[38] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 104
[39] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 105
[40] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 106
[41] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 107
[42] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 108
[43] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 109
[44] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 110.
[45] CBADD, vol. 5, pp. 323 e 324.
[46] Review and Herald, 15 - 11- 1898.
[47] Desejado de Todas as Nações,
[48] Desejado de Todas as Nações,
[49] Desejado de Todas as Nações,
[50] CBASD, vol. 5, p. 324.
[51] CBASD, vol. 5, p. 324.
[52] Comentário
ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1, William Barclay. Editora Clie, pp.
[53] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 111.
[54] O Maior Discurso de Cristo,