160
Texto:
O Olhar Adúltero
27 - Ouvistes que foi dito: não
cometerás adultério.
OUVISTE - Novamente Jesus
reporta-se ao Decálogo, lembrando do Escrito Sagrado, não contesta a grandeza
da lei, mas amplia a sua abrangência.
O ensino tradicional se transmitia oralmente,
sobretudo nas sinagogas[1].
Jesus apresenta agora
exemplos específicos de sua interpretação da lei. Como Autor e seu único
verdadeiro Expositor. Pondo de lado a casuística rabínica, Jesus restaurou a
verdade a sua formosura original. A expressão ouvistes implica
que a maioria dos ouvintes nesta ocasião não tinham lido eles mesmos a lei.
Isto era de se esperar, porque a maioria deles eram rudes lavradores e
pescadores. Quando conversou mais tarde com os eruditos sacerdotes e anciãos,
Jesus perguntou: Nunca lestes nas Escrituras? Mateus 21: 42. No
entanto, esse mesmo dia um grupo de pessoas comuns do povo, dentro do átrio do
Templo, dirigiu-se a Jesus dizendo: Nós temos ouvido da lei, que o Cristo permanece
para sempre João 12: 34[2].
FOI DITO - Ao citar a antigos expositores da lei, os
rabinos com freqüência apresentavam o que esses eruditos tinham dito, com as
palavras que Jesus emprega aqui. Nos escritos rabínicos estas palavras se usam
também para apresentar citações do AT[3].
NÃO
COMETERÁS ADULTÉRIO
- Esta proibição não só abarca o adultério como a fornicação e impureza de
qualquer classe, em atos, palavras e pensamentos Mateus 5: 27 e 28. É um
dever para com o próximo que implica em respeito, honra princípios vitais para
a existência de uma família. A relação matrimonial é tão importante para os
cristãos como a própria vida Hebreus 13: 4. O casamento faz do
esposo e esposa uma só carne Gênesis 2: 24. Ser desleal a esta
união sagrada, ou induzir outro a fazê-lo, é desprezar o que é sagrado, é
crime. Este mandamento se aplica com força ao marido como a esposa Apocalipse
21: 8[4].
28 - Eu, porém, vos digo: Todo aquele
que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em
seu coração.
EU, PORÉM
VOS DIGO - Os rabinos citavam as tradições como autoridade na qual baseavam sua
interpretação da lei. Cristo falou por sua própria autoridade, e este fato
distinguia seu ensino dos rabinos, o que o povo observou sem demora Mateus
7:
Cristo destacou quão abarcantes são em verdade os requerimentos da lei e
fez ressaltar que a mera conformidade exterior com a lei de nada serve. [5]
Essencialmente, os ensinos de Jesus a respeito da relação matrimonial e
suas responsabilidades se baseiam no plano original de Deus para o lar que
aparece em Gênesis. 2:
OLHAR PARA UMA MULHER - A
beleza feminina é um dom do amante Criador, de quem procede toda verdadeira
beleza. A limpa apreciação dessa formosura é correta. A
atração que cada sexo tem para o outro foi implantada nos homens e as mulheres
pelo Criador, e quando se manifesta dentro dos limites ordenados por Deus, é
intrinsecamente boa, mas quando se perverte para servir a interesses ímpios e
egoístas, transforma-se numa das maiores forças destruidoras do mundo[7].
DESEJO LIBIDINOSO - Cobiçá-la. Grego epithuméó significa: almejar, desejar intensamente, cobiçar. Emprega-se tanto no sentido bom como no
mau. Jesus disse aos doze que tinha desejado com intensidade epithumía, epethúmesa comer a páscoa com
eles Lucas
22: 15 Neste sentido positivo epithuméo aparecem também em Mateus
13: 17; Lucas 17: 22; Hebreus 6: 11; I Pedro 1: 12; etc.
O substantivo da mesma raiz epithumía, desejo aparece em Filipenses 1: 23; I Tessalonicense 2: 17.
Um dos equivalentes hebraicos do verbo epithuméo é hamad, desejar, comprazer-se. Esta é a palavra
que se traduz como cobiçar no décimo
mandamento Êxodo 20: 17; Deuteronômio 5: 21 e desejar em Isaias 53: 2. Cristo sem dúvida
pensava no décimo mandamento quando advertiu na contramão de olhar a uma mulher para cobiçá-la. Isto é, o
homem que põe seus afetos e sua vontade em harmonia com o décimo mandamento,
dessa maneira se protege de violar o sétimo[8].
CORAÇÃO - Grego: kardía, coração, mas que se refere melhor ao intelecto, os afetos e a vontade. Porque
qual é seu pensamento em seu coração, tal é ele. Provérbios 23: 7.
Cristo destaca que o caráter determina não tanto pelos atos visíveis como pelos
sentimentos que motivam esses atos. O externo meramente reflete e incrementa os
sentimentos. Aquele que comete ações más se está seguro de que ninguém o saberá
e que se reprime de cometê-las só por esse temor, é culpado à vista de Deus. O
pecado é em primeiro lugar um ato das faculdades superiores da mente, da razão,
do livre arbítrio, da vontade Provérbios 7:
O DESEJO PROIBIDO
Mateus 5:
Ouvistes o que foi dito: Não deveis cometer adultério. Eu poém vos digo: O que olha para uma mulher de
tal forma que desperte em sí mesmo desejos proibidos em relação a ela, já
cometeu adultério com ela em seu coração.
Aqui temos o segundo exemplo do novo nível de Jesus. A Lei estabelece: Não
cometerás adultério. Éxodo 20: 14.
Os mestres judeus tinham uma opinião tão séria sobre o adultério que as
partes culpadas podiam ser castigadas com a morte Levítico 20: 10; uma vez mais Jesus estabelece que não
constitui delito aos olhos de Deus
somente a ação proibida, mas o pensamento proibido.
É nescessário que entendamos o que Jesus está dizendo. Não está falando de
um desejo natural, normal, que é parte do instinto e da natureza humana.
Segundo o sentido literal da origem o homem que se condena porque olha uma mulher
com intenção deliberada de desejar aproveitar-se dela. O homem é condenado por
usar deliberadamente seus olhos para despertar sua concupiscencia, o homem que
olha de tal maneira que desperta a paixão e estimula deliberadamente o desejo.
Os rabinos judeus conheciam muito bem a maneira em que se podem usar os olhos para estimular os maus desejos.
Tinha em seus ditos: Os olhos e as mãos
são os agentes do pecado. O olho e o
coração são as duas assistentes do pecado. As paixões se apossam somente do que
se vê. Ai de quem segue seus olhos,
porque são adúlteros! Há um desejo
interior do qual o adultério é somente o fruto.
Num mundo de pecado tem muitas coisas desenhadas deliberadamente para
excitar o desejo: livros, cartões, revistas, fotografías, películas e
anúncios. O homem que Jesus condena no
texto é o que usa deliberadamente seus olhos para estimular seus desejos; o
homem que encontra um estranho prazer em coisas que despertam sua atração pelo
proibido. Todas as coisas são limpas para os limpos. Mas o homem cujo coração
está contaminado encontra algo para despertar e excitar o mal desejo em
qualquer situação[10].
Mais que Adultério
Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu,
porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração,
já adulterou com ela. Mateus 5: 27 e 28.
Isto é muito sério. Lembro-me da primeira vez
que tentei compreender essa passagem. Eu tinha 19 anos de idade, fora batizado
poucos meses antes, e havia sido um agnóstico.
Ali estava eu em uma loja de conveniências, olhando tolamente para uma
mulher enquanto esperava minha esposa. Lógico que eu não estava simplesmente
olhando, estava pensando o mesmo tipo de coisas que pensava antes de me tornar
cristão.
De repente, isto me ocorreu com o peso de uma tonelada. O Espírito Santo
falara à minha consciência de maneira clara e audível. Você não deve fazer isso. É errado desejar uma mulher e abrigar pensamentos
como os que você está acolhendo.
Não me importei muito com a lição. Eu estivera inocentemente me deleitando, e Ele interrompeu minha meditação.
Senti vontade de dizer ao Espírito Santo que fosse passear.
Na realidade, eu chegara à fronteira entre a
tentação e o pecado. A tentação pode se tornar pecado no momento em que me
conscientizo dela, quando reconheço que meus pensamentos vaguearam
Já descobri que o desejo, pelo pecado voluntário me abandona quando me
entrego à oração. E o Espírito de Deus que vem em meu socorro quando oro, não
só para me causar repugnância pelo desejo pecaminoso, como também para
estimular em meu coração o amor cristão aos semelhantes, a mim mesmo e a Deus.
A partir de então, não desejarei praticar atos que venham prejudicar nem
destruir pessoas e relacionamentos.
Deus deseja ajudar-nos até mesmo no que se refere aos nossos pensamentos,
se nós Lhe permitirmos.
Considerando a Leitura
da Bíblia
Vocês são os que se justificam a si mesmos aos
olhos dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito
valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus. Lucas 16: 15.
O verdadeiro problema dos escribas e fariseus
era que eles nunca leram os Dez Mandamentos da maneira adequada. Se o tivessem
feito, teriam visto sua profundidade e compreendido que eles não podem ser
lidos isoladamente um do outro. Notamos a poucos dias que, para Paulo, a lei
assumiu novo significado quando ele finalmente compreendeu o décimo
mandamento: Não cobiçarás.
Nesse ponto, a magnitude da lei o atingiu em cheio. De repente, ele
compreendeu que os Dez Mandamentos abrangem muito mais do que as ações; eles
falam dos pensamentos que cercam as ações. Só quando Paulo compreendeu a
natureza mental de Não cobiçarás foi que entendeu o significado da lascívia.
O problema com a leitura legalística da Bíblia é que ela deixa de alcançar
a intenção e a extensão das recomendações e advertências bíblicas. Como
resultado, os fariseus dos dias de Cristo sentiam que estariam fora de perigo
se evitassem o ato físico do adultério. Concluíram que enquanto não fossem na
realidade culpados do ato em si, o sétimo mandamento não lhes dizia respeito e
seriam perfeitamente inocentes nesse aspecto. Quanto ao sexto mandamento, eles
tomaram a letra da lei e a reduziram a um aspecto em particular, desse modo
invalidando-o.
Esse tipo de leitura das palavras de Jesus, em Mateus 5: 28, deixava a
mulher praticamente livre para desejar um homem. Afinal, não tinha Jesus
falado só a respeito do homem desejando uma mulher?
No Sermão do Monte, Jesus coloca um ponto final a toda essa leitura
legalística de meras palavras. De ponto
Mais do que os Olhos
Vêem
Vendo a mulher que a árvore era boa para se
comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe
do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu (Gênesis 3: 6).
Quando foi que Eva pecou? Quando tomou o fruto, ou antes de tomá-lo? Pare e
pense sobre o assunto. Qual é a sua resposta e que razões você dá para
justificá-la? Quais são as implicações dessas razões? Que relação têm essas
razões com Mateus 5: 27 e 28?
Pense a respeito da seqüência dos fatos em Gênesis 2 e 3. Deus disse
a Adão e Eva que evitassem a árvore do conhecimento do bem e do mal Gênesis
2: 17, mas o maligno sugeriu a Eva que não se podia confiar em Deus Gênesis
3:
Ela tomou. Mas observe que algo aconteceu na mente e no coração de Eva
antes dela tomar o fruto. Quando tomou o fruto, ela já havia pecado. Em outras
palavras, ela dissera a Deus que Se afastasse, que ela sabia melhor do que Ele
o que era bom para si mesma. Ela rejeitou a palavra e a vontade Dele,
substituindo-as pela própria sabedoria e vontade. Antes de alcançar o fruto,
ela já colocara a sua vontade acima da vontade de Deus. Colocara o eu no trono
da sua vida, no centro do seu universo, destronando desse modo o próprio Deus.
Na realidade, concentrara seu amor em si mesma, em vez de concentrá-lo em
Deus. Essa é a essência do pecado.
Eva cometeu pecado no momento em que amou a si mesma e ao desejo próprio
mais do que a Deus e a Sua vontade. Ela cometeu pecado
Essa é a perspectiva que Jesus está desenvolvendo no Sermão do Monte.
Pecado é muito mais do que os olhos podem ver. Pecado envolve muito mais do
que atos. Só porque evito cometer o ato, não quer dizer que sou reto diante de
Deus[13].
A Profundidade do Pecado
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu,
todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo
compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que
detesto. Romanos 7: 14 e 15.
O filósofo grego Platão não era cristão, mas observava atentamente a
atividade humana. Platão comparou o eu interior das pessoas a alguém cuja
tarefa era conduzir dois cavalos. Um cavalo era manso e obediente às rédeas e
às palavras de ordem, mas o outro era selvagem, indomável e rebelde. O primeiro
cavalo se chamava razão, enquanto o segundo se chamava obsessão.
Conquanto a maneira como Platão classificou o problema possa não estar
totalmente correta do ponto de vista bíblico, sua análise do problema humano
está bem próxima da de Paulo, e ilustra muito bem a luta que enfrentamos dentro
de nós mesmos na vida diária.
Até mesmo cristãos convertidos têm de lidar com os resíduos do pecado
A raiz do problema humano é a obstinação da natureza pecaminosa. Quando me
uni à igreja, achei que todos que ali estavam desejavam sempre fazer as coisas
certas. Fiquei extremamente desapontado. Descobri que alguns pensavam estar
sempre fazendo a coisa certa; mas eram tão semelhantes aos escribas e fariseus,
que fiquei imaginando se eles já haviam se deparado com a primeira parte das bem-aventuranças.
Sua arrogância espiritual simplesmente fazia com que criticassem os outros.
É importante que, como cristãos, compreendamos a profundidade do problema
do pecado
O Poder de Deus e o
Poder do Pecado
Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? (Jeremias 17: 9).
Jesus não temia chamar o pecado pelo devido nome. Através dos séculos, os
fariseus e outros semelhantes a eles quiseram definir pecado unicamente como
transgressão da lei, apenas como um ato. Mas Jesus deu fim a tal definição
entre os cristãos. O pecado é primeiramente algo interior. Depois torna-se
exterior.
O aspecto interior do pecado pode ser muitas coisas. Primeiro, é a força
que escraviza a pessoa. Isso fica claro em Romanos 6: 16, quando Paulo diz que
os que praticam o pecado são na verdade seus escravos. A tradução de Romanos
3: 9, na versão da Bíblia na Linguagem de Hoje, capta essa idéia
quando diz que as pessoas estão debaixo do poder do pecado. Os
pecados exteriores não são senão os sintomas de uma enfermidade chamada pecado.
Contudo, os sintomas não têm importância, mas a doença.
Em segundo lugar, ele é sutil. Ele nos ilude e engana, sugerindo ao nosso
coração a idéia de que não seremos tão maus, se tão-somente evitarmos atos
pecaminosos. Muitos homens e mulheres altamente respeitados, que jamais
cometeriam adultério, levam uma vida mental de adultério ou de impureza. Muitas
dessas pessoas são fanáticas pelas novelas, pela coluna de divórcios no jornal,
ou por formas visuais ou impressas de estimular o erotismo. E muitos são
adúlteros vicários.
Em terceiro lugar, o pecado exerce um efeito perverso sobre a natureza
humana. Desse modo, as dádivas divinas do sexo e outros desejos ficam
desfiguradas de seu propósito legal. E como resultado, excelentes e preciosas
dádivas são usadas de maneira incorreta.
Jesus veio para nos libertar da escravidão, do efeito sutil e perverso do
pecado. O evangelho de Sua graça pode dar-nos força para nos libertar do poder
do pecado.
Deus deseja me ajudar hoje. Ele deseja agora ajudá-lo também. Hoje é o dia
da nossa salvação. Vamos convidá-Lo a entrar em nosso coração e vida agora
mesmo, para que possamos neste dia estabelecer uma comunhão mais íntima com
Ele. Uma comunhão mais íntima com Deus pode também significar um melhor
relacionamento com nosso cônjuge, nossos pais, filhos e demais pessoas[15].
29 - Caso teu olho direito te leve a
pecar, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é preferível que se perca um
dos teus membros do que todo
TEU OLHO DIREITO- Mateus
18: 8 e 9. Registrou-se Mateus 5: 28 que Cristo, indo além
da ação, chamou o atendimento ao motivo que a produz, isto é, a intenção ou
forma de pensar que provoca a ação. Aqui vai além do motivo ou a intenção para
assinalar as vias pelas quais o pecado consegue entrar na vida: os sentidos que
se comunicam com o sistema nervoso. Para a maioria das pessoas os mais fortes
incentivos ao pecado são os que chegam à mente pelo caminho dos nervos óptico,
auditivo e outros nervos sensoriais[16].
O que se nega a ver, escutar, agradar, cheirar ou tocar o que incita ao pecado,
ganhou boa parte da batalha para evitar os pensamentos pecaminosos. O que
imediatamente elimina os maus pensamentos, quando fugazmente passam como um
relâmpago em sua consciência, evita assim a formação de uma maneira de pensar
que se faz hábito e que condicionam a mente para que peque quando se apresente
a oportunidade. Cristo viveu uma vida sem pecado porque não tinha nele nada que respondesse aos sofismas de Satanás[17].
LEVE A PECAR - Grego:
skandalízó, ser motivo de
tropeço. O termo skándalon, refere-se
ao mecanismo que faz funcionar uma armadilha Romanos 11: 9; 14: 13; I João 2:
10; Apocalipse 2: 14[18].
PERCA UM DOS TEUS OLHOS - Num sentido seria melhor viver esta vida
sendo cego ou lesado, que perder a vida eterna. Aqui as palavras de Cristo são
figuradas. Não pede que se mutile o corpo, senão que se controlem os
pensamentos. Negar-se a contemplar o mal é tão efetivo como cegar-se, e tem a
vantagem de que se retém a faculdade da vista que pode empregar-se para ver o
bom. Algumas vezes, um animal que caiu numa armadilha se corta uma pata a fim
de escapar. Do mesmo modo, um lagarto sacrifica sua fila ou um gafanhoto de
sacrificar uma de suas pernas. Ao falar de arrancar o olho ou cortar a mão,
Cristo fala em forma figurada da ação resolvida da vontade para precaver-se do
mau. O cristão fará bem em seguir o exemplo de Jó, quem fez um pacto com seus olhos Jó
31: 1; I Corintios 9: 27[19].
GEENA DE
FOGO -
Era um vale ao sul de Jerusalém, para o qual se deitava todo o lixo da cidade.
Lá em tempos anteriores faziam os sacrifícios ao deus Moloch. Era considerado o
símbolo do castigo dos maus[20].
Literalmente geenna de fogo.
Geenna é a transliteração das palavras hebraicas
ge" hinnom, vale de Hinom, ou ge ben hinnom, vale do filho de Hinom. Josué
15: 8. Este vale está a sudeste
de Jerusalém e se encontra com o vale de Cedron, imediatamente ao sul da cidade
de Davi e o tanque de Siloé Jeremias 19: 2. O ímpio rei Acaz
parece ter iniciado nos dias de Isaías o bárbaro costume pagão de
queimar os meninos, oferecendo a Moloch num alto chamado Tofet, no vale de Hinom II
Crônicas 28: 3; Esses ritos abomináveis se descrevem em Levitico
18: 21; Deuteronômio 18: 10; 32: 17; II Reis 16: 3; 23: 10; Jeremias 7: 31.
Manasses neto de Acaz, restabeleceu essa prática II Crônicas 33: 1 6; Jeremias 32:
35. Anos depois, o bom rei Josias profanou cerimonialmente os altos do vale de Hinom onde se tinha realizado
esse atroz tipo de culto II Reis 23: 10, com o qual se
acabaram esses sacrifícios. Como castigo por esse e outros males, Deus advertiu
a seu povo que o vale de Hinom num
dia seria o Vale da Matança por causa
dos corpos
mortos deste povo. Jeremias 7: 32 e 33; 19: 6; Isaias 30: 33. Por isso
os fogos de Hinom se converteram num
símbolo do fogo consumidor do último grande dia de juízo e do castigo dos
ímpios Isaias 66: 24. Segundo as idéias escatológicas judaicas,
derivadas em parte da filosofia grega, geenna
era o lugar onde se reservavam as almas dos ímpios sob castigo até o dia do
juízo final e das retribuições.
A tradição que afirma que o vale
da Gehenna era uma forma latina do nome era o lugar onde se queimavam os
desperdícios, e que, portanto era uma figura do fogo do dia final, parece
ter-se originado com o rabino Kimchi, erudito judeu dos séculos XII e XIII. A
antiga literatura judaica não contém nada disto. Os rabinos mais antigos
basearam a idéia da Gehenna como um símbolo do fogo do último dia em Isaias
31: 9. Ver artigo Hell em
Seventh-day Adventist Bible Dictionary[21].
De sorte que seus teus olhos forem bons, todo
teu corpo terá luz; se, porém os teus olhos forem maus,
A Cura Cirúrgica
Portanto, se o seu olho direito faz você pecar,
arranque-o e jogue-o fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o
corpo inteiro ser atirado no inferno (Mateus 5: 29).
Arranque-o ... corte-a. Estas são expressões radicais para os problemas
mais sérios do mundo. Será que realmente espera-se que eu arranque meu olho ou
corte minha mão, se estes me levam a pecar?
Orígenes, um dos principais líderes da igreja do século III, pensava
assim. Como resultado, ele combinou os textos de Mateus 5:29 e Mateus 19:12, com sua declaração de que há alguns homens que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos Céus, e
por isso se castrou.
Um rápido movimento de faca pode solucionar todo o seu problema de pecado.
Certo?
Errado! Afinal, se você arrancar um olho, ainda terá o outro. Não é o olho
esquerdo tão incômodo como o direito? E outra vez, se você simplesmente cortar
fora a mão direita, ainda terá a importuna mão esquerda.
Talvez a resposta para o problema do pecado seja arrancar ambos os olhos,
cortar fora as duas mãos, amputar as duas pernas, e assim por diante. Então
você terá o seu problema de pecado resolvido. Certo?
Errado outra vez! Porque você ainda terá a sua memória e o seu raciocínio.
A única solução para esses problemas seria explodir seu cérebro. É isso que
Jesus deseja que façamos? Não, mas é a resposta óbvia e coerente para aqueles
que dizem que as Escrituras não precisam ser interpretadas. Considere esse
texto de maneira literal e você não terá outra alternativa senão uma cirurgia.
O sentido que Jesus dá é muito mais radical, muito mais tempestuoso. Ele
quer que compreendamos a seriedade da natureza de nossos problemas. E mais que
isso, Ele quer que sujeitemos nossa vida e todos os membros do nosso corpo a
Ele, de modo que não mais sejamos instrumentos do pecado. Além disso, Ele
deseja transformar esses próprios instrumentos importunos de pecado em
instrumentos de justiça. As mãos e os olhos da pessoa salva devem ser colocados
ao serviço de Deus[23].
30 - Caso a tua mão direita te leve a
pecar, corta-a e lança-a para longe de ti, pois é preferível que se perca um
dos membros do que todo
MÃO
DIREITA - Instrumento
dos maus desejos.
CORTA-A - Jesus usa de linguagem
figurada em relação aos sentidos, que em comunicação com o sistema nervoso
trazem fortes incentivos a mente. O Mestre fala em direcionar os sentidos a uma
nova orientação, cortados todo
impulso ou desejo que leve a pensamentos pecaminosos, Jesus exorta para que o
mal seja cortado em sua raiz.
O REMÉDIO CIRÚRGICO
Assim é, se teu olho direito vai fazê-lo cair em pecado, arranca-o; porque
é melhor perder uma parte de teu corpo que todo teu corpo ir para a gehena. E
se tua mão direita te vai fazer cair em pecado, corta-a e tira-a; porque é
melhor perder uma parte de teu corpo do que todo teu corpo ir para a gehena (Mateus 5: 29 e 30).
Aqui Jesus faz uma grande demanda, uma demanda cirúrgica. Insiste em que
tudo o que cause, e o que seduz ao pecado deve ser eliminado totalmente da
vida.
A palavra que se usa para fazer cair é interessante. É a palabra skándalon. Skándalon é uma forma da palavra skandalêthron, que quer dizer o soporte de uma armadilha. Era o pauzinho em que se fixava a
armadilha e que operava para caçar o animal seduzido para sua própria
destruição. Em sentido figurado a palavra chegou a significar qualquer
coisa que causa a destruição de uma pessoa.
No fundo disto existem duas figuras. A primeira é a de uma pedra escondida
em um atalho na que alguém pode tropeçar, ou uma corda colocada através de um
atalho deliberadamente para fazer que com que alguém caia; a segunda é a figura
de um poço escavado num solo e tampado enganosamente com uma capa coberta de
ramos e folhas disposta para que o viajante desavisado pise e caia
irremediavelmente no poço. O skándalon, é a pedra de tropeço, é algo que faz tropeçar e cair, que traz a sua
própria destruição, algo que lhe seduz para sua própria ruina.
Estas palavras de Jesus não tem um sentido estritamente literal. O que quer
dizer é que se tem que desarraigar da vida sem sentimentalismos qualquer coisa
que sirva para seduzir ao pecado. Se temos um hábito que pode ser um convite
para o mal, ou uma relação que nos pode levar, a um prazer que podería acabar
por arruinar nossa saúde física ou moral, teremos que extirpá-lo cirúrgicamente
de nossa vida.
Vendo como segue imediatamente depois de que se trata dos pensamentos e
desejos proibidos, esta passagem nos impulsiona a perguntar: Como podemos nos
ver livres destes desejos imundos e
pensamentos contaminantes? É um fato da experiência que os pensamentos e as
imagens se introduzem involuntariamente em nossa mente, e é a coisa mais
difícil do mundo fechar a porta.
Há uma maneira em que não se consegue nada frente a estes pensamentos e
desejos, que é sentando e dizendo: Não vou pensar mais nestas coisas. Quanto
mais nos dizemos que não vamos pensar em tal e tal coisa, tanto mais se
concentra ela em nosso pensamento.
O exemplo da manera errônea de tratar com tais pensamentos e desejos era a dos monjes e eremitas que iam viver no
deserto nos primeros tempos da Igreja. Eram homens que queriam estar livres das
coisas da terra, e especialmente dos desejos sensuais. Para eles se retirar ao
deserto do Egito com o propósito de viver isoladamente e não pensar nada mais que em Deus.
O mais famoso deles foi Santo
Antonio. Vivia como um eremita; jejuava; se privava do sono; torturava seu
corpo. Assim viveu trinta e cinco anos no deserto que foi uma batalha sem
descanso nem trégua com as tentações. Lemos em sua biografía: Em primeiro lugar, o diabo tratou de
apartar de uma disciplina, sussurrando a lembrança de suas riquezas, os
cuidados de sua irmã, os direitos de sua família, o amor ao dinheiro e a
glória, os diversos prazeres da mesa e os demais relacionamentos da vida; e,
por último, a dificuldade da virtude e seus trabalhos... Ele sugeria com
pensamentos imundos, e o outro
respondia com orações; ele lhe incitava com a luxúria, e ele, como parecendo
ruborizar-se, fortalecia seu corpo com orações, fé e jejuns. O diabo, até uma
noite se apresentou em forma de mulher, e imitou todas suas artimanhas sescivelmente
para seduzir a Antonio. Assim prosseguiu a luta durante tinta e cinco anos.
O fato é que se alguém buscava problemas este alguém era Antonio, e seus
amigos igualmente. Esta inevitável lei da natureza humana que, quanto mais se
diz que não vai pensar em algo, tanto mais este algo estará presente
A primeira é a ação cristã. A melhor maneira de derrotar tais pensamentos é
fazer algo, ocupar a vida a tal ponto de trabalhos e serviços cristãos que não
nos tome tempo para estes pensamentos; pensar tanto nos outros que acabemos por
não pensar tanto en nós mesmos; nos livramos de uma introspecção doentia e
egocêntrica e concentramos, não em nós mesmos, mas no próximo. A cura real dos
maus pensamentos não se consegue a não ser que nos consagremos as boas ações.
A segunda é ocupar a mente com bons pensamentos. Há uma cena famosa na peça
de Peter Pan de Barrie. Peter
está no dormitório dos meninos, que tinham visto ele voar, e eles querem voar
também. Provaram desde o solo, e desde as camas, com um resultado nulo. Como tu fazes?, lhe perguntou John. E
Peter lhe respondeu: Não tens mais que
pensar coisas bonitas, pensamentos maravilhosos, e eles te levantam pelos ares.
A única maneira de vencer os maus pensamentos é começar a pensar em outras
coisas.
Se você está assediado por pensamentos de coisas impuras e proibidas, pode
estar seguro de que nunca os vencerá retirando-se da vida e dizendo: “Já não vou pensar mais nestas coisas”.
Conseguirá somente se submergir na ação cristã e no pensamento cristão. Nunca
conseguirá tratando de salvar sua própria vida; só conseguirá dedicando-se, ou
dando-se ao próximo[24].
Entrar Mancando no Céu
Se a sua mão direita faz você pecar, corte-a e
jogue-a fora. Pois é melhor perder uma parte do seu corpo do que o corpo
inteiro ir para o inferno. Mateus 5: 30.
É melhor entrar mancando no Céu do que saltando no inferno. O que será que
Jesus está tentando falar em Mateus 5: 30? Ontem nos concentramos
na inadequabilidade da solução cirúrgica, de que decepar a mão ou arrancar o
olho de alguém não é uma solução suficiente. O problema do pecado é muito mais
profundo do que os atos executados pelos membros do nosso corpo. Jesus está
dizendo que o problema tem suas raízes no coração e na mente.
Hoje queremos nos concentrar nas palavras: é melhor perder uma parte do seu
corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno. Essa idéia foi repetida
por Jesus duas vezes nos versos 29 e 30, porque Ele estava
procurando enfatizar alguma coisa.
A parte que fala de arrancar e cortar prepara o cenário
para a parte mais importante do Seu ensino nesses versos. A declaração acerca
da amputação chama a atenção do povo. Ninguém na encosta daquela montanha
cochilou depois daquelas palavras.
Uma vez que Jesus conseguira a atenção de todos, Ele passou a apresentar o
ponto mais importante.
E que ponto era esse? O fato de que não há nada mais importante em nossa
vida do que nosso destino final. Ele salientou um ponto semelhante quando disse:
Se
alguém... não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs
e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo. Lucas 14: 26.
Nas duas passagens, o que Ele quer dizer é que qualquer coisa que se
interponha entre nós e Deus nos é prejudicial. Qualquer coisa que se oponha à
pessoa e sua salvação é considerada um inimigo e deve ser combatida. Não
devemos permitir que nada se interponha entre nós e nosso destino eterno.
Jesus não está dizendo que há algo de errado com as partes do nosso corpo
nem com nossos familiares, mas que eles precisam ser colocados no devido lugar
em nossa lista de prioridades. E melhor entrar mancando no Céu do que saltando
no inferno[25].
Levando o Pecado à
Funerária
Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais
para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo,
vivereis. Romanos 8: 13.
Eu não posso, disse
certo líder cristão da antigüidade, evitar
que um passarinho sobrevoe minha cabeça. Mas certamente posso evitar que ele
faça ninho no meu cabelo ou que dê uma bicada no meu nariz.
Jesus está dizendo em Mateus 5 que
precisamos levar a sério a questão do pecado. Isso quer dizer, em parte, que
os cristãos precisam parar de brincar com a tentação e o pecado. Se não o
fizermos, ele acabará nos matando. A sutileza do pecado faz com que pensamentos
ilícitos e prazeres carnais pareçam o modo normal de vida. Mas, como a proverbial
serpente venenosa na grama, o caminho do pecado é o caminho da morte.
O caminho que a Bíblia aponta é não deixar que o pecado nos seduza e leve
à destruição, mas mortificá-lo, levá-lo à funerária. De acordo com o texto de
hoje, Deus dá Seu Santo Espírito para ajudar-nos nessa guerra. Não somos
deixados a lutar em nossa própria força. Pelo contrário, devemos mortificar os feitos do corpo através do
Espírito. Precisamos implorar o poder do Espírito a cada passo do caminho.
Mas como pode o Espírito ajudar-nos? Uma coisa é certa, precisamos de Sua
ajuda, para que possamos evitar nutrir a carne nossa natureza pecaminosa. Revistam-se do Senhor Jesus Cristo,
ordena Paulo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne. Romanos
13: 14. Existe uma chama ardente dentro de cada um de nós. É
loucura aproximar a chama de mais combustível. Precisamos permanecer longe
dessas situações, programas, livros e pessoas que fazem com que a chama do
pecado ganhe nova força. Devemos arrancar e cortar certas coisas de nossa vida.
Precisamos, porém, ser cuidadosos aqui., pois é fácil nos
tornarmos confiantes demais
Como Lidar com o
Problema do Pecado
Se alguém pensa que tem razões para confiar na
carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, do povo de Israel, da tribo
de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo,
perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o
que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do
que isso, considero tudo como perda, se comparado com a suprema grandeza do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Filipenses 3:
Algumas pessoas, como Paulo antes de sua
conversão, acham que o esforço humano é o caminho para a salvação. O que se
pode dizer dos fariseus do tempo de Paulo e de todas as outras gerações é que
eles são tremendamente sinceros em procurar corrigir o seu problema com o
pecado, a fim de estar bem com Deus.
Considere Martinho Lutero
Um caso semelhante é o de Anthony aproximadamente
Paulo nos advertiu contra a inutilidade de tal tentativa para alcançar
santidade. Paulo, o rígido e austero fariseu, finalmente conseguiu vitória e
paz por meio da aceitação do sacrifício de Jesus no Calvário.
Não é de admirar que Paulo considerasse sem valor tudo o que anteriormente
entesourava, uma vez que aceitou a Cristo como seu Salvador pessoal. Paulo
finalmente encontrou o que Lutero, Anthony e todos nós estamos procurando.
Jesus nos diz: Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos
aliviarei. ... Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve. Mateus 11:
O Melhor Caminho
Eu vos afirmo que, de igual modo, há jubilo
diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. Lucas 15: 10.
O orgulho humano sussurra em nossos ouvidos que
somos capazes de solucionar nossos próprios problemas, se tão-somente nos
esforçarmos o suficiente. Lembro-me de quando me tornei adventista, com a
idade de 19 anos. Olhei ao meu redor na igreja e cheguei a uma conclusão: Que
confusão!
Eu acreditava que sabia qual era o problema. Os adventistas e outros
cristãos simplesmente não se esforçavam o suficiente. Caso se empenhassem com
maior esforço, certamente venceriam e se tornariam perfeitos. Foi nessa altura
da minha vida que fiz um voto de ser o primeiro cristão perfeito, depois de
Jesus. Em minha mente, não havia dúvida alguma quanto ao sucesso. À semelhança
de Martinho Lutero e outros monges medievais, me propus a derrotar o dragão do
pecado por meio de minha conduta e de esforços próprios. E tentei, com todo o
coração.
Menos de uma década depois, porém, desisti sentindo-me totalmente
fracassado. Seguiram-se anos de desânimo e apostasia de tudo o que eu sabia ser a verdade.
Só mais tarde é que encontrei o Jesus do Calvário. Eu fora adventista, mas
não conhecia a Jesus. Por isso, tive que me arrepender de minha
auto-suficiência; tive que me arrepender de procurar a salvação pelo método dos
fariseus.
A essa altura, compreendi que o único caminho para a vitória sobre o
pecado é sujeitar minha vontade a Deus e aceitar a vontade dEle e Seus
caminhos
A cruz é a resposta de Deus para o problema do pecado. Se os seres humanos
pudessem vencer o pecado pelas próprias forças, não haveria razão para Jesus
vir a este mundo; não haveria razão alguma para a Sua morte na cruz.
Aqueles que não reconhecem a profundidade e a magnitude do problema do
pecado ainda procuram salvar-se por meio de esforços pessoais. Como Paulo,
Martinho Lutero e uma multidão de outras pessoas, porém, mais cedo ou mais
tarde se depararão face a face com o fracasso. Só então serão capazes de
verdadeiramente se arrepender abandonar
sua auto-suficiência e voltar-se a Deus de modo submisso[28].
A Solução do Evangelho
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que
a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: o justo viverá por fé. Romanos 1: 16 e 17.
Houve um tremendo clarão no horizonte. A princípio não pude compreender do
que se tratava. Mas quando vi uma quantidade enorme de terra sendo lançada ao
ar, em poucos momentos pude ouvir e sentir a força da explosão à medida que o
som seguiu a luz e me alcançou a uma distância de
Deus quer usar dinamite para mudar nossa vida. Há poucos dias consideramos a
cirurgia para o problema do pecado, conforme é descrito em Mateus
5: 29 e 30. Pudemos notar seus pontos fracos. A solução que Deus
oferece é muito mais radical do que uma cirurgia. É poder sobrenatural.
O texto de hoje nos diz que o evangelho boas
novas é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Essa
palavra poder me fascina porque, em grego, ela tem a mesma raiz da
palavra dinamite.
Paulo está dizendo que o evangelho funciona como dinamite em nossa vida
quando permitimos a entrada de Deus, quando Lhe damos autorização para reformar
nossa vida, tornando-a semelhante à de Jesus.
Deus não entra e simplesmente poda este ou aquele problema. Não, Ele está
interessado em chegar à raiz do problema, destruí-lo com uma explosão e então
recriar nossa vida, tornando-a muito mais bela.
Essa é realmente uma boa nova. A verdade é que a solução de Deus para o
problema do pecado não só oferece perdão, mas também a possibilidade de uma
nova vida Nele.
Você já permitiu que a dinamite de Deus opere em sua vida? Ou teme as
mudanças que Ele poderá fazer, se você permitir que o Seu poder assuma o
controle?[29]
Vida Nova
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. II Coríntios
5: 17.
Temos analisado a profundidade do pecado e a grandeza do
plano de Deus para lidar com ele. As promessas de Deus são muito maiores e
mais abrangentes do que a maioria de nós percebe.
A Bíblia descreve o processo de tornar-se cristão como a morte e um novo
nascimento. Ser salvo em Cristo não é uma experiência parcial. É uma
experiência total, que afeta todos os aspectos da minha vida, inclusive a
maneira como penso a respeito do sexo oposto e até como me visto para
estimular pensamentos impróprios. Com muita freqüência, ao lermos Mateus
5: 29 e 30, pensamos naqueles que nutrem pensamentos de adultério. Acho
que o princípio que o texto encerra tem algo a ver com a maneira como nos
vestimos, falamos e agimos, uma vez que temos responsabilidade para com os
outros.
Como resultado, se estou agindo como cristão, minha conversa não será
sugestiva, meu vestuário não transmitirá uma mensagem errada. Quando Deus diz
que todas as coisas em nossa vida podem se tornar novas, Ele está falando
sério.
Mas, por favor, observe mais uma vez que não fazemos de nós mesmos novas
criaturas. Isso é obra do Deus Criador
Sim, isso afeta a maneira como consideramos o sexo. Muitos de nós fomos
criados com idéias egoístas a respeito do sexo. Era a lei da rua selva. Vá e aproveite o que conseguir, e
não se preocupe com as conseqüências. Para alguns, era mais sutil, mas
geralmente ainda egoísta.
O fato de tornar-se cristão muda tudo isso. De repente, percebemos que o
sexo não é tanto um ato como um relacionamento. O sexo é uma dádiva de Deus aos
homens e mulheres. Dentro do relacionamento do casamento é uma das dádivas
mais preciosas de Deus.
Que Deus nos ajude a pensar de modo cristão a
respeito do sexo. Possa Ele ajudar-nos a crescer e a nos tornarmos verdadeiros
cristãos que amam[30].
31 - Foi dito: Aquele que repudiar sua
mulher dê-lhe uma carta de divórcio
REPUDIAR - Grego: apolúo, livrar,
soltar, com o sentido de divorciar.
CARTA DE DIVÓRCIO - Grego: apotásion certificado
de separação, Esta palavra vem do
verbo afistêmi, separar, abandonar. A palavra apostasia
procede da mesma raiz. Como Cristo ressaltou mais tarde, o divórcio não faz
parte do plano de Deus, foi aprovado transitoriamente na lei de Moisés devido à
dureza dos corações dos homens. Mateus
19: 7 e 8. Em relação com a
natureza e o propósito da lei de Moisés com respeito ao divórcio, Deuteronômio
24:
32 - Eu, porém, vos digo: todo aquele
que repudia a sua mulher, a não pôr motivo de fornicação, faz com que ela
adultere; e aquele que se casa com a repudiada comete adultério.
FORNICAÇÃO - Grego: pornéia, termo genérico empregado para designar relações
sexuais ilícitas. A escola liberal de Hillel ensinava que o homem poderia
divorciar-se pelas causas mais triviais, desde um prato de comida mal
preparado. A escola de Shammai mais conservadora, interpretava que alguma coisa
indecente, Deuteronômio 24: 1 falta de castidade Mishnah Gittin 9, 10. Jesus especificou que não deveria haver
divórcio salvo em caso de infidelidade conjugal. A relação matrimonial havia
sido pervertida pelo pecado, e Jesus veio restaurar a pureza e formosura
originalmente dada pelo Criador.
COMETE
ADULTÉRIO
- Faz que ela adultere. Uma esposa repudiada
naturalmente tentaria encontrar um novo lar. Mas ao casar-se de novo, cometeria
adultério porque seu casamento anterior não tinha sido dissolvido à vista de
Deus Marcos
10: 11 e 12. Cristo eliminou com toda clareza a tradição rabínica de
seus dias, especialmente a da escola de Hillel, a qual permitia o divórcio por
qualquer causa. Ao que parece, era relativamente fácil que o esposo se livrasse
dos vínculos matrimoniais
O VÍNCULO QUE NÃO SE DEVE ROMPER
1. O matrimônio
entre os judeus
Também foi dito: O que se divorcia de sua mulher, que lhe dê um certificado
de divórcio. Eu porém vos digo que quem se divorcia de sua mulher por algo que
não seja a fornicação, a obriga a cometer adultério; e quem se casa com uma mulher
divorciada, comete adultério.
Mateus 5: 31 e 32
Quando Jesus estabeleceu esta lei para
o matrimônio, o fêz tendo como fundo uma situação determinada. Não houve
nenhuma época da historia antiga na qual o vínculo matrimonial houvesse estado
em maior perigo de destruição que nos dias en que chegou ao mundo o
Cristianismo. Naquele tempo o mundo estava em perigo de ser testemunha do total
desaparecimento do matriônio e de um colapso nesta instituição.
O Cristianismo teve históricamente um duplo fundo. Tinha o fundo do
judaísmo, e o do mundo grego romano. Consideremos o ensino de Jesus sobre
estas duas culturas.
Na teoria, não havia nação que tivesse um conceito mais elevado do
matrimônio que a nação hebraica. O matrimônio era um dever sagrado que havia
de assumir todo varão. Podia abster-se dele somente por uma razão: para dedicar todo seu tempo ao estudo da Lei. Se negasse a casar e gerar filhos se dizia
que havía quebrado o mandamento positivo de dar fruto e multiplicar-se, e que
havia reduzido a imagem de Deus no mundo e matado sua posteridade.
No princípio, os judeus aborreciam o divórcio. A voz de Deus havia dito: Eu
aborreço o divórcio. Malaquías 2: 16. Os rabinos tinham ditados preciosos. Encontramos que Deus é longânimo com todos os pecados exceto com o da
falta de castidade. A falta de
castidade faz partir a glória de Deus. Qualquer judeu deve dar a vida antes de
cometer idolatría, assassinato ou adultério. O mesmo altar derrama lágrimas
quando um homem se divorcia da esposa de sua juventude.
O trágico era que a prática se aproximava muito da ideal. Havia algo que
viciava toda relação matrimonial: uma mulher era, aos olhos da lei, uma coisa.
Estava totalmente a disposição de seu pai ou de seu marido. Virtualmente não
tinha nenhum direito legal. Não podia, em nenhum caso, divorciar-se de seu
marido por nenhum motivo, mas o marido podia divorciar-se dela por qualquer
razão. Ele pode divorciar-se de uma
mulher, dizia a lei rabínica, mesmo sem a vontade dela; basta a vontade dele.
O assunto se complicava pelo fato de que a lei judaica do divórcio se
formulava muto sensivelmente, porém seu significado era discutível. Se baseava
em Quando
um homem tiver tomado uma mulher e consumado o matrimônio, mas esta logo após
não encontra graça em seus olhos, porque viu nela algo de inconveniente, ele
lhe escreverá então uma ata de divórcio e a entregará, deixando-a sair de casa
em liberdade. Deuteronômio
24: 1: Quando
alguém toma uma mulher e se casa com ela, se não se agrada por haver ela falado
alguma coisa indecente, lhe escreverá carta de divórcio, se entregará nas suas
mãos e a despedirá de sua casa. Este proceso de divorcio era extremadamente
fácil de se obter. O documento de divórcio dizia explicitamente:
Seja isto por tua escritura de divórcio e carta de despedida e ata de
libertação, para que tu possas casar com quem queiras.
Tudo o que o marido tinha que fazer era entregar este papel à sua mulher na
presença de duas testemunhas, e estava divorciado. Está claro que o ponto
básico do assunto estava na interpretação da frase alguma coisa indecente. Em todos os assuntos da lei judaica havia duas
escolas. A escola de Sammay, que era a mais estrita, severa e austera; e a
escola de Hillel, que era a escola liberal, ampla e generosa. Sammay e sua
escola definiam alguna coisa indecente como falta de castidade e nada mais. Ainda que uma esposa seja tão impura como a mulher de Acabe, diziam;
que se não for por adultério não se pode divorciar. Para a escola de Sammay
não havia mais base legal para o divórcio que o adultério e a imoralidade
sexual.
Por outra parte, a escola de Hillel definia alguma coisa
indecente da maneira mais geral. Diziam que
queria dizer que um homem podia divorciar de sua esposa se preparasse a comida
colocando sal em maior quantidade, o se aparecia em público com a cabeça
descoberta, se falava com homens na rua, se era alvoroçada, se falava sem o
devido respeito dos pais de seu marido em sua presença, se era cautelosa ou
litigiosa. O famoso rabí Akibá disse que a frase queria dizer se não
se resulta agradável, e que
isto lhe dava direito a um marido a divorciar-se de sua mulher se encontrava
outra que lhe parecesse mais atrativa.
Sendo como é a natureza humana, é fácil supor qual das duas escolas chegou
a ter mais influência. No tempo de Jesus Cristo o divórcio havia sido cada vez
mais fácil até tal ponto que as jovens não queriam casar, porque o matrimônio
era inseguro.
Quando Jesus disse isto não estava falando como idealista teórico, mas como
reformador social prático. Tratava de sanar uma situação na qual a estrutura da
vida familiar estava em colapso, e na qual a moralidade nacional se ia fazendo
cada vez mais baixa.
2. O matrimônio
entre os gregos
Vimos como estava o matrimônio na Palestina no tempo de Jesus; mas não
passaría muito tempo antes de que o Cristianismo saisse da Palestina, é
nescessário que vejamos como estava o matrimônio no mundo mais global quando
chegaram os ensinamentos cristãos.
Em primeiro lugar, vamos ver como estava o matrimônio entre os gregos. Duas
coisas marcavam a situação do matrimônio no mundo grego.
O grande investigador clássico A. W. Verrall dizia que uma das principais
enfermidades de que morreu a civilização antiga era o baixo conceito que tinham
as mulheres. O que primeiramente arruinou a situação do matrimônio entre os
gregos foi o fato de que as relações extra matrimoniais não tinham nenhum
estigma, e até era algo esperado e aceito. A tais relações não se lhes dava a
menor importância; eram parte da rotina da vida. Demóstenes estabeleceu como
prática reconhecida e aceita: Temos
prostitutas para o prazer; concubinas, para a cohabitação diária, e esposas,
para ter filhos legítimos e uma fiel guardiã dos assuntos caseiros.
Posteriormente, quando as idéias gregas haviam se introduzido e haviam
arruinado a moralidade romana, Cícero, em sua Na defesa de Cecilio, disse: “Se há
alguém que pensa que há que negar aos jovens o amor das prostitutas, seria
extremamente severo. Não posso negar o princípio em que se apoia; mas estaria
em desacordo, não só contra a permissividade de sua própria idade, mas também
com os costumes e contra a licença de nossos antepassados. Quando não se tem
feito assim? Quando se tem considerado que era reprovado? Quando se negou a
licença? Quando não tem sido legal o que é agora?” O ponto de vista de
Cícero, como havía sido o de Demóstenes, era que as relações extra matrimoniais
eram perfeitamente normais e aceitáveis.
O ponto de vista grego do matrimônio era um tremendo paradoxo. A decência
grega exigia que a mulher respeitável vivesse em tal estado de isolamento que
nem sequer podería ir caminhar pela rua sozinha, e que não comia suas comidas
nas mesmas habitações dos homens. Não tomava a menor parte na vida social. Os
gregos lhes exigiam de suas mulheres a mais absoluta pureza moral, entretanto
para eles reclamavam a licença moral mais absoluta. Para dizer claramente: Os
gregos se casavam para que a mulher desempenhasse as obrigações da segurança
doméstica, mas buscavam o prazer
Assim pois, na Grécia surgiu uma situação extraordinária. No templo de
Afrodite de Corinto tinha um milhar de sacerdotisas, que eram na realidade
prostitutas religiosas. Baixavam às ruas de Corinto pelas tardes para levar a
cabo sua missão, o que deu origem a um ditado: Nem todo o mundo se pode permitir uma viajem a Corinto. Esta
surpreendente aliança da religião com a prostituição se pode ver nas situações
tão incríveis como que Solón fosse o primeiro em permitir a entrada de
prostitutas em Atenas e a construção de bordéis, com o produto dos quais
construiu um templo novo a Afrodite, a deusa do amor. Aos gregos não lhes
parecia mal construir um templo com os rendimentos da prostituição.
Mas, totalmente aparte da prática da prostituição corrente, surgiu na
Grécia uma classe surpreendente de mulheres chamadas as hetairai.
Eram as queridas de homens famosos;
eram as mulheres mais cultas e melhor situadas na sociedade de seu tempo; seus
lugares não eram nada menos que salões, e muitos de seus nomes passaram para a
história compartindo a fama com a dos
homens com os que estuveram associadas. Thais foi a hetaira de Alexandre O Grande, com sua morte passou a ser esposa
de Ptolomeo a mãe da família real egípcia.
Aspásia foi a hetaira de
Péricles, provavelmente o maior governante e orador de Atenas; e se diz que foi
ela que ensinou a Pericles oratória e escrevia seus discursos. Epicuro, o
famoso filósofo, teve a sua igualmente famosa Leontion, e Sócrates, a Diotima.
Como se consideravam estas mulheres se pode deduzir da visita que lhe fêz
Sócrates a Theodota, que nos conta Xenofonte. Foi ver se era tão formosa como
se dizia. Lhe falou com amabilidade; lhe disse que fechara a porta aos
insolentes e que cuidara de suas amantes na enfermidade e se congratulara con
suas honras, e que amara ternamente aos que lhe dessem seu amor.
De modo que vemos na Grécia todo um sistema baseado em relacionamentos
extra matrimoniais; vemos que essas relações se aceitavam e consideravam naturais
e normais, e nada vergonhosas; vemos que estas relações podiam, de fato, chegar
a ser um fator dominante da vida de um homem. Vemos uma situação surpreendente
na que os gregos mantinham suas esposas absolutamente reclusas em uma pureza
obrigatória, entretanto eles buscavam o prazer e até o amor em relações fora do
matrimônio.
A segunda coisa que viciava a situação na Grécia era que o divórcio não
requería o mínimo processo legal. Tudo o que se tinha que fazer era o homem
despedir sua mulher na presença de duas testemunhas. A única cláusula que se
lhe impunha era que tinha que devolver o dote na íntegra.
É fácil ver a incrível novidade que supunha o ensinamento cristão da
castidade e fidelidade no matrimônio em uma civilização assim.
3. O matrimônio entre
os romanos
A história do desenvolvimento da situação matrimonial entre os romanos é
trágica.
Tanto a religião como a sociedade romanas estavam baseadas originalmente no
mesmo lugar. A base da comunidade romana era a patria potestas, o poder do pai; o pai tinha literalmente poder de
vida e morte sobre sua família. Um homem não era nunca considerado de maior
idade enquanto o pai fosse vivo. Podia chegar a ser cônsul; podia chegar as
mais altas honras e responsabilidades que o Estado pudesse oferecer; mas se seu
pai estivesse vivo, seguia abaixo da autoridade de sua padre.
Para os romanos, a casa era tudo. A mãe romana não estava reclusa como sua
equivalente na Grécia. Participava na vida totalmente. O matrimônio dizia o
jurista latino Modestino, é uma
instituição da vida de todos ls direitos divinos e humanos. Desde cedo,
havia prostitutas; porém eram desprezadas, e associar-se com elas era
vergonhoso. Houve, por exemplo, um magistrado romano que foi assaltado em um
prostíbulo, e que se negou a denunciar o caso e
foi levado aos tribunais, porque havia tido
que confessar que havia estado en tal casa. O nível da moralidade romana era
tão alto que; durante os primeiros quinhentos anos do Estado romano não houve
nem um só caso de divórcio. O primeiro homem que se divorciou de sua mulher foi
Spurius Carvilius Ruga, no ano
Então chegaram os gregos. No sentido militar e imperial, Roma conquistou a
Grécia; mas no sentido moral e social, a Grécia conquistou Roma. No século II
a.C., a moralidade grega havia se infiltrado em Roma, e a queda foi
catastrófica. O divórcio chegou a ser tão corrente como o matrimônio. Sêneca
fala de mulheres que se casavam para divorciar, e que se divorciavam para
casar. Diz que havia mulheres que contavam os anos, não pelos nomes dos
cônsules, mas pelos de seus maridos. Juvenal escreveu: Lhe basta um marido Iberina? Antes a convencerías que se conformasse em
não ter mais que um ohar. Cita o caso de uma mulher que teve oito maridos
A tal ponto chegaram as coisas que foi necessário subir os impostos dos
solteiros e proibir-lhes terem cargos e receberem herenças. Se concediam
privilégios especiais aos que tuvessem filhos, porque os filhos eram
considerados uma desgraça. Até se manipulavam as mesmas leis para intentar
resgatar a institução necessária ao matrimônio.
Ali estava a tragédia romana; o que chamavam Lecky: A eclosão de uma depravação ingovernável e quase frenética que siguiu
ao contato com a Grécia. De novo nos resulta fácil ver com que alucinação
ouviu o mundo antigo as exigências da castidade cristã.
Deixaremos a apresentação do ideal cristão do matrimônio para quando
cheguarmos a Mateus 19:3 a 9. Deste momento basta notar que con o Cristianismo
havia vindo ao mundo num ideal de castidade com o que a humanidade não havia
nem sonhado[34].
Um Alto Conceito do Casamento
Foi dito: Aquele que se divorciar de sua esposa,
deverá dar-lhe certidão de divórcio. Mas Eu lhes digo que todo aquele que se
divorciar de sua esposa, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne
adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério.
Mateus 5: 31 e 32.
Um ponto claro como cristal do Gênesis
ao Apocalipse,
é a santidade do casamento. Deus não só criou nossos primeiros pais, como
também abençoou o casamento e disse que os dois tornam-se uma só carne. Jesus
defendeu a santidade do matrimônio, tanto em Mateus 5 como no texto
com ele relacionado em Mateus 19:
Michael Green observa que Jesus salientou diversos aspectos importantes do
casamento nestas duas passagens. Primeiro, que o casamento foi planejado por
Deus. É uma ordenança estabelecida por Deus e não um mero contrato social.
Em segundo lugar, o casamento é uma ordenança feita entre os dois sexos.
Deus os criou; homem e mulher os criou. A intenção de Deus não era criar um
mundo unissex. Conforme Green comenta: Há
diferenças e funções complementares entre os sexos que são estabelecidas por
Deus. Isso é tão óbvio que só precisa ser declarado neste fim de século, quando
o homossexualismo chegou a ser considerado uma alternativa igualmente válida
para o casamento.
Em terceiro lugar, o plano é que o casamento seja permanente. Nunca houve
a intenção de que o relacionamento conjugal fosse quebrado. Qualquer desvio da
perpetuidade do casamento é um declínio do ideal.
Em quarto lugar, ele é exclusivo. As duas pessoas, não três, quatro ou
cinco, devem tornar-se uma só carne. Um homem e uma mulher devem se unir. Esse
ideal descarta os romances convenientes de tantos povos modernos e a poligamia
dos antigos. Aparentemente, o fato de Deus permitir a poligamia no AT era uma
concessão não ideal para um costume arraigado e uma fraqueza humana. Além do
mais, provia segurança para o sexo feminino em culturas onde o mesmo não tinha
direito algum e nem havia homens suficientes.
Em quinto lugar, o casamento cria um núcleo
familiar. Isso inclui deixar os pais e unir-se ao cônjuge. Assim, o casamento
se torna o mais forte e o mais importante de todos os relacionamentos humanos[35].
Divórcio é Assunto Sério
Perguntaram eles: Então, por que Moisés mandou
dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora? Jesus respondeu:
Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de
coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. Eu lhes digo que todo
aquele que se divorciar de sua esposa, exceto por imoralidade sexual, e se
casar com outra mulher, estará cometendo adultério. Mateus 19:
As palavras de Jesus não deixam dúvida de que o divórcio é
um ato que não corresponde ao ideal de Deus. Por isso, Jesus concorda com o AT,
onde Deus disse: Eu odeio o divórcio. Malaquias 2: 16. Todo cristão deve
odiá-lo. Divórcio significa fracasso no cumprimento do ideal de Deus para duas
pessoas.
Entretanto, acontecem divórcios neste mundo imperfeito, e acontecem também
novos casamentos. O estigma do fracasso e a terrível realidade das famílias
esfaceladas pesam tremendamente sobre a mente de muitas pessoas. A família é o
bloco fundamental na edificação tanto da sociedade como da igreja. Temos todo o
direito de nos entristecermos e até nos aborrecermos com o alto índice de
divórcios na igreja.
O que deve ser feito? Tudo o que for possível, individualmente e como
igreja, para conservar as famílias unidas. Seguramente precisamos dar apoio a
famílias que estão enfrentando tempos difíceis. Muitos de nós necessitamos
oferecer um coração amorável e um ouvido atento àqueles que lutam para manter
seu casamento.
Mas o que dizer de maridos e esposas que fracassaram? Estão eles totalmente
perdidos, especialmente se casarem com outra pessoa? Não, se cremos no NT.
Assim como os mexeriqueiros e aqueles que se orgulham de sua espiritualidade,
os que sofrem por causa de casamentos desfeitos são conduzidos de volta às
bem-aventuranças da pobreza de espírito, do choro, da humildade e da fome e
sede de justiça. Esses serão fartos.
De fato, as pessoas divorciadas têm talvez maior probabilidade de
voltarem-se às bem-aventuranças e à cruz do que os mexeriqueiros e
espiritualmente orgulhosos, porque as faltas e pecados do divorciado estão mais
expostos e têm menos possibilidade de serem encobertos pela religiosidade do
que os dos outros grupos, que podem não sentir sua necessidade. Todos, porém,
precisam da purificação[36].
LEITURA
ADICIONAL
Qualquer que atentar
numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Mateus
5: 28.
Os judeus
orgulhavam-se de sua moralidade, e olhavam com horror as práticas sexuais dos
pagãos. A presença dos oficiais romanos que o governo imperial trouxera à
Palestina, era um contínuo escândalo para o povo; com esses estrangeiros, viera
uma inundação de costumes pagãos, concupiscência e desregramento. Em Cafarnaum,
os oficiais romanos, com suas alegres amantes, frequentavam os logradouros
públicos e os passeios, e muitas vezes o sons da orgia quebravam o silêncio do
lago, ao singrarem as águas tranquilas seus barcos de prazer. O povo esperava
ouvir de Jesus uma severa acusação a essa classe; mas qual não foi seu espanto
ao escutarem palavras que punham a descoberto o mal de seus próprios corações.
Se sua mão direita
te escadalizar, corta-a e atira-a para longe de ti. Mateus 5: 30.
A fim de
impedir que a doença se alastre ao corpo e destrua a vida, um homem se
submeteria mesmo a separar-se de sua mão direita. Muito mais deve ele estar
pronto a entregar aquilo que põe em risco a vida da alma.
Mediante o
evangelho, almas degradadas e escravizadas por Satanás devem ser redimidas para
partilhar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. O desígnio divino não é
meramente livrar do sofrimento inevitável resultante do pecado, mas salvar do
próprio pecado. A alma, corrompida e deformada, tem de ser purificada,
transformada, afim de poder ser revestida da graça do Senhor Nosso Deus, conforme a
imagem do Seu Filho. As coisas que o olho não viu, o ouvido não
ouviu, e não subiu ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o
amam. Salmo 90: 17; Romanos 8: 29; I Coríntios 2: 9. Unicamente a
eternidade pode revelar o glorioso destino a que o homem, restaurado a imagem
de Deus pode atingir.
Para
podermos alcançar este elevado ideal, o que leva a alma a tropeçar deve ser
sacrificado. É mediante a vontade que o pecado retém seu domínio sobre nós. A
entrega da vontade é representada como o arrancar do olho ou o cortar da mão.
Afigura-se-nos muitas vezes que, sujeitar a vontade de Deus é o mesmo que
consentir em atravessar a vida mutilado ou aleijado. É melhor, porém, diz
Cristo, que o eu seja mutilado, ferido, aleijado, contanto que possais entrar
na vida. Aquilo que consideras um desastre, é a porta para mais elevado bem.
Deus é a
fonte de vida, e só podemos ter vida ao nos acharmaos
Se vos
apegais ao eu, recusando entregar a Deus a vossa vontade, estais preferindo a morte. Para o pecado, seja onde for que ele se encontre, Deus é um fogo
consumidor. Se preferis o pecado, e vos recusais a abandoná-lo, a presença de
Deus, que consome o pecado, tem de consumir-vos.
Exigirá um
sacrifício o entregar-vos a Deus; é, porém, um sacrifício do inferior pelo mais
elevado, do terreno pelo espiritual, do perecível pelo eterno. Não é do desígnio
de Deus que nossa vontade seja destruída; pois é unicamente mediante o
exercício da mesma que nos é possível efetuar aquilo que Ele quer que façamos.
Nossa vontade deve ser sujeita à Sua afim de que a tornemos a receber
purificada e refinada, e tão ligada em correspondência com o Divino, que Ele
possa, por nosso intermédio, derramar as torrentes de Seu amor e poder. Se bem
que essa entrega possa parecer amarga e dolorosa ao coração voluntário,
extraviado, ela te é, todavia, muito útil, a ti.
Enquanto
não caiu coxo e impotente sobre o peito do anjo do concerto, não conheceu Jacó
a vitória da fé triunfante, recebendo o título de príncipe de Deus. Foi quando
ele manquejava
da sua coxa. Gênesis 32: 31. Que os armados bandos de Esaú foram
acalmados diante dele, e o Faraó, orgulhoso herdeiro de uma linhagem real,
abaixou-se para lhe anelar a bênção. Assim o Capitão de nossa salvação foi
aperfeiçoado pelos sofrimentos. Hebreus 2: 10, e os filhos da fé da
fraqueza tiraram forças e puseram em fuga os exércitos estranhos.
Hebreus 11: 34. Assim os coxos roubarão a presa. Isaias 33:
23, e o fraco se tornará como Davi e a Casa de Davi... como
anjo do Senhor. Zacarias 12: 8.
É lícito ao homem
repudiar ua mulher? Mateus 19: 3. Entre
os judeus era permitido ao homem repudiar sua mulher pelas mais triviais
ofensas, e mulher se achava então em liberdade de se casar outra vez. Este
costume levava a grande infelicidade e pecado. No Sermão do Monte, Jesus
declarou plenamente que não podia haver dissolução do laço matrimonial, a não
ser por infidelidade no voto conjugal. Qualquer, disse Ele que
repudiar sua mulher, a não ser por ela cometer adultério, e qualquer que casar,
com a repudiada comete adultério.
Quando
posteriormente, os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio.
Jesus apontou a Seus ouvintes a antiga instituição do matrimônio, segundo foi
ordenada na criação.Moisés disse Ele, por causa da dureza dos vossos corações vos
permitiu repudiar vossas mulheres, mas no princípio não foi assim. Mateus 19:
18. Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do Édem, quando
Deus declarou tudo muito bom. Então tiveram origem o matrimônio e o sábado,
instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da humanidade. Então, ao
unir o Criador as mãos do santo par em matrimônio, dizendo: Um homem
deixará o seu pai e sua mãe, e apegarse-á a sua mulher, e serão ambos uma só
carne. Gênesis 2: 24, enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos
de Adão, até o fim do tempo.. Aquilo que o próprio Pai Eerno declarou bom, era
a lei da mais elevada bênção e `desenvolvimento para o homem.
Como todas as outras
boas dádivas de Deus concedidas para a conservação da humanidade, o casamento
foi pervertido pelo pecado; mas é o desígnio do evangelho restituir-lhe a
pureza e a beleza. Tanto o VT como o NT, a relação matrimonial é empregada para
representar a terna e sagrada união existente Cristo e seu povo, os remidos e
quem ele comprou a preço do Calvário. Não temas diz Ele; porque
o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de
Israel é o Teu Redentor. Converte-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque
Eu vos desposarei. Isaias 54: 4 e 5; Jeremias 3: 14. No Cântico
dos Cânticos ouvimos a voz da esposa dizendo: O meu amado é meu, e eu sou Dele.
E aquele que é para ela o primeiro entre dez mil, fala a
sua escolhida Tu és toda formosa, amada Minha, e em ti não há mancha. Cantares 2: 16;
5: 10 4: 7.
Posteriormente
Paulo, o apóstolo, escrevendo aos cristãos efésios, declara que o Senhor
constituiu o marido a cabeça da mulher, para sevir-lhe protetor, o elo que liga
os membros da família da mesma maneira que Cristo é a cabeça da igreja, e
A graça de Cristo, e
ela somente, pode tornar esta instituição o que Deus designou que fosse: um
meio para a bênção e erguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em
sua união, paz e amor, podem representar a família do Céu.
Hoje, como nos dias de Cristo, a condição da sociedade
apresenta triste comentário ideal celeste dessa sagrada relação. No entantio, mesmo
para os que depararam com amargura e desengano quando haviam esperado
companherismo e alegria, o evangelho de Cristo oferece um consolo. A paciência
e a gentileza que seu espírito pode comunicar, suavizará a condição de amargura. O coração em que Cristo habitar,
estará tão repleto, tão satisfeito com Seu amor, que se não consumirá no desejo
de atrair simpatia e atenção para si próprio. E pela entrega da alma a Deus,
Sua sabedoria pode realizar o que a sabedoria humana deixa de fazer. Por meio
da revelação de sua graça, os corações que uma vez estiveram indiferentes ou
desafeiçoados podem ser unidos em laços mais firmes e mais duradouros que os da
Terra. Os áureos laços do amor que suportará o cadinho da provação[37].
[1] BJ, p. 1.846.
[2] CBASD, vol. 5, p. 324.
[3] CBASD, vol. 5, p. 324.
[4] CBASD, vol. 1, pp. 617, 618.
[5] CBASD, vol. 5, p. 326.
[6] CBASD, vol. 5, p. 326.
[7] CBASD, vol. 5, p. 326.
[8] CBASD, vol. 5, p. 326 e 327.
[9] CBASD, vol. 5, p. 327.
[10] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. I,
William Barclay. Editora Clie, pp.
[11] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 133.
[12] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 134.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 135.
[14] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 136.
[15] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 137.
[16] Atos dos Apóstolos, p. 413.
[17] Desejado de Todas as Nações, p. 98.
[18] CBASD, vol. 5, p. 327.
[19] CBASD, vol. 5, p. 327.
[20] Bíblia, Missionários Capuchinhos, Lisboa, p.
979.
[21] CBASD, vol. 5, pp. 325 e 326.
[22] Desejado de Todas as Nações, p. 295.
[23] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 138.
[24] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. I,
William Barclay. Editora Clie, pp.
[25] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 139.
[26] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 140.
[27] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 141.
[28] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 142.
[29] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 143.
[30] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 144.
[31] CBASD, vol. 5, p. 327.
[32] CBASD, vol. 5, pp. 327 e 328.
[33] CBASD, vol. 5, p. 328.
[34] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. I,
William Barclay. Editora Clie, pp.
[35] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 145.
[36] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 146.
[37] O Maior Discurso de Cristo,