23º
VENHA
AO TEU REINO
10 - Venha ao Teu Reino, seja feita a tua Vontade na terra, como no céu.
VENHA AO TEU
REINO - A natureza do reino dos céus ocupa uma posição central no ensino de Jesus. Quanto ao reino dos céus no Sermão do
Monte (Mateus
5:3), Cristo fala aqui, não
tanto do reino da graça como do reino da glória para o qual o reino da graça prepara o caminho e com o qual culmina com o reino da glória. A forma verbal
empregada no grego apoia esta
interpretação.
Através dos séculos, a promessa
de que os reinos deste mundo finalmente chegarão a ser o reino de nosso Senhor
Jesus Cristo. Apocalipse 11:15 têm orientado os cidadãos do reino da graça a viverem vidas
piedosas (I
João 3:2 a 3) e a
sacrificar-se para proclamar as boas novas do reino (Atos 20:24; II Timóteo 4:6 a 8). Na mente e no coração de todos os verdadeiros cristãos de todos os
tempos, a esperança bem aventurada e a manifestação de nosso grande Deus e
Comentário
Mateus 4:17. O REINO DOS CÉUS - Expressão esta empregada exclusivamente por Mateus
31 vezes
O reino dos céus ou reino de Deus era o tema do ensino
de
João proclamou a iminência do estabelecimento do reino dos céus (Mateus
3:2). Jesus também declarou que o reino se tinha chegado (Mateus
4:17) e instruiu seus discípulos, quando os enviou a pregar, que
levassem a mesma mensagem (Mateus 10:7).
O reino dos céus se estabeleceu na primeira vinda de Cristo.
Jesus mesmo era o Rei, e os que acreditavam Nele eram seus súditos. O
território desse reino era o coração e a vida dos súditos. Evidentemente a mensagem
de Jesus se referia ao reino da graça divina. Mas, como Jesus mesmo indicou
claramente, o reino da graça antecedia ao reino da glória. Com
respeito a este último, os discípulos perguntaram no dia da ascensão:Senhor
restaurarás o reino a Israel neste tempo? (Atos 1:6 e 7). O reino da
graça tinha se estabelecido nos dias de Cristo (Mateus 3:2; 4:17; 10:7),
mas o
reino da glória estava no futuro (Mateus 24:33). Só quando
o Filho do Homem vier em sua glória, e todos seus santos anjos com ele, então
se sentará em seu trono de glória. Mateus 25:31[2].
Comentário
Mateus 25:31 - Virá em sua glória. Por ocasião de sua primeira vinda, Jesus velou sua glória divina e
viveu como homem entre os homens. O reino que estabeleceu então era o reino de
sua graça (Mateus 5:3). No entanto, virá outra vez em sua glória para
inaugurar o reino eterno (Daniel 7:14 e 27; Apocalipse11:15).
A segunda vinda de Jesus é o tema central de Mateus 24 e 25.
TRONO DE GLÓRIA - Seu glorioso trono. Cristo estava no
trono do universo antes de sua encarnação. Quando ascendeu, foi entronizado
outra vez como Sacerdote e como Rei (Zacarias 6:13); para compartilhar o
trono de seu Pai (Apocalipse 3:21). Ao completar a obra do juízo investigativo,
iniciada em 1.844, (Apocalipse 14:6 e 7). Jesus receberá seu reino. O coroamento
final e sentar no trono de Cristo como Rei do universo ocorrerão no final do
milênio na presença de todos os que são súditos de seu glorioso reino e os que
se negaram a série leais[3].
O REINO DA GRAÇA
Deus Conosco
Ele será chamado
pelo nome de Emanuel que quer dizer:Deus
conosco (Mateus 1:23). O brilho do conhecimento da glória de Deus
vê-se na face de Jesus Cristo. Desde os dias da eternidade o Senhor
Jesus Cristo era um com o Pai; era a imagem de Deus, a imagem de Sua
grandeza e majestade, o resplendor de Sua glória. Foi para
manifestar essa glória que Ele veio ao mundo. Veio a Terra entenebrecida pelo
pecado, para revelar a luz do amor de Deus, para ser Deus conosco. Portanto, a
Seu respeito foi profetizado: Será o Seu nome Emanuel (Isaías 7:14).
Vindo habitar
conosco, Jesus devia revelar Deus tanto aos homens como aos anjos. Ele era a
Palavra de Deus; o pensamento de Deus tornado audível. Em Sua oração pelos
discípulos, diz:Eu lhes fiz conhecer o Teu nome, misericordioso e piedoso,
tardio em iras e grande em beneficência e verdade, para que o amor com que Me tens
amado esteja neles, e Eu neles esteja (João 17:23). Mas não somente a
Seus filhos nascidos na Terra era feita essa revelação. Nosso pequenino mundo é
o livro de estudo do Universo. O maravilhoso desígnio de graça do Senhor, o
mistério do amor que redime, é o tema para que os anjos desejem bem atentar,
e será seu estudo através dos séculos sem-fim. Mas os seres remidos e os não
caídos encontrarão na cruz de Cristo sua ciência e seu cântico. Ver-se-á que a
glória que resplandece na face de Jesus Cristo é a glória do abnegado amor. À
luz do Calvário se patenteará que a lei do amor que renuncia é a lei da vida
para a Terra e o Céu; que o amor que não busca os seus interesses. O
texto de I Coríntios 13:5 tem sua fonte no coração de Deus; e que no
manso e humilde Jesus se manifesta o caráter Daquele que habita na luz
inacessível ao homem.
No princípio, Deus
Se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo que estendeu os céus, e
lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e
deu forma às flores do campo. Ele converteu o mar
Ora, o pecado manchou a perfeita obra de Deus,
todavia permanecem os traços de Sua mão. Mesmo agora todas as coisas criadas
declaram a glória de Sua excelência. Não há nada, a não ser o coração egoísta
do homem, que viva para si. Nenhum pássaro que fende os ares, nenhum animal que
se move sobre a terra, deixa de servir a qualquer outra vida. Folha alguma da
floresta, nem humilde haste de erva é sem utilidade. Toda árvore, arbusto e
folha exalam aquele elemento de vida sem o qual nenhum homem ou animal poderia
existir; e animal e homem servem, por sua vez, à vida da folha, do arbusto e da
árvore. As flores exalam sua fragrância e desdobram sua
beleza em bênção ao mundo. O Sol derrama sua luz para alegrar a mil mundos. O
próprio oceano, a origem de todas as nossas fontes, recebe as correntes de toda
a terra, mas recebe para dar. Os vapores que lhe ascendem ao seio caem em
chuveiros para regar a terra a fim de que ela produza e floresça.
Os anjos da glória
acham seu prazer em dar:dar amor e infatigável cuidado a almas caídas e
contaminadas. Seres celestiais buscam conquistar o coração dos homens; trazem a
este mundo obscurecido a luz das cortes em cima; mediante um ministério amável
e paciente operam no espírito humano, para levar os perdidos a uma união com
Cristo, mais íntima do que eles próprios podem avaliar.
Volvendo-nos, porém,
de todas as representações secundárias, contemplamos Deus em Cristo. Olhando
para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. Nada faço por Mim mesmo (João 8:28),
disse Cristo; o Pai, que vive Me enviou, e Eu vivo pelo Pai (João 6:57). Eu não busco
a Minha glória. João 8:50, mas a Daquele que Me enviou (João 7:18).
Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei da vida para o
Universo. Todas as coisas Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar.
Assim nas cortes celestes, em Seu ministério por todos os seres criados:através
do amado Filho, flui para todos a vida do Pai; por meio do Filho ela volve em
louvor e jubiloso serviço, uma onda de amor, à grande Fonte de tudo. E assim,
através de Cristo, completa-se o circuito da beneficência, representando o
caráter do grande Doador, a lei da vida.
No próprio Céu foi
quebrantada essa lei. O pecado originou-se na busca dos próprios interesses.
Lúcifer, o querubim cobridor, desejou ser o primeiro no Céu. Procurou dominar
os seres celestes, afastá-los de seu Criador, e receber-lhes, ele próprio, as
homenagens. Portanto, apresentou falsamente a Deus, atribuindo-Lhe o
desejo de exaltação própria. Tentou revestir o amorável Criador com suas
próprias más características. Assim enganou os anjos. Assim enganou os homens.
Levou-os a duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar de Sua bondade. Como o
Senhor seja um Deus de justiça e terrível majestade, Satanás os fez
considerá-Lo como severo e inclemente. Assim arrastou os homens a se unirem com
ele
A Terra
obscureceu-se devido à má compreensão de Deus. Para que as tristes sombras se
pudessem iluminar, para que o mundo pudesse volver ao Criador, era preciso que
se derribasse o poder enganador de Satanás. Isso não se podia fazer pela força.
O exercício da força é contrário aos princípios do governo de Deus; Ele deseja
unicamente o serviço de amor; e o amor não se pode impor; não pode ser
conquistado pela força ou pela autoridade. Só o amor desperta o amor. Conhecer
a Deus é amá-Lo; Seu caráter deve ser manifestado em contraste com o de
Satanás. Essa obra, unicamente um Ser,
O plano de nossa
redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão.
Foi à revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto (Romanos 16:25).
Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da
eternidade, o fundamento do trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo
sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador
do apóstata. Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou
providências para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo
mundo, que concertou entregar Seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).
Lúcifer dissera: Subirei
ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. ... Serei semelhante
ao Altíssimo (Isaías 14:13 e 14. Mas Cristo, sendo
Foi um sacrifício
voluntário. Jesus poderia haver permanecido ao lado de Seu Pai. Poderia haver
retido a glória do Céu, e as homenagens dos anjos. Mas preferiu entregar o
cetro nas mãos de Seu Pai, e descer do trono do Universo, a fim de trazer
luz aos entenebrecidos, e vida aos que estavam prestes a perecer.
Cerca de dois mil
anos atrás se ouviu no Céu uma voz de misteriosa significação, saída do trono
de Deus: Eis aqui venho. Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo
Me preparaste. ... Eis aqui venho no rolo do livro está escrito de Mim, para
fazer, ó Deus, a Tua vontade (Hebreus 10:5 a 7). Nestas palavras
anuncia-se o cumprimento do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos.
Cristo estava prestes a visitar nosso mundo, e a encarnar. Diz Ele: Corpo
Me preparaste. Houvesse aparecido com a glória que possuía com o Pai
antes que o mundo existisse, e não teríamos podido resistir à luz de Sua
presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser destruídos, a manifestação
de Sua glória foi velada. Sua divindade ocultou-se na humanidade, a glória invisível
na visível forma humana. Esse grande desígnio havia sido representado em tipos
e símbolos. A sarça ardente em que Cristo apareceu a Moisés revelava Deus. O
símbolo escolhido para representação da Divindade foi um humilde arbusto que,
aparentemente, não tinha nenhuma atração. Abrigou, porém, o Infinito. O Deus
todo-misericordioso velou Sua glória num símbolo por demais humilde, para que Moisés
pudesse olhar para ela e viver. Assim na coluna de nuvem de dia e na de fogo à
noite, Deus Se comunicava com Israel, revelando aos homens Sua vontade e
proporcionando-lhes graça. A glória de Deus era restringida, e Sua majestade
velada, para que a fraca visão de homens finitos a pudesse contemplar. Da mesma
maneira Cristo devia vir no corpo abatido. Filipenses 3:21– semelhante
aos homens. Aos olhos do mundo, não possuía beleza para que O
desejassem; e não obstante era o encarnado Deus, a luz do Céu na Terra. Sua
glória estava encoberta, Sua grandeza e majestade ocultas, para que pudesse
atrair a Si os tentados e sofredores.
Deus ordenou a
Moisés acerca de Israel: E Me farão um santuário, e habitarei no meio
deles (Êxodo 25:8), e habitou no santuário, no meio de Seu povo.
Durante toda a fatigante peregrinação deles no deserto, o símbolo de Sua
presença os acompanhou. Assim Cristo estabeleceu Seu tabernáculo no meio de
nosso acampamento humano. Estendeu Sua tenda ao lado da dos homens, para que
pudesse viver entre nós, e tornar-nos familiares com Seu caráter e vida
divinos. O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a
glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (João 1:14).
Desde que Cristo
veio habitar entre nós, sabemos que Deus está relacionado com as nossas
provações, e Se compadece de nossas dores. Todo filho e filha de Adão pode
compreender que nosso Criador é o amigo dos pecadores. Pois em toda doutrina de
graça, toda promessa de alegria, todo ato de amor, toda atração divina
apresentada na vida do Salvador na Terra, vemos Deus conosco.
Satanás apresenta a
divina lei de amor como uma lei de egoísmo. Declara que nos é impossível
obedecer-lhe aos preceitos. A queda de nossos primeiros pais, com toda a
miséria resultante, ele atribui ao Criador, levando os homens a olharem a Deus
como autor do pecado, do sofrimento e da morte. Jesus devia patentear esse
engano. Como um de nós, cumpria-Lhe dar exemplo de obediência. Para isso tomou
sobre Si a nossa natureza, e passou por nossas provas. Convinha que em tudo fosse
semelhante aos irmãos (Hebreus 2:17). Se tivéssemos de sofrer qualquer
coisa que Cristo não houvesse suportado, Satanás havia de apresentar o poder de
Deus como nos sendo insuficiente. Portanto, Jesus como nós, em tudo foi tentado (Hebreus
4:15). Sofreu toda provação a que estamos sujeitos. E não exerceu em
Seu próprio proveito poder algum que nos não seja abundantemente facultado.
Como homem, enfrentou a tentação, e venceu-a no poder que Lhe foi dado por Deus.
Diz Ele: Deleito-Me
Por Sua humanidade,
Cristo estava em contato com a humanidade; por Sua divindade, firma-Se no trono
de Deus. Como Filho do homem, deu-nos um exemplo de obediência; como Filho de
Deus, dá-nos poder para obedecer. Foi Cristo que, do monte Horebe, falou a
Moisés, dizendo:EU SOU O QUE SOU... Assim dirás aos filhos de Israel:EU SOU me enviou a
vós (Êxodo 3:14). Foi esse o penhor da libertação de Israel. Assim,
quando Ele veio semelhante aos homens, declarou ser o EU SOU. O Infante de
Belém, o manso e humilde Salvador, é Deus manifestado em carne (I Timóteo 3:16).
A nós nos diz:EU SOU o Bom Pastor. João 10:11, EU SOU o Pão Vivo. João 6:51, EU SOU o
Caminho, a Verdade e a Vida. João 14:6 É-Me dado todo o poder no Céu e na
Terra. Mateus 28:18. EU SOU a certeza da promessa. SOU
EU, não temais. Deus conosco é a certeza de nossa
libertação do pecado, a segurança de nosso poder para obedecer à lei do Céu.
Baixando a tomar
sobre Si a humanidade, Cristo revelou um caráter exatamente oposto ao de
Satanás. Desceu, porém, ainda mais baixo na escala da humilhação.
Achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até a morte,
e morte de cruz (Filipenses 2:8). Como o sumo sacerdote punha de parte
suas suntuosas vestes pontificais, e oficiava no vestuário de linho branco, do
sacerdote comum, assim Cristo tomou a forma de servo, e ofereceu sacrifício,
sendo Ele mesmo o sacerdote e a vítima. Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele.
Cristo foi tratado
como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha
direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação,
para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte.
Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a vida que a Ele pertencia.
Pelas
Suas pisaduras fomos sarados (Isaías 53:5).
Pela Sua vida e
morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração da ruína produzida pelo
pecado. Era o intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna
separação; em Cristo, porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do
que se nunca houvéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se
à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda
a eternidade. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito (João 3:16).
Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós;
deu-O à raça caída. Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu
Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo
para sempre Sua natureza humana. Esse é o penhor de que Deus cumprirá Sua
palavra. Um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; e o principado está sobre os
Seus ombros. Deus adotou a natureza humana na pessoa de Seu Filho,
levando a mesma ao mais alto Céu. É o Filho do homem, que partilha do
trono do Universo. É o Filho do homem, cujo nome será Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz (Isaías 9:6).
O
EU SOU é o Árbitro entre Deus e a humanidade, pondo a mão sobre ambos.
Aquele que é santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores. Hebreus 7:26, não
Se envergonha de nos chamar irmãos (Hebreus 2:11). Em Cristo se acham
ligadas a família da Terra e a do Céu. Cristo glorificado é nosso irmão. O Céu
Se acha abrigado na humanidade, e esta envolvida no seio do Infinito Amor.
Diz Deus de Seu povo:Como
as pedras de uma coroa eles serão exaltados na sua Terra. Porque, quão grande é
a Sua bondade! E quão grande é a Sua formosura! (Zacarias 9:16 e 17). A
exaltação dos remidos será um eterno testemunho da misericórdia de Deus. Ele há
de mostrar
nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade
para conosco em Cristo Jesus (Efésios 2:7). Para que... A multiforme sabedoria
de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus, segundo o eterno
propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor (Efésios 3:10 e 11).
Por meio da obra
redentora de Cristo, o governo de Deus fica justificado. O Onipotente é dado a
conhecer como o Deus de amor. As acusações de Satanás são refutadas, e revelado
seu caráter. A rebelião não se levantará segunda vez. O pecado jamais poderá
entrar novamente no Universo. Todos estarão por todos os séculos garantidos
contra a apostasia. Mediante o sacrifício feito pelo amor, os habitantes da
Terra e do Céu se acham ligados a seu Criador por laços de indissolúvel união.
A obra da redenção
será completa. Onde abundou o pecado, superabundou à graça de Deus. A Terra, o
próprio campo que Satanás reclama como seu, será não apenas redimida, mas
exaltada. Nosso pequenino mundo, sob a maldição do pecado, a única mancha
escura de Sua gloriosa criação, será honrado acima de todos os outros mundos do
Universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na humanidade; onde o Rei
da Glória viveu e sofreu e morreu; aqui, quando Ele houver feito novas todas as
coisas, será o tabernáculo de Deus com os homens, com eles habitará, e eles serão o
Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (Apocalipse 21:4).
E através dos séculos infindos, enquanto os remidos andam na luz do Senhor, hão
de louvá-Lo por Seu inefável Dom. EMANUEL, DEUS CONOSCO[4].
O Reino de Deus Está Próximo
Veio Jesus para Galileia,
pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino
de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho (Marcos 1:14 e 15).
A vinda do Messias
anunciara-se primeiramente na Judeia. No templo de Jerusalém, fora predito a Zacarias
o nascimento do precursor, enquanto aquele ministrava perante o altar. Nas
montanhas de Belém, os anjos proclamaram o nascimento de Jesus. Os magos foram
a Jerusalém
Houvessem os guias
de Israel recebido a Cristo, e Ele os teria honrado como mensageiros Seus para
levar o evangelho ao mundo. Foi-lhes dada, primeiramente a eles, a oportunidade
de se tornarem arautos do reino e da graça de Deus. Mas Israel
não conheceu o tempo de sua visitação. Os ciúmes e desconfianças dos
chefes judaicos maturaram em ódio aberto, e o coração do povo se desviou de
Jesus.
O Sinédrio rejeitara
a mensagem de Cristo, e intentava matá-Lo; portanto, Jesus partiu de Jerusalém,
afastou-Se dos sacerdotes, do templo, dos guias religiosos, do povo que fora
instruído na lei, e voltou-Se para outra classe, para proclamar Sua mensagem, e
remir os que haviam de levar o evangelho a todas as nações.
Como a luz e a vida
dos homens foi rejeitada pelas autoridades eclesiásticas nos dias de Cristo,
assim tem sido rejeitada em todas as subsequentes gerações. Frequentemente se
tem repetido a história da retirada de Cristo da Judeia. Quando os reformadores
pregavam a Palavra de Deus, não tinham ideia alguma de se separar da igreja
estabelecida; os guias religiosos, porém, não toleravam a luz, e os que a
conduziam eram forçados a buscar outra classe, a qual estava ansiosa da
verdade. Em nossos dias, poucos dos professos seguidores da Reforma são atuados
pelo espírito da mesma. Poucos estão à escuta da voz de Deus, e prontos a
aceitar a verdade, seja qual for à maneira por que se apresente. Muitas vezes
os que seguem os passos dos reformadores são forçados a retirar-se da igreja
que amam, a fim de declarar o positivo ensino da Palavra de Deus. E muitas
vezes os que estão à procura da luz são, pelos mesmos ensinos, obrigados a
deixar a igreja de seus pais, a fim de prestar obediência.
O povo da Galileia
era desprezado pelos rabis de Jerusalém como rústico e ignorante; apresentava,
todavia, campo mais favorável à obra do Salvador. Eram mais fervorosos e
sinceros; estavam menos sob a influência da hipocrisia; tinham mais aberto o
espírito à recepção da verdade. Indo para a Galileia, não estava Jesus
procurando exclusão ou isolamento. A província era, a esse tempo, habitada por
numerosa população, com muito maior mistura de gente de outras nações do que se
encontrava na Judeia.
Ao viajar Jesus pela
Galileia ensinando e curando, multidões a Ele se juntavam das cidades e vilas.
Muitas vezes Se via obrigado a ocultar-Se do povo. O entusiasmo subia a tal
ponto, que se tornavam necessárias precauções, não fossem despertados os
receios das autoridades romanas quanto a qualquer insurreição. Nunca dantes
houvera um período assim para o mundo. O Céu baixara aos homens. Almas famintas
e sedentas que haviam longamente esperado a redenção de Israel, deleitavam-se
agora na graça de um misericordioso Salvador.
A nota predominante
da pregação de Cristo era: O tempo está cumprido, e o reino de Deus
está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho (Marcos 1:15). Assim
a mensagem evangélica, segundo era anunciada pelo próprio Salvador, baseava-se
nas profecias. O tempo que declarava estar cumprido era o período de que o anjo
Gabriel falara a Daniel. Setenta semanas, dissera o anjo, estão
determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para extinguir a
transgressão, e dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, e trazer a
justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos (Daniel
9:24). Um dia, profeticamente, representa um ano. (Números 14:34. Ezequiel 4:6).
As setenta semanas, ou quatrocentos e noventa dias, representam quatrocentos e
noventa anos. É dado um ponto de partida para esse período:Sabe e entende:desde a saída da
ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe,
sete semanas, e sessenta e duas semanas. Daniel 9:25 – sessenta e nove
semanas, ou quatrocentos e oitenta e três anos. A ordem para restaurar e
edificar Jerusalém, confirmada pelo decreto de Artaxerxes Longímano. Esdras
6:14; 7:1 entrou em vigor no outono de
Então, disse o anjo:
Ele
firmará um concerto com muitos por uma semana sete anos. Durante sete
anos depois de começar o Salvador Seu ministério, o evangelho devia ser pregado
especialmente aos judeus; três anos e meio, pelo próprio Cristo, e depois,
pelos apóstolos. Na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares (Daniel
9:27). Na primavera de 31 d.C., Cristo, o verdadeiro sacrifício, foi
oferecido no Calvário. Então o véu do templo se rasgou em dois, mostrando que a
santidade e significação do serviço sacrifical desapareceram. Chegara o tempo
de cessar o sacrifício terrestre e a oblação.
A semana, sete anos,
terminou em 34 d.C. Então, pelo apedrejamento de Estevão, os judeus selaram
afinal sua rejeição do evangelho; os discípulos espalhados pela perseguição iam
por toda parte, anunciando a Palavra (Atos 8:4), e pouco depois, Saulo,
o perseguidor, se converteu e tornou-se Paulo, o apóstolo dos gentios.
O tempo da vinda de
Cristo, Sua unção pelo Espírito Santo, Sua morte, e a pregação do evangelho aos
gentios, foram definidamente indicados. O povo judeu teve o privilégio de
compreender essas profecias e reconhecer seu cumprimento na missão de Jesus.
Cristo insistia com Seus discípulos quanto à importância do estudo profético.
Referindo-Se à profecia dada a Daniel acerca do tempo deles, disse:
Quem
lê, entenda (Mateus 24:15). Depois de Sua ressurreição, explicou aos
discípulos, começando por todos os profetas, o que Dele se achava em
todas as Escrituras (Lucas 24:27). O Salvador falara por intermédio de
todos os profetas. O Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente
testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes
havia de seguir (I Pedro 1:11).
Foi Gabriel, o anjo
que ocupa a posição imediata ao Filho de Deus, que veio com a divina mensagem a
Daniel.
Foi Gabriel Seu anjo, que Cristo enviou a revelar o futuro ao amado João; e
é proferida uma bênção sobre os que leem e ouvem as palavras da profecia, e
observam as coisas ali escritas (Apocalipse 1:3).
O Senhor Iahweh não
fará coisa alguma, sem ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas . Ao
passo que as coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus, as reveladas são
para nós e para nossos filhos para sempre (Deuteronômio 29:29). Deus
nos tem dado essas coisas, e Sua bênção acompanhará o estudo reverente das
escrituras proféticas, apoiado de oração.
Como a mensagem do
primeiro advento de Cristo anunciava o reino de Sua graça, assim a de Sua
segunda vinda anuncia o reino de Sua glória. E a segunda, como a primeira
mensagem, acha-se baseada nas profecias. As palavras do anjo a Daniel,
com relação aos últimos dias, deviam ser compreendidas no tempo do fim. Há esse
tempo, muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
Os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios
entenderão (Daniel 12:4 e 10).
Chegamos ao período
predito nessas passagens. É chegado o tempo do fim, as visões dos profetas
acham-se reveladas, e suas solenes advertências nos mostram a vinda de nosso
Senhor em glória como próxima, às portas.
Os judeus
interpretaram e aplicaram mal a Palavra de Deus, e não conheceram o tempo de
sua visitação. Os anos do ministério de Cristo e Seus apóstolos, os derradeiros
anos de graça para o povo escolhido, passaram-nos tramando a destruição dos
mensageiros do Senhor. Terrestres ambições os absorviam, e o oferecimento do
reino espiritual foi-lhes feito em vão. Assim hoje o reino deste mundo absorve
os pensamentos dos homens, e não observam o veloz cumprimento das profecias e
os indícios do rápido aproximar do reino de Deus.
Mas vós, irmãos, já
não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque
todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das
trevas.
Se bem que não saibamos a hora da volta de nosso Senhor, podemos conhecer
quando está perto. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios (I
Tessalonicenses 5:4 a 6)[5].
SEJA FEITA A TUA
VONTADE - Cristo fala da
vontade de Deus, especialmente no que afeta a esta terra. Quando o coração
humano se submete à jurisdição do reino da graça divina, a vontade de Deus para
com essa pessoa se cumpre. A forma verbal grega
empregada indica que este pedido reconhece que ainda não se está fazendo a
vontade de Deus na terra. Pede-se que acabe o reinado do pecado e que chegue o
momento quando a vontade de Deus seja tão universalmente cumprida na terra como
o é agora em todos os outros domínios da criação de Deus[6].
O REINO DE DEUS E A VONTADE DE
DEUS
Venha
a teu Reino, seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu.
A
frase O Reino de Deus é característica de todo o NT. É uma das frases que mais
se usam na oração, e na pregação, e na literatura cristã. É de importância
capital que saibamos o que quer dizer.
É
evidente que o Reino de Deus era a mensagem central de Jesus. A primeira vez
que apareceu no cenário da História foi quando chegou a Galileia pregando a Boa
Noticia do Reino de Deus (Marcos 1:14). Jesus mesmo descrevia
a pregação do Reino como a obrigação que se Lhe havia imposto:Vamos aos lugares
vizinhos para que preguem também ali, porque para isto tenho vindo (Marcos
1:38; Lucas 4:43). A descrição que nos faz Lucas da atividade de Jesus
é que Ele ia por todas as aldeias e povoados pregando e mostrando a Boa Noticia
do Reino de Deus (Lucas 8:1). Está claro que temos que tratar de entender o
significado do Reino de Deus.
Quando
assim fazemos nos encontramos com alguns fatores paradoxos. Encontramos que
Jesus falava do Reino de três maneiras diferentes.
1.
Falava do Reino como já existente no passado. Dizia que Abraão, Isaac e Jacó, e
todos os profetas pertenciam ao Reino Lá haverá choro e ranger de dentes, quando
virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém,
lançados fora (Lucas 13:28); Mas eu vos digo que virão muitos do oriente e do
ocidente e se assentarão a mesa, no Reino dos Céus, com Abraão, Isaac e Jacó (Mateus
8:11). Está claro que o Reino se remonta ao longo de tempo e na
História. Jesus falava do Reino como presente:O Reino de Deus, dizia está
no meio de vos (Lucas 17:21).
2.
O Reino de Deus é uma realidade presente aqui e agora.
3.
E falava do Reino de Deus como futuro, porque Ele ensinou a orar pela vinda do
Reino nesta Sua própria oração. Como pode ser o Reino passado, presente
e futuro a uma só vez? Como pode ser o Reino ao mesmo tempo algo que existiu,
que existe e cuja vinda estamos obrigados a pedir?
Encontramos
a chave desta dupla petição da Oração do Senhor. Uma das características mais
correntes do estilo literário hebraico
é a que se conhece tecnicamente como paralelismo. Em hebraico se tende a dizer a mesma coisa duas vezes. Dizia-se de uma
maneira, e logo de outra que repetia, ampliava ou explicava a primeira. Quase
em cada verso dos Salmos encontramos este paralelismo em
ação. Os versos se dividem em duas partes pelo centro; e a segunda parte
se repete, amplia ou explica a primeira parte.
Vamos
tomar alguns exemplos, e a matéria nos resultará mais clara:
Deus
é nosso refúgio e nossa força
Um
Socorro sempre alerta nos perigos. Salmo 46:1.
Iahweh dos Exércitos está
conosco,
Nossa fortaleza é o Deus de
Jacó. Salmo 46:7.
De Iahweh é a terra e o que
nela existe,
O
mundo e seus habitantes. Salmo 24:1.
Agora
apliquemos este principio aos dois pedidos da Oração do Senhor. Vejamos o
paralelismo:
Venha
o teu Reino
Seja
feita tua vontade na terra como no Céu.
Suponhamos
que o segundo pedido explica, amplia e define o primeira. Então temos a
perfeita definição do Reino de Deus:O Reino de Deus é uma sociedade na Terra em
que a vontade de Deus se faz tão perfeitamente como no Céu. Aqui temos a
explicação de como o Reino de Deus pode ser passado, presente e futuro, tudo ao
mesmo tempo. Qualquer pessoa que em qualquer momento da História fizer
perfeitamente a vontade de Deus, estará no Reino; porém, como o mundo está muito distante de ser um lugar em que a vontade
de Deus é realizada e universalmente, a consumação do Reino está todavia no
futuro, é algo pelo que devemos orar.
Estar no Reino é obedecer a vontade de Deus. Imediatamente
vemos que o Reino não é uma coisa que tem que ver primeiramente com as nações e
os povos e os países, mas com cada um de nos. O Reino é, de fato, o mais
pessoal do mundo. O Reino demanda a submissão de minha
vontade, meu coração, minha vida. O Reino vem só quando cada um de nos faz sua
própria e pessoal decisão e submissão.
Um chinês cristão fazia a conhecida oração:Senhor, aviva a Tua Igreja, começando por mim.
E nos poderíamos parafrasea-la e dizer:Senhor,
traze Teu reino, começando por mim. Orar pelo Reino do Céu é pedir que nos submetamos totalmente
nossas vontades a vontade de Deus.
Pelo que acabamos de ver resulta claro que o que há de
mais importante no mundo é obedecer a vontade de Deus; e o pedido mais
importante do mundo é: Faça tua vontade. Porém é igualmente
claro que a atitude mental e o tom de voz com que se faz este pedido supõe toda
a diferença do mundo.
1. Se pode dizer faça a tua vontade com um tom de
resignação derrotada, não porque se que dizer, mas porque se tem aceitado o
fato de que não se pode dizer outra coisa; pode-se dizer porque se tem aceitado
o fato de que Deus é demasiado poderoso, e é inútil darmos cabeçadas contra as
muralhas do universo. Se pode dizer pensando somente no poder indiscutível de
Deus, Aqui tem um ponto. Como dizia Umar Jayyâm:
Como com
peças de xadrez Ele brinca
no
tabuleiro de dias e de noites
movendo-as,
lhes dá o xeque e as mata
e as introduzem
na caixa sem reprovações.
Não admite
negação, nem ais, nem perguntas; de um lado a outro move o Jogador,
e quando te
derruba no tabuleiro, do resultado:Só ele sabe.
Uma pessoa pode aceitar a vontade de Deus pela simples
razão de que se dá conta que não pode fazer outra coisa.
2. Pode dizer faça tua vontade com um tom de
amargo ressentimento. Swinburne falava de sentir os pisões dos pés de ferro de
Deus, e do mal supremo: Deus. Beethoven estava só quando morreu; e se diz que
quando encontraram seu corpo tinha os lábios inchados com expressão de raiva e
os punhos fechados ameaçando ao Deus e ao Céu. Pode ser que considere Deus seu
inimigo, porém é um inimigo tão forte que é impossível resistir-lhe. Portanto,
pode ser que se aceite a vontade de Deus, porém com um ressentimento amargo e
uma raiva difícil mente contida.
3. Se pode dizer faça a tua vontade com perfeito amor
e confiança. Pode-se dizer feliz e voluntariamente, seja qual seja esta vontade.
Deveria ser fácil para um cristão dizer assim faça a tua vontade;
porque o cristão pode estar absolutamente seguro de duas coisas acerca de
Deus.
3.1. Pode estar seguro da sabedoria
de Deus. Algumas vezes, quando queremos edificar, alterar
ou reparar algo, consultamos a um técnico. Que faz algumas sugestões, e muitas
vezes acabamos dizendo:Bem, pois faça
como lhe parece. Você é quem conhece. Deus é o especialista da vida, e Sua
direção não nos desapontará nunca.
Quando mataram o reformista escocês Richard Cameron, lhe
cortaram a cabeça e as mãos e um certo Murray as levou a Edimburgo. Seu pai
estava preso pela mesma causa. O inimigo levou para acrescentar mais dor em sua
dura situação, e lhe perguntou se as conhecia. Tomando a cabeça e as mãos de
seu filho que eram muito formosas parecida
com a sua as beijou e disse:Eu conheço, as conheço. São as de meu filho,
meu querido filho. É ele, Senhor: Boa é a vontade do Senhor, Que não pode
fazer-nos dano nem a mim nem aos meus, mas tem um fato que sei que a sua
bondade e a sua misericórdia nos seguirão todos os dias de nossa vida. Alguém
só pode falar assim quando está totalmente seguro de que seus dias estão nas
mãos da infinita sabedoria de Deus é fácil dizer: Seja feita a tua vontade.
3.2. Pode estar seguro do amor
de Deus. Nós cristãos não cremos em um deus caprichoso e
vingativo, nem num fatalismo cego e cruel. Thomas Hardy acaba sua novela Tess com as sombrias
palavras: O Presidente dos imortais havia
terminado seu jogo divertido com Tess. Mas nos cremos
Qual
bálsamo que alivia - firme e a dura
dor
É
para a alma angustiada - saber que
Deus é amor.
Devoção
que proporciona - riquezas de grande
valor
É
para a alma salva - sentir
que Deus é amor.
E como dizia Paulo: Quem não poupou seu próprio Filho e o
entregou a todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com Ele (Romanos 8:32). Não se pode olhar a Cruz e seguir duvidando do amor de
Deus; e quando se está seguro do amor de Deus, é fácil dizer:Seja
feita a Tua vontade[7].
Reinos em Conflito
Venha
o Teu reino (Mateus 6:10).
Assim como em todo o restante
do Sermão do Monte, há na Oração do Senhor uma ordem lógica. As petições
seguem-se umas às outras numa seqüência necessária.
A oração, por exemplo, começa
pedindo que o nome de Deus seja santificado entre os homens. Mas no momento em
que essa petição é proferida, somos lembrados do fato de que o nome e a pessoa
de Deus não são assim geralmente santificados.
Por que, perguntamos nós, isso
acontece? Por que Deus não é honrado como deveria ser?
A resposta é tanto simples como
complexa. A resposta simples diz que foi o pecado que provocou esse estado de
coisas. A resposta torna-se mais complexa quando percebemos que existe outro
reino estabelecido na Terra em conflito com o reino de Deus.
Esse reino é o reino das
trevas, o reino de Satanás. A Bíblia não faz rodeios ao falar sobre o reino de
Satanás. O Evangelho de João chama Satanás de o príncipe deste mundo (João 12:31), enquanto Paulo o chama
de o príncipe das potestades do ar (Efésios
2:2). Novamente, Paulo escreve aos efésios que os cristãos precisam se
revestir de toda a armadura de Deus, porque nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra
as forças espirituais do mal, nas regiões celestes (Efésios 6:11 e 12).
Venha o Teu
reino permanece
como o centro do grande conflito entre Cristo e Satanás. E cada ser humano você
e eu é um soldado em um desses reinos. Estamos ativamente empenhados ou do
lado do Rei Jesus ou do lado de Satanás.
Como
estou hoje? Que reino estou promovendo? Como eu sei?[8].
Um Reino em Andamento
O
reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados
ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os
domínios o servirão e lhe obedecerão (Daniel 7:27).
Falar sobre o reino de Deus pode ser uma coisa um tanto
confusa, mesmo quando provém dos lábios de Jesus. A razão por que isso
acontece é que Ele fala do reino às vezes como estando no passado, outras
vezes como estando no presente e ainda outras vezes como estando no futuro.
Jesus deu a entender que o reino estava no passado quando
sugeriu que Abraão, Isaque, Jacó e os profetas haviam ingressado no reino em
seu tempo de vida (Lucas 13:28). Jesus falou do reino como estando no presente quando
observou que o reino de Deus está dentro de vós (Lucas 17:21). Também
ensinou repetidas vezes que o reino de Deus estava no futuro, quando mencionou
a segunda vinda, e mesmo quando ordenou aos discípulos que orassem pela vinda
do reino, enquanto viveu aqui.
Como, perguntamos nós, pode o reino ser passado, presente
e futuro? Como pode o reino ser um só, e ao mesmo tempo algo que existiu, que
existe e pelo qual é nosso dever orar?
A resposta encontra-se no fato de que a vinda do reino é
progressiva. A luta entre o Príncipe de Deus, Cristo, e o príncipe
deste mundo Satanás começou no Céu (Apocalipse
12:7 e 8), e
continuou na Terra durante todo o AT. Mesmo naquela época, alguns ficavam ao
lado do Senhor, enquanto outros a Ele se opunham. Mas com a vinda de Jesus, a
batalha pelo coração das pessoas e pelo governo de Deus entrou
Mas conquanto se possa pensar na chegada do reino como progressiva,
ela não é evolucionária. A segunda vinda trará uma drástica descontinuidade a
toda a história passada. Será Deus intervindo, de maneira inequívoca, na
história para reivindicar a Terra como Seu reino. Os cristãos esperam e oram
por esse acontecimento como por nenhum outro[9].
A Esperança Cristã
Então,
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da Terra se
lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
muita glória. E Ele enviará os Seus anjos, com grande clangor de trombeta, os
quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus (Mateus 24:30 e 31).
O grande acontecimento dos séculos é a segunda vinda de Jesus.
Devemos orar de maneira mais fervorosa por esse acontecimento, trabalhar mais
diligentemente em favor dele e pensar nele com maior frequência.
Uma das melhores descrições do advento encontra-se em O Grande Conflito. Daremos hoje uma amostra dessa descrição[10].
Nenhuma pena
humana pode descrever esta cena, mente alguma mortal é apta para conceber seu
esplendor. ...
O Rei dos
reis desce sobre a nuvem, envolto em fogo chamejante. Os céus enrolam-se como
um pergaminho, e a Terra treme diante dele, e todas as montanhas e ilhas se
movem de seu lugar...
Por entre
as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do
Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos
e, levantando as mãos para o céu, brada:Despertai, despertai, despertai, vós
que dormis no pó, e surgi! Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos
ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão... Do cárcere da morte vêm eles,
revestidos de glória imortal... E os vivos justos e os santos ressuscitados unem
as vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória...
Ele
mudará nosso corpo vil, modelando-o conforme Seu corpo glorioso... Os últimos
traços da maldição do pecado serão removidos...
Os
justos vivos são transformados num momento... Agora se tornam imortais, e com
os santos ressuscitados, são arrebatados para encontrar seu Senhor nos ares...
Criancinhas são levadas pelos santos anjos aos braços de suas mães. Amigos há
muito separados pela morte, reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com
cânticos de alegria ascendem juntamente para a cidade de Deus[11].
Trabalhar e Orar
E será
pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as
nações. Então, virá o fim (Mateus 24:14).
Jesus nos diz no Sermão do Monte para orarmos pela vinda
do reino. Mas em outros lugares nos diz que devemos fazer mais do que orar. Os
cristãos devem ser ativos em preparar o caminho para o reino. É disso que
tratam parábolas como a dos talentos.
Ora, é verdade que o reino de Deus encontra suas raízes no
coração humano convertido. Mas também é verdade que o que está no coração
flui para a vida. Isso acontece tanto no reino de Deus quanto no reino de
Satanás.
Em consequência disso, os cristãos farão mais do que
apenas orar pelo reino. Eles trabalharão ativamente, no poder do Espírito
Santo, para disseminar o reino aqui na Terra e preparar o caminho para a vinda
da plenitude do reino nas nuvens do céu.
É razoável que o reino se difunda através de cada ato de
bondade humana e compartilhamento do amor de Deus. Quando vivemos os princípios
cristãos, estamos expandindo as fronteiras do reino e fazendo recuar as
fronteiras do reino das trevas.
A preparação para a vinda do reino também acontece pela
pregação, conforme lemos em Mateus 24:14.
Os
reinos não vêm por acidente. Deus quer me usar hoje como agente na divulgação
de Seu reino[12].
Fazendo a Vontade
Faça-se a Tua vontade, assim na Terra como no Céu (Mateus
6:10).
Qual é a vontade de Deus que precisa ser feita? No
contexto do Sermão do Monte é, sem dúvida, fazer ou seguir as recomendações do
próprio sermão. Assim sendo, faça-se a Tua vontade significa ponha-se
1) Pratiquem as bem-aventuranças Mateus 5:2 a 12, por
exemplo, sendo humildes de espírito,
mansos, misericordiosos, pacificadores e assim por diante;
2) Sejam testemunhas de Deus como sal e luz, tanto na vida
diária como em sua consciente esfera de ação evangelística (Mateus
3) Vivam a largura e a profundidade plenas da lei,
chegando mesmo ao ponto de, como o Pai, ter maduro ou perfeito amor por seus inimigos (Mateus
4) Sejam inteiramente sinceros em seus atos de devoção ao
servir a Deus com um só propósito e se relacionem com Ele como Pai (Mateus
6:1 a 10).
Fazer a vontade Deus é seguir os ensinamentos de Jesus,
todos eles. Os que podem orar venha o Teu reino, devem certamente
desejar viver a vida do reino aqui na Terra. Assim sendo, a segunda petição
em Mateus
6:10 flui diretamente da primeira. Fazer a vontade de Deus é a
principal ocupação dos cidadãos do reino, tanto em sua existência presente
como no reino ainda por vir.
Fazer a vontade de Deus na Terra como é
feita no Céu nos ajuda a compreender a natureza cósmica da Oração do
Senhor. Estamos fazendo uma grandiosa oração quando oramos a Oração do Senhor.
As questões em jogo transcendem a existência terrena. Elas representam
princípios de importância eterna e universal. A expressão como no Céu nos ensina
que Deus tem um ativo empreendimento em andamento com os anjos nessa esfera
espiritual, além das fronteiras de nosso planeta lesionado pelo pecado.
Mesmo em nossa vida restrita, entramos em contato com
princípios galácticos:os próprios princípios que jazem no fundamento da saúde
do Universo de Deus.
Como cristãos, estamos comprometidos em fazer a vontade de
Deus em todos os aspectos de nossa vida:na escola, na família, no trabalho, na
recreação, em tudo.
Senhor, continua a nos ensinar a Tua vontade, para sermos
fiéis às palavras de Tua oração[13].
VENHA
O TEU REINO, é o segundo item da oração que Jesus ensinou. A palavra reino
é um pouco estranha aos nossos ouvidos ocidentais. Democracia é um termo que entendemos melhor. Nós exigimos o direito
de nos governarmos a nós mesmos.
Kipling, o
famoso poeta inglês, refere-se a nós como um povo onde cada homem coroa rei a seus tristes irmãos. Hoje em
dia, nós nos rebelamos contra a ideia de um governo ditatorial e totalitário. E
até existe quem vá ao ponto de destronar a Deus, em sua defesa do livre
arbítrio.
Temos
que nos lembrar, porém, de que em certo sentido o reino de Deus já veio. Suas
leis regem o Universo com absoluta autoridade.
–
O cientista conhece as leis de Deus.
Ele enxerga perfeitamente dentro da engrenagem precisa do cosmos.
–
Os médicos sabem que há leis que
dizem respeito ao equilíbrio do organismo. Quem as obedece tem boa saúde. A
desobediência a elas resulta em morte.
–
Os psiquiatras reconhecem que o
pensamento do homem tem que se ajustar a um padrão certo. Quem se desvia desta
linha reta, fica desequilibrado.
–
O sociólogo ensina que o bem de um é
o bem de todos. Nós estamos ligados uns aos outros pela fraternidade universal
que também é uma lei de Deus.
Deus
já estabeleceu seu reino sobre a Terra. Isto significa a supremacia de suas
leis e de seu domínio. Seu reino está aqui agora. Quer queiramos quer não, Ele
domina sobre nós. Como disse o profeta do passado: A alma que pecar, essa morrerá (Ezequiel
18:4).
Nós
temos um palácio do governo. Sabemos quem é o governador do Estado, e
conhecemos alguns membros do legislativo. Sabemos como as leis humanas são
criadas. Entretanto, toda e qualquer lei feita por governos humanos pode ser
vetada ou sofrer emendas, já que o futuro trará outros governantes, outros
legislativos.
Com
as leis de Deus isso não ocorre. Eu poderia rebelar-me contra a lei da
gravidade, por exemplo, e saltar da janela do último andar de um grande
edifício A única coisa que conseguiria era-me autodestruir. Minha atitude não
modificaria a lei. Por isso, se quero descer, tomo o elevador. Não seria isto,
porém, uma prova da supremacia da engenhosidade mecânica do homem, sobre a lei
de Deus? Não. Se o cabo de um elevador rebentar, ele cai também. Isso já
aconteceu mais de uma vez. O próprio fato de os construtores usarem cabos de
aço e fazerem inspeções regulares de seus carros é um atestado da validade
dessa lei de Deus, e de sua subordinação a ela.
O
mundo é o reino de Deus e se acha sob Seu domínio soberano, e sob Seu poder,
sendo totalmente controlado por leis divinas. Entretanto, pela sua
desobediência, o homem está indo em direção à autodestruição. Será que algum
dia vamos recobrar o juízo? Será que daremos suficiente reconhecimento à lei de
Deus para nos submetermos a ela e a obedecermos? Há muitos que respondem
negativamente. São homens tão depravados, tão corrompidos pelo egoísmo e estão
tão cegos pelo orgulho, que não enxergam o caminho certo, e mesmo que pudessem
obedecê-las não quereriam.
Por
isso, estamos constantemente ouvindo falar da destruição do mundo, e do inferno
como castigo inevitável. Estamos ouvindo o clamor de pretensos profetas que não
veem esperança para o mundo, mas apenas o terror do julgamento de um Deus
irado. Jesus, entretanto orou assim: Venha o teu reino! Naturalmente, ele
acreditava na concretização de tal fato, e não apenas na possibilidade de ele
se tornar realidade.
Houve
um dia em que Jesus cerrou definitivamente as portas de sua carpintaria.
Precisava começar a tratar dos negócios de seu Pai; trazer o reino de Deus a
terra. O texto de seu primeiro sermão foi: Arrependei-vos porque está próximo o reino
dos céus (Mateus 4:17). Era isto que ele pregava o tempo todo. Ele
nunca deixou de crer nisso e mesmo depois da ressurreição ele ainda falou aos
discípulos acerca do reino de Deus (Atos 1:3).
Quando
dissermos:Venha o teu reino, será bom enfatizarmos a palavra venha. Parece mais fácil dizer:Que se espalhe o teu reino. Pois não é
difícil orar pela conversão do povo e dar ofertas para missões. O difícil é
encarar honestamente os próprios pecados, arrepender-se e mudar de vida.
É
mais fácil fazer cruzadas pela paz mundial do que perdoar alguém que nos tenha
prejudicado de algum modo, ou a quem nós prejudicamos.
Davi Livingstone levou
aos selvagens a Palavra de Deus, mas antes, ele dedicou a si mesmo ao Senhor.
No último dia de sua vida, ele escreveu
Há
um verso das Escrituras que me perturba muito. Eu tenho gozado do abençoado
privilégio de pregar a muitas pessoas. Tenho falado em várias das maiores
igrejas do Estado. Nas conferências, todas as noites, o auditório tem ficado
repleto. Há, porém uma coisa que é mais difícil que pregar.
Venha
o Teu reino. Este pedido demonstra que olhei para dentro do
meu coração e desejo a ação do poder purificador de Deus
Ouvi
certa vez a história de um homem que possuía um cão muito fiel. Este senhor
mandou o cão vigiar sua marmita e por causa de sua obediência cega, pereceu em
um incêndio na floresta. Com lágrimas correndo pelo rosto, o velho explicou:Sempre tive que ser muito cauteloso com as
ordens que lhe dava, porque ele obedeceria a tudo.
É
isto que esta oração quer dizer.
Jesus
contou a seguinte parábola: O reino dos céus é também semelhante a um
que negocia e procura boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor,
vendeu tudo o que possuía, e a comprou (Mateus 13:45 e 46). As pérolas
que aquele homem vendeu eram resultado do labor de uma vida inteira.
Representavam tudo o que ele possuía. Contudo, encontrou uma pérola que valia
por todas as outras. Portanto, quando dizemos Venha o teu reino, isto
significa que estamos dispostos a renunciar a tudo o que possuímos para termos
a Deus. Ele quer tudo ou nada.
É
mais fácil para nós falarmos acerca dos pecados do mundo, da corrupção
política, dos males da bebida, da literatura e dos filmes pornográficos, dos inferninhos da cidade, ou dos incrédulos
da China. Mas antes de podermos orar pelos lugares onde não há o reino de Deus,
temos que tê-lo em nós mesmos.
Jonathan Edwards, um
dos mais poderosos pregadores da América, sabia disto. Ele afirmou certa vez: Quando vou pregar, tenho dois objetivos em
mente. Primeiro cada ouvinte deve entregar o coração a Jesus. Segundo,
independentemente das decisões dos outros, eu entregarei minha vida a Ele.
O
apóstolo disse:Longe de vós toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e
blasfêmias, e bem assim toda a malícia. Antes sede uns para com os outros
benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo
vos perdoou (Efésios 4:31 e 32).
É
isto que a vinda do reino de Deus significa para nós. Depois que ele vem, nós
poderemos divulgá-lo com grande poder. Os pecadores nunca serão defensores do
reino da justiça.
É
Venha
o teu reino! Depois que esta oração for respondida, então
não teremos mais dúvidas de que o poder do reino de Deus cobre a terra.
5. FAÇA-SE A TUA VONTADE, ASSIM NA TERRA
COMO NO CÉU
JESUS
ENSINA QUE, para orar com poder, temos que colocar Deus em nosso pensamento e
reconhecer Sua soberania. Devemos dizer: Seja feita a Tua vontade. É aqui que
muitas pessoas tropeçam, perdem o alento e se afastam de Deus. Eu creio saber a
causa disso.
Quando
estudava Psicologia na faculdade, formulei um teste de associação de ideias,
para aplicar às minhas congregações. Diria a palavra Natal, por exemplo, a uma pessoa e pediria a ela que dissesse a
primeira coisa que lhe viesse à mente, associada à palavra Natal. As respostas
que eu recebia eram quase sempre:Papai Noel, presentes, enfeites, etc.
Raramente alguém diria:Cristo. Cheguei à conclusão de que nós temos
comercializado e paganizado o nascimento do Senhor.
Eu
creio que, em certos limites, este teste é bastante válido.
Vamos
fazer uma prova agora mesmo. Eu mencionarei uma palavra. E você verificará qual
é o seu primeiro pensamento:vontade de
Deus. Que é que isto lhe sugere? A morte de um ente querido ou um grande
revés, uma enfermidade incurável ou um grande sacrifício? A maioria das pessoas
quando pensa
Talvez
uma das razões disto seja a oração de Jesus no Getsêmani. Não se faça a minha vontade, e,
sim, a tua (Lucas 22:42). E em consequência de sua submissão, ele se
encaminhou para o Calvário onde foi pregado numa cruz para morrer. E é assim
que vontade
de Deus e cruz acabam se tornando ideias sinônimas.
Mas
podemos recuar um pouco mais no tempo. Vejamos o caso de Jó. Ele perdeu sua
riqueza e os filhos; sofreu uma grave enfermidade, e sua esposa o abandonou. E
ele associou tudo isto à vontade de Deus, pois disse: O Senhor o deu e o Senhor o tomou
(Jó 1:21). E nós também, quando temos mágoas e tristezas, dizemos: É a
vontade de Deus. É muito natural que não desejemos tal vontade.
Parece-me
que a crença geral é que a intenção de Deus é tornar nossa vida desagradável,
como quando temos que ingerir remédios amargos, ou temos que ir ao dentista.
Pensamos que seríamos mais felizes se não nos submetêssemos à vontade de Deus.
Na realidade, nunca chegamos a dizer:Eu
me recuso a acatar a vontade de Deus. No entanto, afirmamos. Desta vez, vou fazer o que quero.
É
preciso que nos lembremos de que o amanhecer também é da vontade de Deus. A um
tempo de colheita que resulta em alimentos e vestuário para nós, e sem o qual
não haveria vida sobre a terra. Deus criou as estações do ano; portanto, o fato
de elas existirem também é parte da vontade de Deus. A verdade é que as coisas
boas da vida superam em muitos as más. Há mais alvoradas que ciclones.
As
pessoas nos EUA vivem em casas, que durante o inverno são aquecidas por meio do
vapor da água. Gozam também do conforto do gás encanado, que vem diretamente à
sua casa, mas muito antes de nós nascermos, Deus já o tinha estocado no solo,
para seu bem-estar. Na verdade, as geadas invernais são da vontade de Deus, mas
o aquecimento artificial também foi Deus quem providenciou para eles.
A
maneira como encaramos a vontade de Deus é que mostrará se nós a aceitamos de
bom grado ou nos esquivamos dela.
Jesus
disse: Seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu. Ele disse:
como
no Céu. Em que é que pensamos quando a palavra Céu nos vem à mente?
Pensamos em paz, plenitude, perfeita alegria e a ausência de dores, sofrimentos
e lágrimas. João viu tudo isso, e o registrou
Jesus
disse que isto é a vontade de Deus para nós. Antes que possamos dizer: Seja
feita a tua vontade... Nós temos que crer que ela é a melhor coisa para
nós. Muitas vezes nós nos preocupamos com as situações imediatas enquanto Deus
vê nossa vida como um todo.
Tomemos
o exemplo de dois estudantes. É vontade do seu professor que eles dediquem
bastante tempo a um estudo aplicado. Um deles, porém, se rebela contra essa
imposição desagradável, e como quer se divertir resolve ir ao cinema. É
provável até que ele abandone os estudos para poder viver despreocupadamente O
outro se dedica aos livros, embora isto lhe seja penoso. Vejamos estes mesmos
rapazes dez ou vinte anos mais tarde. O primeiro agora é grandemente
prejudicado pela sua ignorância. Enfrenta muitas dificuldades e contratempos
por causa de sua falta de preparo. O outro é mais livre, mais feliz e sua vida
é menos penosa, mais compensadora, porque ele se preparou convenientemente.
Foi
assim com José, o filho predileto de Jacó. Seu lar era um lugar feliz. Mas o
ciúme que brotou no coração de seus irmãos fez com que estes o jogassem numa
cova escura, e depois o vendessem como escravo. Mais tarde, aqueles mesmos
irmãos tiveram que ir a ele, num momento de necessidade. A palavra de José para
eles foi:Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos
por me haverdes vendido para aqui; porque para conservação da vida, Deus me
enviou adiante de vós (Gênesis 45:5).
É
lógico que os primeiros tempos foram muito difíceis para José, mas ele não
desesperou da fé, e nunca arredou de sua posição, de modo que, no fim da vida,
ele podia olhar para trás e sentir o mesmo que sentiu o personagem da peça Hamlet de Shakespeare quando afirmou: Existe uma divindade que dá forma aos nossos
objetivos. A submissão de nosso Senhor, ocorrida no Getsêmani, seguiu-se
uma cruz, mas depois da cruz houve um túmulo vazio e um mundo redimido.
Às
vezes, não é Deus quem nos leva aos vales profundos e às águas escuras. Pode
ser a ignorância e a imprudência humanas. Entretanto, mesmo em tais
circunstâncias, podemos sentir sua presença, porque de nossos erro Deus pode
tirar algo de positivo para nós. Não foi Deus quem enviou a tragédia à vida de
Jó, mas como a sua fé resistiu, o Senhor usou todas aquelas tristezas para o
bem dele. É maravilhoso o que Deus pode fazer com um coração ferido, quando nós
o entregamos a Ele.
A
vontade de Deus não somente é o melhor para nós; ela também se encontra ao
nosso alcance. Muitos se retraem diante da vontade de Deus por temerem que o
Senhor lhes peça que façam algo que não podem fazer. Foi o caso do homem que
recebeu um talento, e enterrou-o. Depois, ao explicar a razão daquele fracasso,
e o porquê de nem ao menos ter tentado a mínima aplicação, ele disse:Senhor,
sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste, ele disse, e ajuntas
onde não espalhaste receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é
teu (Mateus 25:24 e 25).
Ele
estava receoso de exigências absurdas por parte de seu senhor. Cria que, mesmo
que ele fizesse o melhor que pudesse, não conseguiria agradá-lo. Há muitas
coisas que não podemos fazer. Por exemplo, são relativamente poucas as pessoas
que possuem habilidades artísticas. A capacidade de liderança também é outro
dom que a maioria das pessoas não possui. E poderíamos enumerar milhares de
exemplos deste tipo.
De
uma coisa, porém, podemos estar certos:nós todos podemos fazer a vontade de
Deus. Moisés pensou que ele não poderia. Quando Deus o chamou para livrar os
filhos de Israel da escravidão, começou a arranjar desculpas. Ele cria
sinceramente que aquilo estava acima de suas possibilidades. No entanto, ele
conseguiu. Nós todos podemos dizer: Faça-se a tua vontade, com toda a
confiança, porque Deus é um Pai amoroso, que conhece seus filhos melhor do que
eles próprios. Ele exige de nós o máximo que podemos dar, mas nada, além disso.
.
Orar
Faça-se
a Tua vontade é o mesmo que alistar-se num exército para combater na
guerra.
Em
1872, William Carey pregou um sermão baseado no texto:Alarga o espaço da tua tenda;
estenda-se o toldo da tua habitação, não o impeças; alonga as tuas cordas e
firma bem as tuas estacas (Isaías 54:2). Foi uma das mensagens mais eloquentes
que alguém já pregou, pois dela resultou a criação da Sociedade Batista
Missionária, cuja história não caberia
O
importante, porém, é que ele não se contentou em apenas pregar sobre missões;
ele abandonou tudo e foi para a Índia como missionário. Ele realmente orou:Assim
na Terra como no Céu. E, para ele, aquilo significava a Terra toda,
pois dedicou a vida a ver sua própria oração respondida.
Um pastor recebeu uma carta de uma
pessoa que lhe solicitava que orasse
a Deus para que ele não deixasse mais nenhuma criança ser atacada de
poliomielite. Ela mencionava o seguinte verso:Assim, pois, não é da vontade de
vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos (Mateus 18:14).
Sendo pai de três filhos, é certo que o pastor gostaria de ver a poliomielite
erradicada completamente.
Tenho
certeza de que nós podemos ver esta oração respondida à hora que desejarmos. No
entanto, é preciso notar que, no orçamento da nação, dedicam-se bilhões de
dólares à corrida armamentista. Mas quando pensamos em pólio, realizamos apenas
uma March of Dimes, Campanha dos tostões.
Quem sabe se utilizássemos em pesquisas o dinheiro empregado em bombas
atômicas, não encontraríamos a cura não só para a poliomielite, mas também para
o câncer, a artrite, e muitas outras enfermidades.
Contudo,
nós somos forçados a manter este amplo programa de defesa. E de quem é a culpa?
Se nós tivéssemos empregado em trabalho missionário no Japão uma quantia
equivalente ao preço de uma daquelas naves de guerra afundadas em Pearl Harbor,
talvez nem houvesse a Segunda Grande Guerra. Se tivéssemos mantido o espírito cristão
na Alemanha, logo após a Primeira Guerra, talvez Hitler nem chegasse a ser
conhecido.
Na
realidade, a vontade de Deus está
E
a vontade de Deus está operando
É
como disse o poeta britânico, Tennyson:
Nossa vontade é nossa; não
sabemos por quê.
Nossa vontade é nossa, para
torná-la Tua.
Como
podemos saber a vontade de Deus para nossa vida? Muitos nunca a saberão, pois
Deus não Se revela a quem não O busca com seriedade. Ninguém pode entrar em Sua
santa presença apressadamente. Quem diz: Senhor,
aqui está minha vontade; espero que Tu a aproves, está perdendo tempo.
Somente aqueles que sinceramente desejam fazer a vontade de Deus e confiam Nele
o suficiente para se submeterem completamente a ela, irão realmente conhecê-la.
É inútil dizer a Deus:Senhor mostra-me a
Tua vontade; se eu gostar dela, eu a aceitarei. Temos que aceitá-la antes
mesmo de conhecê-la. As possibilidades que temos de assim agir dependem de
nosso conceito de Deus.
Deus
revela sua vontade de muitos modos aos que são genuinamente sinceros. Nós
aprendemos, muitas coisas pelo discernimento interior. Um psiquiatra
declarou-me certa vez: Uma pessoa tem ou
não tem discernimento. Ele não pode ser adquirido por aprendizado. É algo
que Deus nos dá.
Tenho
conversado com pessoas que têm problemas de difícil solução. Elas passam horas
e horas virando-se na cama, tentando dormir, mas não conseguem, por causa de
seus problemas Algumas vêm ao meu gabinete pastoral e ali, no silêncio e na
calma, nós conversamos acerca de Deus e de seu amor e cuidado por nós. Primeiro
oramos e depois falamos sobre o problema. E muitas vezes, tenho visto o rosto
da pessoa se iluminar de alegria ao receber a resposta da oração e a solução de
seu problema. Eu diria que Deus lhe deu discernimento. Alguns chamam a isto de revelação interior.
Deus
também pode revelar-nos Sua vontade através de terceiros ou de circunstâncias
especiais, através de experiências da História, ou da descoberta de Suas leis
pelos pesquisadores científicos ou ainda através de Sua Igreja. É naturalmente,
nós descobrimos a vontade de Deus também ao estudarmos a vida e os ensinos de
Cristo.
Eu
possuo um rádio no carro. Quando estou na cidade, posso ouvir bem todas as
emissoras de Porto Alegre. Mas, se me afasto um pouco da cidade, o som da
estação fica bem fraco. O rádio ainda está ligado na mesma emissora, que ainda
transmite na mesma frequência. Fui eu quem me afastei demais. O mesmo acontece
com a voz de Deus. Muitos não ouvem sua voz, porque se afastam demais dele.
A
certeza de estarmos fazendo a vontade de Deus é nossa melhor arma para combater
os temores e preocupações. O grande poeta Dante disse:Em sua vontade, está a nossa paz. Render-se à vontade Dele elimina
a apreensão pelo futuro. Não sabemos com absoluta certeza que, se nós fizermos
a vontade Dele hoje, o amanhã será regido pela vontade Dele também. E não estou
sendo fatalista, pois, como o salmista, eu também posso dizer: Jamais
vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão (Salmo 37:35).
Quando
nos submetemos à vontade de Deus hoje, o Senhor passa a se responsabilizar pelo
nosso futuro.
Resumindo,
Jesus nos ensina então que os três primeiros pedidos de nossa oração devem ser
feitos com os olhos fixos em Deus. Haverá o momento de apresentarmos nossas
necessidades. Jesus nos assegura que é correto orar por nós mesmos, mas antes
de podermos apresentar nossos problemas a Deus, Ele deve ocupar nossa mente. Só
então é que estamos preparados para pedir-Lhe bênçãos para nós[14].
O
REINO DA GLÓRIA
O Final e Glorioso
Triunfo
Ao fim dos mil anos,
Cristo volta novamente a Terra. É acompanhado pelo exército dos remidos, e
seguido por um cortejo de anjos. Descendo com grande majestade, ordena aos
ímpios mortos que ressuscitem para receber a condenação. Surgem estes como um
grande exército, inumerável como a areia do mar. Que contraste com aqueles que
ressurgiram na primeira ressurreição! Os justos estavam revestidos de imortal
juventude e beleza. Os ímpios trazem os traços da doença e da morte.
Todos os olhares
daquela vasta multidão se voltam para contemplar a glória do Filho de Deus. A
uma voz, as hostes dos ímpios exclamam: Bendito o que vem
Cristo desce sobre o
Monte das Oliveiras, donde, depois de Sua ressurreição, ascendeu, e onde anjos
repetiram a promessa de Sua volta. Diz o profeta:Virá o Senhor meu Deus, e todos
os santos contigo. E naquele dia estarão os Seus pés sobre o Monte das
Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o Monte das
Oliveiras será fendido pelo meio,... E haverá um vale muito grande. O Senhor
será Rei sobre toda a Terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o Seu nome
(Zacarias 14:5 4 e 9). Descendo do Céu a Nova Jerusalém em seu
deslumbrante resplendor, repousa sobre o lugar purificado e preparado para
recebê-la, e Cristo, com Seu povo e os anjos, entram na santa cidade.
Agora Satanás se
prepara para a última e grande luta pela supremacia. Enquanto despojado de seu
poder e separado de sua obra de engano, o príncipe do mal se achava infeliz e
abatido; mas, sendo ressuscitados os ímpios mortos, e vendo ele as vastas
multidões a seu lado, revivem-lhe as esperanças, e decide-se a não render-se no
grande conflito. Arregimentará sob sua bandeira todos os exércitos dos
perdidos, e por meio deles se esforçará por executar seus planos. Os ímpios são
cativos de Satanás. Rejeitando a Cristo, aceitaram o governo do chefe rebelde.
Estão prontos para receber suas sugestões e executar-lhe as ordens. Contudo,
fiel à sua astúcia original, ele não se reconhece como Satanás. Pretende ser o
príncipe que é o legítimo dono do mundo, e cuja herança foi dele ilicitamente
extorquida. Representa-se a si mesmo, ante seus súditos iludidos, como um
redentor, assegurando-lhes que seu poder os tirou da sepultura, e que ele está
prestes a resgatá-los da mais cruel tirania. Havendo sido removida a presença
de Cristo, Satanás opera maravilhas para apoiar suas pretensões. Faz do fraco
forte, e a todos inspira com seu próprio espírito e energia. Propõe-se guiá-los
contra o acampamento dos santos e tomar posse da cidade de Deus. Com diabólica
exultação aponta para os incontáveis milhões que ressuscitaram dos mortos, e
declara que como seu guia é muito capaz de tomar a cidade, reavendo seu trono e
reino.
Naquela vasta
multidão há muitos que pertenceram à raça de grande longevidade que existiu antes
do dilúvio; homens de estatura elevada e gigantesco intelecto, os quais,
entregando-se ao domínio dos anjos caídos, dedicaram toda a sua habilidade e
saber à exaltação própria; homens cujas maravilhosas obras de arte levaram o
mundo a lhe idolatrar o gênio, mas cuja crueldade e invenções más, contaminando
a Terra e desfigurando a imagem de Deus, fizeram-nO exterminá-los da face de
Sua criação. Há reis e generais que venceram nações, homens valentes que nunca
perderam batalha, guerreiros orgulhosos, ambiciosos, cuja aproximação fazia
tremer os reinos. Na morte não experimentaram mudança alguma. Ao subirem da
sepultura, retomam o fio de seus pensamentos exatamente onde ele cessou. São
movidos pelo mesmo desejo de vencer, que os governava quando tombaram.
Satanás consulta
seus anjos, e depois esses reis, vencedores e guerreiros poderosos. Olham para
a força e número ao seu lado, e declaram que o exército dentro da cidade é
pequeno em comparação com o seu, podendo ser vencido. Formulam seus planos para
tomar posse das riquezas e glória da Nova Jerusalém. Todos imediatamente
começam a preparar-se para a batalha. Hábeis artífices constroem petrechos de
guerra. Chefes militares, famosos por seus êxitos, arregimentam em companhias e
seções as multidões de homens aguerridos.
Finalmente é dada a
ordem de avançar, e o inumerável exército se põe em movimento, exército tal
como nunca foi constituído por conquistadores terrestres, tal como jamais
poderiam igualar as forças combinadas de todas as eras, desde que a guerra
existe sobre a Terra. Satanás, o mais forte dos guerreiros, toma à dianteira, e
seus anjos unem as forças para esta luta final. Reis e guerreiros estão em seu
séquito, e as multidões seguem em vastas companhias, cada qual sob as ordens de
seu designado chefe. Com precisão militar as fileiras cerradas avançam pela
superfície da Terra, quebrada e desigual, em direção à cidade de Deus. Por
ordem de Jesus são fechadas as portas da Nova Jerusalém, e os exércitos de
Satanás rodeiam a cidade, preparando-se para o assalto.
Agora Cristo de novo
aparece à vista de Seus inimigos. Muito acima da cidade, sobre um fundamento de
ouro polido, está um trono, alto e sublime. Sobre este trono assenta-Se o Filho
de Deus, e em redor Dele estão os súditos de Seu reino. O poder e majestade de
Cristo nenhuma língua os pode descrever, nem pena alguma retratar. A glória do
Pai eterno envolve Seu Filho. O resplendor de Sua presença enche a cidade de
Deus e estende-se para além das portas, inundando a Terra inteira com seu
fulgor.
Mais próximo do
trono estão os que já foram zelosos na causa de Satanás, mas que, arrancados
como tições do fogo, seguiram seu Salvador com devoção profunda, intensa. Em
seguida estão os que aperfeiçoaram um caráter cristão em meio de falsidade e
incredulidade, os que honraram a lei de Deus quando o mundo cristão a declarava
nula, e os milhões de todos os séculos que se tornaram mártires pela sua fé. E
além está a multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e
povos, e línguas... Trajando vestidos brancos e com palmas em suas mãos (Apocalipse
7:9). Terminou a sua luta, a vitória está ganha. Correram no estádio e
alcançaram o prêmio. O ramo de palmas em suas mãos é um símbolo de seu triunfo,
as vestes brancas, um emblema da imaculada justiça de Cristo, a qual agora
possuem.
Os resgatados entoam
um cântico de louvor que ecoa repetidas vezes pelas abóbadas do Céu: Salvação
ao nosso Deus que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E anjos e
serafins unem sua voz em adoração. Tendo os remidos contemplado o poder e
malignidade de Satanás, viram, como nunca dantes, que poder algum, a não ser o
de Cristo, poderia tê-los feito vencedores. Em toda aquela resplendente
multidão ninguém há que atribua a salvação a si mesmo, como se houvesse prevalecido
pelo próprio poder e bondade. Nada se diz do que fizeram ou sofreram; antes, o
motivo de cada cântico, a nota fundamental de toda antífona, é:Salvação
ao nosso Deus, e ao Cordeiro.
Na presença dos
habitantes da Terra e do Céu, reunidos, é efetuada a coroação final do Filho de
Deus. E agora, investido de majestade e poder supremos, o Rei dos reis
pronuncia a sentença sobre os rebeldes contra Seu governo, e executa justiça
sobre aqueles que transgrediram Sua lei e oprimiram Seu povo. Diz o profeta de
Deus:Vi
um grande trono branco, e O que estava assentado sobre ele, de cuja presença
fugiu a Terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes
e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se
outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que
estavam escritas nos livros, segundo as suas obras (Apocalipse 20:11 e 12).
Logo que se abrem os
livros de registro e o olhar de Jesus incide sobre os ímpios, eles se tornam
cônscios de todo pecado cometido. Veem exatamente onde seus pés se desviaram do
caminho da pureza e santidade, precisamente até onde o orgulho e rebelião os
levaram na violação da lei de Deus. As sedutoras tentações que incentivaram na
condescendência com o pecado, as bênçãos pervertidas, os mensageiros de Deus
desprezados, as advertências rejeitadas, as ondas de misericórdia rebatidas
pelo coração obstinado, impenitente, tudo aparece como que escrito com letras
de fogo.
Por sobre o trono se
revela a cruz; e semelhante a uma vista panorâmica aparecem às cenas da
tentação e queda de Adão, e os passos sucessivos no grande plano para redimir
os homens. O humilde nascimento do Salvador; Sua infância de simplicidade e
obediência; Seu batismo no Jordão; o jejum e tentação no deserto; Seu ministério
público, desvendando aos homens as mais preciosas bênçãos do Céu; os dias
repletos de atos de amor e misericórdia, Suas noites de oração e vigília na
solidão das montanhas; as tramas de inveja, ódio e maldade, com que eram
retribuídos os Seus benefícios; a agonia terrível e misteriosa no Getsêmani,
sob o peso esmagador dos pecados do mundo inteiro; Sua traição nas mãos da
turba assassina; os tremendos acontecimentos daquela noite de
horror, o Prisioneiro que não opunha resistência, abandonado por Seus
discípulos mais amados, rudemente empurrado pelas ruas de Jerusalém; o Filho de
Deus exultantemente exibido perante Anás, citado ao palácio do sumo sacerdote,
ao tribunal de Pilatos, perante o covarde e cruel Herodes, escarnecido,
insultado, torturado e condenado à morte, tudo é vividamente esboçado.
E agora, perante a
multidão agitada, revelam-se as cenas finais, o paciente Sofredor trilhando o
caminho do Calvário, o Príncipe do Céu suspenso na cruz; os altivos sacerdotes
e a plebe zombeteira a escarnecer de Sua agonia mortal, as trevas
sobrenaturais; a Terra a palpitar, as pedras despedaçadas, as sepulturas
abertas, assinalando o momento
O terrível
espetáculo aparece exatamente como foi. Satanás, seus anjos e súditos não têm
poder para se desviarem do quadro que é a sua própria obra. Cada ator relembra
a parte que desempenhou. Herodes, matando as inocentes crianças de Belém, a fim
de que pudesse destruir o Rei de Israel; a vil Herodias, sobre cuja alma criminosa
repousa o sangue de
Entre a multidão
resgatada acham-se os apóstolos de Cristo, o heroico Paulo, o ardoroso Pedro, o
amado e amante João, e seus fiéis irmãos, e com estes o vasto exército dos
mártires, ao passo que, fora dos muros, com tudo o que é vil e abominável,
estão aqueles pelos quais foram perseguidos, presos e mortos. Ali está Nero,
aquele monstro de crueldade e vício, contemplando a alegria e exaltação
daqueles que torturara, e em cujas aflições extremas encontrara deleite
satânico. Sua mãe ali está para testemunhar o resultado de sua própria obra;
para ver como os maus traços de caráter transmitidos a seu filho, as paixões
incentivadas e desenvolvidas por sua influência e exemplo, produziram frutos
nos crimes que fizeram o mundo estremecer.
Ali estão sacerdotes
e prelados romanistas, que pretendiam ser embaixadores de Cristo e, no entanto,
empregaram a tortura, a masmorra, a fogueira para dominar a consciência de Seu
povo. Ali estão os orgulhosos pontífices que se exaltaram acima de Deus e
pretenderam mudar a lei do Altíssimo. Aqueles pretensos pais da igreja têm uma
conta a prestar a Deus, da qual muito desejariam livrar-se. Demasiado tarde
chegam a ver que o Onisciente é zeloso de Sua lei, e que de nenhuma maneira
terá por inocente o culpado. Aprendem agora que Cristo identifica Seu interesse
com o de Seu povo sofredor; e sentem a força de Suas palavras:Quando
o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes (Mateus 25:40).
O mundo ímpio todo
se acha em julgamento perante o tribunal de Deus, acusado de alta traição
contra o governo do Céu. Ninguém há para pleitear sua causa; estão sem
desculpa; e a sentença de morte eterna é pronunciada contra eles.
É agora evidente a
todos que o salário do pecado não é nobre independência e vida eterna, mas
escravidão, ruína e morte. Os ímpios veem o que perderam em virtude de sua vida
de rebeldia. O peso eterno de glória mui excelente foi desprezado quando lhes
foi oferecido; mas quão desejável agora se mostra! Tudo isto, exclama a alma
perdida, eu poderia ter tido; mas preferi conservar estas coisas longe de mim.
Oh! Estranha presunção! Troquei a paz, a felicidade e a honra pela miséria,
infâmia e desespero. Todos veem que sua exclusão do Céu é justa. Por
sua vida declararam:Não queremos que este Jesus reine sobre nós.
Como que extasiados,
os ímpios contemplam a coroação do Filho de Deus. Veem em Suas mãos as tábuas
da lei divina, os estatutos que desprezaram e transgrediram. Testemunham o
irromper de admiração, transportes e adoração por parte dos salvos, e, ao
propagar-se a onda de melodia sobre as multidões fora da cidade, todos, a uma,
exclamam:Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso!
Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos (Apocalipse 15:3);
e, prostrando-se, adoram o Príncipe da vida.
Satanás parece
paralisado ao contemplar a glória e majestade de Cristo. Aquele que fora um
querubim cobridor lembra-se donde caiu. Ele, um serafim resplandecente, filho
da alva quão mudado, quão degradado! Do conselho onde tantas honras
recebera, está para sempre excluído. Vê que agora outro se encontra perto do
Pai, velando Sua glória. Viu ser colocada a coroa sobre a cabeça de Cristo por
um anjo de elevada estatura e presença majestosa, e sabe que a exaltada posição
deste anjo poderia ter sido sua.
A memória recorda o
lar de sua inocência e pureza, a paz e contentamento que eram seus até haver
condescendido
O objetivo do grande
rebelde foi sempre justificar-se, e provar ser o governo divino responsável
pela rebelião. A esse fim aplicou todo o poder de seu pujante intelecto. Trabalhou
deliberada e sistematicamente, e com maravilhoso êxito, levando vastas
multidões a aceitar seu modo de ver quanto ao grande conflito que há tanto
tempo se vem desenvolvendo. Durante milhares de anos esse chefe conspirador tem
apresentado a falsidade em lugar da verdade. Mas agora chegado é o tempo em que
a rebelião deve ser finalmente derrotada, e descobertos a história e caráter de
Satanás. Em seu último e grande esforço para destronar a Cristo, destruir Seu
povo e tomar posse da cidade de Deus, o arquienganador foi completamente
desmascarado. Os que a ele se uniram, veem o fracasso completo de sua causa. Os
seguidores de Cristo e os anjos leais contemplam a extensão total de suas
maquinações contra o governo de Deus. É ele objeto de aversão universal.
Satanás vê que sua
rebelião voluntária o inabilitou para o Céu. Adestrou suas faculdades para
guerrear contra Deus; a pureza, paz e harmonia do Céu ser-lhe-iam suprema
tortura. Suas acusações contra a misericórdia e justiça de Deus silenciaram
agora. A exprobração que se esforçou por lançar sobre Iahweh repousa
inteiramente sobre ele. E agora Satanás se curva e confessa a justiça de sua
sentença.
Quem Te não temerá,
ó Senhor, e não magnificará o Teu nome? Porque só Tu és santo; por isso todas
as nações virão, e se prostrarão diante de Ti, porque os Teus juízos são
manifestos (Apocalipse 15:4). Todas as questões sobre a verdade e o erro no
prolongado conflito foram agora esclarecidas. Os resultados da rebelião, os
frutos de se porem de parte os estatutos divinos, foram patenteados à vista de
todos os seres criados. Os resultados do governo de Satanás em contraste com o
de Deus foram apresentados a todo o Universo. As próprias obras de Satanás o
condenaram. A sabedoria de Deus, Sua justiça e bondade, acham-se plenamente
reivindicadas. Vê-se que toda a Sua ação no grande conflito foi orientada com
respeito ao bem eterno de Seu povo, e ao bem de todos os mundos que criou.
Todas
as Tuas obras Te louvarão, ó Senhor, e os Teus santos Te bendirão (Salmo 145:10).
A história do pecado permanecerá por toda a eternidade como testemunha de que à
existência da lei de Deus se acha ligada a felicidade de todos os seres por Ele
criados. À vista de todos os fatos do grande conflito, o Universo inteiro,
tanto os que são fiéis como os rebeldes, de comum acordo declara:Justos
e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos.
Perante o Universo
foi apresentado claramente o grande sacrifício feito pelo Pai e o Filho em prol
do homem. É chegada a hora em que Cristo ocupa a Sua devida posição, sendo
glorificado acima dos principados e potestades, e sobre todo o nome que se
nomeia. Foi pela alegria que Lhe estava proposta, a fim de poder trazer muitos
filhos à glória, que Ele suportou a cruz e desprezou a ignomínia. E por inconcebivelmente
grande que tivessem sido a tristeza e a ignomínia, todavia maiores são a
alegria e a glória. Ele olha para os remidos, renovados em Sua própria imagem,
trazendo cada coração a impressão perfeita do divino, refletindo cada rosto a
semelhança de seu Rei. Contempla neles o resultado das fadigas de Sua alma, e
fica satisfeito. Então, com voz que atinge as multidões congregadas dos justos
e ímpios, declara:Eis a aquisição de Meu sangue! Por estes sofri, por estes morri, a fim
de que pudessem morar em Minha presença pelas eras eternas. E sobe o
cântico de louvor dos que estão vestidos de branco em redor do trono:Digno
é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e
força, e honra e glória, e ações de graças (Apocalipse 5:12).
Apesar de ter sido
Satanás constrangido a reconhecer a justiça de Deus e a curvar-se à supremacia
de Cristo, seu caráter permanece sem mudança. O espírito de rebelião, qual
poderosa torrente, explode de novo. Cheio de frenesi, decide-se a não capitular
no grande conflito. Chegado é o tempo para uma última e desesperada luta conta
o Rei do Céu. Arremessa-se para o meio de seus súditos e esforça-se por
inspirá-los com sua fúria, incitando-os a uma batalha imediata. Mas dentre
todos os incontáveis milhões que seduziu à rebelião, ninguém há agora que lhe
reconheça a supremacia. Seu poder chegou ao fim. Os ímpios estão cheios do
mesmo ódio a Deus, o qual inspira Satanás; mas veem que seu caso é sem
esperança, que não podem prevalecer contra Iahweh. Sua ira se acende contra
Satanás e os que foram seus agentes no engano, e com furor de demônios
voltam-se contra eles.
Diz o Senhor:Pois
que estimas o teu coração, como se fora o coração de Deus, eis que Eu trarei
sobre ti estranhos, os mais formidáveis dentre as nações, os quais
desembainharão as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e mancharão
o teu resplendor. À cova te farão descer. E te farei perecer, ó querubim
protetor, entre pedras afogueadas... Por terra te lancei diante dos reis te
pus, para que olhem para ti... E te tornei em cinza sobre a Terra, aos olhos de
todos os que te veem... Em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás para
sempre. (Ezequiel 28:6 a 8, 16 a19).
Toda a armadura
daqueles que pelejam com ruído, e os vestidos que rolavam no sangue serão
queimados, servirão de pasto ao fogo. A indignação do Senhor está sobre todas
as nações, e o Seu furor sobre todo o exército delas:Ele as destruiu
totalmente, entregou-as à matança. Sobre os ímpios fará chover laços, fogo,
enxofre, e vento tempestuoso; eis a porção do seu copo (Isaías 9:5; 34:2; Salmo
11:6).
De Deus desce fogo do céu. A terra se fende. São retiradas as armas escondidas
Os ímpios recebem
sua recompensa na Terra (Provérbios 11:31). Serão como a palha; e o
dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos (Malaquias 4:1).
Alguns são destruídos em um momento, enquanto outros sofrem muitos dias. Todos
são punidos segundo as suas ações. Tendo sido os pecados dos justos
transferidos para Satanás, tem ele de sofrer não somente pela sua própria rebelião,
mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer. Seu castigo deve ser
muito maior do que o daqueles a quem enganou. Depois que perecerem os que pelos
seus enganos caíram, deve ele ainda viver e sofrer. Nas chamas purificadoras os
ímpios são finalmente destruídos, raiz e ramos, Satanás a raiz, seus seguidores
os ramos. A penalidade completa da lei foi aplicada; satisfeitas as exigências
da justiça; e o Céu e a Terra, contemplando-o, declaram a justiça de
Iahweh.
Está para sempre
terminada a obra de ruína de Satanás. Durante seis mil anos efetuou a sua
vontade, enchendo a Terra de miséria e causando pesar por todo o Universo. A
criação inteira tem igualmente gemido e estado em dores de parto. Agora as
criaturas de Deus estão para sempre livres de sua presença e tentações. Já
descansa, já está sossegada toda a Terra! Exclamam os justos com júbilo (Isaías 14:7).
E uma aclamação de louvor e triunfo sobe de todo o Universo fiel. A voz
de uma grande multidão, como a voz de muitas águas, e a voz de fortes trovões,
é ouvida, dizendo:Aleluia! Pois o Senhor Deus onipotente reina (Apocalipse 19:6).
Enquanto a Terra
está envolta nos fogos da destruição, os justos habitam
Vi um novo céu, e
uma nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram (Apocalipse
21:1).
O fogo que consome os ímpios purifica a Terra. Todo vestígio de maldição é
removido. Nenhum inferno a arder eternamente conservará perante os resgatados
as terríveis consequências do pecado.
Apenas uma lembrança
permanece:nosso Redentor sempre levará os sinais de Sua crucifixão. Em Sua
fronte ferida, em Seu lado, em Suas mãos e pés, estão os únicos vestígios da
obra cruel que o pecado efetuou. Diz o profeta, contemplando Cristo em Sua
glória:Raios brilhantes saíam da Sua mão, e ali estava o esconderijo da Sua
força (Habacuque 3:4). Suas mãos, Seu lado ferido donde fluiu a
corrente carmesim, que reconciliou o homem com Deus, ali está à glória do
Salvador, ali está o esconderijo da Sua força. Poderoso para salvar mediante o
sacrifício da redenção foi Ele, portanto, forte para executar justiça sobre
aqueles que desprezaram a misericórdia de Deus. E os sinais de Sua humilhação
são a Sua mais elevada honra; através das eras intérminas os ferimentos do
Calvário Lhe proclamarão o louvor e declararão o poder.
E a ti, ó torre do
rebanho, monte da filha de Sião, a ti virá; sim, a ti virá o primeiro domínio (Miqueias
4:8).
Chegado é o tempo, para
Um receio de fazer
com que a herança futura pareça demasiado material tem levado muitos a
espiritualizar as mesmas verdades que nos levam a considerá-la nosso lar. Cristo
afirmou a Seus discípulos haver ido preparar moradas para eles na casa de Seu
Pai. Os que aceitam os ensinos da Palavra de Deus não serão totalmente
ignorantes com respeito à morada celestial. E, contudo, as coisas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou
para os que O amam (I Coríntios 2:9). A linguagem humana não é adequada
para descrever a recompensa dos justos. Será conhecida apenas dos que a
contemplarem. Nenhum espírito finito pode compreender a glória do Paraíso de
Deus.
Na Bíblia a herança
dos salvos é chamada um país (Hebreus 11:14 a 16). Ali o Pastor
celestial conduz Seu rebanho às fontes de águas vivas. A árvore da vida produz
seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações.
Existem torrentes sempre a fluir, claras como cristal, e ao lado delas, árvores
ondeantes projetam sua sombra sobre as veredas preparadas para os resgatados do
Senhor. Ali as extensas planícies avultam em colinas de beleza, e as montanhas
de Deus erguem seus altivos píncaros. Nessas pacíficas planícies, ao lado
daquelas correntes vivas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e
errante, encontrará um lar.
O meu povo habitará
em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.
Nunca mais se ouvirá de violência na tua Terra, de desolação ou destruição nos
teus termos; mas aos teus muros chamarás salvação, e às tuas portas louvor.
Edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o seu fruto. Não
edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam... Os
Meus eleitos gozarão das obras das suas mãos (Isaías 32:18; 60:18; 65:21 e 22).
Ali, o
deserto e os lugares secos se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá
como a rosa. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça
crescerá a murta (Isaías 35:1; 55:13). E morará o lobo com o cordeiro, e o
leopardo com o cabrito se deitará,... E um menino pequeno os guiará. Não se
fará mal nem dano algum em todo o monte da Minha santidade, diz o Senhor (Isaías
11:6 e 9).
A dor não pode
existir na atmosfera do Céu. Ali não mais haverá lágrimas, cortejos fúnebres,
manifestações de pesar. Não haverá mais morte, nem pranto, nem
clamor,... Porque já as primeiras coisas são passadas (Apocalipse 21:4). "E
morador nenhum dirá:Enfermo estou; porque o povo que habitar nela será
absorvido da sua iniquidade." (Isaías 33:24).
Ali está à Nova
Jerusalém, a metrópole da nova Terra glorificada, como uma coroa de glória na mão do
Senhor e um diadema real na mão de teu Deus (Isaías 62:3). Sua luz era
semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como cristal
resplandecente. As nações andarão à sua luz; e os reis da Terra trarão para ela
a sua glória e honra (Apocalipse 21:11 e 24. Diz o Senhor:Folgarei
em Jerusalém, e exultarei no Meu povo (Isaías 65:19). Eis aqui o tabernáculo de
Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo
Deus estará com eles e será o seu Deus (Apocalipse 21:3).
Na cidade de Deus não
haverá noite. Ninguém necessitará ou desejará repouso. Não haverá
cansaço em fazer a vontade de Deus e oferecer louvor a Seu nome. Sempre
sentiremos a frescura da manhã, e sempre estaremos longe de seu termo. Não
necessitarão de lâmpada nem de luz do Sol, porque o Senhor Deus os alumia (Apocalipse
22:5). A luz do Sol será sobrepujada por um brilho que não é ofuscante
e, contudo, suplanta incomensuravelmente o fulgor de nosso Sol ao meio-dia. A
glória de Deus e do Cordeiro inunda a santa cidade, com luz imperecível. Os
remidos andam na glória de um dia perpétuo, independentemente do Sol.
Nela não vi templo,
porque o seu templo é o Senhor Deus todo-poderoso, e o Cordeiro (Apocalipse 21:22). O povo de Deus tem
o privilégio de entreter franca comunhão com o Pai e o Filho. Agora
vemos por espelho em enigma (I Coríntios
13:12). Contemplamos a
imagem de Deus refletida como que em espelho, nas obras da Natureza e em Seu
trato com os homens; mas então O conheceremos face a face, sem um véu
obscurecido de permeio. Estaremos em Sua presença, e contemplaremos a glória de
Seu rosto.
Ali os remidos
conhecerão como são conhecidos. O amor e simpatias que o próprio Deus plantou
na alma, encontrarão ali o mais verdadeiro e suave exercício. A comunhão pura
com os seres santos, a vida social harmoniosa com os bem-aventurados anjos e
com os fiéis de todos os tempos, que lavaram suas vestes e as branquearam no
sangue do Cordeiro, os sagrados laços que reúnem toda a família nos Céus e na
Terra (Efésios 3:15); tudo isto concorre para constituir a felicidade
dos remidos.
Ali, mentes imortais
contemplarão, com deleite que jamais se fatigará, as maravilhas do poder
criador, os mistérios do amor que redime. Ali não haverá nenhum adversário
cruel, enganador, para nos tentar ao esquecimento de Deus. Todas as faculdades
se desenvolverão, ampliar-se-ão todas as capacidades. A aquisição de
conhecimentos não cansará o espírito nem esgotará as energias. Ali os mais
grandiosos empreendimentos poderão ser levados avante, alcançadas as mais
elevadas aspirações, as mais altas ambições realizadas; e surgirão ainda novas
alturas a atingir, novas maravilhas a admirar, novas verdades a compreender,
novos objetivos a aguçar as faculdades do espírito, da alma e do corpo.
Todos os tesouros do
Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres da mortalidade
alçarão voo incansável para os mundos distantes; mundos que fremiram de
tristeza ante o espetáculo da desgraça humana, e ressoaram com cânticos de
alegria ao ouvir as novas de uma alma resgatada. Com indizível deleite os
filhos da Terra entram de posse da alegria e sabedoria dos seres não caídos.
Participam dos tesouros do saber e entendimento adquiridos durante séculos e
séculos, na contemplação da obra de Deus. Com visão desanuviada olham para a
glória da criação, achando-se sóis, estrelas e sistemas planetários, todos na
sua indicada ordem, a circular em redor do trono da Divindade. Em todas as
coisas, desde a mínima até a maior, está escrito o nome do Criador, e em todas
se manifestam as riquezas de Seu poder.
E ao transcorrerem
os anos da eternidade, trarão mais e mais abundantes e gloriosas revelações de
Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a
reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais aprendem os homens acerca de
Deus, mais Lhe admiram o caráter. Ao revelar-lhes Jesus as riquezas da redenção
e os estupendos feitos do grande conflito com Satanás, a alma dos resgatados
fremirá com mais fervorosa devoção, e com mais arrebatadora alegria dedilharão
as harpas de ouro; e milhares de milhares, e milhões de milhões de vozes se
unem para avolumar o potente coro de louvor.
E ouvi a toda a
criatura que está no Céu, e na Terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e
a todas as coisas que neles há, dizer:Ao que está assentado sobre o trono, e ao
Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra e glória, e poder para todo o
sempre (Apocalipse 5:1).
O grande conflito
terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está
purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo vibra por toda a vasta
criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os
domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até ao maior dos mundos,
todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo,
declaram que Deus é amor[15].
LEITURA ADICIONAL
Venha o Teu reino (Mateus
6:10).
Deus é nosso Pai,
que nos ama e de nós cuida, como filhos Seus que somos; Ele é também o grande
Rei do Universo. Os interesses de Seu reino são nossos interesses, e nós
devemos trabalhar por seu reerguimento.
Os discípulos de
Cristo esperavam a vinda imediata do reino de Sua glória; mas ao dar-lhes esta
oração Jesus ensinou que o reino não devia ser então estabelecido. Deviam
orar por sua vinda como acontecimento ainda no futuro. Mas essa petição
era-lhes também uma certeza. Conquanto não devessem esperar a vinda do reino em
seus dias, o fato de haver Jesus recomendado que por ela orassem, constitui
prova de que certamente virá no tempo designado por Deus.
O reino da graça de
Deus está sendo agora estabelecido, visto que corações que têm estado
sobrecarregados de pecado e rebelião se rendem à soberania de Seu amor. O
completo estabelecimento do reino de Sua glória, porém, não ocorrerá senão na
segunda vinda de Cristo ao mundo. O reino, e o domínio, e a majestade dos
reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo (Daniel
7:27). Eles herdarão o reino que lhes foi preparado desde
a fundação do mundo (Mateus 25:34). E Cristo assumirá Seu grande poder
e reinará.
As portas celestes
tornar-se-ão a erguer, e, com miríades de miríades e milhares de milhares de
santos, nosso Salvador sairá como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Iahweh
Emanuel será rei sobre toda a Terra; naquele dia, um será o Senhor, e um será o
Seu nome (Zacarias 14:9). O tabernáculo de Deus estará com os homens,
pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles
e será o seu Deus (Apocalipse 21:3).
Antes dessa vinda,
porém, disse Jesus:Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a
todas as gentes (Mateus 24:14). Seu reino não virá enquanto as boas
novas de Sua graça não houverem sido levadas a toda a Terra. Assim, quando nos
entregamos a Deus, e ganhamos outras almas para Ele, apressamos a vinda de Seu
reino. Unicamente aqueles que se consagram a Seu serviço, dizendo:Eis-me
aqui, envia-me a mim (Isaías 6:8), para abrir os olhos cegos, para
desviar homens das trevas... À luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam
a remissão dos pecados e sorte entre os santificados (Atos 26:18),
unicamente eles oram com sinceridade:Venha o Teu reino (Mateus 6:10).
Seja feita a Tua
vontade, tanto na Terra como no Céu (Mateus 6:10).
A vontade de Deus
exprime-se nos preceitos de Sua santa lei, e os princípios desta lei são os
mesmos princípios do Céu. Os anjos celestes não atingem mais alto conhecimento
do que saber a vontade de Deus; e fazer Sua vontade é o mais elevado serviço em
que se possam ocupar suas faculdades.
No Céu, porém, o
serviço não é prestado no espírito de exigência legal. Quando Satanás se
rebelou contra a lei de Iahweh, a ideia de que existia uma lei ocorreu aos
anjos quase como o despertar para uma coisa em que não se havia pensado. Em seu
ministério, os anjos não são como servos, mas como filhos. Existe perfeita
unidade entre eles e seu Criador. A obediência não lhes é pesada. O amor para
com Deus torna o Seu serviço uma alegria. Assim, em toda alma em que Cristo, a
esperança da glória, habita, ecoam Suas palavras:Deleito-Me
A petição:Seja feita a Tua vontade, tanto na Terra como no Céu.Mateus 6:10 é uma oração para que o reino do mal termine na Terra, o pecado seja
para sempre destruído, e o reino da justiça se venha a estabelecer. Então, na
Terra como no Céu se cumprirá todo o desejo da Sua
bondade (II Tessalonicenses. 1:11)[16].
[1] CBASD, vol. 5, p. 337.
[2] CBASD, vol. 5, pp. 309 e 310.
[3] CBASD, vol. 5, p. 500.
[4] Desejado de Todas as Nações, Ellen Gold White, CPB,
pp. 19 e 20.
[5] Desejado de Todas as Nações, Ellen Gold White, CPB, pp. 231 e 235.
[6] CBASD, vol. 5, p. 337.
[7] Comentário ao Novo Testamento, Willian Barclay,
Editora Clie Mateus, vol. 1, pp.
[8] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem Aventuranças,
MM 2.001, George Knight, p. 211.
[9] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem Aventuranças,
MM 2.001, George Knight, p. 212.
[10] O Grande Conflito, Ellen Gold White, CPB, pp.
[11] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem Aventuranças,
MM 2.001, George Knight, p. 213.
[12] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem Aventuranças,
MM 2.001, George Knight, p. 214.
[13] Caminhando com Jesus, no Monte das Bem Aventuranças,
MM 2.001, George Knight, p. 215.
[14] A Psiquiatria de Deus, Charles L. Allen, Editora
Betânia, pp.
[15] O Grande Conflito, Ellen Gold White, CPB, pp.
[16] O Maior Discurso de
Cristo,