Atitude Graciosa de Perdão
7 - Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
MISERICORDIOSOS
- Grego: eleêmôn, piedoso, misericordioso, compassivo. Em Hebreus 2: 17 se diz que Cristo é misericordioso
eleêmôn e fiel sumo sacerdote. A
misericórdia da qual fala Cristo aqui é uma virtude ativa que se projeta para
os seres humanos. Tem pouco valor enquanto não se converte em obras de
misericórdia. Em Mateus 25:
O egoísmo nos impede de ver a Deus. O espírito
interesseiro julga a Deus igual a si mesmo. Até que tenhamos renunciado a isso,
não podemos compreender Aquele que é amor. Unicamente o coração abnegado, o
humilde e fiel de espírito, verá a Deus como
misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade[2].
Os misericordiosos são aqueles que estão
conscientes de serem indignos recipientes da misericórdia de Deus e que, se não
fosse, eles não seriam apenas pecadores, mas pecadores condenados.
Consequentemente esforçam-se por refletir no seu convívio com outros algo da
misericórdia que Deus mostrou para com eles. E quanto mais fazem isto, mais a
bênção de Deus se estende a eles[3].
As palavras vem do Salmo 18: 25; Colossenses 3: 13
Efésios 4: 32 mostram que o crente é alvo de misericórdia, precisa da
misericórdia divina e tem obrigação de exercer esta qualidade. Deus mostra sua
misericórdia, sem merecimento da parte de quem a recebe. O povo de Deus deve
imitá-lo, lembrando-se especialmente que ainda precisa de algo Mateus
18:
I.
Palavras Envolvidas.
A palavra portuguesa misericórdia vem do latim mercês, mercedis, pagamento recompensa,
que veio a ser associado a recompensas divinas ou atos de compaixão celeste.
No AT temos três palavras que devem ser
consideradas:
1. Hésed. Que
aponta para a idéia de sede física da compaixão, e que leva o indivíduo a
sentir e exprimir compaixão.Salmo 23: 5; Josué 2:
2. Rhm. Uma
raiz hebraica que descreve as
atitudes de Deus em relação à miséria e desgraça de seu povo, ou seja, a
compaixão que isto provoca nele. O vínculo que une Deus às suas criaturas,
leva-o a expressar compaixão para todos os seres vivos. Até mesmo aqueles que
nada merecem da parte dele recebem misericórdia. Isaias 13: 18; Jeremias 6: 23;
21: 7; 42: 12; I Reis 8: 50. Um aumentativo plural desta raiz, rechamim, fala sobre a piedade, a
compaixão, o amor e as emoções associadas Salmo 103: 4. Na verdade hésed e rachamim são sinônimos virtuais.
No NT precisamos considerar três vocábulos a
saber:
1. Éleos,
misericórdia, compaixão. Essa palavra grega ocorre por 27 vezes: Mateus
9: 13 citando Oseías 6: 6; 12: 7; 28: 23; Lucas 1: 54,
58, 72,78; 10: 37; Romanos 9: 23; 11: 31; 15: 9; Gálatas 6: 16; Efésios 2: 4; I
Timóteo 1: 2; II Timóteo 1: 2, 16, 18; Tito 3: 5; Hebreus 4: 16; Tiago 2: 13;
3: 17; I Pedro 1: 3; II João 3; Judas 2:
2. Oiktirmós.
Simpatia compaixão. Essa palavra grega que se refere às simpatias e interesses
coletivos de Deus pelos homens, aparece por cinco vezes: Romanos 12: 1; II Corintios 1: 3;
Filipenses 2: 1; Colossenses 3: 12; Hebreus 10: 28. Sua forma
adjetivada oiktirmon, foi usada por
duas vezes: Romanos 9: 15 citando Êxodo 33: 19.
3. Splágchna,
entranhas. Está metaforicamente envolvida a idéia de misericórdia. Essa palavra
grega aparece por onze vezes. Lucas 1: 78; Atos 1: 18; II Corintios 6: 12;
7: 15; Filipenses 1: 8; 2: 1; Colossenses 3: 12; Filemom 7, 12 e 20; I João 3:
17. O verbo splagchnízomai,
aparece por doze vezes: Mateus 9: 36; 14: 14; 15: 32; 18: 27; 20:
34; Marcos 1: 41; 6: 34; 8: 2; 9: 22; Lucas 7: 13; 10: 33; 15: 20.
II.
Definições.
É o ato de tratar um ofensor com menor rigor do
que ele merece. Trata-se do ato de não aplicar um castigo merecido, mas também
envolve a idéia de dar a alguém algo que não merece. Pode referir-se a tos de
caridade ou de cura. Aponta para o ato de aliviar o sofrimento, inteiramente a
parte da questão do mérito pessoal. Quando chega a idéia de favor desmerecido,
então já se torna um sinônimo da palavra graça.
A misericórdia retém o julgamento que um homem merece; que a graça outorga
alguma bênção que esse homem não merece. Algumas vezes pode ser feita esta
distinção, mas os dois conceitos se justapõem. A misericórdia pode indicar
benevolência, benignidade, bênção, clemência, compaixão e favor.
A misericórdia é uma atitude de compaixão e de
beneficência ativa e graciosa expressa mediante o perdão calorosamente
conferido a um malfeitor. Não denota condescendência, mas amor, desejando
restaurar o ofensor e aliviar o castigo que esse ofensor merece. Na Bíblia a
misericórdia de Deus é oferecida gratuitamente, uma expressão não constrangida
de amor, sem qualquer mácula de preconceito, aberta a todos os homens dignos e
indignos igualmente. A teologia não considera a misericórdia divina cristã como
incompatível com os seus justos julgamentos, mas considera ambas as coisas como
expressões vivas de seu amor, conforme o mesmo é revelado em Cristo, cuja morte
expiatória reconcilia as exigências da justiça divina com as misericórdias
divinas.
A misericórdia combina um forte elemento
emocional, identificado com a compaixão, a piedade e o amor, com demonstração
prática de gentileza e bondade, em resposta à condição ou às necessidades do
objeto da misericórdia.
III. Na
Ética Cristã.
1. Deus é o exemplo que devemos seguir. Sua amor
envolve todos os seres humanos, e ninguém é merecedor desta virtude. A
compaixão humana é uma qualidade espiritual que procura aliviar o sofrimento
humano e retém a vingança e os atos de retaliação. Na ética cristã, a
misericórdia em um homem faz parte da justiça do reino, como um reflexo da
divina, onde aquela encontra seu modelo e inspiração. A compaixão divina é
salientada na teologia judaica e maometana, mas tudo deriva dos ensinamentos
bíblicos.
2. Bultmann tinha razão quando falava na
misericórdia como a qualidade da fidelidade
na ajuda. Quando os homens se dedicam a Deus, tem uma qualidade que
corresponde à correta espiritualidade, e agem com bondade. A própria salvação
alicerça-se sobre este dom divino Êxodo 34: 6; Lucas 1: 58; Efésios 2: 4;
Tito 3:
4. O julgamento e a justiça não são conceitos
contrários ao amor de Deus. Os dois são sinônimos. Deus julga com o propósito
de mostrar seu amor. Os juízos divinos são atos de bondade que alcançam
resultados benévolos. A cruz do Calvário foi um julgamento divino contra o
pecado, e dai veio a salvação dos homens. Um julgamento que foi remédio e não
apenas penal.
5. O cumprimento da lei do amor inclui atos de misericórdia,
sendo este o principal conceito ético. O amor é a prova da existência da
espiritualidade I João 4: 7[5].
Desviando o Foco
A quinta bem-aventurança
nos apresenta um ponto critico. As quatro primeiras tratam de nossa relação com
Deus. A quinta começa a tratar de nosso relacionamento com outras pessoas. O
mesmo é verdade com respeito às últimas três. Assim, a maneira mais simples de
dividir as Bem-aventuranças é como a das tábuas dos Dez Mandamentos.
Há
uma verdade profunda na base dessa disposição. O cristianismo não é simplesmente uma questão de amar e ter afeição por
Deus. Longe disso. Os dois
Testamentos ilustram o cristianismo como amor tanto a
Deus como as outras pessoas. Não estamos tratando de um ou outro, mas de um e
outro.
Na
verdade, para mim, é impossível amar a Deus sem amar os outros.
De igual forma, se realmente refletirmos nisso, é impossível amar genuinamente
as outras pessoas, sem amar a Deus. O máximo que você transmite de amor a um irmão ou irmã, desvinculado
do amor divino, é meramente uma forma
mais sutil de egoísmo humano. Isto é, eu o amo por causa do que
você pode fazer por mim.
Nosso Senhor escolheu
cuidadosamente a ordem das Bem-aventuranças
para representar a ordem de nossa salvação. Cada bem-aventurança segue
a seqüência lógica da anterior. Assim, quando percebo que não tenho justiça em mim mesmo e sou
verdadeiramente humilde de espírito,
reconheço minha extrema debilidade. Clamo por livramento, e a percepção de meu verdadeiro estado me torna
genuinamente manso em vez de altivo e
imponente. Percebendo minha condição desesperada, naturalmente sinto fome e
sede do perdão e da capacitadora justiça de Deus.
Nesse
ponto, o Deus de todas as misericórdias entra em cena e aceita meu arrependimento, me declara perdoado, e
implanta em mim um
novo coração. Sou redimido, salvo por Sua misericórdia para comigo.
Essa é a promessa das quatro primeiras bem-aventuranças.
Mas como devo responder?
Esse é o assunto da segunda tábua das
Bem-aventuranças. Serei misericordioso, puro de
coração, pacificador e paciente
quando tratado injustamente. Em resumo, através do poder de Deus me
tornarei mais e mais semelhante a Jesus[6].
Invertendo uma das
Bem-aventuranças
“O
Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19: 10).
Uma das coisas mais
fáceis no mundo é entender as coisas às avessas. Isso é o que acontece
especialmente com a quinta bem-aventurança. Muitos a lêem como se dissesse: Se eu tiver misericórdia e perdoar meus semelhantes, Deus terá misericórdia e
me perdoará. Em outras
palavras, se eu sou misericordioso para com os outros, então Deus, e só então,
terá misericórdia de mim.
O problema dessa
interpretação e que ela contraria totalmente as Escrituras. Deixa de considerar quão perdido realmente sou, e quão sem esperança. Deixa de responder pela seriedade do
problema do pecado.
A Bíblia retrata Deus
como Aquele que, em Sua misericórdia, sempre
toma a iniciativa de estender a mão e ajudar os perdidos em sua condição
mesmo antes de eles saberem que estão perdidos.
Assim
sendo, é Deus quem busca Adão e Eva em sua nudez após a queda.
E Deus quem toma a iniciativa de buscar a ovelha perdida e a moeda perdida conforme Lucas 15, e é o Pai que
vai conversar com o filho mais velho na história do filho pródigo, nesse
mesmo capitulo.
Deus tanto amou o mundo
que tomou a iniciativa de dar Seu Filho
Unigênito, e esse Filho veio para buscar e salvar os que estavam sob
a sentença de morte.
E o próprio Deus a fonte de toda a misericórdia. Seu nome é misericordioso
e piedoso. Êxodo 34: 6.
Portanto,
eu não sou misericordioso porque quero ser salvo. Não! Como cristão, sou
misericordioso porque já fui salvo. Fui resgatado do abismo
do pecado e da morte pelo Deus de toda a misericórdia.
Qual o resultado? Tenho um desejo ardente de ser
misericordioso em minha vida diária. Quero passar adiante o dom de Deus[7].
O Significado de
Misericórdia
“Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e
grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações,
que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda
que não inocente o culpado”
(Êxodo 34: 6 e 7).
É muito fácil confundir
misericórdia com uma atitude complacente. Mas a pessoa misericordiosa não é
aquela que sorri diante da transgressão e do pecado. Nosso texto de hoje
retrata um cuidadoso equilíbrio no caráter
de Deus, entre a terna compaixão e a firmeza que se recusa a tolerar a
pecaminosidade rebelde. Estamos aqui lidando com
o Deus que é tanto amoroso quanto justo, o Deus que permanece firme
pelos princípios, e que todavia, está disposto a demonstrar misericórdia para com aqueles que tem fome e sede de
uma vida melhor.
Eu, diz Jesus, repreendo e disciplino a quantos amo. Sê,
pois, zeloso e arrepende-te. Apocalipse 3: 19.
Deus nos ama demais para nos deixar levar uma vida destrutiva, que não só
afeta nossa própria felicidade, como perturba a comunidade em geral.
Ele deseja o que há de
melhor para nós. Ele nos considera o suficiente para nos repreender quando
erramos. Mas essa repreensão faz parte da Sua misericórdia. As pessoas que não
se importam e que deixam seus filhos
agirem de maneira selvagem. As pessoas sem consideração para com os outros e
que deixam de advertir seus amigos acerca das infelizes conseqüências de
sua conduta.
Esse descaso não deve
ser confundido com misericórdia. Misericórdia
significa fazer caso das pessoas, preocupar-se com o bem-estar dos que nos rodeiam. Desse modo, em nossa
misericórdia estendemos a mão aos outros, demonstrando interesse
cristão.
Em certo sentido, misericórdia
e um estado mental, um estado de interesse pelo bem-estar de outros; e uma
atitude de consideração suficiente para
ser tanto amável como disposto a perdoar, mesmo que isso signifique ter de enfrentar problemas e atos
errôneos com a disposição de Cristo.
Senhor, ajuda-me hoje a
assimilar a atitude misericordiosa que representa
a essência do caráter de Deus. Ajuda-me a mostrar em minha vida um
equilíbrio semelhante ao que revelas em Tua vida[8].
Misericórdia é Mais do
que uma Atitude
“E quem der a beber, ainda que seja um copo de dágua a
um destes pequeninos, por ser este Meu discípulo, em verdade vos
digo que de modo algum
perderá o seu galardão” (Mateus 10: 42).
Conta-se a história de Jacob Bright, que certo dia ao voltar da cidade
para casa, encontrou no caminho um vizinho pobre
Ser misericordioso é mais do que uma atitude. É
uma ação. Misericórdia é amor em ação.
Mas
antes do amor se tornar ação, e necessário olhar para os outros. Nas palavras de William Barclay: Misericórdia é o oposto de egocentrismo. E a antítese de
egoísmo.
Certo teólogo sugeriu que a igreja é companheirismo entre pessoas
mortas para si mesmas e vivas para
Cristo. A misericórdia
entra em cena quando o amor ao eu é substituído pelo
amor a Deus e aos semelhantes.
Misericórdia
é uma atitude do coração que gera atitudes específicas para com pessoas especificas.
Por que deixar para depois?
Por que não fazer uma gentileza não esperada para seu esposo ou esposa? Que
tal começar o dia de trabalho com um ato de bondade para com o seu
colega? Que tal surpreender seu pai, ou seu filho ou filha? Hoje é o
dia de demonstrar
a outros a misericórdia de Deus. Não ao meio-dia ou depois do trabalho, mas
agora e depois também[9].
Religião que Embrutece
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o
dizimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os
preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé;
devíeis, porem, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! Guias cegos, que coais
o mosquito e engolis o camelo!”
(Mateus 23: 23 e 24).
Nem toda religião é piedosa.
Nem toda religião é crista. Nem toda religião é prestativa. Para algumas
pessoas, seria melhor não ter religião, ou pelo menos, não o tipo de religião
que tem.
Isso
se aplica de modo particular aqueles cuja religião os torna mais
rudes. Alguém pode pensar nos reformadores de saúde que se indispõem contra membros da família ou amigos que
não são tão rigorosos quanto eles. Ou
nas pessoas que explodem quando seus momentos de
meditação sobre a vida de Cristo
são interrompidos. Pode-se ainda
imaginar a cena do purista doutrinário que se torna menos amável quando alguém discorda dele num ponto de sua
crença ou interpretação bíblica.
Tais pessoas se embruteceram pela assim chamada
religião. Elas estão caminhando na direção errada. Estão se afastando de
Jesus.
Não
me entenda mal. Reforma de saúde, uma vida de fiel devoção e
doutrinas corretas são importantes.
Por quê? Pareço ouvir alguém
perguntar. Porque as pessoas doentes se tornam resmungonas e
acham difícil demonstrar misericórdia total aos demais. O verdadeiro propósito
da reforma de saúde é preparar-nos para viver
melhor uma vida de misericórdia. O
mesmo pode ser dito acerca do estudo devocional. Aqueles que andam com Jesus devem ser os que agem da maneira
mais semelhante a Ele. E a exatidão
das doutrinas deve ajudar-nos a compreender melhor o amor de Deus, para
que o experimentemos ao máximo.
Mas
quando qualquer dessas assim chamadas experiências religiosas em nosso estilo
de vida nos endurecem tanto que nos tornamos menos misericordiosos e mais
rudes, perdemos de vista o que é cristianismo,
não parcialmente, mas totalmente.
A religião de Jesus nos
tornará mais misericordiosos e não mais rudes. Se não tiver esse
efeito, estamos conectados na experiência errada, seja o que for que tenhamos, não é a
religião de Jesus[10].
Religião que Abranda
“Nisto conhecerão
todos que sois Meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se guardardes o sábado. Nisto conhecerão todos que
sois Meus discípulos: se devolverdes
o dizimo. Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se comerdes as coisas certas.
Alguns
anos atrás li João 13: 35 desta maneira numa reunião de consultoria de leigos da Associação,
O
que ele realmente queria, em sua agitação, era o texto básico que prova quem é um adventista. Alguns seriam
tentados a pensar que seria
absolutamente maravilhoso se tivéssemos um verso de Jesus reivindicando que poderíamos identificar Seus verdadeiros
seguidores, sem qualquer sombra
de dúvida, pelo simples averiguar se guardam o sétimo dia, o sábado.
E Jesus poderia ter-nos
dado tal texto. Mas não o fez.
Ele,
porém, nos deu um modo, o Único, de identificar Seus legítimos seguidores.
Eles verdadeiramente se preocuparão com sinceridade uns pelos
outros e amarão uns aos outros.
Nunca
será demais afirmarmos que os verdadeiros cristãos demonstram
amor: amor a Deus e uns aos outros.
O
cristianismo fará de você uma
pessoa mais bondosa. O cristianismo
fará com que você tenha mais consideração pelos outros. Ele transformará sua vida.
É
impossível que um cristão seja mesquinho e rude; seria uma evidente
contradição. Temos de
ser uma coisa ou outra: cristãos ou levianos, cristãos ou cruéis. Não podemos ser ambas as coisas. O cristianismo abranda tanto
nossas atitudes como nossas ações. Ele as orienta com amor.
Senhor,
hoje oramos a Ti para que nos ajudes a amar e ser genuínos.
Ajuda-nos a interioriza o grande principio do Teu caráter, ajuda-nos a ser mais semelhantes a Jesus. Além disso,
mostra-nos alguém a quem possamos expressar o Teu amor neste dia[11].
Misericórdia
"Naquele" Dia
“O
Senhor conceda misericórdia à casa de Onesiforo, porque muitas vezes ele me reanimou e não se
envergonhou por eu estar preso; pelo contrario, quando chegou a Roma
procurou-me diligentemente até me encontrar. Conceda-lhe ó Senhor que, naquele
dia, encontre misericórdia da parte do Senhor!” (II Timóteo 1:16-18).
A recompensa dos
misericordiosos e que alcançarão misericórdia. A quinta
bem-aventurança é a única em que a recompensa é a mesma
virtude. A bem-aventurança poderia simplesmente dizer que eles
alcançariam maior misericórdia ou misericórdia em abundância, uma vez que esses
fieis já estavam experimentando a misericórdia de Deus. Afinal, foi
em resposta a misericordiosa graça de Deus que eles foram inspirados a ser
misericordiosos.
A
sua recompensa: mais misericórdia. Existe algo especialmente lindo a respeito da seqüência desta promessa. Com Deus, a
vida se torna cada vez melhor e continuará assim
pela eternidade. Que promessa!
A
recompensa da misericórdia vem
E isso nos leva a
segunda etapa da promessa de misericórdia. Essa etapa terá lugar por ocasião da segunda vinda de Jesus. Todos os que foram
misericordiosos durante a vida, desfrutarão misericórdia sem-fim naquele dia.
Naquela ocasião, todas
as injustiças da Terra serão corrigidas. Os misericordiosos
alcançarão a misericórdia divina no mais amplo sentido da palavra.
Como
cristãos, aguardamos ansiosos aquele dia, mais do que todos os demais. E uma
das grandes verdades da Bíblia é que a maneira como
vivemos agora determinará a maneira como viveremos então[12].
O Lado Escuro das Bem-Aventuranças
“Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que
não usou de misericórdia.
A misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tiago 2: 13).
Nem tudo é cor-de-rosa no tocante às
bem-aventuranças. Elas tem um lado escuro,
assim como o evangelho tem um lado escuro para aqueles que o rejeitam.
Deus pode apenas nos
convidar a mesa do evangelho; Ele não pode
nos forçar a participar. E embora Jesus convide cada pessoa para aceitar
Sua salvação, Ele não compelirá ninguém a aceitá-la.
Semelhantemente, Jesus
apresentou as maravilhosas promessas das bem-aventuranças, mas cabe a nos
individualmente escolher aceitá-las ou
rejeitá-las. Para aqueles que aceitam, as promessas são claramente definidas.
Para aqueles que recusam
as boas novas e as bênçãos, o resultado será de igual modo certo. Por exemplo:
Aqueles que se recusam a ser misericordiosos,
freqüentemente deixam de alcançar misericórdia neste mundo e certamente
não a alcançarão no juízo final.
Esse Último ponto não é simplesmente uma decisão
arbitraria da parte de Deus. Ele quer que todos em Seu reino eterno sejam
felizes, sintam-se bem ali. Mas se eu não assimilei as características de Deus,
não me sentirei a vontade no Seu reino eterno.
Deixe-me
ilustrar. Lembro-me da primeira vez que almocei com um pregador. O convite veio antecipadamente e eu me
preocupei durante toda a semana. Eu estava morando
num navio na Baia de São Francisco naquela época, e isso estava definitivamente
em desarmonia com os princípios dele.
Depois que me converti,
alguns anos mais tarde, cheguei à conclusão de que a pior coisa que poderia
acontecer a uma pessoa não convertida seria
ela ter de passar a eternidade na presença do Deus de amor, que conhece
não só todos os nossos atos, mas até nossos pensamentos. Tal existência seria
pior do que o inferno. Seria preferível não existir.
As bênçãos das
bem-aventuranças são para aqueles que interiorizam as características
estabelecidas. Todos os outros ficarão do lado de fora do reino[13].
A BEM AVENTURANÇA DA
PERFEITA SIMPATIA
Esta é uma verdade expressa
Há mais do que isto no conceito desta Bem-aventurança. A palavra grega para misericórdia é eleêmôn. O grego do NT remonta um
original hebraico e aramaico. A palavra hebraica para misericórdia é hésed
que é uma palavra intraduzível. Não quer dizer simplesmente simpatizar com uma
pessoa no sentido popular da palavra, não quer dizer só falar uma palavra de
solidariedade e conforto lastimando porque o próximo passa mal. Hésed, misericórdia, quer dizer ter a
capacidade de se colocar totalmente no lugar do outro de maneira que veja com
seus olhos, pensa com sua mente e sente com seus sentimentos.
Está evidente que isto é muito mais do que dar uma atenção passageira
emocional de lamento; exige um esforço deliberado de mente e de vontade. Denota
uma simpatia que não se dá de maneira
superficial, mas há uma identificação com a pessoa ao ponto de sentir como ela
sente. Isto é o que quer dizer literalmente a palavra simpatia. Deriva de duas palavras gregas: syn, que quer dizer juntamente
com, e pasjein que quer dizer experimentar sofrer. Simpatia quer
dizer experimentar as coisas juntamente
com a outra pessoa passar literalmente o que a outra está passando.
É precisamente o que muitas pessoas nem sequer imaginam, e até evitam
inconscientemente. A maioria está preocupada com seus sentimentos próprios que
não tem interesse nos demais. Quando sentem pena de alguém, o sentem de maneira
superficial, não fazem o esforço de se colocarem no lugar do próximo a ponto de
sentir o que o próximo está sentindo para poderem auxiliá-lo.
Se fizermos este deliberado esforço, e nos identificarmos, tornar-nos
idênticos, com a outra pessoa, as coisas nos pareceria bem diferentes.
I. Salvar-nos-ia de amarmos equivocadamente. Há no NT um exemplo forte
de amabilidade instintiva equivocada. Encontra-se no relato da visita que fez
Jesus a seus amigos de Betânia. Lucas 10:
Marta amava Jesus. Ele era seu hóspede bem vindo, e como lhe amava
tanto, queria oferecer a melhor comida que se poderia preparar. Estava indo e
vindo apressadamente para preparar a correndo, tensa, apressada... que seria
uma tortura para os nervos tensos de Jesus, o que Ele mais necessitava era de
tranqüilidade.
Maria queria ser amável... não poderia ter sido mais cruel. Porém Maria
compreendeu que o que Jesus queria era paz. Quando queremos ser amáveis
oferecemos nossa amabilidade à nossa maneira, e a outra pessoa tem que
aceitá-la, queira ou não. Nossa amabilidade seria duplamente amável, e evitaria
muita crueldade involuntária, se nós tivéssemos a sensibilidade e nos
introduzisse no interior da outra pessoa.
II. Seríamos muito mais tolerantes e perdoaríamos com muito mais
facilidade. Há um princípio na vida que esquecemos muitas vezes: sempre há uma
razão para que a pessoa pense e atue de certa maneira; e se conhecermos esta
razão, nos seria muito mais fácil simpatizar e perdoar. Se a pessoa atua,
segundo nossa maneira de pensar, equivocadamente, pode ser que tenha passado
por experiências que fazem com que atue assim. Uma pessoa inquieta e descortês,
pode se comportar assim porque esta preocupada e sofrendo alguma dor. Se nos
trata mal, pode ser que tenha na mente algum equivoco... ou não.
O provérbio francês diz: Conhecer
tudo e perdoar tudo. Porém nunca chegaremos a conhecer tudo se não fizermos
o esforço determinado de nos colocarmos dentro do coração e da mente da outra
pessoa.
III. Em última análise. Não foi isto que fez Deus
A rainha Vitória da Inglaterra era muito amiga do reitor Tulloch, da
Universidade de São Andrews, e sua esposa. O príncipe Albert morreu, e a rainha
Vitória sentiu-se só. Precisamente nesta mesma data morreu o reitor Tulloch, e
a senhora Tulloch se sentiu só. Sem aviso antecipado, a rainha Vitória veio
visitar a senhora Tulloch, que estava descansando
Isto é precisamente o que fez Deus; veio à humanidade não como Deus
soberano, distante, remoto, majestático, mas como homem. O exemplo supremo de
misericórdia hésed, foi à vinda de
Deus a este mundo
Só os que mostram esta misericórdia recebem misericórdia. Isto é verdade
a nível humano, porque é a grande verdade da vida que veremos em outras pessoas
e o reflexo de nossas atitudes. Se não temos interesse por nada, assim serão
eles conosco. Se nos preocuparmos com o outro, seu coração responderá
preocupando-se conosco. É absolutamente certo do lado divino, porque o que
revela esta misericórdia tem chegado nada menos que parecer-se com Deus.
Assim que a tradução da quinta bem-aventurança poderia ser:
Ah, a bem-aventurança da pessoa que se põe até tal ponto no lugar dos
demais que pode ver com seus olhos, pensar com sua mente e sentir com seu
coração, porque ele assim como os demais descobrirá que os demais fazem o mesmo
com ele e saberá que isto é o que Deus tem feito em Jesus Cristo[14].
ALCANÇARÃO MISERICÓRDIA - Atingirão
misericórdia.
Isto ocorrerá tanto agora como no dia do juízo, tanto de parte dos
homens como de Deus. O princípio da regra de ouro 7: 12 aplica-se tanto a
nosso trato com outros como ao trato que os demais nos brindam
SALMO 103: INTRODUÇÃO
O Salmo 103 é um dos mais expressivos;
é a manifestação espontânea de um coração pleno de gratidão a Deus por sua
misericórdia e compaixão. Davi louva a Deus por suas bênçãos recebidas em sua
própria vida versos
Este hino de louvor tem sido chamado uma estrela de primeira grandeza na galáxia
do Saltério D. Kidner por causa de seu sentido todo-penetrante de gratidão
a Deus. Davi exorta a si mesmo a bendizer
RSV ou louvar o santo nome de Deus verso 1! Ele explica a razão mais
adiante na expressão paralela, não te esqueças de nem um só de seus
benefícios verso 2, Aparentemente o salmista apreciava profundamente a
bondade de Deus dada a ele. Ele sente o desejo interno de expressar sua
gratidão ao Senhor com júbilo. Bendize o Senhor a minha alma! Verso 1.
Não louvar a Deus significa
esquecer de todos os Seus benefícios, não apreciar os dons de Deus. Só aqueles que louvam não esquecem.
Pensar e falar sobre Deus ainda não é louvá-Lo. O louvor começa quando a pessoa
reconhece a majestade e trabalhos de Deus e responde com adoração Sua bondade,
misericórdia, e sabedoria.
A ausência de louvor não pode ser causada por
qualquer falta de benefícios de Deus. Moisés advertiu que Israel poderia
sucumbir ao espírito de materialismo:
“Não aconteça que, depois de terem comido até
ficarem satisfeitos, de terem construído boas casas e nelas morado, de aumentarem
os seus rebanhos, a sua prata e o seu ouro, e todos os seus bens, o seu coração
fique orgulhoso e vocês se esqueçam do Senhor, o seu Deus, que os tirou do
Egito, da terra da escravidão” (Deuteronômio 8:
Esquecer de Deus se tornaria evidente ao estar
calado sobre os Seus atos. Claus Westermann diz, O segredo do louvor é o poder que tem para
fazer ligação com Deus; por meio do louvor permanece-se com Deus[17]. Louvar a Deus por Sua bondade é a
forma mais elevada de oração. Ergue-se por sobre nossos lamentos e orações de
petição.
O louvor a Deus reconhece que nós somos
criaturas, totalmente dependentes do Criador pela vida e saúde, pela salvação e
significado na existência humana[18].
Deus é amor
De Davi
1
- Bendize a Iahweh, oh minha alma, e tudo
que há em mim ao seu nome santo!
BENDIZE - Hebraico: barak.
Tem vários conceitos. Quando Deus abençoa uma pessoa, se entende que concede
dons, e declara que esta pessoa recebeu dons. Quando alguém bendiz a Deus
reconhece quem concede estes dons. No VT se fala com freqüência de pessoas que
bendizem a Deus Salmo 63: 4; 103: 1, 2,
TUDO QUE HÁ
NOME
- Salmo 33: 21;Salmo 7: 17. O investimento da ordem dos elementos
sintáticos que se utiliza para apresentar as idéias é uma agradável variação
retórica do paralelismo sinônimo[21].
2
- Bendize a Iahweh, ó minha alma, e não
esqueças nenhum dos seus benefícios.
NÃO ESQUEÇAS - Advertência repetida com freqüência por Moisés Deuteronômio 4: 9, 23;
etc. Nada temos a temer quanto ao futuro, a não ser que esqueçamos a maneira
como que o Senhor nos conduziu[22].
3
- Ele quem perdoa tua culpa toda e cura
todos os teus males.
PERDOA - O benefício primário
da graça é o perdão dos pecados Atos 13: 38. Deus mostra-se compassivo para com seu povo arrependido[23].
Comentário
Salmo
25: 18 - Hebraico: Nasa, levantar, levar, tirar, e também perdoar. Com este último sentido aparece
Seguindo a ordem do acróstico, este verso deveria começar com uma qof e não com resh, a letra seguinte, como o faz. O verso 19 também começa
com resh[24].
Razões Para Louvar
Davi lista seis benefícios divinos que ele
provou e que causa em sua vida tal satisfação e experiência feliz:
É ele que perdoa todos os seus pecados, e
cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e
o coroa de bondade e compaixão, que enche de bens a sua
existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia. Salmo
103:
Estas bênçãos abarcam todas as necessidades do
homem. Eles cumprem suas aspirações para esta vida e para toda a eternidade.
Davi menciona primeiro: Deus perdoa todos os meus pecados. Isto
realmente é a maior necessidade de todo o mundo. O Perdão Divino traz paz à
alma e à mente. Só Deus pode perdoar; só Ele pode assegurar a alma do Seu
perdão. No Salmo 32 Davi enfatizou o benefício infinito da graça
perdoadora de Deus que vem após o arrependimento e confissão ao Senhor. No
perdão Deus já não conta nossa culpabilidade contra nós Salmo 32: 1 e 2.
Sem o perdão a vida não pode ser livre e alegre,
porque há medo na presença de culpabilidade. O perdão de Deus proporciona a
nossa vida um novo futuro, uma nova esperança. O perdão traz o espírito de Deus
4
- É ele quem redime a tua vida da cova e
te coroa de amor e compaixão.
REDIME - Da morte[26].
AMOR - Hebraico: hésed, amor divino. Coroa de graça. Em sua aliança com seu
povo Deus prometeu amá-lo fielmente. Ele é o autor das condições da aliança que
o vinculava a seu povo[27].
5
- É ele quem sacia teus anos de bens e,
como a da águia, tua juventude se renova.
SACIA - Deus provê tudo que é construtivo e benéfico para o seu
povo[28].
ANOS
- Teus anos, literalmente tua existência,
hebraico: ´odeki, conjunção: hebraico:
edyekt, teu adorno[29].
ÁGUIA
- A lenda de que
depois de certo tempo o águia mudava suas plumas e se rejuvenescia não tem base
científica. A águia muda suas plumas em forma pouco atraente. O salmista se
referia ao fato de que o águia vive mais do que muitas outras aves e mantém seu
vigor. O pecador perdoado vê seu alento da juventude renovada.
Depois deste louvor pessoal, Davi comenta o que sucede aos filhos de
Deus. Nota as seis bênçãos registradas nos versos
Depois da reconciliação com Deus, a vida pode
realmente começar. Além da alegria de viver no presente, Deus nos dá também a
segurança de vida eterna, uma esperança que renova nossa vitalidade como
a águia, verso 5.
Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as
suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se
cansam. Isaias 40: 31.
Diz-se que uma águia pode viver até cem anos e
ainda reter sua vitalidade. Quando o verdadeiro conhecimento de Deus entra no
coração, isto significa restauração da dignidade humana e propósito, de
vitalidade e esperança. Davi acrescenta agora o benefício, Ele resgata minha vida da
sepultura, verso 4. Esta expressão pode aludir à sua cura física de uma
doença mortal, embora, seguindo o perdão e a cura, poderia ser de fato que Davi
esperou sua redenção do sepulcro Salmo 16:
6
- Iahweh realiza atos justos, fazendo
justiça a todos os oprimidos;
Louvor Pela Aliança do
Senhor Com Israel
Davi colocou sua experiência de perdão e curando
na perspectiva de uma longa história de libertações divinas a Israel.
Continuamente Deus foi o gracioso e compassivo Libertador em tempos de
necessidade.
As manifestações da justiça do Senhor,
literalmente: atos de vindicação, na história de Israel do Egito para a terra
prometida era nada mais que expressões da fidelidade do Deus da aliança para
com o Seu povo. O salmista vê a história de salvação de Israel desde Moisés
como uma razão por si só para louvar a Deus. O caráter de Deus é claramente
estabelecido nas experiências de Israel com o Senhor. Mesmo depois da apostasia
espantosa ao Israel dançar em volta do bezerro de ouro, Moisés desceu do Monte
Sinai com as surpreendentes novas de que o Senhor
é Deus compassivo e misericordioso,
paciente, cheio de amor e de fidelidade. Êxodo 34: 6. Ainda, a
consciência culpada do homem não podia senão temer a ira de Deus. A culpabilidade
vê Deus como um inimigo. Então agora Davi traz as boas novas para o Israel[32].
7
- Revelou seus caminhos a Moisés e suas
façanhas aos filhos de Israel.
MOISÉS - Ao referir-se a Moisés, o salmista relembra as bênçãos
divinas associadas ao êxodo, às peregrinações pelo deserto, e até a conquista
da Terra Prometida[33].
Êxodo. 33: 13.
Os caminhos de Deus são inescrutáveis Romanos 11: 33. Dá-se a conhecer
algumas vezes por revelação divina, como no Sinai Êxodo 20[34].
8
- Iahweh é compaixão e piedade, lento
para a cólera e cheio de amor;
AMOR - São os atributos do nome de Iahweh, revelados a Moisés Êxodo
34: 6, que todo o Salmo
desenvolve, colocando o acento sobre a misericórdia e a bondade versos
Misericordioso e clemente. Cf. Êxodo 34: 6; Salmo 86: 15[36].
Deus não é irado por natureza. O Seu amor é
eterno. Sua ira só é despertada pelo
fracasso do homem
Por meio de Ezequiel Deus assegurou a Israel de
que Ele não tem prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta
do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos;
pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel? Ezequiel 33: 11.
Que o ímpio abandone o seu caminho, e o homem
mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia
dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele dá de bom grado o seu perdão. Isaias
55: 7.
Davi foi profundamente movido pela experiência
da misericórdia imerecida de Deus. Sua alma não pôde deixar de Lhe agradecer
tão grande salvação, tal paz de consciência. Ele veio a conhecer o coração de
Deus como nunca antes. Agora ele quer testemunhar do amor de Deus a todos os
que ainda têm dúvidas sobre Deus[37].
9
- Ele não vai disputar perpetuamente, e
seu rancor não dura para sempre.
Um comentário bonito nesta passagem é dado por
I. Weiser: Enquanto o homem não tiver examinado as profundidades do
conhecimento do pecado ele não sabe realmente o que a graça significa. É
justamente porque o pecado é a mais perturbadora experiência em sua vida que o
poeta pode reconhecer a verdade de que a graça de Deus é maior que o pecado do
homem e que o Seu amor é mais forte que a Sua ira.
Davi ilustra a graça imensurável de Deus com
notáveis analogias. Seu quadro verbal de distância infinita no espaço alto como os céus, dificilmente pode
fazer justiça à largura da misericórdia de Deus. Mas Davi agrega a esta figura
de linguagem uma de natureza mais pessoal[38].
10
- Nunca nos trata conforme nossos erros,
nem nos devolve segundo nossas culpas.
TRATA-NOS - Pagou-nos. Cristo pagou o castigo do pecado[39].
11
- Como o céu que se alteia sobre a terra,
é forte o seu amor por aqueles que o temem.
CONFORME NOSSOS ERROS - Como a altura. O amor de Deus é tão imensurável como a distância
infinita que separa à terra do céu, onde ele se encontra[40].
12
- Como o oriente está longe do ocidente,
ele afasta de nós as nossas transgressões.
DISTA - Quando Deus perdoa pecados, ele os remove completamente.
A altura e a largura de sua misericórdia são vastas[41].
AFASTA
- Isaias 38: 17; Miquéias 7: 19. Não podemos compreender a imensidão do
universo, mas sim sua paternidade verso 13[42].
13
- Como um pai é compassivo com seus filhos,
Iahweh é compassivo com aqueles que o temem;
PAI - A comparação entre Deus e um Pai compassivo e amoroso é
desenvolvida em Romanos 8:
O homem como uma criação perfeita de Deus só pode
viver pela força e sustento de Deus. Quanto mais uma criatura pecadora, fraca
necessita da misericórdia e poder de Deus. Quando Deus lembra-se de que somos pó,
isto indica que Sua misericórdia é despertada ao Ele nos olhar. Um afável
pensamento. No Salmo 90 Moisés nos instrui que nós somos sábios ao ponderar a
brevidade de nossa vida: Ensina-nos a contar os nossos dias, para que
alcancemos coração sábio. Salmo 90: 12. Moisés nos impele a buscar de
Deus a sabedoria do verdadeiro autoconhecimento e humildade diante de Deus.
A transitoriedade do homem como uma criatura, os
seus dias são como a relva fica mais evidente à luz da eterna
existência e majestade de Deus. A revelação de que o Criador é compassivo como
um Pai e que com Ele o perdão é possível, é para a alma o amanhecer de um novo
dia, a maravilha de Sua graça. Mas graça tem um propósito exaltado; a história
da salvação é a história de louvar o Deus da libertação[44].
Em todos os atos de benignidade praticados
por Jesus, Ele procurou impressionar os homens quanto aos atributos benévolos e
paternais de Deus.
Jesus veio ao mundo para exemplificar o
caráter de Deus em Sua vida, e afastou as falsidades originadas por Satanás,
revelando a glória de Deus. Era unicamente vivendo entre os homens que Ele
podia revelar a misericórdia, compaixão e amor de Seu Pai celeste; pois, apenas
por atos de beneficência, podia Ele salientar a graça de Deus. Firmemente
estabelecida estava a incredulidade humana, e, todavia não podiam resistir ao
testemunho de Seu exemplo divino, Seus feitos de amor e de verdade[45].
A generosidade da providência de Deus
fala a toda pessoa semelhantemente, confirmando o testemunho de Cristo quanto à
suprema bondade de Seu Pai. O Senhor quer que Seu povo compreenda que as
bênçãos outorgadas a qualquer criatura, são proporcionais ao lugar que essa
criatura ocupa na escala da criação. Se mesmo as necessidades dos mudos animais
são supridas, podemos nós apreciar as bênçãos que Deus concederá aos seres
formados a Sua imagem?[46].
Deus é amor e cuida de nós. Como um pai
se compadece de Seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem[47].
14
- Porque ele conhece nossa estrutura, ele
se lembra do pó que somos nós.
CONHECE - Deus nos conhece melhor do que nos conhecemos a nós
mesmos[48].
SOMOS
PÓ - De acordo com Gênesis 2: 7, Deus formou Adão do pó da terra. A conseqüência do pecado é que
os seres humanos morrem tão inexoravelmente como os animais Eclesiastes
3: 19. Não obstante, Deus tem
misericórdia de nós[49].
CONHECE
NOSSA ESTRUTURA - Conhece nossa
condição. A debilidade do homem e a fugacidade da vida são razões
suficientes para recorrer à misericórdia de Deus Gênesis 8: 21; Salmo 89: 5; 139:
118[50].
PÓ - Gênesis 2: 7; 3: 19; Jó 34: 15.
15
- O homem!... Seus dias são como a relva:
ele floresce como a flor do campo;
O HOMEM - Comentário
Salmo 8: 4. Que é o
homem? Homem, Hebraico:. hino,
vocábulo que se usa para designar ao homem débil e frágil. Quando uma pessoa
contempla a imensidão, o mistério e a glória dos céus noturnos, pensa no
infinito do espaço e os inumeráveis corpos celestes, deve sentir-se como um
pontinho infinitesimal no universo. Se esta é a admiração habitual dos mortais
iletrados, quanto maior não tem de ser a dos que, equipados com o conhecimento
crescente da astronomia moderna, contemplam o céu com modernos telescópios![51].
COMO A RELVA - Como a erva. Isaias 40:
16
- Roça-lhe um vento e já desaparece, e
ninguém mais reconhece o seu lugar.
17
- Mas o amor de Iahweh!... Existe desde
sempre e para sempre existirá por aqueles que o temem; sua justiça é para os
filhos dos filhos;
AMOR - Há um relacionamento recíproco entre a iniciativa divina
e a reação humana. Deus primeiramente nos ama, e então nós o amamos, conforme é
demonstrado pela fiel obediência de nossas vidas Romanos 5: 8; I João 4: 10[52].
O amor de Deus não está baseado no amor do homem
ou boa vontade
18
- para os que observam sua aliança e se
lembram de cumprir suas ordens.
ALIANÇA - A obediência daqueles
que guardam a aliança de Deus mostra a realidade de sua misericórdia. Eles
andam em devotada comunhão com o Senhor que os amou em sua aliança da graça[54].
Louvor de Toda a Criação - O ideal de Deus para
nós não é ambíguo. O Seu coração Se regozija em nossa atitude de gratidão. O
poeta inspirado olha agora para cima ao céu. O seu olhar profético apanha uma
visão da glória de Deus da mesma maneira que uma vez Isaías recebeu Isaias
6. Ele está absolutamente seguro.[55]
19
- Iahweh firmou no céu o seu trono e sua
realeza governa o universo.
ESTABELECEU - O domínio do Rei celestial não abarca uma
nação nem um império, senão todo o universo. Deus é Rei de reis e Senhor de
senhores. Apocalipse 19: 16, e não só rei da nação de Israel.
Davi começa este Salmo com sua própria experiência;
depois, poeticamente, inclui também a todos os que temem ao Senhor como
participantes da bondade de Deus. Agora exorta a toda a criação, animada e
inanimada, para que se una em abençoar ao Senhor[56].
O Deus de Israel não é o Deus de uma nação, mas
o Rei de todas as nações, o Deus de todas as criaturas no universo. A vontade
soberana de Deus domina sobre tudo que
existe, não apenas sobre Israel. O Seu trono é inexpugnável, a Sua salvação
invencível, a glória de sua santidade irresistível ao louvor. A voz de um homem
jamais pode fazer justiça à majestade da Pessoa de Deus. A casa inteira do Rei
do Universo é chamada a unir-se na exaltação de Davi da glória de Deus[57].
20
- Bendizei a Iahweh, anjos seus,
executores poderosos de sua palavra, obedientes ao som de sua palavra.
PODEROSOS DE SUA PALAVRA - Poderosos
Aqui está o tema mais elevado que a
mente humana jamais pode contemplar. Quanto mais nos aproximamos de Deus, mais
nos envergonhamos de nossa falta de fervor em adorar nosso grande Criador.
Quando Isaías ouviu os hinos celestiais do Serafim, Santo, Santo, Santo é o SENHOR
dos exércitos; a terra inteira está cheia de sua glória. Isaias 6: 3,
ele percebeu que os seus próprios lábios estavam sujos em comparação com as
línguas fervorosas dos anjos que louvam a incomparável fascinação da glória de
Deus.
O louvor de Davi a Deus não é definitivamente um
solo! O Céu e a terra declaram a glória de Deus Salmo 19:
21
- Bendizei a Iahweh, seus exércitos
todos, ministros que cumpris a sua vontade.
EXÉRCITOS - Uma referência ao exército divino. Estão
incluídos os anjos, os querubins e as outras criaturas celestes, Lucas 2: 13[60].
Comentário Salmo 24: 10 -
Iahweh dos exércitos. Deus
é soberano de um universo de coisas e de seres criados, e que estão ordenados
como exércitos dispostos para a batalha. Seu domínio é universal. Os habitantes
do universo, de toda classe e categoria, reconhecem seu domínio. Algumas vezes
se usa o termo exércitos para
referir-se aos corpos celestes Gênesis
2: 1; Deuteronômio 17: 3; em outros casos, para referir-se aos anjos Josué 5: 14; Salmo 103: 21; 148: 2.
Os que levavam a arca responderam pela primeira vez Salmo 24: 8, mas aparentemente as portas permaneceram fechadas
frente à procissão que espera. Quando respondem pela segunda vez com a frase Iahweh dos exércitos,
Este Salmo
termina em perfeita harmonia com a idéia inicial: só Deus é o governante do
universo; só a ele se lhe deve render reconhecimento universal. A cerimônia da
instalação da arca no monte do Senhor é uma ocasião propícia para lançar esta
proclamação[61].
MINISTROS - Equivale a exércitos. Salmo 104: 4; Daniel 7: 10; Hebreus 1: 14[62].
22
- Bendizei a Iahweh, todas as suas obras,
nos lugares todos que ele governa. Bendizei a Iahweh, ó minha alma!
TODAS AS SUAS OBRAS - O salmista exorta toda a criação, nos céus e na terra, o animado e o
inanimado, a unir-se ao coro de gratidão Salmo 148[63].
BENDIZEI A IAHWEH - Abençoa, alma minha, a
Iahweh. Depois deste hino universal de louvor, expressa um profundo
sentimento ao repetir a frase com a qual começou o Salmo. Consciente de
que o universo louva a Deus, o salmista almeja que também se escute sua própria
voz[64].
Davi termina o seu hino exatamente como ele o
começou: com sua adoração pessoal do grande Governante do universo que se
preocupa tanto com sua alma individual e salvação: Bendiga o Senhor a minha alma!
A atitude de se lembrar das misericórdias de Deus como bênçãos por Seus filhos
cultiva em nós uma atitude de gratidão. Isto preparará o cristão para unir-se
aos coros do céu no louvar a Deus com inteligência e com avaliação adequada
para o que Ele realmente é: um Salvador maravilhoso[65].
Regozijai-vos, vós puros de coração
Regozijai-vos, dêem graças e cantai; Sua bandeira festiva ondula no alto, A
cruz de Cristo seu Rei. Regozijai-vos, Regozijai-vos, Regozijai-vos, dêem
graças e cantai. Sim, pelo longo caminho da vida, Ainda cantar como vós ides;
De juventude à velhice, de noite e de dia, Em alegria e
Como é Alcançado o Perdão
Pedro se achegou a Cristo, com a pergunta: Até quantas vezes pecará meu
irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Mateus 18: 21.
Limitavam os rabinos o exercício do perdão até três ofensas. Pedro, que, como
cuidava, seguia os ensinos de Cristo, ampliou-o até sete, o número que indica
perfeição. Cristo, porém, ensinou que nunca nos devemos fatigar de perdoar. Não
até
sete, disse Ele, mas até setenta vezes sete. Mateus 18: 22.
Mostrou, então, o verdadeiro motivo pelo qual o perdão deve ser
concedido, e o perigo de acariciar espírito irreconciliável. Numa parábola,
contou o procedimento de um rei para com os oficiais que administravam os
negócios de seu domínio. Alguns desses oficiais recebiam grandes somas de
dinheiro pertencentes ao Estado. E quando o rei investigava a administração
desse depósito, foi-lhe apresentado um homem cuja conta mostrava uma dívida
para com seu senhor, da imensa soma de dez mil talentos. Nada tinha ele
com que pagar e, segundo o costume, o rei ordenou que fosse vendido com tudo
quanto tinha, para que se fizesse o pagamento. Terrificado, porém, o homem
prostrou-se aos seus pés, e suplicou-lhe, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo,
e tudo te pagarei. Então, o senhor daquele servo, movido de
íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe
devia cem dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me
deves. Então, o seu companheiro, prostrando-se aos seus pés, rogava-lhe,
dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis,
antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus
conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor
tudo o que se passara. Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença,
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também
tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos
atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Mateus 18:
Esta parábola apresenta pormenores necessários ao remate do quadro, mas
não têm homólogos em sua significação espiritual. A atenção não deve ser
divergida para eles. São ilustradas certas verdades importantes, e estas
devemos entender.
O perdão concedido por esse rei representa o perdão divino de todo
pecado. Cristo é representado pelo rei que, movido de compaixão, perdoou a
dívida de seu servo. O homem estava sob a condenação da lei quebrantada. Não
podia salvar-se por si mesmo, e por esse motivo veio Cristo ao mundo, velando
Sua divindade com a humanidade, e deu Sua vida, o Justo pelo injusto.
Entregou-Se por nossos pecados, e oferece livremente a todos o perdão comprado
com Seu sangue. No Senhor há misericórdia, e Nele há abundante redenção. Salmo 130: 7.
Eis a razão por que devemos ter compaixão de pecadores como nós também. Se
Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. I João 4: 11. De
graça recebestes, diz Cristo, de graça dai. Mateus 10: 8.
Na parábola, quando o devedor solicitou um prazo, com a promessa: Sê
generoso para comigo, e tudo te pagarei, a sentença foi revogada. Foi
cancelada toda a dívida. E logo lhe foi concedida a oportunidade de seguir o
exemplo do Mestre que lhe tinha perdoado. Saindo, encontrou um conservo que lhe
devia uma pequena soma. A ele lhe haviam sido perdoados dez mil talentos, o
conservo devia-lhe cem dinheiros. Todavia, ele que havia sido tratado tão
misericordiosamente, procedeu com o conservo de maneira inteiramente oposta. O
devedor fez-lhe um apelo semelhante ao que fizera ao rei, porém, com resultado
diferente. Ele, que fora perdoado recentemente, não foi magnânimo nem piedoso.
O perdão que lhe foi demonstrado, não o exerceu em relação a seu conservo. Não
atendeu ao pedido de ser generoso. A diminuta soma a ele devida era tudo o que
pensava o servo ingrato. Exigiu tudo que cuidava lhe ser devido, e levou a
efeito uma sentença idêntica à que lhe fora revogada tão graciosamente.
Quantos hoje em dia não manifestam o mesmo espírito! Quando o devedor
pediu ao seu senhor misericórdia, não tinha verdadeiro conhecimento do vulto da
dívida. Não reconheceu seu estado irremediável. Tinha esperança de livrar-se a
si mesmo. Sê generoso para comigo, disse ele, e tudo te pagarei. Assim
há muitos que esperam por suas próprias obras merecer a graça de Deus. Não
reconhecem a própria incapacidade. Não
aceitam como dádiva liberal a graça de Deus, antes procuram apoiar-se
Na parábola, o senhor intimou à sua presença o devedor malvado e
disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive
misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores,
até que pagasse tudo o que devia. Mateus 18:
Os ensinos dessa parábola não devem ser mal-aplicados, porém. O perdão
de Deus não nos diminui de modo algum o nosso dever de obedecer-Lhe. Assim
também o espírito de perdão para com nosso próximo não diminui o direito de
justa obrigação. Na oração que Cristo ensinou aos discípulos, disse: Perdoa-nos
as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Mateus 6: 12.
Com isso não queria Ele dizer que para nos serem perdoados os pecados
não devemos requerer de nossos devedores nossos justos direitos. Se não puderem
pagar, embora isso seja o resultado de má administração, não devem ser lançados
na prisão, oprimidos ou mesmo tratados severamente; todavia a parábola tampouco
nos ensina a animar a indolência. A Palavra de Deus declara: Se
alguém não quiser trabalhar, não coma também. II Tessalonicenses. 3: 10.
O Senhor não requer do trabalhador diligente que suporte outros na
ociosidade. Para muitos, a causa de sua pobreza e vicissitude é um desperdício
de tempo, uma falta de esforço. Se estas faltas não forem corrigidas por
aqueles que com elas condescendem, tudo que se fizer em seu auxílio será como
pôr riquezas em saco sem fundo. Todavia há uma pobreza inevitável, e devemos manifestar
ternura e compaixão para com os desafortunados. Devemos tratar os outros
como quereríamos ser tratados sob circunstâncias idênticas.
Diz-nos o Espírito Santo, pelo apóstolo Paulo: Portanto, se há algum conforto em
Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns
entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o
mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais
por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros
superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas
cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja entre vós o mesmo
sentimento que houve também
Mas, não se deve fazer pouco caso do pecado. O Senhor nos ordenou não
tolerar injustiça
Na admoestação a Timóteo, Paulo diz, por inspiração do Espírito Santo: Instes
a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a
longanimidade e doutrina. II Timóteo 4: 2. E a Tito escreve: Há
muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores... Portanto, repreende-os
severamente, para que sejam sãos na fé. Tito 1: 10 e 13. Se
teu irmão pecar contra ti, disse Cristo vai, e repreende-o entre ti e ele
só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo
um ou dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra seja
confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a
igreja, considera-o como um gentio e publicano. Mateus 18:
Nosso Senhor ensina que dificuldades entre cristãos devem ser resolvidas
dentro da igreja. Não devem ser declaradas aos que não temem a Deus. Se um
cristão for ofendido por seu irmão, não deve ir a um tribunal apelar a
incrédulos. Siga a instrução dada por Cristo. Em vez de procurar vindicar-se, procure
salvar o irmão. Deus protegerá os interesses dos que O temem e amam; e podemos
entregar com toda a confiança nosso caso Àquele que julga justamente.
Muitíssimas vezes, quando se perpetram injustiças repetidamente, e o
delinqüente confessa sua culpa, o ofendido se cansa e pensa que o perdão foi
genuíno. Mas o Salvador disse claramente como devemos tratar os relapsos: Se
teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Lucas 17: 3. Não o consideres indigno de confiança. Olha por ti mesmo, para que não
sejas também tentado. Gálatas 6: 1.
Se vossos irmãos erram, deveis perdoar-lhes. Quando vos procuram com
confissão, não deveis dizer: Não creio que são bastante humildes. Não
creio que sintam a confissão. Que direito tendes de julgá-los como se pudésseis
ler o coração? A Palavra de Deus diz: Se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se
pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo,
dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe. Lucas 17: 3 e 4. E não somente sete
vezes, porém setenta vezes sete, tantas vezes quantas Deus te perdoa a
ti.
Nós mesmos devemos tudo à livre graça de Deus. A graça do concerto é que
prescreveu nossa adoção. A graça do Salvador efetua nossa redenção, regeneração
e exaltação a co-herdeiros de Cristo. Que esta graça seja revelada a
outros.
Não dê ao perdido ocasião para desânimo. Não permita intervir uma
severidade farisaica para ferir seu irmão. Não surja amargo escárnio no
espírito ou no coração. Não manifeste sinal de desprezo na voz. Se falar uma
palavra de você mesmo, se tomar atitude de indiferença, ou denotar suspeita ou
desconfiança, poderá causar a ruína de uma vida. Carece-a de um irmão com o
coração simpatizante do Irmão mais velho para que lhe toque o coração humano.
Sinta ela o aperto de uma mão simpatizante, e ouça o sussurro: Oremos. Deus
dará rica experiência a ambos. A oração une-nos um ao outro e a Deus. A oração
traz Jesus ao nosso lado, e dá à alma fatigada e perplexa novas forças para
vencer o mundo, a carne e o diabo. A oração desvia os ataques de Satanás.
Quando alguém se volta da imperfeição humana para contemplar a Jesus,
dá-se uma divina transformação no caráter. O Espírito de Cristo que opera no
coração conforma-o a Sua imagem. Seja pois vosso esforço exaltar a Jesus. Que
os olhos do espírito se dirijam ao Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo. João 1: 29. Empenhando-vos nesta obra, lembrai-vos de que aquele
que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma
e cobrirá uma multidão de pecados. Tiago 5: 20.
Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
vos não perdoará as vossas ofensas. Mateus 6: 15. Nada pode justificar o espírito
irreconciliável. Aquele que não é misericordioso para com os outros, mostra não
ser participante da graça perdoadora de Deus. No perdão de Deus, o coração do
perdido é atraído ao grande coração do Infinito Amor. A torrente da compaixão
divina derrama-se no espírito do pecador e, dele, na de outros. A benignidade e
misericórdia que em Sua própria vida preciosa Cristo revelou, serão vistas
também naqueles que se tornam participantes de Sua graça. Mas, se alguém não tem o Espírito
de Cristo, esse tal não é Dele. Romanos 8: 9. Está alienado de Deus e
apto unicamente para a eterna separação Dele.
É verdade que pode uma vez haver sido perdoado; porém, seu espírito
impiedoso mostra que agora rejeita o amor perdoador de Deus. Está separado de
Deus e na mesma condição em que estava antes de ser perdoado. Desmentiu seu
arrependimento, e os pecados sobre ele estão como se não tivesse se arrependido.
Mas a grande lição da parábola está no contraste entre a compaixão de
Deus e a dureza de coração do homem; no fato de que a misericórdia perdoadora
de Deus deve ser a medida da nossa própria. Não devias tu, igualmente, ter
compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? Mateus
18: 33.
Não nos é perdoado porque perdoamos, porém, como o fazemos. O motivo de
todo perdão acha-se no imerecido amor de Deus; mas, por nossa atitude para com
os outros denotamos se estamos possuídos desse amor. Por isto Cristo diz: Com o
juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido
vos hão de medir a vós. Mateus 7: 2[67].
Os Misericordiosos
Receberão Misericórdia
O coração do homem é, por
natureza, frio, escuro e desagradável; sempre que alguém manifeste espírito de
misericórdia e perdão, fazê-lo, não de si mesmo, mas mediante a influência do divino Espírito a mover-lhe o coração. Nós O
amamos porque Ele nos amou primeiro. I João 4: 19.
É o próprio Deus a fonte de toda a misericórdia. Seu nome é misericordioso
e piedoso. Êxodo 34: 6. Ele não nos trata segundo os nossos
merecimentos. Não indaga se somos dignos de Seu amor, mas derrama sobre nós as
riquezas desse amor, a fim de fazer-nos dignos. Não é vingativo. Não busca
punir, mas redimir. Mesmo a severidade que mostra por meio de Suas
providências, é manifestada para salvação dos extraviados. Intensamente anela
Ele aliviar as misérias dos homens, e aplicar-lhes às feridas Seu bálsamo. É
verdade que Deus ao culpado não tem por inocente Êxodo 34: 7; mas
quereria tirar a culpa.
Os misericordiosos são participantes da natureza divina II Pedro 1:
4, e neles encontra expressão o compassivo amor de Deus. Todo aquele
cujo coração está em harmonia com o coração do Infinito Amor, buscará reaver e
não condenar. A presença permanente de Cristo na alma é urna fonte que jamais
secará. Onde Ele habita, haverá uma torrente de beneficência.
Ante o apelo do tentado, do errante, das míseras vítimas da necessidade
e do pecado, o cristão não pergunta: São eles dignos? mas: Como os posso eu
beneficiar? Nos mais indignos, mais degradados, vê almas para cuja salvação
Cristo morreu, e para quem Deus deu a Seus filhos o ministério da reconciliação.
Os misericordiosos são os que manifestam compaixão para com os pobres,
os sofredores e oprimidos. Jó declara: Eu livrava o miserável, que clamava, como
também o órfão que não tinha quem o socorresse. A bênção do que ia perecendo
vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse o coração da viúva. Cobria-me de
justiça, e ela me servia de veste; como manto e diadema era o meu juízo. Eu era
o olho do cego e os pés do coxo; dos necessitados era pai e as causas de que
não tinha conhecimento inquiria com diligência. Jó 29:
Muitos há para quem a vida é uma penosa luta; sentem suas deficiências,
e são infelizes e incrédulos; pensam nada terem por que ser agradecidos.
Palavras bondosas, olhares de simpatia, expressões de apreciação, seriam para
muitas almas lutadoras e solitárias como um copo de água fria a uma alma
sedenta. Uma palavra compassiva, um ato de bondade, ergueriam fardos que pesam
duramente sobre fatigados ombros. E toda palavra ou ato de abnegada bondade é
uma expressão do amor de Cristo pela humanidade perdida.
Os misericordiosos alcançarão misericórdia. Mateus 5:
Aquele que consagrou
sua vida a Deus para o ministério de Seus filhos, está ligado com Aquele que
tem todos os recursos do Universo ao Seu dispor. Sua vida se acha, pela áurea
cadeia das imutáveis promessas, presa à vida de Deus. O Senhor não lhe faltará
na hora do sofrimento e da necessidade. O meu Deus, segundo as Suas riquezas,
suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus. Filipenses 4:
19. E na hora da necessidade final os misericordiosos encontrarão
abrigo na misericórdia de um compassivo Salvador, e serão recebidos nas eternas
habitações[68].
[1] CBASD, vol. 5, p. 318.
[2] Desejado de Todas as Nações, p. 286.
[3] Mateus, Introdução e Comentário, R. V. G.
Tasker, Mundo Cristão, pp. 49 e 50.
[4] ONTIVV, vol. 1, Russell Norman
Champlin, Ph. D. Editora Milenium, p. 306.
[5] Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia,
R. N. Champlin, Ph.D. J. M. Bentes, Editora Candeia, vol. 4, pp.
[6] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 37.
[7] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 38.
[8] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 39.
[9] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 40.
[10] Caminhando com Jesus No Monte das Bem Aventuranças,
MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 41.
[11] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 42.
[12] Caminhando com Jesus No Monte das Bem-Aventuranças,
MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 43.
[13] Caminhando com Jesus No Monte das Bem
Aventuranças, MM 2001, George R. Knight, CPB, p. 44.
[14] Comentário ao Novo Testamento, Mateus, vol. 1,
William Barclay. Editora Clie, pp.
[15] CBASD, vol. 5, p. 318.
[16] CBASD, vol. 3, p. 872.
[17] The Psalms,
[18] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, pp.
[19] CBASD, VOL. 3, p. 789.
[20] CBASD, vol. 3, p. 872.
[21]CBASD, vol. 3, p. 872.
[22] CBASD, vol. 3, p. 872.
[23] BG, p. 687.
[24] CBASD, vol. 3, p. 700.
[25] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, pp.
222 e 223.
[26] BG, p. 687.
[27] BG, p. 681.
[28] BG, p. 687.
[29] BJ, p. 1062.
[30] CBASD, vol. 3, p. 872.
[31] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
223.
[32] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, pp.
223 e 224.
[33] BG, p. 687.
[34] CBASD, vol. 3, p. 872.
[35] BJ, p. 1062.
[36] CBASD, vol. 3, p. 872.
[37] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, pp.
224 e 225.
[38] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
225.
[39] CBASD, vol. 3, p. 872.
[40] CBASD, vol. 3, p. 872.
[41] BG, p. 688.
[42] CBASD, vol. 3, p. 872.
[43] BG, p. 688.
[44] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
226.
[45] The Youth’s Instructor, 15 de dezembro de
1892.
[46] General Conference Bulletin, 1899.
[47] The Youths Instructor, 14 de dezembro de 1893.
[48] BG, p. 688.
[49] BG, p. 688.
[50] CBASD, vol. 3, p. 872.
[51] CBASD, vol. 3, p. 654.
[52] BG, p. 688.
[53] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, pp.
226 e 227.
[54] BG, p. 688.
[55] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
227.
[56] CBASD, vol. 3, p. 872.
[57] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
227.
[58] CBASD, vol. 3, p. 872.
[59] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
228.
[60] BG, p. 688.
[61] CBASD, vol. 3, p. 696.
[62] CBASD, vol. 3, p. 872.
[63] CBASD, vol. 3, p. 872.
[64] CBASD, vol. 3, p. 872.
[65] Libertação nos Salmos, Hans K. LaRondelle, p.
228.
[66] E. H. Plumptre, 1865.
[67] Parábolas de Jesus, EGW, CPB, pp.
[68] O Maior Discurso de Cristo, pp.