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postado em: 23/4/2008
O Deus Mau do VT e o Deus Bom do NT Pergunta: Gostaria de saber o porquê de Deus no Velho testamento ser a favor da morte dos infiéis? O que no Novo Testamento é mostrado o amor e a paciência para com os pecadores. – Áurea.
Resposta: Vamos responder sua pergunta de forma resumida e, depois, vamos aos detalhes e minúcias – indo, desta forma, um pouco além do que você perguntou e que, no entanto, você e os demais leitores precisam saber e bem. O Plano Permanente de Deus Em primeiro lugar, a sua pergunta – por sinal, relevante – sugere ou dá a entender um Deus diferente entre a dispensação do Velho Testamento e o período em que vivemos – inaugurado pela vinda de Jesus a este mundo. É como se fossem dois Seres diferentes, com atitudes diversas e antagônicas em relação aos seres humanos. Vejamos: Qual era o plano de Deus para todas as pessoas – fiéis ou infiéis – no Velho Testamento? Trocando em miúdos, o que Deus pretendia para eles e ansiava poder conceder-lhes? “Os céus e a Terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, dando ouvidos à Sua voz e apegando-te a Ele; POIS DISTO DEPENDE A TUA VIDA E A TUA LONGEVIDADE; para que habites na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a Seus pais, Abraão, Isaque e Jacó” (Deuteronômio 30:19-20). Veja que o plano de Deus para todas as pessoas – indistintamente de nação: Judeu ou gentios – era no sentido de uma vida abençoada e longeva: “...escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência...” Antes de passarmos à verificação e análise do plano de Deus em o Novo Testamento, e antes que alguém questione: “Mas aí Deus está falando diretamente – ou apenas – ao Seu povo, os judeus!”, é bom lembrar o seguinte: 1) O plano de Deus no VT incluía a utilização de Israel, Seu povo, como luz e instrumento de evangelização para todos os povos; 2) Israel deixou de cumprir – plenamente – as expectativas divinas neste sentido; mas, todas aquelas pessoas que aceitaram unir-se ao povo de Deus naquele período, independente de origem social e etnia, foram salvas e plenamente integradas ao povo de Deus. Exemplos: Raabe (que era uma prostituta, e veio a se tornar ancestral do próprio Cristo); Rute (que era moabita e, portanto, oriunda de uma nação inimiga do povo de Deus), um grupo de egípcios que uniu-se ao povo de Deus e decidiu partilhar da sua jornada e destino, etc. Em o Novo Testamento, que não é problema para você e para a maioria das pessoas, nós encontramos Deus manifestando a mesma disposição e interesse pelas pessoas: “Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que O teme e faz o que é justo lhe é aceitável” (Atos 10:34-35); “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que TODOS, EM TODA PARTE, se arrependam” (Atos 17:30); “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11). Conclusão: Deus não muda! Aliás, esta verdade – reafirmada em o Novo Testamento – é sobejamente apresentada pelos profetas no Antigo Testamento: “TU, PORÉM, ÉS SEMPRE O MESMO, e os Teus anos jamais terão fim” (Salmo 102:27). “Porque Eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Malaquias 3:6). Essa imutabilidade – e conseqüente plena estabilidade – do Caráter de Deus é, por si só, a causa da nossa sobrevivência, a manutenção da nossa vida: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se a cada manhã. Grande é a Tua fidelidade” (Lamentações de Jeremias 3:22-23). Definitivamente, fica esclarecido: 1) Que Deus não muda; 2) Portanto, o Deus do NT não é menos paciente ou menos amoroso que o Deus do VT; 3) O Deus do VT, tanto quanto o Deus do NT, nunca foi a favor – teve interesse ou prazer – na morte de ninguém, sejam “fiéis” ou infiéis: “Acaso, tenho Eu prazer na morte do perverso? – diz o Senhor Deus; não desejo Eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ezequiel 18:23, ver também: versos 25 a 29 e 32). O Pagamento da Obstinação no Pecado De acordo com os critérios humanos, parece, à primeira vista, um absurdo que Deus tenha ordenado o extermínio de certos povos. Tomemos o caso dos cananeus, amorreus e jebuseus: 1) Esses povos queriam destruir o Israel de Deus, primeiramente opondo-se à marcha para a conquista de Canaã, depois procurando aniquilá-lo; 2) Devemos nos lembrar de que ao organizar Seu povo escolhido, Sua nação santa, Deus estava montando uma representação de Si mesmo na Terra, através de Seu povo eleito. Era o regime teocrático, em que Deus governava o Seu povo; 3) Diante deste fato, qualquer hostilidade a Israel era, sem dúvida, uma hostilidade ao próprio Deus. Toda tentativa de destruir Israel, era tentativa de destruir Deus e eu plano. Qualquer força que se levantasse para tentar impedir esse plano deveria ser necessariamente aniquilada; 4) Além disso, aqueles povos pagãos, idólatras, alheios ao concerto de Deus, estavam sendo guiados pelo inimigo de Deus, o adversário das almas; 5) Desta forma, o braço que se erguia para abater um cananeu, era meramente um veículo [instrumento], pois, acionando-o, estava o próprio Deus para vindicar a Sua soberania. Se os israelitas fracassassem, o próprio Deus teria fracassado em levar o povo a Canaã – o que seria um absurdo e é, portanto, impensável; 6) Todos estes povos haviam se entregado ao mais detestável e aviltante paganismo (faziam, inclusive, sacrifícios de seres humanos) e a sua presença ali conspirava contra o cumprimento dos desígnios divinos; 7) Havia sido concedida ampla oportunidade para arrependimento para todos eles; no entanto, eles a desprezaram e vivam para zombar e blasfemar de Deus e dos Seus planos. Assim, dentro do princípio da soberania absoluta de Deus, podemos compreender essas guerras [e matanças], mesmo que nos causem impacto. Obs.: Caso possua este livro, Patriarcas e Profetas, leia as páginas 519 e 520 – que terá bem mais subsídios sobre este assunto. Conclusão Só se acusa a Deus de matar, quando se lêem os relatos de guerras no Velho Testamento. No entanto, poucos se lembram de que a morte é o quinhão [pagamento] de todo habitante na Terra, como o salário do pecado. No dia do juízo, quanto milhões serão destruídos. Em certo sentido, Deus está, ainda no tempo da graça, matando milhões diariamente [permitindo que essas vidas sejam ceifadas pelo inimigo: através de acidentes, doenças ou “causas naturais”], pelo falecimento comum, que é o quinhão de cada mortal. E ninguém reclama disso. Todos acham natural. – Texto extraído e adaptado de “Consultoria Doutrinária”, págs. 188 a 191. Como vimos, nem o Deus do VT é menos paciente ou amoroso do que o Deus do NT e nem Este é menos justo do que o Deus do VT. Apenas dadas as condições e contexto da época – um governo Teocrático: Deus era o Governante sobre o Seu povo – e todas as implicações decorrentes disso, esta era a forma – “direta” “automática” – de Deus tratar com os pecadores obstinados e impenitentes. No entanto, devemos lembrar que o salário do pecado [pagamento merecido, resultado natural, conseqüência final, etc.] sempre foi e será a morte e, nisto, não há menos amor ou mais justiça da parte de Deus. É apenas a atuação da lei da causa e efeito: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6:7-8).