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postado em: 2/11/2012
Gradações do “Fogo Eterno”
Pastor, gostaria de uma ajuda neste tema; pois, de acordo com o livro “Nisto Cremos”, pág. 482 (principio de punição) e que diz Lucas 12:42,43 pode ser visto como um sofrimento mental, alguns teólogos, porém, como na Revista Adventista de julho, na ultima matéria, nos dizem que o que veremos quando a nova Terra descer com os salvos é um castigo diferente para cada tipo de pecador: Alguns irão queimar mais, outros menos ("mini purgatório") e os salvos irão assistir isso; prefiro acreditar no “Nisto Cremos”, mas gostaria de saber qual é a sua opinião sobre o tema? Obrigado, fico no aguardo de uma resposta. Luis Fernando de Carvalho Ancião IASD Quintino- Ribeirão Preto-SP
Nossa Resposta
Prezado irmão Luis Fernando, realmente esta é uma questão bastante controversa! A fim de termos uma visão a mais equilibrada possível (e correta) do que acontecerá, é preciso aplicar aqui aqueles textos bíblicos concernentes ao caráter de Deus; ou seja: Observar acuradamente uma “árvore” (específica), sem nos esquecermos da “floresta” na qual ela está inserida. Diríamos ainda: É preciso ver o “quadro” dentro da sua respectiva moldura.
É o que afirma, em outras palavras, o Pastor Neumoel Stina: “Dante Alighieri, que viveu na Idade Média, de 1.265 a 1.321, escreveu uma obra intitulada: "A Divina Comédia", dividida em 3 partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. Com esta obra, Dante abalou o pensamento teológico da época. Infelizmente, o Inferno de Dante, estava baseado nos ensinos pagãos de Platão e Virgílio. Os escritos de Dante influenciaram até mesmo o cristianismo, pois as características principais do Inferno, segundo a concepção hindu, persa, egípcia, grega e cristã, são essencialmente as mesmas. O Inferno tem sido descrito como a morada dos espíritos malignos, o lugar da vingança divina, onde não há misericórdia e cujo sofrimento é sem fim. Então nós perguntamos: Como harmonizar todas estas idéias com o ensino da Bíblia que diz que Deus é amor? Se você é um pai, admitiria a idéia de castigar um filho incessantemente? Com certeza que não! Será que Deus seria mais severo que um pai terrestre?” (ver: http://www.jesusvoltara.com.br/sermoes/stina29_existe_inferno.htm )
Tendo isso em vista, analise os seguintes textos:
“Acaso, tenho Eu prazer na morte do perverso? – diz o Senhor Deus; não desejo Eu, antes, que Ele se converta dos seus caminhos e viva?” (Ezequiel 18:23).
“Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, convertei-vos e vivei” (Ezequiel 18:32).
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
Consoante ao caráter de Deus (Deus é amor: I João 4:8), há três verdades cardeais que têm que ser devidamente consideradas no que tange à destruição final, o “fogo eterno”:
1) O Fogo Eterno Não Foi Preparado Para Nenhum Ser Humano, Habitante Deste Planeta: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos” (Mateus 25:41).
2) Só Serão Destruídos, Entre os Seres Humanos, Aqueles Que Rejeitarem o Plano da Salvação e, Desta Forma, Estiverem Intimamente Ligados ao Pecado e ao Seu Originador, o Diabo: “Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda (os “bodes”, os rebeldes: Mateus 25:33): Apartai-vos de Mim, malditos...” (Mateus 25:41). “Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra (a salvação é aqui ilustrada pelos mais finos manjares). Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse” (Isaías 1:18-20). Seria impossível eliminar o pecado do Universo, sem eliminar o seu autor e cúmplices (Apocalipse 12:7-9) e seus seguidores, pecadores impenitentes (I João 3:7-10): “Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo” (Malaquias 4:1). “Raiz” = Satanás e seus anjos. “Ramo” = Todos os pecadores impenitentes, ímpios.
3) A Ênfase Dos Textos Específicos Sobre o “Fogo Eterno” Encontra-se nos Efeitos (Extinção) e Jamais no Tempo (Duração ou Gradações): E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou” (Apocalipse 20:7-9). Na versão Almeida Revista e Atualizada afirma: “[...] desceu, porém, fogo do céu e os consumiu”.
Por ser incompatível com o caráter de Deus [aquilo que Ele é: Amor] impor um sofrimento ou castigo prolongado aos Seus filhos, observem que TODAS AS VEZES em que Deus castigou mortalmente alguém, mesmo os “piores dos piores”, a pessoa foi fulminada, teve uma morte instantânea: “Nadabe e Abiu, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu, e morreram perante o Senhor” (Levíticos 10:1-2). Não vejo aqui nenhuma descrição de corpos pegando fogo e os dois, quais tochas humanas, queimando em desespero total...
“Quando chegaram à eira de Quidom, estendeu Uzá a mão à arca para a segurar, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá e feriu, por ter estendido a mão à arca; e morreu ali perante Deus” (I Crônicas 13:9-10). Não vejo aqui, também, o relato de Uzá se estrebuchando no chão e morrendo, lentamente, em desespero...
Aconteceu o mesmo com Ananias e Safira:
“Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes” (Atos 5:5).
“No mesmo instante, caiu ela aos pés de Pedro e expirou. Entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a, sepultaram-na junto do marido” (Atos 5:10).
Foi exatamente assim, destruição rápida, rápido extermínio e mortandade fulminante, na primeira destruição mundial: o Dilúvio. Em Seu Sermão Profético, Jesus falou tanto sobre o caráter repentino da destruição como sobre a rapidez com que ela sobreveio sobre as pessoas: “[...] e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24:39).
O apóstolo Pedro, descrevendo a destruição final dos pecadores, apresenta a similaridade entre esta futura destruição e a passada, no dilúvio: “Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (II Pedro 3:5-7).
É exatamente assim que a Bíblia descreve a ação do “fogo eterno” ou fogo cujo efeito é eterno, extinção completa: “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou” (Apocalipse 20:7-9).
Vejam como esta sentença final aparece em outras versões e edições da Bíblia:
- Revista a Atualizada no Brasil: “desceu, porém, fogo do céu e os consumiu”.
- Bíblia Sagrada, Edição Pastoral – Católica: “Mas desceu fogo do céu, e eles foram devorados”.
- Versão Revisada: “mas desceu fogo do céu, e os devorou”.
- Bíblia de Jerusalém: “mas um fogo desceu do céu e os devorou”.
O Xeque Mate no “Terrorismo Eclesiástico e Teológico” dos Que Defendem a “Infernal Doutrina do Inferno” do Fogo da Destruição Que Nunca Acaba e Tormento Eterno dos Perdidos: “Quero, pois, lembrar-vos, embora já estejais cientes de tudo uma vez por todas, que o Senhor, tendo libertado um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram; e a anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, Ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o Juízo do grande Dia; como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas, versos 5 a 7).
Como é que foi a destruição de Sodoma e Gomorra? Como aconteceu este juízo divino? A Bíblia relata: “Saiu o Sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar. Então, fez o Senhor chover enxofre e fogo, da parte do Senhor, sobre Sodoma e Gomorra. E subverteu aquelas cidades, e toda a campina, e todos os moradores das cidades, e o que nascia na terra. [...] Tendo-se levantado Abraão de madrugada, foi para o lugar onde estivera na presença do Senhor; e olhou para Sodoma e Gomorra e para toda a terra da campina e viu que da terra subia fumaça, como a fumarada de uma fornalha” (Gênesis 19:23 a 28).
A Bíblia afirma taxativamente, como vimos acima, que Sodoma e Gomorra “são postas para exemplo do fogo eterno”. E aí, elas estão queimando até hoje? Por acaso, tem sodomense ou gomorrense [pela lógica, deve ser assim que se escreve e/ou se rotula quem nascia nestas cidades bíblicas] ainda queimando na “grelha divina” do “fogo eterno”?
“A atitude de Deus ao destruir os ímpios é chamada na Bíblia de ‘o ato estranho de Deus’. Isaías 28:21. Pois a destruição é contrária ao caráter de Deus, pois ‘Deus é amor’. I João 4:8. Um dia Deus destruirá os ímpios num inferno de fogo, aqui nesta terra. Mas, somente depois de julgá-los, pois Deus é amor e justiça”, acrescenta o Pastor Neumoel Stina.
Portanto, TODOS estes e outros textos, que poderíamos acrescentar, demonstram claramente a incompatibilidade entre o caráter de um Deus de amor (que não tem prazer em ver o sofrimento dos Seus filhos) e a aplicação do castigo final – destruição de Satanás, seus anjos e os ímpios: aqueles que não aceitaram a salvação provida por Jesus e/ou não viveram à luz desta gloriosa verdade – da destruição como se fosse numa espécie de “microondas divino”, no qual Deus girasse os “botões” e estabelecesse gradações diferentes do “fogo eterno” a diferentes pessoas.
Hermenêutica do Espírito de Profecia
Da mesma forma como a Bíblia não se contradiz e, desta forma, não podemos estabelecer uma doutrina em cima de textos isolados, mas, sim, da comparação entre vários textos que tratam o tem específico, assim acontece com os escritos da Sra. Ellen White. Sendo que JAMAIS eles têm como função ou objetivo substituir o Texto Sagrado, precisam ser considerados, também, dentro da “moldura” e do “quadro” geral dos textos e afirmações pertinentes ao mesmo assunto ou tema.
Por isso, ao ler estes textos abaixo, é preciso fazê-lo à luz dos seguintes referenciais bíblicos e do Espírito de Profecia:
1) Ellen G. White compara o sofrimento ao fogo inextinguível; por outro lado, deixa claro que será fogo literal.
2) Sabemos que haverá angústia mental e os textos dão a entender que a diferença entre o sofrimento entre as pessoas – entre uns e outros – será unicamente neste aspecto da angústia mental. Ou seja, quanto mais culpado, maior será a angústia mental que precede e acompanha o castigo final: Destruição completa.
“Lemos sobre cadeias da escuridão para o transgressor da lei de Deus [2Pe 2:4, ARC]. Lemos sobre o verme que não morre e sobre o fogo que não se apaga. Assim é representada a experiência de todo aquele que se permitiu ser enxertado no tronco de Satanás e que acariciou atributos pecaminosos. Quando for tarde demais, ele verá que o pecado é a transgressão da lei de Deus. Compreenderá que, por causa da transgressão, sua alma está separada de Deus, e que a ira de Deus permanece sobre ele. Este é um fogo inextinguível, e todo pecador impenitente será destruído por ele. Satanás se esforça constantemente para levar os homens ao pecado, e aquele que está disposto a ser levado, que se recusa a abandonar seus pecados e despreza o perdão e a graça sofrerá os resultados de sua conduta” (Signs of the Times, 14 de abril de 1898).
“Contra todo malfeitor a lei de Deus profere condenação. Pode ele deixar de atender àquela voz, pode procurar fazer silenciar o seu aviso, mas em vão. Ela o acompanha. Faz-se ouvir. Destrói-lhe a paz. Desatendida, persegue-o até à sepultura. Dá testemunho contra ele no juízo. Qual fogo, inextinguível, consumirá finalmente corpo e alma” (Educação, p. 144, 145).
“De Deus desce fogo do céu. A terra se fende. São retiradas as armas escondidas em suas profundezas. Chamas devoradoras irrompem de cada abismo hiante. As próprias rochas estão ardendo. Vindo é o dia que arderá ‘como forno’. Mal. 4:1. Os elementos fundem-se pelo vivo calor, e também a Terra e as obras que nela há são queimadas. (II Ped. 3:10.) A superfície da Terra parece uma massa fundida - um vasto e fervente lago de fogo. É o tempo do juízo e perdição dos homens maus – ‘dia da vingança do Senhor, ano de retribuições pela luta de Sião’. Isa. 34:8. Os ímpios recebem sua recompensa na Terra. (Prov. 11:31.) ‘Serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos.’ Mal. 4:1. Alguns são destruídos em um momento, enquanto outros sofrem muitos dias. Todos são punidos segundo as suas ações. Tendo sido os pecados dos justos transferidos para Satanás, ele tem de sofrer não somente pela sua própria rebelião, mas por todos os pecados que fez o povo de Deus cometer. Seu castigo deve ser muito maior do que o daqueles a quem enganou. Depois que perecerem os que pelos seus enganos caíram, deve ele ainda viver e sofrer. Nas chamas purificadoras os ímpios são finalmente destruídos, raiz e ramos - Satanás a raiz, seus seguidores os ramos. A penalidade completa da lei foi aplicada; satisfeitas as exigências da justiça; e o Céu e a Terra, contemplando-o, declaram a justiça de Jeová” (O Grande Conflito, p. 672, 673).
Nota do Editor
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