Gregório I Magno
Gregório: excelente político, homem de Deus, trabalhador, mas continuador da ideologia do poder eclesiástico
Para a Igreja Católica Gregório I dito "Magno" (o grande) é uma das maiores figuras do cristianismo ocidental. Era filho de Gordiano, senador romano extremamente rico, e de Sílvia, uma nobre que descendia em linha direta do bispo de Roma Felix IV.
Gregório, bispo de Tours, em sua grande obra "História Francorum" afirma que não havia em Roma e na Itália homem mais instruído que Gregório Magno que, tendo-se retirado no convento de Santo André em Roma tencionava lá passar o resto de sua vida.
Nesse convento Gregório se dedicava à oração, à leitura das Escrituras e, sobretudo, ao jejum. Certo dia, atravessando a praça do mercado dos escravos, notou alguns rapazes de cabelos louros e pele extremamente branca, que estavam à venda como escravos. (Parêntese: em 590 ainda existia em Roma a venda de escravos, cuja prática durará até depois do ano mil).
Gregório perguntou de onde vinham e qual era a sua religião. Então, com a bênção do papa, Gregório partiu de noite para evangelizar aqueles remotos lugares. Mas o povo de Roma descobriu logo o plano de Gregório e forçou o papa Benedito para que mandasse cavaleiros atrás dele.
Alcançaram-no a uns 60 km fora de Roma e o trouxeram de volta. Em Roma se encerrou no seu mosteiro. Pouco depois, por ordem do papa, teve que ir a Constantinopla pedir socorro contra os longobardos. Foi uma missão bem-sucedida.
Voltou ao convento, de onde, com os seus frades, percorria as ruas de Roma infestada pela peste, recolhendo os cadáveres e enterrando-os. Quando Pelágio II morreu vítima da epidemia, o clero e o povo elegeram o monge Gregório bispo da cidade de Roma.
Ele escreveu ao imperador para que não homologasse a eleição e ficou escondido na campina esperando a resposta de Constantinopla. Mas a sua carta foi interceptada pelo governador, que espalhou seus emissários a fim de que descobrissem o seu paradeiro. Não precisou muita busca, porque todos o queriam bispo em Roma.
Uma vez eleito, não quis morar em palácios, nem ter escravos a seu serviço. Mandou vir alguns monges e com eles formou a nova comunidade episcopal.
Tentou logo comunicar-se com os bispos da Istria e da Ilíria para aceitarem o Concilio de Calcedônia renunciando ao arianismo, mas não conseguiu.
Tentou reformar a vida imoral do clero na Espanha, Lombardia, Napoli, França e até da Costa Norte da África... Afinal, como patriarca de Roma ele tinha o direito e o dever de fazer isto... Mas ninguém lhe obedeceu porque o título de patriarca não dava nenhuma jurisdição.
Com efeito, em 593 o bispo de Ravena respondeu-lhe que ele, Gregório, nada tinha a ver com a sua diocese, e que o padre que ele havia excomungado ficava excomungado, mesmo que ele, Gregório, não concordasse.
Isso mostra como no ano de 593, fim do século VI, era interpretada a autoridade do bispo de Roma fora da sua diocese.
Muito interessante é o seguinte acontecimento: a imperatriz Constantina escreveu a Gregório Magno que corria a voz em Constantinopla que o apóstolo Pedro havia sido martirizado em Roma. Então ela mandaria embaixadores para buscar algumas relíquias.
Gregório respondeu que não podia satisfazer tão santo desejo porque ninguém podia nem ver, nem tocar o corpo do santo apóstolo sem ser logo castigado por Deus por tão grande sacrilégio. (Parêntese: certamente ele sabia que não havia nada de histórico e tudo não passava de lenda!).
Vez ou outra Gregório lembrava daqueles jovens escravos ingleses, louros, brancos, que estavam sendo vendidos no mercado... Então certo dia mandou Agostinho, abade do mosteiro de Sto. André em Roma, com alguns missionários para evangelizarem o reino de Kent, que havia sido fundado na segunda metade do século V.
Os missionários estabeleceram-se em Kanterbury e converteram muita gente, a começar pelo rei. Mas Gregório Magno não escapou à velha ideologia episcopal romana do poder. Escreveu aos bispos de Gallia para aceitarem a sua autoridade romana e para isso enviou para lá o abade Ciríaco. Mas não fez muito sucesso.
Assim mesmo Gregório escrevia aos bispos de Gallia exortando-os na vida cristã. Em algumas cartas ele escrevia que era proibido aos padres terem em suas casas outras mulheres que não aquelas permitidas pelos concílios; condenava as ordenações de padres e bispos feitas por dinheiro.
Mas a história nos conservou uma carta de Gregório Magno que não é um modelo de cristianismo. Escrevendo ao rei Recaredo da Espanha, Gregório elogia o soberano pelas duras e cruéis leis contra os judeus e acaba assim: "Quando a razão domina as ações de um rei, ele pode fazer passar por justiça a mais implacável crueldade e por louváveis as ações mais criminosas, pois é assim que se mantém os povos na servidão" (M. Lachatre; "História dos papas, etc."; op. cit.; vol. I; pág. 222; I col.).
Para agradecer ao rei Recaredo pelos serviços prestados ao cristianismo, Gregório enviou-lhe um elo das cadeias de São Pedro; um crucifixo feito com o lenho da Santa Cruz e uma madeixa dos cabelos de São João Batista...
Em Roma o bispo Gregório Magno mandou que todas as igrejas fossem esplendidamente ornadas com quadros sagrados e estátuas de santos. Promoveu o tão famoso "canto gregoriano"; compôs, ele mesmo, músicas, hinos, cânticos e fundou a "Academia des Chantres", onde os clérigos estudavam música religiosa até quando alcançavam a ordem do diaconato.
Gregório Magno conhecia a doutrina poética de Virgílio sobre as almas e sua purificação, uma vez que se libertavam da prisão do corpo. Isto lhe sugeriu a existência de um lugar que ele chamou de "purgatório" e é um dos pontos firmes da Teologia romana até hoje.
O Concilio de Trento na sessão XXV, estabeleceu o dogma do purgatório, mas parecendo-lhe inconveniente fundamentar-se no poeta Virgílio, foi buscar a tese no II livro dos Macabeus e na I carta aos Corintios (3, ll, ss), onde lemos aquela frase: "quasi per ignem"...
Mas acontece que Gregório Magno conhecia melhor Virgílio que os Macabeus! Aliás, uma coisa é certa, do ponto de vista histórico: Gregório Magno sempre se aproveitava dos ritos pagãos romanos para introduzi-los na Igreja depois de convenientemente purificados (mesmo sem nada entender do seu profundo significado, como observa H. Blavatsky em "Isis sem véu"; vol. Ill; c, II, todo; Ed. Pensamento; SP).
Mas Gregório Magno não conseguiu libertar-se da ideologia do poder eclesiástico de Roma. Quando soube que o patriarca de Constantinopla havia convocado um concilio, apressou-se a escrever a todos os bispos ocidentais para que defendessem o "primado de honra" de Roma (o conceito de Jurisdição universal ainda não existia) e não se deixassem levar por fantasias teológicas,.. Melhor se não participassem!
Mas a história deve reconhecer que o bispado de Roma tornava-se sempre mais importante graças à diplomacia e à prudência de Gregório, pois ele estava metido em todos os acontecimentos políticos da Europa: sabia elogiar os reis, mas sabia também admoestá-los usando para tanto mais o sentimento de paternidade que a força da autoridade espiritual.
Tratava os reis da Inglaterra como tratava com os príncipes da Gallia e da França. Gregório tinha uma habilidade toda sua em fazê-los adotar a moral cristã.
Quando ele morreu, em 12 de março de 604, o bispado de Roma era realmente uma potência mundial. Certos historiadores atribuem este fenômeno à inteligência política dos bispos romanos. Outros historiadores atribuem isto à ignorância dos povos e de seus reis, que além de incultos e iletrados, eram totalmente despreparados paia governar, enquanto que a Sé de Roma tinha uma ideologia clara e um plano ainda mais claro que nunca abandonou mesmo nos grandes momentos de crise.
"Os papas chegaram a proibir que os fiéis aprendessem a ler sob pena de excomunhão. (...) Estátuas e monumentos pagãos eram quebrados pelo machado dos padres e os mais preciosos manuscritos eram queimados" (M. Lachatre; op. cit.; v.I. pg. 236).
O mesmo Gregório Magno "mandou incendiar a Biblioteca Palatina fundada por Augusto e mandou queimar em praça pública as obras de Títo Lívio. Destruiu as obras de Afrânio, Noévio, Ênnio e outros poetas. (...) Chegou a excomungar o bispo de Viena, Didier, por permitir que na sua diocese se ensinasse gramática e matemática". (M. Lachatre; op. Cit.; pg. 224).
É o lado negativo de Gregório Magno e dos bispos de Roma: é o medo do racionalismo; o medo das pessoas que pensam. É o lado negativo da ideologia eclesiástica do poder.
Autor: Carlo Bússola, professor de Filosofia na UFES
Fonte: Publicado originalmente no jornal “A Tribuna” – Vitória-ES, numa série sob o título “Os Bispos de Roma e a Ideologia do Poder”.
Comentários do IASD Em Foco:
Ao discorrer sobre a ideologia do poder do Bispo de Roma, o Prof. Carlo Bússola apropriadamente afirma no artigo 18 desta série, intitulado “Anastácio II (496-498) e os Merovíngios”:
(Parêntese: por que a luta contra o arianismo? Porque era de fundamental importância dizer que o cristianismo foi fundado
por Deus e não por um homem divino! Sendo fundado por Deus, o bispo de Roma se tornava vice-Deus...).
É um tiro na mosca; pois, no livro do Papa João Paulo II, “Cruzando o Limiar da Esperança”, como acontece em muitas outras publicações católicas, nós encontramos a seguinte descrição do Bispo Romano:
“Portanto, desde o início do diálogo seria necessário dar o devido destaque ao enigma ‘escandaloso’ que o Papa, como tal, representa; não, em primeiro lugar, um Grande entre os Grandes da Terra, mas o único homem no qual os outros vêem um vínculo direto com Deus, percebem o próprio ‘vice’ de Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da SS. Trindade”. – Cruzando o Limiar da Esperança, 1994, pág. 15.
Junto com a erudição do Dr. Carlo Bússola, enfatizamos a sua total isenção e honestidade intelectual [tão carente, diga-se de passagem, entre historiadores, teólogos, proclamados apologetas, pastores e outros líderes religiosos da atualidade].
Quanto a isso, veja-se a nota de advertência que com freqüência aparece na maioria dos artigos da série. No entanto, ressalte-se que os fatos falam por si mesmo sobre a origem insidiosa deste sistema da falsa religião, como predita pelo profeta Daniel, apóstolo Paulo, João e outros (Daniel 7:8-10; Atos 20: 28-30; II Tessalonicenses 2:3-4 e 7-12; Apocalipse 13:1-10).
O Apocalipse Apresenta a Localização Geográfica da Sede Deste Poder: “Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia” (Apocalipse 13:1).
Mar = Povos, Nações, Lugar Densamente Povoado: “O anjo continuou a me explicar: ‘Você viu aquela prostituta que está sentada perto de muitas águas. Essas águas são povos, multidões, nações e línguas diversas” (Apocalipse 17:15, texto da Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral).
Sete Cabeças = Sete Montes ou Sete Colinas: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: As sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada” (Apocalipse 17:9).
Freqüentemente, escritores clássicos tais como Horácio, Virgílio, Gregório, Marcial, Cícero tem identificado Roma como a cidade das sete colinas. Os comentários católicos das Bíblias do Pontifício Instituto Bíblico de Roma e da Bíblia de Jerusalém sobre Apocalipse 13:1-2 e 17:1-3 informam que os sete montes identificam a cidade de Roma.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral” é taxativa em seu comentário do texto de Apocalipse 17:9-11: “As sete cabeças são as sete colinas de Roma”. Nota: Os próprios teólogos católicos reconhecem esta verdade insofismável e inapelável!!!
“Todos sabem que Roma é a cidade das sete colinas, chamadas Quirinal, Viminal, Esquilino, Célio, Aventino, Palatino e Capitolino. Seria muita coincidência se o texto não se referisse especificamente ao catolicismo romano”. – Alcides Conejeiro Peres, O Catolicismo Romano Através dos Tempos, pág. 90.
A Bíblia Católica “Bíblia Sagrada, Edição Pastoral” apresenta o seguinte comentário para o texto de Apocalipse 17:1-6: Explicação do Mistério do Mal: “A prostituta é símbolo de uma cidade idolátrica. Na época, trata-se de Roma, aqui apresentada como Babilônia, a capital da idolatria e do vício. Ela está assentada sobre a Besta escarlate, a cor do triunfo para os romanos. … Seu crime supremo é perseguir e matar todos aqueles que não aceitam adorar o poder político absoluto, nem se enganam com as propagandas ideológicas”.
Amigos, dada a sua importância crucial, os assuntos aqui abordados dizem respeito a todos os cristãos – católicos, evangélicos, ortodoxos, renovados, protestantes, etc. – independente da coloração ideológica ou denominacional; pois, a Bíblia afirma taxativamente que este sistema da falsa religião, erigido em cima da “ideologia do poder”, contaminou praticamente todas as religiões cristãs:
“Seguiu-se outro anjo, o segundo, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição” (Apocalipse 14:6). “... pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição...” (Apocalipse 18:3, p.p.).
Fazendo, em tempo, uma correção no “endereço” desta solene mensagem de advertência, nós verificamos que ela se destina a todos os habitantes da Terra; afinal, agora nos derradeiros momentos da História o complexo babilônico da falsa religião abarcará toda a Terra e, portanto, todo habitante deste planeta terá que tomar a sua decisão de um lado ou do outro, a favor da Verdade (Apocalipse 14:12) ou do lado do erro (Apocalipse 14:9-11).
Repetimos: o domínio da falsa religião será planetário!!! É a globalização do erro: “Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a Terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:7-8).
Em tempo, “vinho” em linguagem profética significa “doutrina” e, por conseguinte, a Bíblia afirma que, embora repudiem a idolatria e outras práticas abomináveis de Babilônia, suas “filhas”, praticamente todas as religiões ditas cristãs, beberam – assimilaram em seu corpo doutrinário – as principais doutrinas do “cardápio” de Babilônia.
A ordem solene de Deus para todos os sinceros e fiéis espalhados por todos os credos, denominações e, inclusive, ligados diretamente à Babilônia mística é esta: “Ouvi outra voz do Céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Amigos, é hora de cortar definitivamente os laços com a Babilônia mística, profética!!! É hora de cortar os laços e cadeias que nos prendem ao erro (vinho de Babilônia) e abraçar totalmente a verdade!!! Para tanto, é bom lembrar sempre:
- O importante não é o que o presbítero diz!
- O importante não é o que o missionário diz!
- O importante não é o que o evangelista diz!
- O importante não é o que o bispo diz!
- O importante não é o que o obreiro diz!
- O importante não é o que o “apóstolo” diz!
- O importante não é o que o padre diz!
- O importante não é o que o pastor diz!
- O importante não é o que o teólogo diz!
O importante é o que Deus diz!!! O importante, e nisto está a nossa segurança eterna, é o que a Palavra de Deus diz!!! E ela nos ordena:
“Retirai-vos dela, povo Meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos” (Apocalipse 18:4).
Ela nos indica para onde devemos ir e que caminho devemos seguir, em meio aos enganos finais dos últimos dias:
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os Mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12).
Para Quem Quiser Saber Mais Sobre o Assunto:
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