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postado em: 7/5/2008
Sorria, você está sendo filmado! Para muita gente, Deus fica vigiando todo mundo para castigar quem não se submete às leis divinas e dar riquezas a quem faz tudo "certinho". Esta frase está presente em milhares de lojas, bancos, ônibus e lanchonetes no país. Você fica imaginando onde está a tal câmera, mas, com certeza, se sente vigiado e incomodado. Tenho a impressão de que é assim que muitos pregadores têm apresentado Deus aos seus ouvintes – um Deus punitivo e vigilante, como no filme 1984, de George Orwell, onde todo mundo é vigiado a todo momento. Esse tipo de pregação é de natureza legalista e anuncia um Deus incompatível com as Escrituras. Se, para uns, Deus é o vingativo que fica vigiando todo mundo para castigar e punir quem não se submete às leis divinas, para outros, temos um Deus que quer ver se estamos fazendo tudo certinho para nos dar um pouco de suas riquezas celestiais da prosperidade. É exatamente assim a dupla motivação do legalismo – você obedece para não ser castigado ou para receber uma bênção. O Deus do “olho por olho, dente por dente”, na revelação progressiva, é o Senhor da graça do Novo Testamento. O Deus que, mesmo sendo nós pecadores, enviou-nos seu Filho para nos resgatar, é aquele que nos fortalece em nossas fraquezas, conforme 2 Coríntios 12.7-10. O Deus do legalismo é o Deus da cruz; o da graça é o da ressurreição. A cruz é ignomínia, maldição, foi necessária; mas Jesus Cristo venceu a morte e ressuscitou. É pela ressurreição que ele foi declarado filho de Deus. Mas, o que tem sido anunciado por aí é um Deus que vigia e pune ou, por outro lado, é como um comerciante que nos trata numa relação de tomá-lá-dá-cá: “você me obedece e eu lhe abençôo”. Em vez de olharmos para Deus com medo de que ele nos esteja vigiando, precisamos é aprender a andar pela graça, mobilizados pelo poder da ressurreição. Viver o Evangelho da graça e da ressurreição é aprender a ter sede de Deus, sede de celebrar com ele o dia-a-dia, em vez de querer negociar com ele para tirar proveito de bens materiais ou bem-estar pessoal. O Senhor deve ser procurado para que o adoremos, para reconhecermos sua grandeza, para optarmos por ele e sua vontade como razão de nosso viver. Você já pensou em buscar a Deus em troca de nada, absolutamente nada, apenas porque reconheceu que nasceu para adorá-lo e glorificá-lo? Nascemos para a glória de Deus e, desde o Éden, desejamos ser o próprio Deus – está lá, em Gênesis 3.1-22 – ou mesmo tocar nas suas riquezas, afinal ele é dono de tudo e pode ser o nosso “paizinho rico”. Temos no Novo Testamento a descrição do mínimo de nossa suficiência – ter alimento e roupa para vestirmos, talvez, no máximo, um local para reclinarmos a cabeça. Precisaremos reaprender um estilo simples de vida, uma vida de suficiência apenas em Deus. Em vez de pedir mais, temos de agradecer mais. Em vez de olhar para Deus como se fosse um vigia para nos punir ou premiar, temos de olhar para ele como nossa razão de existir. Lourenço Stelio Rega é teologo, educador e escritor. Fonte: Eclésia, Edição 106.