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postado em: 25/6/2008
O Homem Que Desejou Ser Rei “Liderança não é posição ou privilégio, título ou dinheiro. Liderança é responsabilidade”. – Peter Drucker Na obra “O homem que desejou ser rei”, o escritor inglês Rudyard Kipling narra a história de dois rudes soldados ingleses que, partindo da Índia, chegaram a urna região distante, chamada Kafiristão, onde nenhum homem branco havia posto os pés desde Alexandre Magno. Apresentando-se como deuses e filhos do grande conquistador grego, os dois soldados passaram a ser tratados como seres divinos. Recebendo as honrarias da população local, eles passaram a desfrutar de uma vida luxuosa, sendo que um deles chegou a ser aclamado o rei do lugar. Tudo deu certo até que os nativos descobriram que eles não passavam de meros mortais. Como conseqüência da reação irada do povo, os dois perderam tudo; o que desejou ser rei acabou perdendo a própria vida; o outro levou uma surra e voltou para casa, sem nada. A história de Kipling remete-nos para duas situações ocorridas nos tempos de anarquia em que os juízes governavam Israel. Dois homens, pai e filho, adotando atitudes opostas ao lidar com o poder, protagonizaram situações emblemáticas na história do povo escolhido. No primeiro episódio, surge Gideão, um “homem que não desejou ser rei”. Gideão tornou-se herói de seu povo ao alcançar esmagadora vitória sobre milhares de midianitas, com um pequeno exército de trezentos homens. Convidado para ser rei, rejeitou a proposta, convencido de que somente Deus poderia ocupar tal posição sobre Israel (Jz 8:22, 23). No segundo episódio, um homem que desejou ser rei’; Abimeleque, filho de Gideão, desprovido das convicções morais e religiosas do pai, ambicionou o direito de reinar sobre seu povo e, adotando uma posição de que os fins justificam os meios, matou seus irmãos e se autoproclamou rei em Siquém (Jz 9:5, 6). Jotão, o irmão mais novo de Abimeleque e único sobrevivente daquela chacina, em discurso inflamado no topo do Monte Gerizim, contou uma parábola para ilustrar e avaliar tão perversa sede de poder, bem como suas nefastas conseqüências para os liderados. Na história imaginária de Jotão, as árvores foram escolher um rei (Jz 9:8-16). A princípio, houve dificuldades porque nenhuma queria aceitar A oliveira argumentou que não poderia deixar seu óleo, apreciado por Deus e pelos homens, e pairar sobre as árvores. A figueira recusou-se a deixar sua doçura, seu bom fruto, para governar sobre as árvores. Ao convidarem a videira, receberam outra recusa. A videira não estava disposta a deixar o seu vinho, que agrada a Deus e aos homens, para reinar sobre as árvores. Finalmente, como não mais havia opção, convidaram o espinheiro, árvore inútil que, não produzindo óleo nem fruto, ou suco, aceitou o convite. A parábola termina sugerindo que o espinheiro pegaria fogo e destruiria a floresta, o que, de fato, se cumpriu no desastre que foi a breve gestão de Abimeleque – “o homem que desejou ser rei”. A literatura universal ilustra e as Escrituras Sagradas demonstram que os mais ambiciosos não são necessariamente os mais bem preparados para posições de responsabilidade. Com freqüência, são os menos qualificados para os cargos ou funções que almejam. Desconhecem que liderança, como afirmou Peter Drucker, “não é posição ou privilégio, título ou dinheiro. Liderança é responsabilidade’. ElIen White advertiu que “Homem algum deve colocar-se como ditador, como um senhor sobre seus semelhantes, para agir de acordo com seus impulsos naturais. Jamais deve permitir-se que a voz e a influência de um só homem se tornem um poder dominante”. – Medicina e Salvação, p. 165. Aos que ocupam posições de liderança ou almejam ocupar responsabilidades maiores na igreja, cabe cuidadosa reflexão sobre o ensinamento de Jesus: “Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve (Lc 22:25, 26). Autor: Elias Brasil de Souza, professor de Teologia e diretor do SALT-IAENE, em Cachoeira, BA. Fonte: Extraído da Revista Adventista. Nota do Editor IASD Em Foco: Fantástico o artigo do teólogo e escritor Dr. Elias Brasil. É texto para se ler, meditar e arquivar na memória os conceitos e lições preciosas. No entanto, devo ressaltar, embora o verso conclusivo expresse uma orientação – até mesmo ordem – clara da parte de Jesus, no sentido da diferença inconfundível que deve existir entre a nossa forma de liderar e/ou gerir setores da Sua Igreja e os parâmetros seculares, nós, como seres falíveis que somos, estamos de “vez em sempre” adotando exatamente os padrões de gestão reprovados por Jesus. Sei que é uma espécie de “tabu” falar sobre este assunto em nosso meio, principalmente com a franqueza com que ele tratou a questão; por isso, eu o parabenizo pela coragem e, também, pelo equilíbrio demonstrados ao abordar questão tão “melindrosa”. Destaco o pensamento central: “A literatura universal ilustra e as Escrituras Sagradas demonstram que os mais ambiciosos não são necessariamente os mais bem preparados para posições de responsabilidade. Com freqüência, são os menos qualificados para os cargos ou funções que almejam”. Há um pensamento do escritor John Blanchard que corrobora essa verdade: “O homem que deseja honra não a merece!” Para nós, permanece firme a orientação de Jesus tanto quanto este sábio conselho de Paulo ao jovem pastor Timóteo: “... faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (II Timóteo 4:5). Ocupar cargos, ‘galgar posições’ deve ser visto como algo meramente circunstancial; como dizia Eduardo Portela: “Eu não sou Ministro da Educação, eu estou Ministro da Educação”. Vistas sob essa devida ótica (servir, ministrar), as “posições de responsabilidade” jamais conduzirão os ocupantes à “síndrome de Diótrefes” (III João 9) que, via de regra, sempre descamba em manipulação, arrogância, insensibilidade humana e despotismo.