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postado em: 20/10/2010
PRECEITOS E PRECONCEITOS
Já tive muitos preconceitos tendo como base meus próprios preceitos. E, a bem da verdade, ainda travo uma luta diária contra muitos deles que insistem em não soltar suas raízes.
Parece inerente à natureza humana ter preconceitos, especialmente contra seu semelhante. Como é difícil lidar com o diferente, com aqueles que não se encaixam em nossos preceitos e conceitos, pessoas que não se movem dentro de nossas regras e pressupostos.
Também já fui, e ainda sou, muitas vezes, objeto de preconceitos. Confesso que não é fácil lidar com isso. A primeira sensação é a de vítima. E por mais paradoxal que pareça, aquele que se sente vitimado é, ao mesmo tempo, quem desenvolve mais preconceitos aos em relação aos outros.
O círculo vicioso se estabelece e se fortifica cada vez mais.
Os Evangelhos trazem muitos exemplos das mais variadas formas de preconceitos, desenvolvidos preferencialmente por parte de líderes religiosos contemporâneos de Jesus. Os judeus eram exímios criadores de preceitos humanos, os quais geravam certamente uma infinidade de preconceitos.
Alguns alvos dos preconceitos judaicos citados pelos evangelistas: mulheres, publicanos, samaritanos, galileus, enfermos e, de modo muito contundente, o próprio Jesus. Ele era tido como um filho bastardo, rótulo que já seria, por si só, enorme causa de preconceito. O problema era ainda agravado pelo fato de Jesus haver sido criado em Nazaré (de Nazaré pode vir alguma coisa boa? Jo. 1:46 ), por seu relacionamento com e pecadores e a sistemática quebra de preceitos intocáveis, como curar no sábado.
O Senhor Jesus expôs e condenou publicamente, em diversas passagens, comportamentos preconceituosos dos líderes religiosos. Em sua sabedoria, mesclada com amor profundo, Jesus estendeu Sua maravilhosa graça à mulher apanhada em adultério e a salvou do ódio preconceituoso dos seus acusadores. Vai, e não peques mais! foi a remoção do rótulo daquela mulher e uma nova chance de ela recomeçar a vida.
Jesus derrubou os preconceitos contra enfermos, quando tocou leprosos, restaurou a vista aos cegos; quando chamou Mateus para ser Seu discípulo; quando deu atenção a uma mulher samaritana (além de mulher, samaritana!) junto ao poço de Jacó; quando hospedou-se na casa de Zaqueu; quando nomeou doze homens simples como discípulos Seus. Graça incrível, insondável!
Agora, falando francamente, que atitudes podem ser observadas em nosso meio, como igreja? Como vemos nosso irmão em relação a nossos próprios preceitos e conceitos? Que atitudes são tomadas em relação às falhas de nossos irmãos? Seriam falhas reais aos princípios do Senhor ou simples inconformidades com nossos preceitos?
Lembro-me de uma ocasião em que minha mãe recebeu voto de censura da comissão igreja (sim, nossa igreja!) a que frequentava porque cortou as pontas do seu cabelo. Você poderá me dizer que hoje são outros tempos. Concordo. Ninguém mais é disciplinado pela comissão da igreja por cortar o cabelo (mulher) ou deixar o cabelo crescer (homem). A bem da verdade, a disciplina formal é bem menos empregada hoje.
Mas... o rótulo, o preconceito estão bem vivos na igreja, ainda que de forma velada, mas igualmente perniciosa. Basta alguém quebrar uma regra, um preceito humano do tipo “usos e costumes” e já vai sentir o olhar solene de outros irmãos. Ou que seja um princípio bíblico vigente. Aí fica ainda mais sério o caso. Mas, depois, pode haver arrependimento e pedido de perdão. Se for o seu caso (tomara que não seja) não tenha grande esperança de encontrar um ombro amigo que diga nem eu te condeno, vai e não peques mais. Ao contrário, é praticamente certo que um rótulo poderá acompanhá-lo pelo resto de sua vida. Conheço muitos casos, provavelmente você também.
O tempo está se afunilando. É preciso que preguemos o cristianismo muito mais por nossas ações de amor do que por nossas palavras, para que, no dia do Senhor não venhamos a ouvir a terrível sentença: Nunca vos conheci, apartai-vos de Mim.
Para os preconceituosos, a Palavra adverte: “Não julgueis”, “Ama teu próximo como a ti mesmo”.
Para os que sofrem com rótulos e preconceitos, a Palavra consola: “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” e “Na palma das minhas mãos gravei teu nome.”